A questão do desenvolvimento sustentável e novos sujeitos envolvidos na dinâmica espacial, cujas implicações econômica tem produzido um panorama de contradições e violência, permeia á população do Norte e Nordeste brasileiro. A pesquisa formula algumas reflexões quanto as diferenças, no manejo de ações que envolvem toda uma sociedade, no qual a ideologia do capital neoliberal; tem se apropriado dos espaços territoriais sob a ótica equivocada de crescimento sustentável. As falhas trazem prejuízos para os sujeitos quanto as diferenças reproduzidas na espacialidade dos territórios ocupados, sendo visível o crescimento em algumas regiões identificadas pela expansão “desenvolvimentista”, enquanto a pobreza e os conflitos sociais se agravam em outras regiões, frente ao avanço dos projetos econômicos.. Tendo em vista o conceito de desenvolvimento sustentável estar em discussão, quanto ao enfrentamento e seus desafios, as perspectivas mostram como á degradação ambiental intensificam ás desigualdades sociais, através dos impactos negativos sobre os sujeitos e ausência de políticas sociais de prevenção desses impactos. Neste sentido, a sustentabilidade e equidade encontram-se descoladas do desenvolvimento social, privilegiando os investimentos econômicos. O crescimento sustentável permite aos sujeitos fazerem ás suas escolhas de acordo com o seu padrão de vida, respeitando ás diversidades culturais, sociais, políticas,econômicas de etnias, resguardando á memória histórica de um povo. O presente artigo pretende colaborar para uma reflexão acerca do desenvolvimento sustentável, através do panorama de contradições e violência que permeia á região Norte/Nordeste. Neste sentido o Estado ao promover a exploração nos territórios, beneficiar empreiteiras e empresas de exploração dos recursos naturais localizado em áreas habitada pela população, não promove equidade e sim a desigualdade. Afeta aqueles que sempre lá estiveram e nunca foram reconhecidos pelo Estado como sujeitos de direitos. O trabalho na sua elaboração utilizou-se de análise bibliográfica sobre o tema, consulta na mídia escrita,falada, internet e pesquisa empírica. Analisando a trajetória dos povos tradicionais, verificamos que são historicamente herdeiros da terra. No entanto relatos dão conta dos abusos cometidos contra essas populações composta de ribeirinhos, indígenas, quilombolas e outros, originando conflitos nas regiões. Como bem diz Carvalho, Gilberto e Pereira, Raul (1976)(1)’ Quando a bala vem por cima, companheiro, se abaixemo; quando a bala vem por baixo, companheiro, nós pulemo; mas se a bala vier no meio, há! fazemo a bala voltar!’ O trabalho ao analisar as implicações e limitações sócio ambientais na região Norte/Nordeste, o papel do desenvolvimento econômico, desagregador dos extratos populacionais privilegiando os interesses de empresas privadas,verifica que as desigualdades,desemprego,conflitos urbanos,tem origem nas ações implementadas na região.As iniciativas identificadas como de expansão desenvolvimentista, submete as pequenas cidades do campo aos desmandos e autoritarismo dos “velhos coronéis” do passado; deixando um saldo de desapropriações imposta aos sujeitos. . ____________ 1-Trecho de “Leão do Caverá”, canção apresentada em 1976 por Leopoldo Rassier e os Tropeiros do Ibirapuitã durante a VI Califórnia da Canção Nativa (Uruguaiana/RS). 2- Em 2012 os dados publicados pelo IBGE revelam uma queda de 4,09% da população de Altamira, significando 4.294 habitantesa menos, exatamente em um momento em que o município recebe um forte fluxo migratório conforme revelado na análise dos indicadores das áreas da saúde, educação e coleta de lixo no município. Isto significa uma queda de 7,12% no coeficiente de repasse do FPM ao Município de Altamira-PA. A população do campo, se vê da noite para o dia alijadas do bem maior á terra. A violação da moradia passa á ser uma violência, quando contraria a Constituição Federal de 1988, impregnada de valores fundamentais de um Estado democrático de Direito,que resguardou a inviolabilidade domiciliar no art. 5º.,XI 3-(Otávio,Piva,2009). Para tanto, em nome dos interesses imediatos do desenvolvimento econômico, capitaneado pelo aval do Estado tem se caracterizado uma violência que vai contra os direitos humanos. Verifica-se ocorrências do remanejamento da desapropriação de moradias pelas grandes empreiteiras localizada nesta região quando não atende aos interesse sociais das comunidades visto que o interesse das desapropriações deve ser considerado quando há interesse para a população de trabalhadores que muitas das vezes, toma a iniciativa de recuperar uma área abandonada2 (Portal Vermelho,2014). 2 - IMPACTOS ECONÔMICOS - DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL A questão do desenvolvimento ambiental, é um fenômeno que vem sendo discutido visando garantir no futuro ás necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem também as suas. Contextualizando o modelo vigente de desenvolvimento sustentável, verifica-se o beneficiamento aos grupos econômicos em áreas ambientais cujos recursos naturais são apreendidos pela exploração econômica e da população deslocada tem ocasionado o recrudescimento nas ações, originando desajustes na região. Segundo 4-Deluiz, Neise ( 2004,p.4 ),”Importa destacar que desigualdades e degradação ambiental sempre andaram juntas no Brasil, contornando uma questão socioambiental e, por outro, as agressões no meio ambiente (custos ambientais) afetam as pessoas que dêle dependem para viver e trabalhar”. Em nome do crescimento sustentável o capital hegemônico vem se apropriando dos espaços para exploração das riquezas naturais, que longe de solucionar e amenizar , vem ocasionando desigualdades sociais. Estimativas do 2.1-IBGE, dão conta de que cerca de 50% da área urbana de Altamira e mais de 1.000 imóveis rurais foram alagados. Como consequência, entre 20 a 40 mil pessoas serão desalojados pela obra (Portal Xingu Vivo,2011). Essas desocupações são objetivos propostos pelo Estado diminuto de cumprir com determinações neoliberais e econômica. Leiloa-se e devasta-se as regiões para oferecer como mercadoria aos interesses internacionais, assim como ocorre em outros países em desenvolvimento como Ásia e África. A perspectiva neoliberal do Estado, recorre as medidas históricas de exploração como o ocorreu na região amazônica dos anos 70, quando o governo de opressão, deu inicio ao (3) Plano de Integração Nacional 5-(PIN), ligando a Transamazônica, planejada para atravessar o Brasil ,deixando um rastro de poeira, lama e um milhão de pessoas esperando que a BR-230 seguisse o desenvolvimento da região. Passado cinquenta e dois anos desde o regime ditatorial, a truculência nas relações sociais entre o povo e o poder econômico ainda é o mesmo. Persegue-se um desenvolvimentismo não mais para integrar o homem à terra mas para desalojá-lo das suas raízes históricas e sem direito à esta. A elaboração do Programa de aceleração de 5.1Crescimento (PAC) lançado em 2007 segue a diretriz do Plano Plurianual(PPA), desenvolvido pelo estudo dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento do Governo Federal. Este documento orienta á direção de desenvolvimento econômico preconizada pela globalização, na expansão da financeirização dos recursos. De acordo com análise, beneficia-se o capital internacional através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que em 2011, realizou um corte orçamentário reduzindo despesas primárias do Governo equivalente a R$50,1 bilhões, atingindo os programas sociais e retirando da reforma agrária R$929 milhões. Há uma pergunta que não quer calar, aonde foram empregados esses recursos pelo corte orçamentário? Há uma demanda reprimida de 250 famílias acampadas só em 2011, aguardando para serem assentadas,Com o lançamento do (PAC) várias foram ás ações do Estado, beneficiando á exploração territorial por parte do capital privado. Entre as empresas com liberação pelo Ibama para desmatamento e expulsão da população local foi a Belo Monte, Usina Hidrelétrica instalada no Rio Xingu, instalada na região Amazônica pelo (PAC) para beneficiar as grandes mineradoras, devastando florestas, rios e lugarejos. Com ela, expande-se sobre a floresta o modelo de exploração e degradação planejado há 50 anos pelo grande capital. O Projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte a Hidrelétrica produzida pela usina de Belo Monte será usada para atender o crescimento econômico, com maior parcela de (70%) da energia para atender todas as residências, grande parte do comércio e indústrias. No entanto nas regiões afetadas pela instalação da Belo Monte, as unidades residenciais foram desapropriadas assim como o comércio local, implicando aí uma contradição nos argumentos, quando dizem que á geração de energia será para beneficiar a população residente, que segundo estudos em Altamira quase toda á população foi deslocada para outras regiões. gerando grande impacto social. Estudos realizados pela Universidade Federal do Pará a pedido do Ministério Público Federal (MPF) no Pará, apontam que a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu , em Altamira atingirá 25,4 mil pessoas diretamente, Madeiro, Carlos 6-(UOL, Notícias, março, 2012). A justificativa do setor público e privado para o deslocamento populacional argumenta que o país precisa desenvolver economicamente e reduzir a desigualdade social. No entanto as desigualdades são geradas por essas iniciativas truculentas, retirando do povo o único bem que lhes resta a moradia. Enquanto o repasse de arrecadação dos impostos são pagos pela população trabalhadora, o Consórcio Belo Monte, recebe isenção de imposto sobre Serviço,ISS negando-se ao pagamento na mesma proporção, paga por todos os demais prestadores de serviços do município. Sai perdendo a população que se encontra em completo abandono pelo poder público há anos, pois as cidade desapropriadas ainda recebem algum investimento dos pequenos setores privado, pois o Estado sempre esteve ausente das ações de interesse da população na região Norte e Nordeste. Neste sentido o capital segue uma direção clientelista e especulativa, motivada pelo Estado diminuto apoiado pela concorrência mundial do crescimento de investimento econômico. Executa-se medidas de ajuste econômico mesmo quando o capital hegemônico já o fizera através do Consenso de Washington nos anos 70. O Poder Público cumpre meta de entrega dos territórios como fonte de liberação de recursos naturais e econômico para fazer frente ao mercado mundial competidor. Através da Hidrelétrica de Belo Monte,7 que originou impacto social na ordem de 135.999 habitantes, correspondente a três cidades somente no Estado do Pará. Cerca de 24 mil pessoas de imediato já foram removidas sem local certo para ser alojadas, Após a crise internacional de 2008 cujos países encontravam-se endividados em função do socorro ao setor privado, não havendo portanto consenso da União Europeia na resolução da crise de uma dívida soberana dos (PIIGS) “Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha”, em especial a Grécia. Por conta dos riscos de setores financeiros internacional e diante deste quadro, alguns países em desenvolvimento ganham destaque frente ao panorama de elevação dos preços de matérias-primas, combustíveis e alimentos, entre esses os chamados BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China , África do Sul). Uma das ações chama atenção para os países emergentes em desenvolvimento, quanto á utilização dos recursos naturais, de “forma racional” frente ao cenário de pressões inflacionárias. Aumenta a possibilidade de crescimento mundial e inclusão no mercado da economia de livre concorrência. Em relação aos investimentos direto 8-(IDE) os países em desenvolvimento serão beneficiados com investimento direto com mais da metade desses ingressos, e maior participação dos países emergentes, enquanto receptores de (IDE), sendo uma tendência manifestada em 2010. De acordo com 9-Calixto & Ribeiro( 2005, p.4.) neste caso, o (IDE) é geralmente associado ao desenvolvimento de atividades de exportação de produto intensivos dos recursos disponíveis aos países receptores. Seguindo a lógica de participação na exploração da empresa Vale S.A., observa-se que os acordos firmados entre governo e a mineradora estão afinados com a pactuação do retorno destes investimentos, penalizando á população local. Através do Investimento Direto Externo (IDE), segundo 10-(AMAL, MOHAMED et al 2007,p.1 ) “uma das principais características do IDE é que o investidor estrangeiro possui o controle total ou parcial do empreendimento que recebeu o capital” . Como contraponto a matriz energética da Vale na exploração de minérios, que desenvolve extração nas jazidas minerais em seu poder , transformadas em milhões de toneladas de minério, para serem exportados, atuando entre outros no Projeto Carajás Serra Azul, que fica dentro da floresta RELATÓRIO DE INSUSTENTABILIDADE,(2012,P.5). . Os critérios da conjuntura do mundo em “expansão” objetiva avançar com o desenvolvimento econômico descolado das ações de equidade social e desenvolvimento humano, seja no âmbito regional, nacional ou mundial. O Relatório de Desenvolvimento Humano,RDH, 2011 defende urgentes desafios globais de sustentabilidade e equidade, a nível nacional de expansão; mas no entanto o mesmo relatório identifica que a população pobre mais sofre com a degradação ambiental, principalmente em seu ambiente pessoal quanto à ausência de políticas públicas, por conta desta “expansão econômica” dificultando para a comunidade mundial o entendimento da necessidade de mudanças no paradigma de expansão política. Os desafios chamam atenção para mudanças urgentes no manejo de ações quanto á equidade, cujo princípio é o reconhecimento da proteção de um povo e direitos humanos. Neste sentido à análise aponta as perspectivas de solução para os embates provocados pelas grandes corporações do capital hegemônico, na região institucionalizada pelo poder público, quando permite á exploração de recursos naturais, desvio do curso de rios, destruição da agricultura local, extermínio da população tradicional principalmente das nações indígenas quando lutam pelo direito à terra e são ignoradas pelo Estado. Uma das contradições no desenvolvimento econômico brasileiro se aplica na exploração da expansão do capital hegemônico, em busca de ativos acessíveis para amenizar ás crises econômicas dos países desenvolvidos. “Portanto à análise de uma região, não pode ser examinada, compreendida e transformada em seus aspectos econômicos, sociais, políticos e institucionais separadamente do contexto nacional” 11-(FERREIRA,1989); pois existem inter-relações entre os aspectos regionais e o nacional, sendo que acontecimentos ocorridos em uma esfera podem, ao mesmo tempo, ser causa e/ou efeito na outra. ___________ (5)Plano de Integração Nacional (PIN),desenvolver um grande Plano desenvolvimento na Amazônia nos anos 70. (5.1) CONTRAPONTO Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo - PUC-SP (agosto,2010). . Como entender as ações do Estado de sustentabilidade e equidade quando este viabiliza condições políticas e econômicas para que as grandes corporações se estabeleçam em território nacional, explorando os recursos naturais em detrimento das populações tradicionais. Há uma contradição, quando o Estado reconhece a obrigação de cumprir com a meta estabelecida pelas organizações internacionais ONU e UNICEF de cumprir com os oito objetivos de Desenvolvimento do Milênio,que não representa ser as políticas do benefício da “Bolsa Família”. Por outro lado, o aumento das desigualdades sociais no Brasil, em especial entre a população rural e urbana cresce cada vez mais. Um dos exemplos ocorre com á Mineradora Vale do Rio Doce S.A. ,instalada em várias localidades da região Norte ,trazendo destruição em nome do desenvolvimentismo beneficiando regiões já desenvolvidas,enquanto regiões mais pobres são afetadas pelo aumento migratório de populações deslocadas do seu habitat natural, sem a salvaguarda dos Direitos Humanos. O projeto Carajás Serra Sul fica dentro da Floresta Nacional de Carajás, o projeto Salobo também no Pará, já poluiu os igarapés Cinzento, Salobo e o rio Itacaiunas desmatando mais de 300 castanheiras. Sob ação paternalista e subalterna do Estado, doando investimentos ao capital hegemônico, o governo Dilma anuncia pacote para incentivar a produção industrial, na ordem de R$ 64 bilhões para incentivar a produção industrial e estimular o crédito, contrariando o discurso de desenvolvimento sustentável e equidade não se discutindo o desenvolvimento humano e justiça social. O próprio governo estimula o crescimento da dilapidação dos bens naturais em nome do desenvolvimento econômico, as populações pobres ficam a mercê de interesses da especulação de empreiteiras. O Relatório de Desenvolvimento Humano 2011 defende urgentes desafios globais de sustentabilidade e equidade para os países em desenvolvimento, principalmente. O mesmo relatório projeta um crescimento dessas tendências perturbadoras, se a deterioração ambiental e as desigualdades sociais continuarem à avançar 10.1(RDH-2011) fruto das especulações e investimentos firmados pelo Governo Federal. Do ponto de vista do desenvolvimento econômico este apresenta características para viabilizar a exploração dos recursos naturais, enquanto vidas são ceifadas por esses interesses. No Pará, á Estrada de Ferro Carajás (EFC), da Vale que corta 94 localidades, com intenso fluxo das comunidades vizinhas; à ausência de mecanismos de proteção e sinalização fazem com que , em média, uma pessoa morra a cada mês por atropelamento pelos trens operados pela Vale. Somente em 2007 foram contabilizadas 23 mortes. Em 2008 foram nove vítimas fatais 12(Relatório de Insustentabilidade da Vale p. 4, 2012 ). O governo Dilma apresenta uma disposição em proteger a economia, colocando o Brasil na rota do desenvolvimento econômico sustentável, mas a sustentabilidade que impulsiona uma nação é aquela que prioriza o material humano. Não há indicativos de crescimento de um país, quando os valores humanos, de justiça e igualdade social, não são colocados á frente de iniciativas de desenvolvimento econômico. No passado as críticas ao Banco Mundial (BM) e (FMI) Fundo Monetário Internacional era uma constante pelos agravos ocasionados pelos ajustes impostos aos países emergentes em desenvolvimento. Após o apoio á ideologia neoliberal do capital internacional, no entanto esta lógica perversa tem sido, usada com as populações do interior do estado, através do ajuste desenvolvimentista. O Estado tornou diminutas ás ações de Políticas Sociais e não supre as necessidades dos trabalhadores, sendo levados ao desemprego, á drogadização, auxiliados por benefícios focalizados na pobreza sem perspectiva de mudanças estruturais no padrão desses sujeitos. Há um hiato nas relações societárias entre Estado neoliberal de livre concorrência e Estado comprometido com o desenvolvimento social sustentável para os sujeitos de direito. À atuação do Estado é minimamente de distribuidor de recursos assistencialista,mantendo a população “focalizada” sobre controle, como prestador de "serviços” minimamente clientelista. Uma nação não se constitui apenas de populações controladas por benefícios assistencialistas, no entanto há um monitoramento do prejuízo que a livre concorrência da mão invisível do Estado privado acarreta para a população. Um dos exemplos, são as 16 comunidades às margens da Estrada de Ferro Carajás no MA, aproximadamente 6,5 mil famílias são monitoradas, cujos impactos ambientais mais sentidos foram poluição do ar por partículas de minério de ferro; aterro dos igarapés causado pela construção da estrada de ferro e sua manutenção. Esses agravantes tem origem na especulação e exploração do território, sob determinação do Estado. Seguindo a lógica de precaução de riscos ao meio ambiente e ás pessoas, cito que “ Precaução é Cuidado ”. O princípio da precaução está ligada aos conceitos de afastamento de perigo e segurança das gerações futuras, como também de sustentabilidade ambiental das atividades humanas . Este princípio é a tradução da busca da proteção da existência humana, seja pela proteção de seu ambiente assegurando a integridade da vida humana. A partir desta premissa deve-se também considerar que segundo Derani, “não só o risco eminente de uma determinada atividade, como também os riscos decorrentes de empreendimentos humanos, os quais nossa compreensão e o atual estágio de desenvolvimento da ciência jamais conseguem captar em toda densidade [...].” Derani,(1997 apud Oikos, 13-PESQUISA APLICADA LTDA ,p.167). Diante dos riscos provocados pela ação do poder do capital hegemônico com aval do poder público, não se prover as populações vulneráveis com o mínimo de segurança, principalmente a população do campo e das áreas rurais. Como conceber o desenvolvimento sustentável quando o Estado não assegura os princípios de direito ,de justiça social e proteção mínima. Permite o avanço econômico através da desapropriação dos bens de um povo sem garantias de devolução desses bens que de acordo com 14-GROSMANN apud (1998), analisa experiências Caribenhas, o estado trata as mudanças ambientais de modo restrito, centrado na análise do processo de concentração da posse da terra no Leste caribenho, desconsiderando temáticas indispensáveis para a ecologia política, como aumento do desmatamento, deslocamento populacional e crescimento da pobreza. O processo de territorialização se dá no Brasil nas diversas regiões Norte e Nordeste; o aspecto de naturalização e precarização dos deslocamentos populacionais são visíveis , sendo uma constante sem que medidas possam ser tomadas, na proteção das populações vulneráveis, apresentando como agravante o processo de avanço de investimentos econômicos na exploração dos recursos naturais e ausência de investimento nas Políticas Públicas e Sociais. . POPULAÇÕES TRADICIONAIS, SOB A LÓGICA ECONOMICISTA Há uma necessidade de mudanças na ação de integrar á população ao seu território aliando desenvolvimento social ao econômico, melhorando a vida dos indivíduos e principalmente do homem da terra, das comunidades indígenas, tão severamente atingida pelo desinteresse do Estado. As deslocações internamente no país vem ocasionando impactos na vida das pessoas, ações são implementadas pelo avanço econômico respaldado pelo Estado com aumento das desigualdades. Há um avanço na Constituição Brasileira de 1988, que reconhece terras tradicionalmente ocupadas pelas populações; mas há uma subordinação ás decisões econômicas, que as impedem de ser efetivadas e fornecer direitos aos quem dela sobrevivem da terra para plantar e colher, garantindo-se á soberania alimentar que passa a ser afetada. A população do campo estão atrelados aos endividamentos bancários, através dos financiamentos agrícolas, “ a história dos países neo-colonizados como a Índia e África é um exemplo, de como sua produção agrícola foi afetada, devido ao ajuste econômico imposto, através dos financiamentos á juros altos” 15-(Pereira,Vilma,2012) Os avanços Constitucionais Brasileiros tem se dado apenas em documento, quando se trata do tema “meio ambiente” e Reforma Agrária,foge-se as iniciativas mais justas. Na prática há uma gritante violação dos Direitos Humanos e que precisam ser revistos, no Brasil. As populações vem sendo agredida no seu direito universal ao direito á terra e o direito de preservação da própria vida, destruição de terras para o plantio de eucaliptos, assim como desapropria terras dos trabalhadores para beneficiar os “agronegócios” , empreiteiras como ocorre as terras indígenas que segundo a Procuradora da República Thais Santi, que conta como a terceira maior hidrelétrica do mundo vai se tornando fato consumado numa operação de suspensão da ordem jurídica, misturando o público e o privado e causando uma catástrofe indígena e ambiental de proporções amazônicas.16-Segundo Eliane,Brum, “a procuradora da República Thais Santi, relata a narrativa de como a mais controversa obra do PAC o Programa da Aceleração do crescimento dos governos Lula-Dilma,um empreendimento com custo em torno de R$30bilhões,poderá ser julgada pela História como uma operação em que a Lei foi suspensa”(Eliane,Brum.2014).Não há interesse em investigar os determinantes sociais que ocasionam as desigualdades nesse país. No entanto o próprio Governo Dilma ao assentar-se junto aos países integrantes dos BRICS, deu ênfase na sua fala na 4ª. Cúpula dos BRICS (Convergência digital, 2012,)17, qualificando como fundamental essa cooperação voltada para a promoção do desenvolvimento sustentado. No entanto a sustentabilidade apontada pelo governo Dilma, não se refere ao desenvolvimento social; diz respeito aos investimentos de ponta de novas tecnologias para desenvolver projetos de infraestrutura, Inovação, Ciência e Tecnologia. Esta ação precisa repensada diante do resgate histórico de garantia de direitos relevantes dos sujeito. Há uma inversão de valores quando o Estado implementa ações de projetos focalizado na pobreza, sem olhar os determinantes que ocasionam as desigualdades muitas das vezes por ações do Estado equivocada como as ações de desapropriações verificadas no interior do país e áreas rurais, mantendo indenizações abaixo do valor que restringem aos sujeitos adquirir outra moradia; no entanto o Estado aprimora a política de projetos imediatistas como o “Projeto Brasil Carinhoso”. Estes resultados promove a manutenção da ordem societária do controle das massas,através de benefícios assistencialistas que não resolve á questão estrutural das desigualdades e do desenvolvimento social. O desenvolvimento sustentável vai muito além do “bolsa família” cujos anseios dos trabalhadores perpassa territórios, questionando o desemprego, ausência de Programa de Habitação que garanta a todos direito a moradia , ampliação de Hospitais Públicos mais leitos, desafogando os sistemas de regulação cujo trânsito sempre estagnado acelera a identificação de doenças, principalmente em áreas do interior do país. As iniciativas para criação de creches para atender as mulheres trabalhadoras, na área do campo, nas regiões indígenas, de quilombolas e ribeirinhas com infraestrutura para atender á mulher trabalhadora e seus filhos, são necessidades que clamam urgência.Segundo estimativas o numero de populações tradicionais vem diminuindo em decorrência da violência lançada contra os mesmos, como é o caso dos indígenas expulsos de suas terras e dos quilombolas. As populações tradicionais são importantes para a cultura do saber popular brasileiro possuem um modo de vida específico, uma relação única e profunda com a natureza e seus ciclos, de uma produção baseada no trabalho da própria terra. Em tais populações, ocorre uma constante transferência de conhecimentos através das gerações como forma de perpetuar a identidade do grupo18-(Diegues,1996; Gómez, Pompa;Kaus,2000). O projeto de infraestrutura que o Estado propõe, não contempla a grande maioria da população de brasileiros e tradicionais, cujas ações empreendidas são pontuais para colocar o país no topo da liderança internacional, alijando deste processo as classes menos privilegiadas. Os investimentos de infraestrutura para ser eficiente deve voltar-se para o desenvolvimento sustentável da população brasileira como objetivo de atender as reivindicações dos sujeitos de direito, dos sem-terra na luta do Xingu Vivo quando articulam o direito à terra com a gestão ambiental, em razão do tipo de projetos agronegócios que desenvolvem 19-(Garcês, Eduardo IHU 2011) .Os indígenas viram suas terras serem desapropriadas para dar lugar a Companhia Siderúrgicas como a Vale S.A. no Paraná, e outras siderurgias. Perderam a privacidade e a sua subsistência foi ameaçada durante dez anos, com as atividades de extração de minérios em terras indígenas, enquanto estas populações nada receberam por todos os anos de preservação e de uma hora para outra ao chegar o desenvolvimento econômico; foram expulsos de suas terras localizada no sudeste do PA, tendo como aval o Estado que em nome do desenvolvimento sustentável, vem garantindo á desapropriação de terras das populações tradicionais, para gerar lucro á iniciativa do capital privado. 20-Posey apud Calixto, (1987 p.4) cita o caso dos índios Kayapó; “que desenvolveram um elaborado sistema de manejo das florestas, que permitia usar, simultaneamente, uma pequena extensão de terra para cultivo, coleta e caça, através de uma rotação que viabilizava a regeneração da área de cultivo”. As técnicas de manejo dos recursos naturais desenvolvidas pelas populações tradicionais não possuem como objetivo principal a maximização da produção visando altos lucros monetários, pelo contrário, são técnicas que se adaptam ao meio natural, garantindo sua conservação e, de certa forma, sua reprodução social e cultural ,Diegues apud Calixto( 1996 P.4). ____________ *Vilma Pereira da Silva, Assistente Social, Pós-Graduação em Saúde Pública, residência multiprofissional no Hospital Universitário Antonio Pedro-Huap, Universidade Federal Fluminense-UFF-Niterói,RJ. Tel.contato 21-969645504. Email:[email protected]. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Nesta perspectiva faz-se necessário uma reflexão sobre o desenvolvimento urbano e rural equivocado sustentado com aval do Estado, aliado ao capital especulativo neoliberal para remanejamento de famílias das suas terras. O “fetiche econômico” fecha os olhos aos reais interesses de crescimento e sustentabilidade social, permitindo que os sujeitos mantenham-se refém dos interesses econômicos locais e internacionais. Como moeda de troca a hegemonia econômica se volta para os países em desenvolvimento na exploração dos recursos naturais. Portanto é necessário repensar o modelo de sustentabilidade no Brasil não se coaduna com a sustentabilidade social almejada pelos sujeitos de direito.O trabalho pretende apresentar algumas reflexões com intuito de encontrarmos respostas para elucidação das desigualdades e os equívocos sobre desenvolvimento sustentável, quando os movimento populares, movimentos sociais, sociedade civil organizada e população trabalhadora, pela pressão, se propor a construir um novo modelo de desenvolvimento sustentável que atenda aos interesses de um povo de uma nação ,sem agredir o próprio homem e o meio ambiente, através do debates de ideias, pelas reivindicações de direitos coletivos e não individuais. REFERÊNCIA AMAL, Mohamed & Seabra Fernando. Determinantes do Investimento Direto Externo (IDE) na América Latina: Uma Perspectiva Institucional, Departamento de Economia(FURB),Universidade Regional de Blumenau; Universidade Federal de Santa Catarina, 2005.p. 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