RESUMO: Este trabalho pretende, frente à necessidade de comunicação dos falantes, cada vez mais diversificada no âmbito das mídias sociais, analisar algumas palavras que estes indivíduos utilizam para a comunicação nas mídias sociais, a importância dos processos de formação de palavras para o ensino de língua portuguesa, bem como evidenciar a criação de palavras novas como situação recorrente nesse ambiente virtual.  Para isso, algumas palavras serão analisadas no seu aspecto morfológico, no tocante ao processo de formação das palavras no Português Brasileiro. Diante disso, buscaremos apoio dos autores Valter Kehdi e Carlos Alexandre Gonçalves.

PALAVRAS-CHAVES: Comunicação. Internet. Mídias sociais. Formação de palavras.

  1. INTRODUÇÃO

A comunicação é fundamental para todos os seres humanos. Ela se dá de várias formas e em ambientes diversos. Com o uso cada vez maior da internet e, por conseguinte das mídias sociais, verifica-se o quanto a língua é viva e diversa. Os falantes, cheios de criatividade, buscam novas palavras para se colocarem neste mundo novo, repleto de constantes novidades. Assim, diante deste universo tecnológico, no qual a efemeridade é constante, surgem termos novos diariamente, seja nas novelas com um novo bordão, nas redes sociais, por meio de memes, ou até mesmo nas ruas, por meio de gírias.

Essa situação nos leva a pensar que estar em contato com o mundo virtual é hoje, para muitos, mais do que um entretenimento, mas uma necessidade, uma vez que os vários recursos de que a internet dispõe nos faz enxergar neles novas possibilidades de lidar com a máquina, o computador. Dentre essas possibilidades, pode-se dizer, estão a comunicação virtual, a socialização, a linguagem peculiar do ambiente em rede, os diversos textos e modos de leitura disponíveis.

Dessa forma entende- se que as palavras são maleáveis, movem-se e se moldam de acordo com a necessidade dos falantes.  Por isso, o vocabulário é tão rico. Basta uma simples mudança de região para observar que a língua coloquial é divertida, diferente e isso ocorre tão naturalmente, que os falantes nem se dão conta da importância desta diversidade. Assim, pode se afirmar que a língua portuguesa é mutável em seu acervo lexical.

O falante, diante de um fato novo, um novo invento científico, vê-se na necessidade de recorrer a outras formas lexicais para adaptar-se a comunicação. Bagno (1999, p. 126) ressalta: “A língua é como um grande guarda-roupa, onde é possível encontrar todo tipo de vestimenta”. Diante da afirmação de Bagno, é correto afirmar que quando surgem outras formas de comunicação, o guarda roupa abre suas portas e novas vestimentas surgem. A internet, neste contexto, se configura um novo fato no tocante a comunicação. Os falantes, cada vez mais inseridos na tecnologia, precisam acompanhar a velocidade e a dinamicidade da comunicação.

Segundo (GONÇALVES, 2016), algumas das forças que moldaram a formação de palavras em português, nos últimos anos, são bastante salientes e, por isso mesmo, fáceis de identificar, pois tendem a refletir várias das inovações pelas quais vem passando a morfologia do inglês:

Tal é o caso das construções com os chamados xenoconstituintes – como ciber-, -Tube e e-, amplamente utilizadas para cunhar novidades relacionadas à computação, à informática ou a eventos que envolvem, de algum modo, a rede mundial de computadores. Outras, no entanto, são mais sutis, débeis ou obscuras para que sejam reconhecidas tendências generalizadas no atual estágio da língua, como as novas acepções de formativos e o emprego de operações não concatenativas. (GONÇALVES, 2016, p. 8)

 

O fato é que a internet é primordial no nosso dia-a-dia e até mesmo crianças muito pequenas demonstram familiaridade com uso das mídias sociais, evidenciando como as ferramentas tecnológicas em geral que usamos atualmente, como os celulares, as máquinas fotográficas digitais, os acessórios eletrônicos – notebook, tablets, smartphones, caixas eletrônicos e muitos outros – nos parece imprescindíveis. Neste contexto, é que nasceu o internetês, um estilo comunicativo comum ao ambiente virtual, que, na maioria das vezes, é menos preso a normas gramaticais, principalmente de ortografia, e possibilita algumas transformações e criações na língua escrita, como os neologismos gráficos. É importante ressaltar que a escrita dentro dos diversos gêneros textuais presentes nas mídias digitais se dá, na maioria das vezes, de modo diferente da escrita comum do papel.

O internetês pode ser encontrado com maior facilidade nas redes sociais, pois essas funcionam como uma socialização entre usuários da língua, os quais se disponibilizam a trocar dados entre si, a se socializar por meio da internet, utilizando uma linguagem mais solta, pois, na maioria dos casos, tais usuários não precisam se policiar linguisticamente, uma vez que, de modo geral, estão escrevendo para os próprios colegas e em um português sem rebuscamentos e sem a necessidade de todas as regras normativas, defendidas e exigidas pela Gramática Tradicional. Segundo (SANTOS, 2013), os textos produzidos no ambiente virtual das redes sociais serão, em sua maioria, textos autênticos, textos naturais. Isto é, textos em que seus produtores utilizam uma língua natural em sua comunicação, pois o contexto sócio comunicativo em que se encontram inseridos, possibilita e permite essa produção textual mais livre.

Neste trabalho, analisaremos alguns vocábulos surgidos nos últimos anos, mais precisamente no processo da derivação, na linguagem do internetês usadas nas redes sociais. Apresentaremos os termos e os associaremos a análises morfológicas, nos baseando em estudos sobre a morfologia do Português Brasileiro, mostrando que os termos apresentados respeitam o processo de formação de palavras da língua portuguesa.

 

  1. A LINGUAGEM NA INTERNET

 

Os avanços na era da informática nos últimos tempos, por exemplo, acabaram por incorporar à língua portuguesa inúmeros termos novos. Há, na língua portuguesa, muitos processos pelos quais se formam palavras e cujos mecanismos são constantemente utilizados para traduzir, em palavras novas, novas realidades.

Seja através de uma comunicação síncrona, como a que acontece os chats, ou mesmo em mensagens assíncronas, como e-mails ou textos presentes no facebook, a escrita que aparece na internet muitas vezes apresenta uma grafia particular, a escrita digital, caracterizada por abreviações, palavras cifradas, considerando o aspecto fonológico, além de neologismos.

Em boa parte dos textos escritos nas redes sociais há a presença da chamada escrita digital, com uma série de particularidades e inovações, como abreviações inusitadas, neologismos, ausência de acentos gráficos, dentre outros. Isso denota mudanças nas relações interpessoais e linguísticas entre os falantes, à medida que interagem em rede com os demais, mundialmente, pelo computador. Assim, a escrita utilizada nesses ambientes demonstra novas práticas que surgem através da escrita do discurso eletrônico e das transgressões realizadas pelo interlocutor.

Apoiados nisso, os adolescentes usuários frequentes da mídia digital encontram na rede o espaço ideal para exercitar aquilo que mais gostam de fazer pela própria natureza da linguagem: transgredir. Sabem que não há sanções ou qualquer forma de repressão quanto ao como vão dizer o que querem dizer. Têm certeza de que será valorizado pelo direito de dizê-lo, pois contam com a proteção da máxima contemporânea da liberdade de expressão na análise dos fatos, na emissão de opiniões e sensações. (...) Os e-mails, por exemplo, uma vez recebidos reclamam uma resposta e por mais telegráficos e abreviados que sejam, levam o escrevente a utilizar-se dos recursos da modalidade escrita da língua, até porque para ‘transgredir’ conscientemente o sistema de escrita da língua é necessário dominá-lo. (XAVIER, 2005.p. 6)

 

Segundo Xavier (2005), a geração contemporânea tem adquirido o letramento digital muito cedo e assumindo certos comportamentos que estão se projetando na língua, dos quais se pode citar: imediatismo interacional, tolerância ao diferente e autonomia na aprendizagem. Além de as novas tecnologias de comunicação propiciarem a fundação de um novo modo de enunciar, o modo de enunciação digital, elas parecem também promover o surgimento do que tem sido chamado por alguns pesquisadores das áreas de educação, psicologia, comunicação, sociologia e literatura de letramento digital.

Falar em letramento digital implica abordar práticas de leitura e escrita um tanto diferente das formas tradicionais de letramento. Implica constatar mudanças nos modos de ler e escrever em relação ao livro no papel até porque o suporte sobre o qual estarão as inscrições é outro. Deixa de ser a celulose colada, costurada e encadernada folha a folha, uma após a outra, obedecendo a uma sequência de organização tipográfica, e passa a ser a tela digital um tubo catódico ou de cristal líquido que desmaterializa a escrita, tornando-a tão fugidia e maleável que chega a causar espanto, incredulidade e até pavor a mentes de fetichistas pela "concretude" do papel. (XAVIER, 2005)

 

  1. PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

Entre os processos de formação de palavras, dois são mais comuns em português: a derivação e a composição. Segundo (GONÇALVES, 2016), palavras novas aparecem quando novos fenômenos ocorrem ou quando surge um conceito diferente ou, ainda um objeto é inventado. Assim, temos a necessidade de nomeá-los para nos referirmos a eles. Como observa (BASÍLIO, 1987):

A criação de palavras é tão natural que quase sempre não nos damos conta de que várias delas “não estavam disponíveis para uso e foram formadas por nós mesmos, exatamente na hora em que a necessidade apareceu”. Logo a função primordial da criação lexical é fornecer “novos rótulos para novas categorizações, ou seja, efetuar novas denominações”. (BASÍLIO, 1987, p. 67)

 

Criar palavras novas e modificar os significados das já existentes são tarefas tão rotineiras que muitas vezes não nos damos conta da sensação de novidade que nos despertam. Segundo (GONÇALVES, 2016), criamos palavras novas para nomear novas experiências, para expressar uma ideia numa classe de palavras diferentes, para fazer o texto progredir, para expressar um ponto de vista, para se identificar com um grupo.

De acordo com (KEHDI, 2003), basicamente, distinguem-se dois processos de formação lexical: a derivação e a composição. A diferença entre ambos consiste basicamente em que, no processo de derivação, partimos sempre de um único radical, enquanto no processo de composição sempre haverá mais de um radical. Quando um vocábulo é formado de um só radical, a que se anexam afixos (prefixos e sufixos), tem-se a derivação:

          repor (= re- (pref.) + pôr)

felizmente (= feliz + -mente (suf.))

 

  1. DERIVAÇÃO

 

Em relação à derivação, (BECHARA, 2009) afirma que esse processo se realiza por meio da anexação de afixos a uma palavra primitiva. Esse processo se divide em prefixal e sufixal. Na primeira, o neologismo é obtido pelo acréscimo de afixo antes do vocábulo, na segunda, o acréscimo do afixo ocorre depois. Além disso, há outros tipos de derivação: regressiva e a imprópria. No primeiro, o neologismo é obtido pela redução da palavra primitiva (Ex: substantivos derivados de verbos: caçar/caça, combater/combate). Já no segundo, a palavra nova é criada pela mudança de categoria gramatical da palavra primitiva, ou seja, não há mudança na forma, o que muda é a classe gramatical (conjunção/substantivo – Ex: “Não entendi o porquê da briga”). Outros processos como a onomatopeia, a abreviação, o hibridismo, as siglas e as gírias também são evidenciados pelos gramáticos.

Como acontece nas línguas românicas em geral, em português a derivação aparece como o processo mais produtivo para o enriquecimento do léxico. Tal fato deve-se, principalmente, pela grande possibilidade de se construir novas palavras por derivação, seja por prefixação ou por sufixação.

  1. PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS NA LINGUAGEM DO INTERNÊS

 

Para explicitar o processo de formação de palavras decorrentes do léxico na linguagem do internetês, segue a descrição de alguns neologismos, exemplificando a presença de palavras novas na língua portuguesa atual.

De acordo com Komesu e Tenani (2009), a linguagem no âmbito da internet se caracteriza pelo uso de abreviações, acréscimo, ou repetição de vogais, ausência de acentuação gráfica, modificação da forma culta, trocas e emissões de caracteres, sentimentos e emoções através de uma linguagem iconográfica, entre outros.

Para Ávila e Cox (2008),

 

O internetês constitui uma forma de expressão gráfica que lança mão de todos os recursos disponibilizados pela história da escrita para tentar colocar o enunciado digitalizado no compasso de seu correspondente oral. A interação escrita mediatizada precisa imitar a fluência e o ritmo da interação face a face. Interagir em chats é enfrentar o desafio de escrever/digitar na velocidade da fala, mesmo que esse seja um intento nunca completamente satisfeito. Por isso, uma das principais características dessa forma de expressão é o encurtamento/simplificação de palavras, a economia de caracteres, mediante recursos como abreviatura, escrita consonantal, transcrição da oralidade, símbolos etc. A palavra de ordem do internetês é rapidez. Assim, para abreviar o tempo de digitação dos enunciados, o internauta lança mão de inúmeros procedimentos gráficos, reinventando a história da escrita com todos os meios que ela nos legou. (ÁVILA; COX; 2008, p. 422).

 

 Dessa forma, é possível considerar que a linguagem dos internautas se caracteriza  como uma “forma gráfico-linguística” que se expandiu  nas redes sociais, sobretudo pela característica dos usuários, viste serem estes, o público jovem.  Esta comunicação, por apresentar diversas formas de expressar a fala, é para muitos, um segundo idioma. Conclui-se que este é um novo léxico composto por regras autônomas, entendido como:

 

Uma mudança na qual, em certos contextos linguísticos, os falantes usam uma construção sintática ou formação de palavras como uma nova forma  ortadora de conteúdo com propriedades formais e semânticas que não são totalmente deriváveis ou previsíveis a partir de constituintes da construção ou do padrão de formação de palavras. (BRINTON; TRAUGOTT, 2005, apud BI, 2013, p. 70).

 

Percebe-se pelo exposto, que a língua é o meio pelo qual os sujeitos interagem para se inserirem na comunidade. A língua então, se adapta as necessidades dos falantes, gerando uma nova estrutura lexical. Lévy (1996), afirma que no espaço cibernético, tem-se uma ferramenta de comunicação muito diferente da mídia clássica. Por ser uma comunicação que exige muita rapidez, observa-se que os processos mais recorrentes na internet são: abreviação , siglas, aglutinação ⁄justaposição e alterações gráficas.  A abreviação consiste no emprego de uma parte da palavra pelo todo. Segundo (BECHARA, 2009)

A abreviação consiste no emprego de uma parte da palavra pelo todo. É comum não só no falar coloquial, mas ainda na linguagem cuidada, por brevidade de expressão: extra por extraordinário ou extra fino. (BECHARA, 2009, p. 185)

 

Bjos - beijos

Tc - teclar

Pq - porque

Hra - hora

Amr - amor

Add -adicionar

Acc - aceito

 

Att - atualizar

Att - atenciosamente

Fmz - firmeza

Nó - nossa senhora

Novis - novidades

(d+) - demais

Dsc - desculpa

Msg - mensagem

 

Segundo Marcuschi (2005), o fenômeno da abreviação busca a facilidade do processo da escrita, ou seja, a economia linguística e a agilidade, o que amplia as possibilidades de interação. Assim, as abreviaturas nas redes sociais não se constituem apenas “em razão da velocidade exigida nessa situação de comunicação e de possível restrição no espaço disponibilizado para a produção/circulação dos enunciados [...]”, mas “também em razão do reconhecimento de dizeres já-ditos e do reconhecimento do outro – distante fisicamente – como leitor próximo e absolutamente indispensável à comunicação”.

O uso das Siglas:

FDP - Filho da Puta

Sqn - Só que não

FDS - fim de semana

Omg - oh my God

VASP - vagabundos anônimos sustentados pelos pais

PQP - puta que pariu

VSF - vai se fuder  


          A sigla é um processo que forma novos itens lexicais, caracterizado pela redução de caracteres. Alguns gramáticos consideram que esse processo pode ser inserido como um subtipo de abreviação. (BECHARA, 2009). Para Cunha (2001), a sigla é um processo de criação vocabular moderno e cada vez mais generalizado, que consiste em reduzir longos títulos a meras siglas, constituídas das letras iniciais das palavras que os compõem, ou partes iniciais formando quase palavras. Conclui-se, que as siglas FDP (filho da puta); FDS (fim de semana); PQP (puta que pariu); SQN (só que não); VSF (vai sefuder) e OMG (oh my God)  são em sua  maioria,  criações diversas, usadas como gírias.

 

 

  1. AGLUTINAÇÃO/JUSTAPOSIÇÃO

 

 

Atá - Ah! Tá!

Virgemaria-Virgem Maria

Nossinhora- Nossa Senhora

 

 

Cazamigas -Com as Amigas

Fikdik - fica a dica

Meldels - Meu Deus

Procê - Pra você

 

 

Nesta nova forma de comunicação, é possível observar que por aglutinação e justaposição, a junção das palavras como: Atá (Ah! Está tudo certo!), Virgemaria (Virgem Maria), Meldez (Meu Deus) se caracteriza pela junção de palavras, mas também, a comutação ou ocultação de caracteres como: Nossinhora (Nossa Senhora), Procê (Pra você), Cazamigas (Com as amigas) e Fikdik (Fica a dica).

 

Alterações Gráficas:

 

20ver - vim te ver,

80são - oi tentação,

60 - você senta,

½ - meio,

T+ - até mais

Comutação de Letras

Miguxo - amigo,

Safadenha - safadinha,

Gatenha - Gatinha,

Amigovis - Amigão,

Fofenha- Fofinha,

Pakas - Pra caramba,

Fikdik - Fica a dica,

Abrazz - Abraços,

Flw - Falou,

Naum - Não,

Xau - Tchau,

 

Muiiito - muito,

Demaaais - demais,

Parabénssss - parabéns

Sensaciiional - sensacional,

Beiiiijos - beijos,

Nããão - Não,

Siiiim - Sim,

Kkkk, rsrsrs, huahua (risadas).

Inserção de números e ícones nas palavras

9idade - novidade,

100noção - sem noção,

100hora - senhora,

(D+, -) - demais, de menos,

100vergonha- sem vergonha

 

 

Observa- se neste processo de comunicação nas mídias sociais, aspectos fonológicos e fonéticos, cuja finalidade  é proporcionar  maior expressividade na fala pela internet. Dessa forma, o interlocutor que está longe, pode interpretar a fala do locutor, visto que este usa recursos para dar ênfase a fala. Assim, estes recursos possibilitam a comunicação rápida, tão essencial no âmbito da internet.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Vivemos numa sociedade dinâmica que está em constantes transformações e a língua é a forma de cultura de um povo, que representa sua forma de viver e de pensar. Sendo assim, a língua também se torna dinâmica, vivendo essas transformações e se modifica de acordo com as necessidades de comunicação de seus falantes que imprimem na fala e na escrita novas unidades lexicais na língua. Vivemos também numa sociedade totalmente digital em todos se conectam na internet e a utilizamos para nos comunicar, para as relações sociais e também profissionais.

 E com o uso crescente das redes sociais, novas palavras foram criadas e surgiu a necessidade de analisar como essas novas palavras foram formadas de acordo com análise morfológica. Daí nasce o internetês, um estilo comunicativo comum ao ambiente virtual, que, na maioria das vezes, é menos preso a normas gramaticais, principalmente de ortografia, e possibilita algumas transformações e criações na língua escrita, como os neologismos gráficos.

Os resultados mostram que o uso das mídias digitais configura-se como um importante recurso na formação de novas palavras. Não é difícil perceber que a internet e a linguagem digital passam a contribuir bastante para mudanças na língua, seja de modo provisório, ou definitivo, com alguns léxicos que são incorporados à língua e passam a fazer parte dos dicionários.

Assim, este trabalho não encerra a discussão, visto que os dados analisados foram relativamente poucos e carecem de mais estudo para a ampliação do debate na formação de palavras nas mídias digitais. As mídias sociais e os seus textos emergentes, portanto, são apenas uma pequena mostra das muitas variações do português do Brasil, e os neologismos ali presentes simplesmente evidenciam essa realidade.

6.      REFERÊNCIAS

BASÍLIO, M. Teoria Lexical. São Paulo: Ática, 1987.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

GONÇALVES, C. A. Atuais Tendências em Formação de Palavras. São Paulo: Contexto, 2016.

KEHDI, V. Formação de Palavras no Português. 3ª. ed. São Paulo: Ática, 2003.

MARIA HELENA FERREIRA, A. M. A. C. D. A. A produtividade do processo de formação de palavras em mensagens de redes sociais. Vocábulo, Ribeirão Preto.

SANTOS, R. C. NEOLOGISMOS LEXICAIS EM GÊNERO TEXTUAL EMERGENTE: análise de textos veiculados no Facebook, Belo Horizonte, 2013.

ÁVILA, Maribel Chagas de; COX, Maria Inês Pagliarini. O “internetês” e o legado da

história da escrita. Signótica, v. 20, n. 2, p. 419-445, jul./dez. 2008.

MARCUSCHI, L. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In:

MARCUSCHI, L. E XAVIER, A. C (org.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005

XAVIER, A. C. O hipertexto na sociedade da informação: a constituição do modo de enunciação digital. Tese (Doutorado em Lingüística). Campinas: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 2005.