A vida de um profissional do magistério vai muito além de suas atribuições acadêmicas, passa necessariamente por um aprendizado diário sobre todos os aspectos que rondam o universo social, o qual interfere decisivamente em sua disciplina específica. Além do mais, o docente é atingido fortemente por uma normatização hierarquizada (CF, LDB, PCN...) que determina o enquadramento de seu plano de aula ceifando sua originalidade e autenticidade, elementos constituintes de sua "utópica" autonomia - instrumento de importância singular no processo de ensino-aprendizagem. Como se não bastassem todos esses dilemas que o docente precisa dar conta, ainda existe o mecanismo avaliativo que este profissional é submetido, exercendo uma pressão constante no monitoramento de sua atuação na instituição educacional.


Lidar com todas essas variáveis aumenta a responsabilidade e o compromisso que este profissional tem com a formação de agentes capacitados para atuar de forma crítica e reflexiva na sociedade, o que nos remete a uma idéia de sobrecarga para o professor, que muitas vezes abre mão de seu instrumento gerador de inquietação se acomodando por detrás das reuniões pedagógicas e ementas que lhe são sugeridas e não questionadas.


A contrapartida do Estado deve ir além das diretrizes elaboradas para o setor, proporcionando os meios para que o docente possa, a partir de sua capacidade, do seu arranjo particular, mediar a conexão aluno-conteúdo, da maneira que o professor entenda mais correta para a situação. Falamos especificamente de uma remuneração condizente com a tarefa árdua de provocação e transmissão de idéias, oferecimento de qualificação contínua para o profissional, melhoria da estrutura física das universidades, e um constante diálogo entre a administração e o corpo docente demonstrando o interesse mútuo no avanço da educação superior no Brasil. É importante que entendamos que a educação não é a salvação para todos os males sociais e nem devemos colocar este fardo sobre as costas dos educadores, porém, a tarefa docente é de vital importância para a construção de uma relação social sadia, proporcionando, num segundo momento, uma evolução dos processos técnico-científicos mediados por este saber amplificado.


Com a utilização de novas tecnologias de informação em várias áreas da sociedade ? entre elas a educação - surge um modelo de ensino diferente do habitual a partir de uma mídia virtual (não presencial), que num primeiro momento viria para qualificar o padrão tradicional (professor ? aluno - sala de aula), mas que atualmente já disputa o espaço e desperta discussões valorativas entre os estilos. O EAD (Ensino à distância) é mais um elemento que vai ser operado pelo educador e que traz para o ambiente educacional componentes positivos e negativos. Este modelo foi incentivo e alargado pelo governo federal com o intuito de aumentar o número de alunos no ensino superior e proporcionar o acesso a estudantes de regiões que não possuem universidades com estrutura física. O EAD traz consigo qualidades como, a flexibilização de horários, economia de transporte, possibilidade de uma formação continuada, disponibilidade de material, e promoção do desenvolvimento organizacional. Por outro lado, estabelece algumas dificuldades como por exemplo a precarização de uma avaliação integral, a questão da prática (laboratório), interação apenas virtual, e a inconveniência da não-regionalização do conteúdo. O que se avizinha, é o crescimento deste tipo de ferramenta proporcionado pelo valor mais acessível de seus cursos e pelo aumento do acesso a internet nas camadas mais baixas. Este mecanismo deve ser aprimorado, visto que, em alguns critérios ele já está sendo aproximado ao presencial com exigências de TCC, estágios e atividades laboratoriais. A partir destes requisitos é possível suscitarmos que evidentemente quaisquer que sejam as novidades e peculiaridades do modelo à distância, vários elementos do padrão presencial precisam ser incorporados.


Dentro de uma lógica experiencial, a missão do educador é dar as ferramentas para que o ser social construa a sua verdade sobre a vida, envolto em uma atmosfera propícia para a troca de sensações e representações, ingredientes que se revelam necessariamente a partir da presença, do contato, na sala de aula, nos seminários, palestras, e até mesmo em conversas desinteressadas em espaços de convivência. O educador, nestes termos, transita como um eterno aprendiz exalando vivacidade e indignando-se sistematicamente diante dos fatos, responsável e respeitosamente, produzindo a sua história baseado na tarefa de dividir com os demais sujeitos sociais seu conhecimento adquirido.


De certa forma, se queremos a construção da cidadania juntamente com a promoção técnica do sujeito, precisamos destacar sempre o artefato mais importante e inerente ao ser humano, a relação social, promovida através da integração dos indivíduos, principalmente, nos espaços institucionais de ensino.