INTRODUÇÃO

O afloramento dos problemas ambientais e a necessidade de recuperação de áreas degradadas têm aumentado o interesse sobre o conhecimento das espécies nativas brasileiras, principalmente as da região amazônica. Um dos grandes problemas na recomposição de florestas nativas é a produção de mudas de espécies florestais para a utilização em reflorestamentos. Apesar dos esforços e dos conhecimentos já acumulados sobre essas espécies, muitos questionamentos ainda existem e pouco se sabe sobre elas (MORAIS, 1998), existindo apenas informações para aquelas que detêm maior interesse econômico (CARVALHO, 2000).

A exploração desordenada e seletiva de espécies florestais na Amazônia tem resultado em perdas de grandes populações, antes mesmo que sejam conhecidas suas características silviculturais (PINTO et al., 1993).

O mecanismo de regeneração destas espécies florestais tem sido pouco estudado e existe carência de informações que permitam um melhor entendimento dos sistemas de regeneração das mesmas, principalmente no que se refere aos mecanismos reprodutores. O plantio de espécies florestais seja com finalidade econômica ou conservacionista, requer uma série de cuidados que dependem do conhecimento prévio de suas características fisiológicas, ecológicas e nutricionais, nas diversas etapas de seu ciclo vital (PINTO et al., 1993).

A maioria dos agricultores da Região Amazônica não tem o hábito de realizar plantios com espécies florestais nativas, devido à atividade madeireira ser extrativista e porque estes plantios, em geral, demoram décadas e isso tem levado a extinção de várias espécies.

Diante da devastação das matas naturais, o conhecimento das técnicas de produção de mudas constitui-se numa alternativa viável para recomposição efetiva, de forma a garantir através dos sistemas de regeneração artificial, a continuidade deste potencial econômico (MUROYA et al.,1997).

O sucesso no plantio destas espécies florestais depende da qualidade das mudas. As mesmas devem apresentar características de crescimento e nutricionais adequadas. Estas características variam entre as espécies, porém todas proporcionam melhor possibilidade de crescimento e desenvolvimento após o plantio (CARNEIRO, 1995).

            A qualidade da semente também é de fundamental importância para produção de mudas de boa qualidade. Após a coleta a conservação da viabilidade varia de espécie para espécie, além de ser influenciada por fatores climáticos, biológicos e pelo manejo (POPININGS, 1985).

            O tipo de substrato e o tamanho do recipiente são os primeiros aspectos que devem ser avaliados para se garantir a produção de mudas de boa qualidade. O tamanho do recipiente deve ser ideal para permitir o desenvolvimento da raiz sem restrições durante o período de permanência no viveiro.  O substrato exerce uma influência marcante na arquitetura do sistema radicular e no estado nutricional das plantas, afetando profundamente a qualidade das mudas (CARNEIRO, 1983).

 Na busca de melhores qualidades no desenvolvimento de mudas de espécies florestais, as pesquisas têm procurado definir os melhores recipientes para a produção de mudas, os melhores substratos e os níveis de fertilidade ideal para a produção de mudas e para a implantação de plantios no campo (TUCCI et al., 2001). Entretanto, para as espécies florestais da Amazônia pouco se conhece sobre tais informações. Diante deste fato, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do tamanho de recipientes para desenvolvimento de mudas da espécie da região Amazônica, a macacaúba (Platymiscium sp.)

 METODOLOGIA

 O experimento foi realizado no Viveiro Florestal da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM. A Região Amazônica encontra-se situada na região norte do Brasil. Apresentando latitude de 02º08’30’’ N e 09º49’00’’ S e longitude de 56º04’50’’ L e 73º48’46’’ O, e a capital Manaus com latitude de 03º06’07’’ e longitude de 60º01’30“.

O clima da região Amazônica é caracterizado como tropical e úmido, com temperatura média de 31,4º C. A estação das chuvas ocorre de dezembro a maio e a pluviosidade média mensal é de 210 mm. O relevo caracteriza-se pela ocorrência de terras firmes, planas e baixas.

Foi avaliada uma espécie florestal a macacaúba (Platymiscium sp.). As sementes utilizadas foram coletadas na região de Manaus, AM, e colocadas para germinar em sementeiras no Viveiro Florestal. Após a germinação e quando as plântulas apresentaram3a 4 folhas, as mesmas foram transplantadas para os sacos plásticos, no Viveiro Florestal.

Os recipientes utilizados para a produção das mudas foram sacos plásticos de polietileno. Onde avaliou-se 6 tamanhos de recipientes (sacos). Os tratamentos foram: T1 - saco plástico com20 cmde comprimento x15 cmde largura; T2 -20 cmx20 cm; T3 -23 cmx20 cm; T4 -25 cmx20 cm; T5 -30 cmx20 cme T6 -33 cmx23 cm.

Realizou-se adubação no substrato utilizado nos recipientes, para cada50 Kgde solo, adicionou-se:12,5 gde Sulfato de Amônia;16,6 gde Super Fosfato Triplo (SFT);8,6 gde KCl;66,0 gde calcário e37,5 gde FTEBR12 (micronutrientes). Após a adubação realizou-se o enchimento dos recipientes.

O delineamento experimental utilizado foi o DBC, composto por 5 blocos, 6 tratamentos e 5 repetições, com um total de 150 mudas e aos 30, 60 e 90 dias foram realizadas as avaliações.

Os parâmetros avaliados foram: altura das plantas, realizada medindo-se à distância entre o ápice da planta e a base do colo, com o auxílio de uma régua, em cm; o diâmetro de caule foi obtido medindo-se a seção transversal do caule, com o auxílio de um paquímetro, em mm; o comprimento de raiz foi realizado medindo-se à distância entre o ápice da raiz e a base do colo da planta, com auxílio de uma régua, em cm; e a matéria seca da raiz e matéria seca da parte aérea, em gramas, foi verificada ao término do experimento, em seguida foi colocada na estufa a uma temperatura de 70 ºC, até peso constante, sendo posteriormente pesada em balança precisão.

Os tratamentos foram avaliados pelo programa estatístico SAEG e pelo teste de Tukey ao nível de 5%.

 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância revelou que não houve diferenças significativas (ao nível de 5% de probabilidade) entre os tamanhos dos recipientes, nos seguintes parâmetros: matéria seca da raiz e comprimento de raiz no período de 90 dias o que pode ser observado através dos figuras 1 e 2.

Figura1. Matéria seca da raiz (g) das mudas de Platymiscium sp., aos 90 dias após o transplantio

Figura 2. Comprimento de raiz (cm) das mudas de Platymiscium sp., aos 90 dias após o transplantio.

Para o diâmetro de colo, foi verificado diferença significativa, sendo o tratamento 4 (20cmX30cm) superior ao tratamento 1 (15cmX25cm), porém não diferindo estatisticamente quando comparado com os tratamentos 2, 3, 5 e 6 (Tabela 1).

Nota-se que o aumento do diâmetro do recipiente apresentou uma tendência de aumento do diâmetro de caule. Resultado semelhante foi encontrado por BOUDOX (1970, apud CALDEIRA 2000) e BRASIL et al. (1972) que obtiveram respectivamente, mudas de Picea mariana e Eucalyptus saligna de melhor qualidade em recipientes de maior diâmetro.

PEREIRA e PEREIRA (1985), avaliando os tamanhos de recipientes para produção de mudas de seringueira (Hevea brasiliensis) na Amazônia, observaram variações acentuadas no diâmetro de colo em recipientes de tamanho 15X35 cm ou 15X40cm

Tabela 1. Médias (*) das características Diâmetro do colo (DC), Matéria seca da parte aérea (MSPA), e Altura (ALT) avaliadas na espécie florestal Macacaúba  da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas, 2014.

.TRATAMENTOS

DC

MSPA

ALT

T1 (15cmX25cm)

3,85   b

2,13 b

17,79 a b

T2 (17cmX30cm)

5,05  a b

3,23 a b

16,46 b

T3 (20cmX26cm)

5,32  a b

4,75 a b

18,20 a b

T4 (20cmX30cm)

5,88 a

6,01 a

22,55 a

T5 (20cmX35cm)

5,42  a b

5,54 a

22,16 a b

T6 (20cmX40cm)

5,57  a b

5,29 a

21,49 a b

Obs: As letras iguais não diferem estatisticamente ao nível de 5% de pelo Teste de Tukey.  probabilidade.

 

Para a matéria seca da parte aérea o tratamento que proporcionou maior quantidade de foi o tratamento 4 (20cmX30 cm), não diferindo estatisticamente pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade dos tratamentos T2, T3, T5 e T6.

STURION (1981), pesquisando a influência de recipientes na formação das mudas de Mimosa scabrella, concluiu que o diâmetro do colo e o peso da matéria seca da parte aérea e do sistema radicular foram maiores em recipientes de maior volume.

A macacaúba (Platymiscium sp.) não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos aplicados. Observou-se que os recipientes com maiores dimensões apresentaram maior desenvolvimento em altura das plantas.

            JESUS e MENANDRO (1989), estudando o efeito de recipientes e tipo de substratos em mudas de louro (Cordia trichotoma) e gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), verificaram que houve diferença significativa entre o tamanho dos recipientes e o tipo de substratos, sendo que o crescimento das duas espécies foi melhor, em recipientes maiores.

GOMES et al. (1978) relatam que tanto a altura quanto o diâmetro dos recipientes influenciaram no crescimento em altura das mudas de Eucalyptus grandis.

 

 CONCLUSÕES

             

Para matéria seca da raiz (PMSR) e comprimento de raiz o tamanho do recipiente não influenciou no crescimento de ambas as espécies. A produção de mudas em recipientes de maior tamanho favoreceu maior desenvolvimento vegetativo, considerando o período transcorrido de 90 dias.

 6. REFERÊNCIAS

 Brasil, J.M.; Simões, J.M.; Speltz, R.M. Tamanho adequado de tubetes de papel na formação de mudas de eucalipto. IPEF, 1972. 11:72-7p.

 Caldeira, M.V.W.; Schumacher, M.V.; Santos, E.M.; Tedesco, N. Estimativa de conteúdo de nutrientes em um povoamento jovem de Acacia mearnsii De Wild.estabelecido na região sul do Brasil. Curitiba: FUPEF/Revista FLORESTA.2000.53-65p.

Carneiro, J.G. de A. Variações na metodologia de produção de mudas florestais afetam os parâmetros morfo-fisiológicos que indicam a sua qualidade.   Curitiba:  FUPEF, 1983. 1-40p. (FUPEF - Série Técnica, n. 12).

Carneiro, J.G. de A.; Brito, M.A.R. Nova metodologia para produção mecanizada de Pinus taeda L. em recipientes com raízes laterais podadas. Curitiba: FUPEF – Revista Floresta, 1992. 63-77p.

 Carneiro, J.G.A. Produção e controle de qualidade de mudas florestais. Curitiba, UFPR/FUPEF; Campos, UNENF, 1995. 451p.

 Carvalho, P.E.R. Produção de mudas de espécies nativas por sementes e a implantação de povoamentos.  In:  GALVÃO, A.P.M.   (Org.). Reflorestamento de propriedades rurais para fins produtivos e ambientais: um guia para ações municipais e regionais. Brasília: EMBRAPA, 2000. p.151-174.

 GOMES, J. M. ; SOUZA, A . L., PAULA NETO, F. , REZENDE, G.C. Influência do tamanho da embalagens plásticas na formação de mudas de Eucalyptus grandis W.Hill ex Maiden. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 3., 1978, São Paulo. Anais... São Paulo, 1978: Silvicultura Brasileira,São Paulo, v.14, p. 387-88, 1978.

  Jesus, R.M.; Menandro, M.S. Efeito do tamanho do recipiente, tipo de substrato e sombreamento na produção de mudas de louro (Cordia trichotoma (Vell.) Arrab.) e Gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium Schott). IPEF, 1987. 37: 13-19p.

 Muroya, K.; Varela, V.P.; Campos, M.A.A. Analise de crescimento de mudas de jacareúba (Calophyllum angulare A.C. Smith – Guttiferae) cultivadas em condições de viveiro.Acta Amazônica. Vol. 27 n. 03.1997. 197-211p.

 Pereira A.V.; Pereira E.B.C. Influência do tamanho do saco plástico no desenvolvimento de seringueira, durante a fase de viveiro. Comunicado Técnico, EMBRAPA/CNPSD, Manaus (38) 1-7, 1985.

 Pinto, A. M.; Varela, V. P.; Batalha, L. F. P. Influência no sombreamento de mudas de Louro Pirarucu (Licaria canella (Meissn.) Kosterm). Acta Amazônica. Vol. 23 N0 4. 1993.397-404p.

 Popinings, L. Fisiologia de sementes. 2ª ed. Brasília, 1985. 289p.

 Tucci, C. A. F.; Hara, F.A dos S.; Freitas R.O de. Adubação e calagem para formação de mudas de sumaúma(Ceiba pentrandaL.). In: ANAIS DO CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, XXVI. Brasília, 2001.

 TUCCI, C.A.F. Estimativa da necessidade de calagem para solos da Amazônia. 1996.46f. Dissertação (Doutorado em Agronomia) - Universidade Federal do Amazonas. Manaus.