O filme "Mentes Periosas" conta a história da ex-oficial da marinha e professora Louanne Johnson (Michelle Pfeiffer), que passa a lecionar em uma escola do subúrbio dos Estados Unidos, onde alunos americanos e mexicanos convivem juntos. Seu desafio é educar alunos rebeldes, sem interesse para se dedicar aos estudos, com problemas sociais, preconceitos e drogas. O filme mostra uma realidade bastante presente em todos os lugares, principalmente no que se refere as classes menos favorecidas, onde problemas sociais refletem no apendizado.
Estes alunos vivenciavam uma educação baseada em normas disciplinares rígidas que favorecia a submissão dos alunos, e consequentemente a perda da autonomia, no processo ensino-aprendizagem. De inicio a professora logo se depara com o desafio de comunicar-se com os alunos, que faz com altere sua estratégia pedagógica para aproximar-se de seus valores. Neste momento a professora busca por um processo de ensino-aprendizagem que valorize a transmissão de valores e conhecimentos, onde cada indivíduo é considerado a partir de suas diferenças individuais.
Tendo conseguido captar a atenção dos alunos, a professora tenta mostrar algo de novo, diferente do que estavam acostumados, e as portas são abertas atraves da poesia, na tentativa de construir um método didático que supere o formalismo e desenvolva o espírito criativo de cada aluno, suas capacidades e pontencialidades. A profesora passa a ser estimuladora e orientadora da aprendizagem dos seus alunos, onde cada aluno torna-se "sujeito" que passa "aprender a aprender", ou seja, assimilam os mecanismos de busca do conhecimento. Com isso a relação professor aluno passa a ser considerada de forma democrática, onde o aluno se torna um elemento ativo no processo educacional, nascendo uma relação que se fundamenta na amizade, no sentimento e na afetividade.
Apesar do ambiente ser pouco propício ao ensino, a professora busca direcionar a formação cidadã destes alunos, no que se refere ao senso de tolerância para a solução pacífica de problemas e conflitos. Com isso podemos observar a educação como uma perspectiva de transformação social, ou seja, a educação tem a função, entre muitas outras, a de intervir no contexto social. E esta intervenção fica bastante clara no decorrer da história, a professora mostra que a realidade pode ser modificada, e é possível existir uma reciprocidade entre educação e sociedade.
Ao tranformar radicalmente sua metodologia dentro da sala de aula, optando por uma política de transformação social, a professora enfrenta automaticamente a resistência da direção da escola, que insiste na ideia de que os alunos devem, exclusivamente, se deter ao programa educacional pré estabelecido, onde não permite que os alunos se posicionem criticamente perante a realidade social vivida. Contudo a professora não se intimida e decide enfretar o sistema tradicional de educação, até então vigente. Em uma das cenas, em que a professora ensina sobre verbos, sutilmente traz para dentro da sala de aula a dura realidade daqueles jovens, uma das alunas destaca que o verbo mais importante seria o verbo "escolher", demonstrando que aqueles jovens queriam escolhas para as suas vidas.
No decorrer da história, a professora rompe com a visão tradicional de que o professor "é o que sabe" e o aluno "o que não sabe", mostra que o educador tem a função não somente de ensinar, mas que tambem aprende, ela mostra que estes alunos são capazes de se posicionarem criticamente frente a realidade vivida e modificá-la. O saber-fazer da professora destaca-se não somente pela transferência de saber, mas sim pelo encontro do sujeito que busca o conhecimento, e propicia aos mesmos uma comunicação sobre a realidade e os meios de transformá-la.
A medotologia utilizada pela professora mostra que é possivel transformar um processo educativo pré-estabelecido, modificando conteúdos "abstratos" para conteúdos "concretos", colocando a escola como mediadora entre o saber popular e o saber erudito. É exatamente o que acontece no decorrer da história do filme, a professora sistematiza uma cultura popular com uma cultura erudita. Muito mais que transmitir o saber, a professora transmite ideias e valores, dialogando com conceitos e culturas diferentes e criando novas relações sociais.
O filme, contudo, nos mostra que estre outros aspectos, a prática pedagógica cognitiva pode ser substituída por uma prática pedagógica contextualizada. A partir de uma visão contextualizada da educação é possivel uma conexão com uma perspectiva de transformação social, onde a escola assume o papel de construtora de um novo modelo de sociedade.
De acordo com que já disse anteriormente, a história do filme nos mostra muito da realidade de nossas escolas. No entanto, esta aproximação do aluno com o processo ensino- aprendizagem é preciso ser revista, uma vez que é necessário afirmar o compromisso com a eficiência do ensino. Trata-se de uma revisão do que entendemos como ensino, partindo das condições reais em que a prática pedagógica é desenvolvida em nossas escolas, e com isso buscar formas de intervenções simples e viáves, descobrindo as limitações e contribuições que o ensino-aprendizado é capaz de nos oferecer.