O contexto multicultural, a sociedade de consumo e as políticas educacionais neoliberais estão criando um juventude socialmente problemática. Dentre os desafios que enfrentamos e suas causas estão:

A ausência de auteridade:

O respeito ao próximo e às diferenças estão na contra-mão da vigência das mesmas. Ou seja, em uma época em que as diferenças étnicas e culturais estão cada vez mais comuns e conviventes dividindo os mesmos espaços existe uma imensa produção midiática criando e modelando padrões estéticos e comportamentais que chocam com a real diversidade. E isso se reproduz nas escolas. O fenômeno Bullying é um exemplo. Tal fenômeno atua contra as diferenças, contra aquilo que se impõe como ideal pela mídia de massa, que tem como exemplos extremos os programas BBB e Pânico na TV. Assim sendo nós, professores, temos que lutar diariamente contra os efeitos dessas influências, mediando conflitos, trabalhando valores, respeito ao próximo, convivência e tolerância.

Outro fator importante é o fato de os jovens pularem as etapas da formação psicológica natural. Ou seja a transição da infância para a adolescência deve ser lenta e cuidadosa, mas cria-se mini-adultos sensualizados, com um equivocado senso de autonomia e altamente consumistas. Cultuadores de personalidades midiáticas e como jogadores de futebol e atrizes/musas. Quando criança cria percepções de mundo para se tornar um adolescente, o mundo em que ela se percebe é controlado e manipulado pelos meios de comunicação em massa que sua vez obedece à cultura de consumo, ou seja, cria-se um determinado padrão em que se consome determinados produtos. É tudo planejado, como se fosse uma teoria da conspiração.

A falta de legislação é outro problema.
Os efeitos de tudo que foi apontado geram os inúmeros conflitos possíveis e imagináveis de comportamento social. Agressão física e verbal entre alunos e alunos, entre alunos e professores, alunos e funcionários. Total falta de interesse no desenvolvimento intelectual. Falta de compromisso com o aprendizado e com as responsabilidades. E quando chega-se aos extremos, as leis não facilitam a resolução do problema, mas complicam e abafam não havendo uma devida solução. E assim nosso papel de mediador, ou seja, daquele que deve solucionar os conflitos vai por água a baixo. Hoje se um professor não tem tudo absolutamente registrado, com riqueza de detalhes, sobre um determinado problema ou conflito ele é impotente. E pode até mesmo ser responsabilizado pela questão, sendo acusado de omissão, sem pulso e autoridade perante seus alunos.

As intervenções possíveis em tantos conflitos comuns ao espaço escolar se limitam ao trabalho psicológico-intelectual que um professor pode e deve fazer. Isso tudo contando com uma frágil e ineficiente legislação (para casos extremos), com a ausência da família na vida escolar do aluno e com e decadência de valores a que esses alunos são submetidos pelos meios de comunicação em massa em que novelas, programas de humor e reality shows se unem e formam um imensa "fábrica" de consumidores, alienados, individualistas. Uma verdadeira epidemia de cegueira social e política.