FUNED UEMG ? Fundação Educacional de Divinópolis
CURSO DE PSICOLOGIA ? 4º PERÍODO
DISCIPLINA: PROCESSOS GRUPAIS

UNIVERSITÁRIA
Elizabete Bianca Tinoco Silva

Relatório de observação:
GRUPO OPERATIVO DE INFORMAÇÃO

Divinópolis, MG/ 2009.
FUNED UEMG ? Fundação Educacional de Divinópolis
CURSO DE PSICOLOGIA ? 4º PERÍODO
DISCIPLINA: PROCESSOS GRUPAIS

Relatório de observação:
GRUPO OPERATIVO DE INFORMAÇÃO

Divinópolis, MG / 2009.

"Grupo é um conjunto restrito de pessoas que,
ligadas por constantes de tempo e espaço, e articuladas
por sua mútua representação interna, se propõem de
forma explícita ou implícita à realização de uma tarefa,
que constitui sua finalidade, interatuando para isso através
de complexos mecanismos de adjudicação de papéis"
Pichón Rivière

"o grupo acolhe, eu falo o que eu penso".
"será que serei acolhida e ouvida aqui?".

Os estudos sobre processos grupais atingiram um estado de desenvolvimento que atualmente, chega a ser vista, considerada como uma área autônoma da psicologia social.

Este relatório, apresenta como principal objetivo, o relato da observação de um grupo operativo, seus objetivos, sua elaboração e para melhor interpretação vejamos algumas considerações sobre os aspectos dos processos grupais tais como instituição, coesão, liderança, formação e papel social.

Fundamentos teóricos sobre grupos operativos.

1. Grupos Operativos
Grupos centrados na tarefa, cura terapêutica, aquisição de conhecimento em caso de grupo de aprendizagem e de informação. Esta modalidade grupal tem objetiva a mobilização de um processo de mudança que passa pela diminuição de medos básicos, da perda e do ataque, fortalecendo o grupo e levando-o à uma adaptação ativa á realidade, vencendo a resistência a mudanças.

2. Esquema conceitual
Aludi ao conjunto de experiências, conhecimentos e afetos com que os indivíduos pensam e agem e se fazem compreender entre si. Partindo do existente, da interação e do emergente do grupo como unidade de operação.

3. Momentos do grupo
A jornada se processa a partir da pré-tarefa onde o grupo, nesse primeiro momento, evita a tarefa em função do medo e do desconhecido apresentando os membros nesta fase, grande resistência à mudança. A tarefa momento ao qual o grupo inicia a superação dos medos que perturbam a aprendizagem; e, por fim o projeto, neste momento o grupo planeja suas ações futuras.

4.Instituições
Conjunto de normas que regem a padronização de um determinado hábito nas sociedades e que garantem a sua reprodução. Para Berger e Luckman a institucionalização ocorre sempre que há uma tipificação de ações habituais aceitas por determinado grupo. Qualquer destas tipificações é uma instituição. O sistema institucional está presente na disposição material dos lugares e dos instrumentos de trabalho, nos horários, nos conjuntos de autoridades.

5.O grupo social
Conjunto de pessoas num processo d relação e organizado com o propósito de atingir um objetivo imediato ou mais a longo prazo. O imediato pode ser, por exemplo, trabalho escolar, busca de informação e mais a longo prazo projetos de pesquisa, grupos de auto ajuda. A realização de objetivo impõe tarefas, regras que regulam as relações entre as pessoas, num processo de comunicação entre todos os participantes e o próprio desenvolvimento do grupo em direção ao seu objetivo central.

6. Processo grupal
Implica numa rede de relações que pode caracterizar-se por relações equilibradas de poder entre os participantes ou pela presença de um líder. O processo de desenvolvimento do grupo proporciona a seus integrantes condição de evolução e crescimento pessoal. Participar de um grupo significa partilhar representações, crenças...

6.1 Coesão
Pressão exercida sobre os integrantes de um grupo a fim de que continuem nele. É a resultante das forças que agem sobre um membro para que ele permaneça no grupo.

6.2 Cooperação
Ação conjunta ou separada de indivíduos integrantes de um grupo a fim de influir nos resultados grupais. Extrema importância para continuidade e resposta positiva ao objetivo do grupo.

6.3 Formação de normas
Normas sociais são padrões ou expectativas de comportamento partilhados pelos integrantes de um grupo, que utilizam estes padrões para julgar a propriedade ou adequação de suas análises, sentimentos e comportamentos. Todo grupo, independente de tamanho, necessita estabelecer normas para funcionar adequadamente. As normas grupais são um excelente substitutivo para o uso do poder em um grupo, uma vez que utilizando-se das normas, se dispensa o líder do constante exercício e demonstração de poder. O convívio em sociedade necessita da existência de normas sociais.

6.4 Liderança
A tempos acredita-se me líder como alguém com características criativas, persistentes, autoconfiantes, sociais e inteligentes. É certeiro que tais características ajudam na figura do líder, mas faz-se necessários fenômenos decorrentes da interação entre os participantes, com acentuada dependência dos objetivos e clima do grupo, sendo a autocrítica, a democracia, a permissiva ? o que permite que cada membro do grupo aja como deseja; essenciais para o desenvolvimento de um líder
A liderança pode ser entendida como um processo interacional, com características próprias, devendo o líder, surgir durante o processo de interação dos participantes.

Observação do grupo de informação

Um grupo de informação com pacientes oncológicos, foram observados por durante 2 meses. As características e mecanismos de informação serão descritos a seguir. Inicialmente foi feito um contato com os coordenadores da Casa de Apoio onde o grupo foi observado esclarecendo os objetivos desse trabalho de observação.

Grupo de informação pacientes oncológicos ? Crianças, Adultos e acompanhantes.

Trata-se de um grupo criado em meados do mês de julho deste ano a partir da grande demanda de necessidade de informação por parte dos pacientes e de seus acompanhantes no tocante à doença e às rotinas da casa. Dentro deste contexto oncológico, nesse cenário que se insere a "doença" e os descompassos entre o vivente e o mundo que ele habita, que se fez necessário a criação de tal grupo. A psicóloga Tais com a ajuda de uma assistente social, Kelle, perceberam que os pacientes encaminhados para a Casa de Apoio necessitavam tomar as rédias de seu tratamento e trabalhar melhor a dor, a aceitação da doença e com seus acompanhantes a possível perda e medo do novo e do desconhecido. Acolhendo para tanto o paciente e seu acompanhante com o intuito de amenizar e agilizar o processo de recuperação.
O paciente oncológico, talvez mais que qualquer outro, necessita dessa abordagem holística, que não se satisfaz apenas com sessões de quimioterapia, ou de radioterapia, ou com atitudes cirúrgicas não raras vezes mutilantes. O estigma da doença dita maligna, do câncer, é um látego açoitando permanentemente o pensamento dos pacientes e de seus acompanhantes e o papel principal do terapeuta é a interação com o sofrimento alheio, em meio às manobras medicamentosas.
Partindo deste princípio, desta necessidade, criou-se um grupo operativo informal objetivando o empoderamento, autonomia do paciente em seu próprio tratamento, tornando-o agente do mesmo.
Não há critérios para seleção dos participantes, as profissionais, fazem a cada semana um levantamento das "entradas", dos pacientes que serão recepcionados pela casa de apoio e os convidam para participar do grupo de informação que objetiva o esclarecimento da doença e do funcionamento da casa onde o paciente e até mesmo seu acompanhante, passarão boa parte de seu tempo. Portanto, não há número fixo de participantes. A periodicidade dos encontros é semanal com reuniões às quartas-feiras sempre às quinze horas e trinta minutos (15:30?).
Ao iniciar a sessão, as profissionais esclarecem as normas do grupo, como periodicidade das reuniões e relevância da mesma e seguem com a apresentação de um vídeo institucional que apresenta as dependências da casa e o que a mesma oferece deste o tocante a realização de exames a atividades de interação e distração como artesanato por exemplo. Após apresentação do vídeo se colocam a disposição dos integrantes do grupo para solucionar dúvidas quanto a doença, progressão da mesma e possibilidade de uma não melhora no tratamento, abordando sempre a importância do tratamento, acompanhamento e cuidado e após o mesmo. As profissionais, neste processo, facilitadoras, líderes do grupo, interferem nos processos de subjetivação quando o mesmo se difere do objetivo principal do grupo.
Por fim, as profissionais relatam a relevância do grupo e crescimento dos pacientes após este primeiro contato, primeiro momento de frente com deus medos, suas angústias e dúvidas. Observam uma melhor adaptação dos integrantes à nova rotina, regras e horários da casa. Salientam não ser a modalidade terapêutica o objetivo principal do grupo, mas confessam ser, neste ato, um pré-atendimento e apontam ser de grande valia esse processo.
Uma das pacientes, integrante do processo grupal diz que quanto mais informações ela e seus familiares tiverem sobre a doença e rotina da casa, mais possibilidades existirão para que as relações pessoais sejam mais harmoniosas e a vida mais digna dentro da instituição e melhora considerável no tratamento.

Comentários da observação

Os grupos em um primeiro encontro se apresentam arredios. Após uma interação vão se integrando e confiando nas profissionais e começam a esclarecer duvidas e a ver o câncer não como uma doença maligna, popularmente falando, mas como uma doença que exige um grau maior de cuidado e atenção. Percebi ser valorizado as subjetivações dos pacientes e relevantes dúvidas e medos. O mecanismo básico é a linguagem e utilização de tarefas. A linguagem é única e busca o crescimento pessoal e recuperação a partir da aceitação, estímulo e apoio ? "Você não está sozinho".

Conclusão

O presente relatório apresentou uma breve contribuição ao entendimento do processo grupal operativo abordando fenômenos como funcionamento, esquema conceitual, importância da coesão e cooperação, liderança e principais objetivos abrilhantando tal esclarecimento com o relato a partir da observação de um grupo de informação buscando um melhor entendimento sobre o funcionamento na prática de um grupo psicológico.

Referências

Teóricas:

Zimerman, David E Osório, Luiz Carlos et all. Como Trabalhamos com Grupos. Porto Alegre: Artes médicas,1997;

Osório, Luiz Carlos. Grupos: Teorias e Práticas. Acessando a Era da Grupalidade. Porto Alegre: Artes médicas Sul, 2000.

Práticas:

Casa de Apoio ? Divinópolis /MG Grupos de informação.