PROCEDIMENTOS DE ESTOCAGEM DE PERFIS DE AÇO APLICADOS NO SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING
Publicado em 18 de novembro de 2014 por KETELIN ALVES MEIRA
PROCEDIMENTOS DE ESTOCAGEM DE PERFIS DE AÇO APLICADOS NO SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING
Autor: MEIRA, K.A1. Email: [email protected]
Co – Autor:ANJOS, I.N². Email: [email protected]
Resumo: O novo sistema que vem crescendo no Brasil, o qual utiliza o aço como base em sua estrutura, conhecido como Light Steel Framing (LSF) se tornou uma saída prática, ecológica e inteligente para o setor da construção civil. No entanto, como toda nova tecnologia, o surgimento de dúvidas com relação ao sistema é inevitável, principalmente nos processos de estocagem. Esse trabalho teve como objetivo a abordagem dos procedimentos para a estocagem correta do aço utilizado na estrutura LSF nos processos de: fabricação, canteiro de obras e transporte. Por meio de pesquisa em livros, revistas, artigos e normas o sistema foi caracterizado e identificadas as possíveis anomalias relacionadas à estocagem nestes processos. A pesquisa a campo forneceu dados que permitiram a proposta de soluções para cada um dos processos anômalos encontrados.
Palavras-chave: Construção civil, aço, anomalias, soluções.
Introdução: O sistema LSF, é muito conhecido nos EUA e países da Europa, mas vem crescendo no Brasil por ser um sistema ecológico, fácil, rápido e eficiente. O Brasil hoje é um dos maiores produtores de aço do mundo, o que vem a contribuir com o crescimento do sistema. O aço passa por vários procedimentos da fabricação até sua aplicação direta na obra. Sendo assim, a importância de sua estocagem em cada um dos processos é um dos fatores que influenciam diretamente na vida útil do material e da estrutura.
Diante disso, esse trabalho tem como objetivo caracterizar o sistema LSF procurando abordar os processos de estocagem desde a fabricação, canteiro de obras até o transporte, identificando possíveis anomalias nestes processos, bem como apresentar soluções para tais anomalias.
REVISÃO DE LITERATURA
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Light Steel Framing
Conforme CBCA (2006), a expressão Steel Framing vêm do inglês “Steel = aço” e “Framing = estrutura”. O Steel Framing é um “esqueleto” estrutural de aço composto por vários elementos que conectam entre si, e elementos que funcionam como revestimento interno e externo fazendo o fechamento da edificação.
O LSF pode ser utilizado em qualquer tipo de construção, desde casas populares até edifícios de pequeno porte. Possui facilidade de fabricação, manuseio, transporte, rapidez e economia. Além disso, as chapas finas utilizadas apresentam certa maleabilidade o que vêm atendendo as necessidades da construção civil, pois estes elementos são projetados e fabricados com as dimensões específicas de cada projeto.
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Terminologia do aço
A categoria de aço mais utilizada no Brasil e no LSF são os de baixa liga, com alta e média resistência mecânica, soldáveis e elevadas características em relação à resistência atmosférica. As características do aço podem ser aumentadas conforme o tratamento que recebe.
O aço das estruturas possui tensão de escoamento mínima de 228 MPa e apresenta revestimento com zinco, que garante a proteção contra corrosão. Segundo Pfeil (2009), nos aços utilizados em estruturas as resistências à ruptura variam desde 300 MPa até acima de 1200 MPa.
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Processos de Estocagem
De acordo com Raimondi (2011), a estocagem é um componente essencial das atividades logísticas a qual tem por fundamento básico um fluxo de materiais, onde deve haver uma produtividade com melhorias técnicas, circulação dos materiais e ambiente físico, garantindo qualidade aos materiais desde o processo de produção, fases de execução, até a aplicação do mesmo nas edificações.
Dentro de qualquer empresa a estocagem é um dos fatores mais importantes, tratada muitas vezes como uma estratégia, pois pode ser uma oportunidade de lucratividade ou uma deficiência do seu sistema. Segundo Moura (2003), a principal função da estocagem é o controle e proteção dos materiais.
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Anomalias do Sistema
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Áreas Salinas
Segundo Dias (1997), a água do mar é um dos meios mais corrosivos que existe, tanto em imersão quanto na atmosfera e essa corrosividade é atribuída à presença do sal. Em regiões próximas ao mar a atmosfera é repleta de gotículas de água do mar que são constituídas por uma névoa salina.
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Corrosão
Segundo Ferreira (2002), todos os metais e ligas estão sujeitos à corrosão e as maiorias dos componentes metálicos se deterioram com o uso, e em exposição a ambientes oxidantes.
Segundo Pannoni (2009), denomina-se corrosão o processo de reação do aço com elementos presentes no ambiente ou intempéries. A corrosão pode ser a principal causa de um colapso na edificação. Quase sempre, a corrosão metálica por mecanismo eletroquímico, está associada à exposição do metal num meio no qual existem moléculas de água, juntamente com o gás oxigênio ou íons de hidrogênio, num meio condutor.
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Intempéries
Segundo CSN (2014) intempéries são a causa de muitas patologias para varias áreas, e na construção civil não é diferente, sendo um grande problema enfrentado pelos materiais utilizados, os quais tem um tempo de vida útil antes, durante e depois de suas aplicações. A partir deste problema, com o passar do tempo desenvolveram-se soluções, e a estocagem correta dos materiais utilizados é uma das principais.
MATERIAL E MÉTODOS
A revisão de literatura foi desenvolvida de modo a contemplar todos os processos de estocagem, os quais iniciam na fabricação e terminam no transporte dos perfis até o canteiro de obra. Utilizou-se coleta de dados em: livros, revistas, artigos e normas técnicas.
A pesquisa de campo foi realizada em uma empresa que trabalha com o sistema de Light Steel Framing, em Ponta Grossa – PR. Onde foram visitados os setores de produção, transporte e canteiro de obra para a obtenção de anomalias no processo de estocagem em cada um dos processos.
RESULTADOS E DISCUSÃO
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Fabricação
Conforme CBCA (2004), para a fabricação e estocagem das bobinas e perfis deve ser em galpões ser projetados conforme projeto que preveem pé direito, dimensões de vãos longitudinais e transversais, locação e dimensões de aberturas, necessidade de ventilações e calhas, entre outros. O local para estocagem do aço deve ser em locais com baixa umidade relativa, com recomendação abaixo de 60% UR (Umidade Relativa), boa circulação de ar e baixa quantidade de substâncias higroscópicas ácidas na atmosfera. A figura 1 mostra a estocagem correta dos perfis, e a figura 2 das bobinas.
Figura 1 – Perfis estocados na fábrica.
Fonte: O autor
Figura 2 – Estocagem correta das bobinas.
Fonte: O autor
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Transporte
Segundo Pinho (2005), as peças devem possuir dimensões e peso compatíveis ao tipo de veículo utilizado no transporte, pois isso representará um melhor aproveitamento das peças. Além disso, quando as peças são bem acondicionadas no veículo, a operações de embarque e desembarque se tornam mais fáceis, o que contribui para menores custos com transporte.
Geralmente procura-se limitar as peças ao comprimento máximo de 12 metros, mas caso o perfil tenha um comprimento acima disso, deve subdividi-lo para posterior união das partes no canteiro de obra. Perfis transportados de maneira errada podem amassar como mostra a figura 3.
Figura 1 – Perfis danificados no transporte.
Fonte: O autor
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Canteiro de Obra
Em um canteiro de obra é de extrema importância à estocagem, pois isso é um grande problema nas obras devido às intempéries. A figura 4 mostra um exemplo de estocagem incorreta como um indicativo de que a falta de informação de como deve ser estocado geram problemas posteriores na construção podendo acarretar em desperdício.
Figura 4 – Material em estocado de maneira errada.
Fonte: O autor
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Corrosão
A montagem dos perfis no chão e em contato com o concreto deve ser evitada ao máximo, pois pode haver a chance do concreto ainda não estar curado, pois o concreto é alcalino e em contato com o aço é extremamente agressivo. Quando os perfis são montados no chão e levantados para locação se apenas um destes já em inicio de oxidação, a qual que pode ocorrer de um dia para o outro, pode passar despercebido e entrar em contato com um aço e corroê-lo também. A figura 5 mostra o aço em contato com o concreto.
Figura 5 – Perfil em contato com o radier.
Fonte: O autor
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Tratamentos para corrosão branca e vermelha:
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Branca:
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A figura 6 mostra um perfil com corrosão branca já em transformação para a vermelha.
Figura 6 – Perfil com corrosão branca.
Fonte: O autor
Uma possível solução que pode ser utilizada para a remoção de corrosão branca é a utilização de ácido acético (vinagre). Em uma temperatura ambiente, utilizar o vinagre com uma escova de nylon ou um pano limpo e limpar durante um minuto aquela corrosão.
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Vermelha:
Quando a corrosão vermelha é identificada a tempo, pode ser solucionado através de um processo utilizando um material chamado CRZ, spray mostrado na figura 7.
Figura 7- Spray CRZ para tratamento de corrosão vermelha.
Fonte: O autor
CRZ: Segundo a ficha técnica do produto, o CRZ é um revestimento para galvanização a frio, constituído por zinco e outros metais galvânicos com resinas selecionadas para proteção contra corrosão. O produto é indicado para qualquer superfície que requeira uma proteção anticorrosiva excepcional, como exemplo, o perfil oxidado por uma corrosão branca. Um inibidor de corrosão é uma substância química ou composição de substâncias que sob determinadas condições, num meio que seja corrosivo, elimina ou pelo menos reduz significativamente o processo de corrosão. Existem diversos tipos de inibidores de corrosão, mas esse é do tipo catódico, ou seja, a reação química acontece da seguinte maneira: Atuam, por sua vez, reprimindo as reações no cátodo. De maneira mais específica, atuam inibindo o processo catódico, impedindo a difusão do oxigênio e a condução de elétrons.
Com essas informações do produto, fizemos um teste a campo com uma barra de aço que contem características iguais as do perfil, como mostra a figura 8.
Fonte: O autor
O procedimento foi realizado da seguinte maneira: 1) Limpar o perfil (figura 9a); Com uma lixa fina, lixar a camada oxidada (figura 9b); Aplicar tiner com um pano sobre a oxidação (figura 9c); Aplicar o spray CRZ (figura 9b);
Figura 9– Procedimentos para a eliminação da corrosão vermelha dos perfis de aço. (a) Limpeza do perfil; (b)Lixando a oxidação; (c) Aplicar tiner com um pano sobre a oxidação; (d) Aplicando o spray.
(a) |
(b) |
(c) |
(d) |
Fonte: O autor
Conforme especificação do spray, aguardar 1 hora para secagem e manuseio do perfil, o aço ficará como mostra a figura 10.
Figura 10 – Aço após aplicação do spray.
Fonte: O autor
Aplicar uma demão após 12 horas, e a galvanização total só ocorre após 10 dias com o perfil estando protegido da oxidação.
Quando a corrosão vermelha está em ainda mais avançado o processo que se pode tomar é o corte da corrosão no perfil se ela ainda não atacou todo o perfil. Depois de cortado a parte da corrosão vermelha, pode ser utilizado o spray na superfície do corte o que protege o perfil para que aquele local não seja de novo corroído.
CONCLUSÃO
Este artigo apresentou as características do aço e de como deve ser a sua estocagem correta, explicando suas anomalias, precauções e soluções para problemas encontrados durante a estocagem incorreta do aço.
Verificou-se que a estocagem é um dos parâmetros mais importantes que devem ser seguidos durante a execução de uma obra. Defeitos provenientes de estocagem irregular podem acabar comprometendo a estrutura.
REFERENCIAS
CBCA. Galpões para Usos Gerais. Rio de Janeiro, 2004.
CBCA. Manual de Construção em Aço. Rio de Janeiro, 2006.
CSN. CatálogoAço na Construção Civil. 2014.Disponível em: < www.ufsm.br/decc/ECC8058/Downloads/Aco_na_Construcao_Civil_CSN.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acessado em: 27. 10. 2014.
DIAS, Luis Andrade de Mattos. Estruturas de Aço: Conceito, Técnicas e Linguagens. São Paulo: Ziguerate, 1997.
FERREIRA, L.A.; COSTACYRTA, R. F.; ALBERTI, S. M.; ZDEBSKY, S. R.. Química Aplicada - Corrosão. Grupo Petrobrás, 2002.
MOURA, Reinaldo Aparecido. Manual de Logística. 3. ed. São Paulo: Imam, 2003. 373 p.
PFEIL, Walter; PFEIL, Michele. Introdução: Definições. In: PFEIL, Walter; PFEIL, Michele. Estruturas de Aço: Dimensionamento Prático de Acordo com a NBR 8800:2008. 8. ed. Rio de Janeiro: Diagrama Ação, 2009. Cap. 1, p. 1.
RAIMONDI, Leandro. Definição de Armazenagem ou Estocagem. 2011. Disponível em: <http://estudandologistica.com.br/armazenagem-2/definicao-de-armazenagem-ou-estocagem>. Acesso em: 09 maio 2014.
PANNONI, Fabio. Projeto e Durabilidade. Rio de Janeiro,2009.
PINHO, Mauro Ottoboni. Transporte e Montagem. Rio de Janeiro: CBCA, 2005.