PROCURA-SE

 

            Procura-se o homem ideal, o corpo que corresponda a todos os padrões impostos pela estética atual, a mulher perfeita e um emprego que seja satisfatório e pague bem. Procura-se por melhores condições de saúde, a cura para as doenças, o tempo para realizar todas as atividades diárias e a realização afetiva e amorosa. Procura-se o constante acúmulo de capital, a busca incessante pelo poder, a felicidade almejada por todos e uma vida cheia de sonhos.

A sociedade caminha em busca de diversos objetivos que são tão distintos e ao mesmo tempo semelhantes conforme o desejo dos cidadãos, então o que deve ser considerado é o conceito de prioridade que rege a vida das pessoas em sociedade. Mas é justamente nesse ponto que questiono, será que tal conceito vivenciado por muitos é o mais justo?

Por que é tão fácil gastar valores absurdos em uma noite de diversão com os amigos e é tão complicado doar o mesmo dinheiro para uma instituição carente? Por que as pessoas gastam fortunas com viagens, roupas, festas e bebidas alcoólicas sem pensarem nas consequências e imaginam mil e um obstáculos para não usarem a tal quantia em obras sociais ou ajudar aqueles que foram vítimas e perderam quase tudo em catástrofes geradas pela natureza? Isso ocorre porque os mais de seis bilhões de habitantes desse planeta vivem conforme a “ditadura do capitalismo”, cujo valor individualista visa o constante acúmulo de capital e o significado de expressões como “solidariedade ou compaixão pelo próximo” passaram a ser mitos sociais, ou seja, existem, mas poucos conhecem.

Procura-se mais compaixão, menos egoísmo, valores que preguem a divisão e não somente a soma e menos miséria. Procura-se menos exploração infantil, menos devastação do meio ambiente, mais conscientização da população e o fim das mortes causadas por conflitos ideológicos. Procura-se mais respeito, mais humanidade, mais paz, mais justiça e menos alienação. Enfim, se esses fossem os desejos dos cidadãos, os países estariam caminhando rumo ao desenvolvimento, pois teriam cidadãos conscientes que saberiam fazer as escolhas corretas. Assim, em alguma página de classificados, estampa-se o meu anúncio: Procura-se uma vida digna para os homens!

 

(Mariana Tannous Dias Batista)