1 FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL


1.1 A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE DOCÊNCIA


A formação de professores é um desafio que tem a ver com o futuro da educação básica que por sua vez, está fortemente ligada ao futuro de nossa sociedade.
A partir do final da década de 70, a busca pela qualificação docente é inserida no contexto da democratização da sociedade e da abertura política, com a luta pela escola pública de qualidade comprometida com a formação humana.
A década de 80 representou, para os docentes, a ruptura dos paradigmas até então, utilizados na formação dos professores; o que caracterizava o pensamento tecnicista predominante na época. Essa técnica foi um rico período, onde os educadores produziram e evidenciaram idéias avançadas sobre a formação do educador, desenvolvendo o senso crítico capaz de transformar as condições da escola, da educação e da sociedade.
Contraditoriamente com as décadas anteriores, a década de 90 foi marcada pela centralidade no conteúdo da escola (habilidades e competências escolares), a partir desses novos paradigmas, a educação e a formação de professores ganham significativa importância na realização das reformas educacionais.


A luta pela formação do educador não se limita à definição de seu conteúdo e ao caráter instrumental ? metodológico, técnico e didático, com o qual pretendem as atuais políticas públicas conformá-la, adequando-a aos princípios da reforma educativa, resultando do processo de globalização excludente que assume o capitalismo neste momento histórico de sua recomposição em nível mundial. (ABICALIL, 2004, p. 83).


O conhecimento do professor não pode ser separado da relação entre teoria e prática, nem sua formação deve adotar uma metodologia que fomente os processos reflexivos sobre a educação e a realidade social, mas sim, atender ao modelo capitalista que é defendido em nível nacional, expressando essa relação no confronto profissional e pessoal.
Hoje, o contexto em que se trabalha a docência, tornou-se mais complexo e diversificado, pois além de transmitir conhecimentos aos alunos, esta profissão exerce outras funções como: percepção da exclusão social, participação, integração de grupos, relações com organizações sociais na comunidade, para despontar como característica primordial à capacidade reflexiva em grupo, como recurso previsto nas políticas públicas de ensino.


A promulgação da LDB, em 1996, ao mesmo tempo em que fechou um ciclo de políticas educacionais que já vinham sendo implementadas, anuncia novos princípios de organização da educação brasileira, e, particularmente em seus 7 artigos do Título VI ? Dos profissionais da Educação ? introduzindo modificações significativas que viriam a (re) orientar as iniciativas do Ministério no âmbito da formação de professores, visando conformar uma concepção de profissional da educação de caráter técnico-profissionalizante, marcada pela competitividade e produtividade, em contraposição à concepção de educador de caráter sócio-histórico, para a construção de um projeto social emancipador. (Ibidem, 2004, p. 83)


Com a aprovação da LDB - Lei 9394/96, foram sendo implementadas modificações importantes na configuração da educação nacional, particularmente no âmbito da formação de professores. A formação profissional deve estar ligada à tarefa de integrar a proposta curricular no planejamento de programas para resolver situações cotidianas que são específicas do ensino, não sendo possível sem o envolvimento concreto dos docentes nessas alterações do mercado profissional.
A profissão docente comporta um conhecimento pedagógico específico, um compromisso ético e moral além da necessidade de dividir a responsabilidade com outros agentes sociais, já que exerce influência sobre outros seres humanos e, portanto, não pode nem deve ser uma profissão meramente técnica de especialistas, mas compartilhada nas experiências com outros profissionais.
Essa diversificação causada pela LDB se manifesta, também, quando estabelece que a formação de docentes para a educação básica deve ser em cursos de graduação plena, estabelecendo que até o fim da década da educação, 2010, somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço. Acredita-se que a partir dessa exigência legal, as instituições de ensino passaram a adotar mecanismos que estimularam a qualificação profissional daqueles que exercem ou que pretendem exercer a docência.
"A formação docente é prioridade para o Ministério. Para o ministro da Educação Fernando Haddad, é essencial que as universidades públicas prepare mais e melhores professores para o ensino. [...] aprimorar a formação docente é uma missão complexa. [...] Queremos que as universidades, sejam elas federais, estaduais ou municipais, se comprometam com a formação dos professores da rede de ensino". (ESCOLA, 2008, p. 34)


Essa exigência referente à transformação dos professores relacionada à Lei, atende a obrigatoriedade da formação em nível superior. Demonstra que a melhor formação se dá em serviço ou na própria instituição em que o professor atua. Há vários mecanismos que possibilitam a qualificação docente, uma delas é o sistema de EAD.


A adoção da educação à distância como mecanismo de expansão do oferecimento de cursos para professores em serviço, aliada à utilização de novas tecnologias, foi o centro da política de formação em serviço, e vem expandindo-se em ritmo acelerado por todo país ? seja pela UNIREDE (Universidade Eletrônica, Universidade Virtual), ou outras formas. A gravidade da situação da formação, em particular o grande número de professores leigos, tem levado as Secretarias de Educação [...] a estabelecer convênios com Universidades para formar, à distância, seus professores, via TV ou outros programas, [...] para a expansão qualificada do ensino superior e a ampliação de cursos de licenciatura plena presenciais, tanto na sede como fora dela. (ABICALIL, 2004, p. 90)


Desde a implementação de políticas públicas ocorreu um processo de "desprofissionalização" da docência, na mesma medida em que cresceu a visão de certificação e diplomação dos professores em cursos que enfatizam os métodos e técnicas didáticas de ensino. Isso se opõe às necessidades colocadas pelo processo educativo de sólida formação teórica no campo específico de ensino e da educação.
Garante-se capacitação continuada para os professores, pela conquista da melhoria da qualidade do próprio espaço de trabalho e do sistema escolar, buscando contribuir para que os profissionais de educação e técnicos realizem uma revisão das políticas adotadas quanto à formação continuada de professores, no sentido de procurar delinear uma escola que se constitua num espaço de desenvolvimento.
Percebeu-se no conjunto de competências das Diretrizes de formação que:








[...] a discussão dos conteúdos e métodos das disciplinas científicas e/ou campos de formação, que caracterizam atualmente a formação de professores, não para ampliá-la para uma concepção de currículo enquanto espaço de produção de novos conhecimentos e possibilidade de formação multilateral dos educadores, mas para reduzir essa formação a um processo de desenvolvimento de competências para lidar com as técnicas e instrumentais do ensino (tecnologia) e da ciência aplicada no campo do ensino e aprendizagem, incluindo a visão instrumental da investigação que possibilitem o aperfeiçoamento da prática pedagógica ? e a individualização do processo de formação continuada ? competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional. (CNE, 2002, p. 3)


É interessante ressaltar que o professor não deve refletir unicamente sobre sua prática em sala de aula, mas ultrapassar os limites desse espaço para analisar todo tipo de interesses subjacentes à educação e à realidade social, possibilitando excluir na formação, uma dimensão articulada entre o saber intelectual e a realidade social, com a qual deve manter estreitas relações.
Entre tantos interesses, deve ser considerado como fator primordial, a saúde do professor. Este, utiliza diariamente como ferramenta de trabalho a fala, o que pode, com o passar do tempo, comprometer as pregas vocais, impossibilitando ao mestre o desempenho de suas funções.
O tipo de formação inicial que o professor costuma receber não possibilita a menor informação sobre como desenvolver, implantar e avaliar recursos e métodos que serão prejudiciais para o aparelho fonador, haja vista, ser o maior contribuinte pela transmissão de seus conhecimentos aos educandos.
Pode-se dizer que a profissão docente se desenvolve por diversos fatores: pelo salário, demanda do mercado de trabalho, clima de trabalho nas escolas em que é exercida, promoção na profissão, estruturas hierárquicas, carreira docente, saúde e pela formação que o indivíduo realiza ao longo de sua atividade como professor. Observa-se, no entanto, que o desenvolvimento profissional é um conjunto de fatores que possibilita ou impede que o professor progrida profissionalmente.
É preciso estabelecer um preparo que proporcione um conhecimento válido e valorize a necessidade de uma atualização permanente em função das mudanças produzidas, criando estratégias e métodos de intervenção, cooperação, análise, reflexão, construindo um estilo rigoroso e investigativo. O professor tem um papel decisivo em promover amplamente a educação, em todos os seus aspectos. comprometendo-se com o contexto em que esta se desenvolve.
Os professores devem estar preparados para entender as transformações que vão surgindo nos diferentes campos da educação, devem ser capazes de adequar suas atuações às necessidades dos educandos em cada contexto; devem realizar constantes pesquisas para assimilar conhecimentos básicos da área profissional, promovendo experiências que permitam integrar os mesmos, mediante à reflexão individual e coletiva e à resolução de situações problemáticas da prática.
A proposta de formação contempla o saber específico, o saber pedagógico e o saber político-social como partes integrantes do processo educacional voltado aos professores. "Saber teorias é importante, mas é preciso saber aplicá-las à nossa realidade e ainda criar coisas novas de acordo com nossos interesses e recursos". CUNHA (1989, p. 128).
O domínio do conteúdo é importante e deve relacionar-se com a prática profissional, haja vista que a matéria de ensino vem definir a possibilidade de integrar-se à vida prática. Os professores selecionam aspectos que julgam relevantes e rejeitam outros, em função das suas próprias necessidades e experiências, no momento em que projeta sugestões para a sua formação.
A responsabilidade pela formação dos profissionais de educação, desde a educação básica, torna-se uma tarefa de maior relevância, uma vez que se constitui o primeiro passo para a formação de indivíduos, que futuramente atuarão no mercado de trabalho.
Mesmo com o grande avanço da tecnologia e as mudanças que vêm se processando nas atividades gerenciais, a presença do professor em sala de aula é uma prática essencial para conduzir o processo de ensino e aprendizagem para a formação do educando.


Considerando as exigências do mundo competitivo em que as pessoas estão inseridas, do professor é cobrado conhecimento em constante atualização, rápida adaptação aos valores sociais que se renovam a cada dia. (PENTEADO, 2005, p.312).


Nota-se que a realidade das escolas não oferece condições suficientes para as práticas educacionais nem para a formação básica exigida pela lei, quer seja em termos de materiais didáticos ou do ambiente físico das salas de aula, quer seja em termos de remuneração que não é condizente com a responsabilidade do educador, contribuindo para a insatisfação na carreira profissional.
1.2 PROBLEMAS DE SAÚDE DO PROFISSIONAL


O professor foi escolhido como objeto da pesquisa, porquanto seja sujeito do processo escolar e sujeito das circunstâncias de trabalho que, de certa forma, o impossibilitam de cuidar da saúde física e mental. Por isso, é de fundamental importância aprofundar estudos sobre os males que podem acometer a saúde vocal deste profissional.
Os profissionais de educação, em destaque os professores, enfrentam vários problemas de saúde, em especial a disfonia, objeto dessa pesquisa.
Disfonia é qualquer alteração da voz decorrente de um distúrbio funcional ou orgânico do trato vocal, podendo expressar-se por vários sintomas: cansaço ou esforço ao falar, rouquidão, pigarro ou tosse persistente, sensação de aperto ou peso na garganta, falhas na voz, falta de ar para falar, afonia, ardência ou queimação na garganta, dentre outros. O professor disfônico apresenta além de uma série de sinais e sintomas relacionados ao próprio problema de voz, importantes limitações no desenvolvimento de seu trabalho.


Como conseqüências da disfonia para o docente, citam-se: redução de atividades ou interações sociais e perda de dias de trabalho; dificuldades em sua comunicação e vida social, além de problemas emocionais e psicológicos como direta de sua disfonia; interferências negativas no desempenho do seu trabalho, expressas por dificuldades na aprendizagem dos alunos; necessidade de "poupar a voz" na sala de aula. (JARDIM, 2006, p. 128).


A disfonia no docente acarreta uma série de prejuízos ao desempenho de sua função, destacando a redução da produtividade e baixo rendimento educacional devido aos problemas emocionais e psicológicos que a mesma acarreta. Como a voz é a principal ferramenta de trabalho do professor, exige-se um cuidado especial, pois quando afetada, compromete todo o seu desempenho.
"A prevalência de problemas vocais nos professores contribui para o estresse de forma geral associado ao trabalho" (Ibidem, 2006, p. 130). Acredita-se, portanto, que o desgaste do docente é conseqüência de um sistema educacional precário, no qual o professor tem pouco tempo para cuidar da saúde, não se alimenta adequadamente e é muito exigido em sala de aula. Este profissional trabalha mais do que deveria, leva serviço para casa quando deveria descansar, relaxar das obrigações com passeios e atividades constantes.


A maioria dos professores realiza uma jornada extensa de trabalho, impondo a sua voz, principal ferramenta para o exercício ocupacional, uma sobrecarga importante. Trazem consigo, relatos sobre as condições ambientais e recursos materiais que prejudicam sua atuação. Desconhecem os cuidados que devem ter com a alimentação, o sono, as vestimentas e recursos vocais que o auxiliarão na manutenção da boa qualidade vocal. (FERREIRA, 2002, p. 37).


Não falta iniciativa dos professores em se cuidar, o que falta é tempo e condições favoráveis para fazê-lo. Algumas instituições de ensino exigem a reposição de aulas quando há o afastamento do professor, por breve período. Esse fato inibe alguns professores de buscar tratamento para problemas de saúde que vão se agravando com o passar do tempo. É importante que o professor tenha um acompanhamento especializado para dispor de boa saúde a fim de não prejudicar seu desempenho diante de suas inúmeras funções no processo educacional.
No trabalho docente, muitas vezes, só são reconhecidas àquelas doenças que se expressam por sintomas muito evidentes para serem escondidos: estresse que gera nervosismo na escola e em casa, explosão de agressão verbal com alunos ou colegas, perda de voz, cansaço e mal-estar. É preciso dar atenção para as conseqüências negativas decorrentes da falta de informação sobre medidas preventivas para detectar e solucionar o mais rápido possível os agravos à saúde do professor. Ações rápidas evitam uma série de complicações futuras para o profissional, para o aluno e conseqüentemente para a instituição.
"O estresse do professor no atual mundo do trabalho é intensificado mediante as condições acústicas do espaço físico de trabalho diante dos ruídos externos em sala de aula". (SIMÕES, 2006, p. 10-15). Isso é percebido pelo tráfego intenso que tomou conta das ruas adjacentes à escola. Portanto, o espaço físico escolar deve ser repensado, uma vez que é comum a interferência de barulhos externos nesses ambientes, acentuando ainda mais o nível de estresse de professores e alunos.
"Professores estressados tendem a falar mais em uma maior intensidade por mais tempo, grita regularmente e às vezes até mesmo sem necessidade". (Ibidem, 2005, p. 312)
Realidade essa observada em grande maioria das instituições de ensino acarretando uma série de prejuízos ao aparelho fonador do profissional de educação.


A saúde vocal é considerada um aspecto importante da saúde geral e qualidade de vida do professor, pois a voz é o seu principal instrumento de trabalho e importante recurso na relação professor/alunos, com implicações relevantes no processo ensino-aprendizagem. As alterações de voz são responsáveis por um número significativo de queixas, licenças médicas, afastamentos e readaptações funcionais, representando prejuízos para o trabalhador professor, para a comunidade escolar e toda a sociedade. (PENTEADO, 2005, p. 28)


A voz não somente é uma importante ferramenta de trabalho como também um bem precioso do ser humano que facilita grandemente o ato da comunicação. O professor, enquanto educador e profissional da voz necessita de um padrão de voz adequado para possibilitar clareza e segurança nas informações transmitidas aos seus educandos, e para tal, conhecer estratégias de comunicação para "conquistá-los".


1.3 ÓRGÃOS DE ATENDIMENTO AO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO


O Serviço de Saúde Pública prevê orientações técnicas para melhorar a prevenção, a assistência e a vigilância constante aos trabalhadores. A execução das ações é de competência do Sistema Único de saúde (SUS). A Política Nacional de Saúde do Trabalhador do ministério da Saúde, em vigor desde 2004: [...] visa à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mediante a execução de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área da saúde.
O Ministério da Saúde mantém atualmente uma rede de 150 centros de Referência em Saúde do Trabalhador em todo Brasil para atender aos trabalhadores em geral. Este serviço dá assistência aos trabalhadores que adoecem ou se acidentam, promovendo e mantendo a recuperação dos trabalhadores, além de investigar as condições de segurança dos ambientes de trabalho.
Os 150 Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) que integram a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast) vão capacitar os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) para que reconheçam e notifiquem os acidentes de trabalho atendidos nessas unidades.
Com base nesses dados do Ministério da Saúde, observou-se que existem esforços a fim de ser implantado também no município de Itaituba-Pará um Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, com o objetivo de dar suporte ao único órgão público disponível, SUS, para beneficiar a classe de trabalhadores nessa região.


O Plenário do Conselho Municipal de Saúde do Município de Itaituba-Pará, em reunião ordinária, realizada no dia 29 de agosto de 2008, no uso de suas atribuições Legais e Regimentais. Considerando a necessidade da Implantação do Núcleo de Referência em Saúde do Trabalhador no município de Itaituba-Pará. Resolve aprovar a Implantação do Núcleo de Referência em Saúde do Trabalhador no município de Itaituba-Pará. (Resolução nº. 010/2008)


Almeja-se que o Centro seja implantado o mais rápido possível no município de Itaituba/Pa, pela necessidade dos trabalhadores em receber um atendimento de melhor qualidade e disponibilizar recursos que sejam adquiridos no local de atendimento, pois, geralmente, quando o profissional procura um hospital de origem privada e quando em caráter duvidoso do diagnóstico, vê-se obrigado a procurar atendimento em outras localidades.
A implantação do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador no município trabalhará em consonância com a regional responsável pelos municípios desta região Oeste do Pará, respeitando a hierarquia das organizações, de acordo com o que afirma a Portaria nº. 2.437/GM de 07 de dezembro de 2005, no anexo III referente às funções das Secretarias Municipais de Saúde na gestão da RENAST:


As Secretarias Municipais de Saúde devem executar as ações de Saúde do Trabalhador no âmbito do respectivo município, de forma pactuada regionalmente, com as seguintes competências: [...] capacitar os profissionais e as equipes de saúde para identificar e atuar nas situações de riscos à saúde relacionados ao trabalho, assim como para o diagnóstico dos agravos à saúde relacionados com o trabalho; [...] definir a Rede de Sentinela em Saúde do Trabalhador no âmbito do município.


Nota-se, portanto, a importância da implantação do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), em Itaituba, para atender os profissionais residentes neste município. É preciso, entretanto, esclarecer as funções das Cerest Regionais, enquanto unidades especializadas de retaguarda para as ações de Saúde do Trabalhador no SUS.
Segundo a Portaria nº. 2.437/GM de 07 de dezembro de 2005, no anexo IV, às Cerest Regionais compete:


Realizar e auxiliar na capacitação da rede de serviços de saúde, mediante organização e planejamento de ações em saúde do trabalhador em nível local e regional; [...] ser referência técnica para as investigações de maior complexidade, a serem desenvolvidas por equipe interdisciplinar e, quando necessário, em conjunto com técnicos do Cerest Estadual; [...] propor e assessorar a realização de convênios de cooperação técnica com os órgãos de ensino, pesquisa e instituições públicas com responsabilidade na área de saúde do trabalhador, de defesa do consumidor e do meio ambiente; realizar intercâmbios com instituições que promovam o aprimoramento dos técnicos dos Cerest para que estes se tornem agentes multiplicadores; (BRASIL, 2005, p.33)


A implantação do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) melhorará significativamente os serviços de saúde do município e da região, pois desenvolverá atividades de pesquisa, parcerias com convênios apoiadas pelas instituições públicas, oferecerá melhores condições para os trabalhadores, atuará com responsabilidade e comprometimento com a saúde do trabalhador.
O professor é visto como parceiro dos profissionais da saúde no desenvolvimento de medidas promocionais voltadas à saúde na escola (tradicionalmente direcionadas a alunos, familiares e comunidade). Entretando, nota-se haver poucas ações dirigidas á saúde e à vida do professor, que sofre e adoece sem que suas necessidades sanitárias específicas sejam adequadamente compreendidas e trabalhadas.
Com a implantação do CEREST, acredita-se que os profissionais da educação serão amplamente beneficiados. Aumentarão as possibilidades de os mesmos buscarem ajuda médica no que se refere aos problemas vocais.


1.4 TIPOS DE LICENÇA PARA O PROFISSIONAL


Quando o profissional de educação começa a enfrentar dificuldades que o impossibilite de prosseguir com o desempenho de suas funções, este de modo geral entra com um pedido de licença para dar início ao acompanhamento médico, que geralmente vai terminar em um tratamento específico.
Muitas vezes, o profissional se afasta sem haver o pedido de licença de saúde sem a realização de um acompanhamento terapêutico adequado para identificar as suas reais necessidades. Porém, este recurso deve ser realizado pelos responsáveis da escola que geralmente encaminham o pedido de licença para a SEMECD tomar as providências, havendo uma burocracia para concessão do pedido.
Notam-se estratégias de acomodação, de conformismo e tentativas de "naturalização" em relação aos problemas vocais que podem ser indicativas de tendências pessoais e coletivas da categoria docente ou mesmo de experiências particulares anteriores com tentativas de tratamentos não concluídos e/ou mal sucedidos, as quais alertam para a necessidade de revisar os modelos e propostas terapêuticas da clínica fonoaudiológica.
É interessante haver um programa que vise proporcionar aos servidores da Secretaria Municipal de Educação atividades de orientação e prevenção no uso profissional da voz visando à promoção da qualidade vocal e o aperfeiçoamento da comunicação efetiva.
De acordo com o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos do Município de Itaituba, Lei Municipal nº. 1.186/94, capítulo IV das licenças, seção I.
Art. 198º - será concedida ao servidor licença para o tratamento de saúde a pedido ou de ofício, com base em perícia médica sem prejuízo da remuneração a que se fizer jús.
Art. 199º - Para licença de até trinta dias (30), inspeção feita por médico do setor de assistência do órgão de pessoal se por prazo superior, por junta médica oficial.
§ 1º - Sempre que necessário à inspeção médica será realizada na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se encontra internado.
§ 2º - Inexistindo médico do órgão ou entidade ao local onde se encontra o servidor, será aceito atestado de um médico particular.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, o atestado, só produzirá efeitos depois de homologados pelo setor médico do respectivo órgão ou entidade.
Art. 200º - Findo o prazo da licença, o servidor será submetido a nova inspeção médica, que concluirá pela volta ao serviço, pela prorrogação ou pela aposentadoria.
Art. 201º - O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qualquer outro tipo de doença.
No Capitulo III do RENAST no Art. 225º 225 diz que:
A assistência à saúde do servidor ativo ou inativo, e da família compreende assistência médica hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, prestada pelo sistema único de saúde ? SUS ou diretamente pelo órgão ou entidade a qual estiver vinculado o servidor, ou ainda mediante convênio, na forma estabelecida em regulamento.






















2 A SAÚDE VOCAL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO


2.1 DEFINIÇÃO DE SAÚDE VOCAL


A comunicação oral é uma das formas de maior interação entre os seres humanos, por isso uma voz saudável possibilita uma maior eficiência nessa relação interpessoal. Dessa forma, ter uma voz saudável é fundamental para o desempenho profissional.
"A voz não pode ser vista simplesmente como um produto acabado, algo dado, ou como simples atividade laríngea, mas sim, como um processo flexível e dinâmico". (FERREIRA, 2002, p. 23),
A voz tem a função de transmitir palavras, revelando importantes informações sobre quem fala. Muitas vezes, a maneira como a palavra é pronunciada é mais agradável e interessante do que a própria palavra. É interessante perceber a singularidade da voz, visto ser a mesma, um poderoso instrumento que dá sentido especial e único à transmissão da mensagem que desejamos repassar ao ouvinte.
A voz é uma das faculdades fundamentais da nossa comunicação, por meio dela, transmitimos nossos conhecimentos, vontades, sentimentos, emoções e pensamentos. Tem a função de transmitir palavras, revelando importantes informações sobre quem fala. Muitas vezes, a maneira como a palavra é pronunciada é mais agradável e interessante do que a própria palavra.
Necessita-se perceber a noção de como é nossa voz e como os outros a escutam. Reconhecendo que, ao falar, devemos usar um tom agradável na conversa e a forma de expressão deve ser um diálogo para não sobrecarregar e agredir as cordas vocais.











Os distúrbios da voz resultam de estruturas ou funcionamento defeituoso em algum lugar no trato vocal: na respiração, na vocalização ou na ressonância. Os distúrbios funcionais da voz são, habitualmente, ocasionados pelo uso incorreto de mecanismos da voz. Os problemas orgânicos relacionam-se a alguma anomalia física na estrutura ou no funcionamento em diversas regiões do trato vocal. Quando a voz se modifica de qualquer modo negativo, diz-se que ela está perturbada ou disfônica, tais mudanças possuem muitos nomes comuns diferentes: rouquidão, aspereza, soprosidade, estridência, fadiga e fraqueza vocal. Sendo assim, disfonia significa qualquer alteração na produção da voz. O uso deficiente destes mecanismos pode produzir uma voz alterada. (MCFARLANE, 1994, p. 36 apud GASPARINI, 2005, p. 50)


Portanto, é necessário haver atenção à maneira com a qual se fala, respira ou posiciona-se o corpo, a fim de não prejudicar a voz. Visto que, quando o indivíduo apresenta alteração da voz, dentre eles: rouquidão, falhas na voz, falta de ar para falar, pigarro ou tosse persistente, cansaço ou esforço ao falar, ardência ou queimação na garganta, sensação de aperto ou peso na garganta, compromete todo processo educacional pelo afastamento ao tratamento médico dependendo da gravidade do problema.
Se o mesmo não estiver disponível em seu município haverá a necessidade de procurar tratamento especializado em outro local fora da cidade. Nesse tempo, sua classe fica sobre a responsabilidade de outro profissional habilitado ou não, ocasionando resistência dos alunos que pode levá-los ao afastamento da escola e a reprovação escolar, prejudicando todo o processo ensino-aprendizagem.
Vê-se, portanto a necessidade da integração educação & saúde, para que os profissionais recebam orientações à boa conservação da voz, garantindo um aparelho fonador saudável, além de um melhor aproveitamento escolar por parte de seus alunos.


Auditivamente a voz pode apresentar perda de projeção, agravamento, rouquidão e outras características. Além disso, cinestesicamente, o indivíduo pode sentir desconfortos localizados, como: dor, sensação de corpo estranho e acúmulo de secreção na laringe. (QUINTEIRO, 1995, p.35).


Na colocação do autor, existe uma preocupação com os sintomas detectados no início da disfonia, principalmente atribuído ao profissional de sala de aula, devendo usar estratégias para prevenir problemas, destacando a importância do aquecimento e desaquecimento vocal.
Quando forem comprovados esses sintomas, algumas recomendações basilares devem ser usadas diariamente, como: pequenos e simples exercícios diários, os quais podem prevenir e/ou minimizar a disfonia no indivíduo.
Mas, para tal é necessário o acompanhamento de um profissional qualificado na área, a fim de trabalhar em parceria com o professor, orientando-o a mudar seus hábitos errôneos visando um melhor desempenho em suas atividades.


2.2 A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE VOCAL


"Por meio da voz comunicamos nosso sentimento e intenções, tocamos o outro; despertamos atenção ou tédio, alegria ou tristeza. Para muitos, como o professor, o ator ou o cantor, a voz é um instrumento de trabalho. Disfôniá-la e aprimorá-la, mais do que um cuidado com sua saúde, é valorizar sua expressão pessoal". (FERREIRA ,2002, p. 91).


Usa-se a voz constantemente através da comunicação, pois ela facilita a interação entre as pessoas, o entendimento do que se pretende transmitir ao ouvinte, sendo o recurso de instrumento de trabalho para muitos profissionais, como o professor, precisa estar em perfeito estado de conservação, por ser usada por muito tempo, auxiliando não apenas no cotidiano profissional, como também pessoal do indivíduo.


[...] falar em forte intensidade e com esforço na presença de ruído, usar um padrão respiratório superior ou um foco de ressonância inadequado [...], podem levar a uma sobrecarga no aparelho fonador, facilitando o aparecimento de alterações vocais. O diagnóstico precoce levaria a um menor impacto de alteração vocal a médio e longo prazo, e redução do tempo de trabalho. (Ibidem, 2002, p. 103).


Quando o indivíduo apresenta alteração de voz, nota-se que os aspectos sociais, pessoais e principalmente profissionais são comprometidos, pois esse problema gera ansiedade, angústia, e momentos de intenso estresse, interferindo dessa forma, na efetividade da comunicação.
Faz-se necessário haver uma educação no trato vocal fonador, comprometendo assim o bom rendimento profissional e pessoal do indivíduo. Essa reeducação por parte dos professores no trato com o aparelho vocal é importante, pois evita um maior esforço das cordas vocais minimizando ou até mesmo prevenindo complicações.


Para se ter uma saúde vocal de qualidade, é fundamental que todos os músculos e tecidos do aparelho fonador estejam em condições favoráveis à fonação, o que garante emissão vocal com o máximo de rendimento e o mínimo de esforço e fadiga vocal. (GUIMARÃES, 2001, p. 16)


Pode-se notar a importância da saúde vocal do profissional, em destaque os da educação, que são submetidos à intensa demanda vocal e com freqüência, o grau de disfonia que põe em perigo sua profissão.
Sendo a voz tão importante na ação pedagógica e tão desgastada no uso constante, abusivo e muitas vezes inadequado, constata-se o quanto este instrumento de trabalho do professor vem sendo alterado, com prejuízos para o mesmo em todas as decisões que possa tomar ou agir mediante resultados desfavoráveis ou não.
"Uma das profissões que apresentam problemas vocais em maior incidência é a do professor". (BEHLAU, 2002, p.172).
As condições de uso vocal nesta profissão são em grande parte inadequadas, como o uso constante durante horas, intensidade elevada e competição vocal devido ao ruído ambiental. Os professores aprendem, durante sua formação, a trabalhar com diferentes tecnologias e no exercício da função têm contato com outras, mas dificilmente são orientados para manterem a voz saudável.
"A voz expressa emoção, sentimento, estado físico, e se a pessoa não estiver em condições saudáveis, à voz pode comprometer a fala e a comunicação". (FERREIRA, 2002, p. 91).
Com base nessa afirmação, pode-se identificar a importância da saúde vocal para conhecer conseqüências que retardarão no serviço da sala de aula. A maior parte dos professores não sabe avaliar se necessita de cuidados e, devido ao excesso do uso da voz, são sérios candidatos a desenvolver doenças vocais, demonstrando uma postura e um padrão respiratório inadequados para poder recorrer aos recursos que tem direito.


Após a utilização da voz por horas seguidas, podem ocorrer modificações vocais devido à fadiga muscular, o professor pode passar a sentir desconfortos localizados, como dor, sensação de corpo estranho e acúmulo de secreção na laringe. (PINHO, 2002, p.59)
As instituições públicas, geralmente, são construções simples, onde os recursos acústicos para melhoria dos espaços físicos das salas de aula são praticamente inexistentes, as paredes possuem orifícios que além de dispersar a voz do professor, permitem que os barulhos externos interfiram na boa audição dos alunos com quem o professor está falando para a classe toda.
Tal ruído externo em salas de aula está presente constantemente e pode ser considerado como maior causador de desconforto, prejudicando a audibilidade das palavras, desviando a atenção dos alunos durante atividades e causando esforço mental excessivo pelos professores ao cumprimento de suas atividades de ensino, refletindo cansaço intenso em suas cordas vocais.
Observa-se nas instituições de ensino que, o professor disfônico apresenta além de uma série de sinais e sintomas relacionados ao próprio problema de voz, importantes limitações no desenvolvimento de seu trabalho.
Como conseqüência da disfonia para o docente, pode-se citar: redução de atividades ou interações sociais e perda de dias de trabalho; dificuldade em sua comunicação e vida social; além de problemas emocionais e psicológicos como conseqüência direta de sua disfonia; interferências negativas no desempenho do seu trabalho, expressas por dificuldades de aprendizagem dos alunos e necessidade de "poupar a voz" na sala de aula.
Quando surge um problema vocal, ele vem acompanhado de um estresse emocional e o professor desenvolve grande ansiedade e medo de não conseguir melhorar e render o que precisa a fim de continuar sua atividade em sala de aula.


A deterioração da voz interfere na habilidade do professor em ensinar e pode dificultar o aprendizado por parte do aluno, uma vez que o ruído ambiental se mistura ao ruído presente na voz disfônica". (FERREIRA, 2002. p. 2008)


Os profissionais da educação que trabalham utilizando a voz excessivamente, como é o caso dos professores, precisam aprender usar com máximo proveito do seu potencial vocal, a fim de não vir a alterar ou comprometer seu delicado aparelho fonador por não adoção de medidas técnicas apropriadas.





2.3 A PREVENÇÃO VOCAL DO PROFESSOR


"É significante o número de professores que apresentam maus hábitos vocais e conduta vocal inadequada dentro e fora de sala de aula pelo desconhecimento dos cuidados básicos da voz". (ANJOS, 1999, p. 158).
O que não difere da realidade do município de Itaituba-Pa, visto que muitos professores reconhecem que apresentam problemas vocais como: rouquidão, falhas na voz, falta de ar para falar, pigarro ou tosse persistente, cansaço ou esforço ao falar, ardência ou queimação na garganta, sensação de aperto ou peso na garganta. No entanto, não estão informados sobre quem procurar ao surgirem tais sintomas ou mesmo antes para preveni-los.
Hoje, está havendo a atuação de um fonoaudiólogo no município, a qual no momento só atende os profissionais atuantes na rede pública municipal, mas mesmo assim, muitos professores encontram-se desinformados referentes à atuação desse profissional no município. Tal exclusividade desfavorece os profissionais atuantes na rede privada de ensino.
O Conselho Municipal de Saúde de Itaituba-Pa, resolução nº. 010/2008 de 01 de setembro de 2008, baseando-se nos estudos de GUIMARÃES (2001, p. 27); GASPARINI (2005, p. 196); GRILLO (2005, p. 318); BEHLAU (1997, p.124); FREITAS (2006, p. 151); QUINTEIRO (1995, p. 46); ANJOS (1999, p. 215); PINHO (2003, p. 59) e observações próprias da autora deste trabalho, pode-se afirmar que a voz do professor é susceptível as inúmeras interferências, tais como: abusos vocais, vícios, alimentação inadequada, falta de hidratação e etc.
Reconhece-se que, para manter uma boa saúde vocal o professor depende do cumprimento de algumas recomendações descritas pelos referidos autores supracitados. Para evitar abusos vocais recomenda-se ao professor locomover-se pela sala de aula, podendo assim ser ouvido mais facilmente, evitando falar alto ou quando os alunos estiverem quietos, falar com intensidade de voz adequada ao ambiente, com o tom e a velocidade de voz que melhor lhe convier.
Outra maneira também a ser utilizada é com respeito à colocação correta da voz, com a ressonância equilibrada. O professor deve falar calmamente, articulando todos os sons, sem pressa evitando assim desgastes desnecessários, respeitando os limites da voz: cansou, parou. É aconselhável que o profissional evite falar rápido, muito forte e/ou agudo, mantendo assim um ritmo adequado a cada situação do dia.
É importante a prática de exercícios vocais, como por exemplo: ler em voz alta para aperfeiçoar a entonação, dicção e ritmo. Substituindo os gritos na sala de aula por apitos ou assobios quando quiser obter a atenção do público. O professor precisa regularmente consultar o médico em busca de apoio terapêutico junto a outros profissionais qualificados para o ensino da comunicação, a fim de ser orientado com respeito a métodos eficientes a prevenção de doenças vocais.
Dentre eles convém destacar a boa hidratação, ou seja, tomar água regularmente em busca de manter a garganta sempre hidratada, evitando pigarro, cansaço vocal e outros agravos do aparelho fonador. É interessante também evitar a ingestão de alimentos e bebidas geladas ou quentes em excesso, pois estes provocam choque térmico, causando edemas nas pregas vocais.
"O objetivo é conscientizar o professor quanto aos mecanismos da produção da voz visando a prevenção das alterações vocais e possibilitando-lhes a otimização de seu potencial vocal no desempenho de suas atividades". (FERREIRA, 2002. p. 200)
Por mais que a profissão exija o uso constante da voz, o professor deve usar de bom senso e evitar determinantemente falar por longos períodos em ambientes muito secos, sob o efeito de ar condicionado, pois isto agride diretamente as mucosas das pregas vocais, propiciando a formação de catarro e irritações nasais e laríngeas.
Pode-se perceber que são inúmeros os hábitos que o professor deve evitar para permanecer com boa saúde vocal. No entanto, para que isso aconteça há necessidade de um acompanhamento constante em busca de esclarecimento e orientações necessárias.
Quanto aos vícios e maus costumes, observa-se que as toxinas do cigarro irritam a mucosa das vias respiratórias, causando tosse e/ou pigarro. A ingestão de bebidas alcoólicas também provoca irritação e, ao mesmo tempo, possui efeito anestésico sobre a região da faringe, o que propicia abusos vocais que posteriormente vão ocasionar rouquidão e ardor na região citada.
A correta hidratação também é fundamental para o bom desempenho vocal. Diversos autores salientam que a adoção de água periodicamente ao falar, proporciona bons resultados contra o pigarro, a rouquidão, além de diminuir a probabilidade de ocorrência de edemas locais. Portanto, recomenda-se realizar um programa de hidratação vocal como procedimento preventivo em profissionais da voz, como destaque, o professor.
A alimentação também é muito importante no tocante ao cuidado com a voz, haja vista que para aperfeiçoar os efeitos da alimentação sobre a voz, recomendam-se ao profissional evitar chocolates, leite e seus derivados antes de lecionar, pois estes produtos favorecem o aumento da secreção do muco no aparelho fonatório, produzindo pigarro e alterando o sistema de ressonância vocal.
Bebidas gasosas (refrigerante) são perigosamente responsáveis pela sensação de "estufamento" que incomoda e interfere no controle da voz. Por isso ao invés de refrigerante, aconselha-se optar por suco de laranja e limão regularmente, pois estes absorvem o excesso de secreção no trato vocal. Mesmo o suco sendo recomendável, a água não pode ser esquecida, pois a mesma em abundância é fundamental para manter a garganta umedecida, condição esta primordial para se manter uma voz saudável.
Segundo estas recomendações preventivas, os educadores que utilizam a voz excessivamente, estarão prevenindo-se de futuras alterações e males que acometem a garganta, preservando deste modo sua saúde.
"A prática vocal bem estruturada não fadiga de maneira alguma a voz, pelo contrário, os músculos e os órgãos vocais se desenvolvem e se fortificam com a exercitação correta". (ALMEIDA, 2002, p. 21)
Outro fator importante, com relação a alguns professores, ainda possuírem o hábito de falar voltado para o quadro negro, além de dificultar a propagação do som e exigir um aumento de volume da voz, irrita sobremaneira a laringe, pois facilita a inspiração do pó de giz, provocando secura e rouquidão na garganta e ocasionado futuros problemas de infecção vocais.
A rouquidão, antes era ignorada por muitos, hoje necessita ser interpretada como uma doença grave ou distúrbio, na medida em que é associada à idéia de diagnósticos médicos de alterações orgânicas muitas vezes já em estágios avançados. No decorrer das entrevistas realizadas em algumas escolas do município de Itaituba, percebeu-se que um grande número de professores sofre de rouquidão dentre outros problemas no trato vocal.
Percebe-se com isso, a necessidade de usar pausas respiratórias, evitando o uso do ar de reserva, como forma de evitar abusos vocais, levando a emissão agradável ao ouvinte. "O uso do corpo na comunicação é fundamental para tornar a mensagem agradável, fácil de ser entendida". (FERREIRA, 2002, p. 90),
O professor deveria entender que se ele gritasse menos, gesticulasse de forma correta e coerente com o conteúdo e/ou se posicionasse no centro da sala, por exemplo, provavelmente ensinaria melhor e cansaria menos a voz.
Portanto, é essencial que esses profissionais da educação lembrem-se de que a postura, a qualidade da voz e as atitudes antes de falar poderão melhorar o ânimo dos alunos, de forma favorável ou desfavorável ao seu trabalho.
Portanto é de suma importância destacar algumas medidas preventivas que devem ser adotadas pelos docentes em busca de maior qualidade vocal, em muitas das vezes sugere-se dentre outras coisas a troca do giz convencional por pincel atômico, favorecendo um ambiente de trabalho limpo, dispondo de ventilação adequada, bem como, salas menores e com maior potencial acústico.
O professor também deve procurar utilizar outros meios para que possa evitar o tom de voz alto, diminuindo os ruídos de dentro da sala de aula, fazendo breves intervalos vocais durante as aulas, a fim de não sobrecarregar o aparelho fonador.


Comer uma maçã antes e nos intervalos da atividade profissional da fala, desta forma exercitará a musculatura da boca contribuindo para uma articulação clara e uma voz com boa ressonância, além de ter propriedades adstringentes. Indica-se salsão por ser adstringente e não se recomenda o gengibre por irritar a mucosa da laringe e desencadear tosse intensa. Recomenda-se aos profissionais uma bala cítrica dietética, impreterivelmente no momento de emergência, ou seja, durante uma crise de tosse quando não puder impedir a sua atuação profissional. (PINHO 2002, p. 52)


Sabe-se, porém que, embora esses métodos sejam recomendados para a melhoria do aparelho vocal é importante que não se tornem hábitos, haja vista que o autor enfatiza seu uso apenas no momento de emergência.
No entanto, pode-se usar uma pastilha, por exemplo, quando a boca estiver seca para que a mesma esteja sempre úmida, evitando a sensação de ardência e/ou queimação na garganta.
Segundo estas orientações, os professores poderão minimizar significativamente possíveis problemas vocais. Para o professor dispor de tal conscientização relacionada à voz, o mesmo deverá ter treinamento vocal durante a sua formação, saber da importância da voz como estratégia preventiva no surgimento de alterações.
Obtendo também orientações referentes ao abuso vocal e mau uso da voz, adotando medidas sérias no caso de problemas já instalados. Reconhecendo que, a voz necessita de cuidados como todo resto do corpo e a falta de conhecimento facilitam o surgimento das indesejáveis disfonias.
É essencial o treino do correto uso da voz, bem como, a prática de higiene vocal entre os professores. Programas de educação vocal são considerados de grande valor para prevenir os distúrbios da voz, evitando que o problema se torne crônico. Os autores ainda afirmaram que a alteração vocal em docentes é um dos maiores riscos ocupacionais dentro de uma instituição escolar.
Para evitar esta ocorrência desagradável, é interessante que os professores tenham sempre em mente que uma voz saudável é similar a equilíbrio, informação e inteligência. É possível evitar a maioria dos problemas relacionados à voz, uma vez que somos nós mesmos que os provocamos. Devemos ter em mente que a educação é a principal responsável pela diminuição do abuso e do mau uso vocal.


2.4 O PAPEL DA FONOAUDIOLOGIA


A Fonoaudiologia representa uma área importante e com potencial para o desenvolvimento da humanização das relações de trabalho e a promoção da saúde do trabalhador. Isso se torna mais evidente quando o trabalho envolve processos comunicativos e usos da linguagem oral, como quando o trabalhador depende do uso da voz e da fala para o desempenho da sua função.
O especialista tem um excelente papel, o de proporcionar assessoria fonoaudiológica favorecendo para que a escola torne-se um ambiente saudável, propício ao desenvolvimento das habilidades comunicativas a partir da conscientização sobre a saúde fonoaudiológica. Deve-se promover a saúde fonoaudiológica no âmbito escolar, focalizando questões relacionadas ao desenvolvimento da linguagem (oral e escrita), fala audição, funções alimentares, voz e fluência.
Por se uma profissão relativamente nova perante a legislação do país, a Fonoaudiologia ainda não conquistou a devida credibilidade junto à sociedade. Sugere-se uma maior divulgação do seu trabalho junto às instituições de ensino. Percebendo a necessidade que este profissional tem em conhecer a realidade do educador.


A atuação desenvolveu ? se a partir de 1990 ações e diversas iniciativas voltadas para a prevenção e promoção da saúde na escola. A maioria partindo do pressuposto do desconhecimento e da desinformação do professor em relação aos assuntos dessa área. (GONÇALVES, 2005, p. 46)


O fonoaudiólogo que atua na escola pode ser um profissional que contribua para a discussão sobre o trabalho do professor, levando à sua transformação, para que situações no trabalho não alterem sua saúde e propiciem o melhor exercício de suas competências, alcançando os objetivos educacionais da escola e os objetivos profissionais pessoais do docente.
Além disso, deve conhecer também a atividade de trabalho do professor, ou seja, como ele executa sua tarefa, quais as adaptações e os recursos que utiliza (podem ser adequados ou não; por exemplo, beber água durante as aulas para aliviar a voz; gritar para ser ouvido; etc.) e os resultados do seu trabalho, ou seja, se consegue educar, sentindo-se satisfeito com sua função, para compreender o trabalho do professor, e para isso, é preciso observar sua atividade cotidiana, isto é, observa-lo em sala de aula, em diversas atividades pedagógicas, investigando como faz sua tarefa.
A fonoaudiologia, nos serviços voltados à saúde do professor, pode observar o trabalho para disfôni-lo melhor. Atuando no sentido de uma integração de temáticas e conteúdos (voz, audição, linguagem, saúde coletiva), numa perspectiva de promoção da saúde.


O professor é representante de uma categoria profissional que requer a atenção fonoaudiológica, uma vez que ele depende da audição, da voz, da fala e da linguagem para o seu trabalho, mas, ao mesmo tempo, enfrenta problemas de saúde em função do exercício da profissão. (Ibidem, 2005, p. 49)


Em função das alterações de voz, os professores são os usuários profissionais da voz que mais se aproximaram da fonoaudiologia, demandando constante reformulação das práticas em saúde vocal.
Não é difícil, mas percebe-se que muitos professores se lançam ao trabalho intenso e desgastante sem o menor conhecimento das técnicas vocais e dos riscos provenientes do uso indevido da voz, o que resulta em problemas futuros por causa dessa desinformação.


Nas ações fonoaudiológicas em saúde vocal do docente, é preciso ampliar a percepção e análise dos determinantes do processo saúde-doença vocal de professores, deslocando o eixo patologia/tratamento para saúde/promoção e incorporando os aspectos do cotidiano e da qualidade de vida que se relacionam à voz e à saúde vocal. (SIMÕES, 2006, p.1013).


Para prevenir problemas vocais e possíveis prejuízos permanentes da garganta, sugere-se uma maior divulgação do trabalho do fonoaudiólogo junto às instituições de ensino. Por se tratar da saúde e do principal instrumento de comunicação dos seres humanos (voz), acredita-se ser muito melhor prevenir do que remediar.
E uma maneira de obter tal prevenção é com o auxílio de um profissional especialista na área da fonação, que é o fonoaudiólogo. E esse em parceria com outro profissional ao qual devem trabalhar em parceria com o otorrinolaringologista em prol da qualidade vocal. Através desse trabalho conjunto podem-se evitar e/ou diminuir o abuso e o mau uso vocal, conhecendo os cuidados necessários a serem tomados.


Apesar dos avanços nas pesquisas fonoaudiológicas, ainda são poucos os trabalhos que se propõem ao aprofundamento da investigação dos aspectos sobre professores acerca do tema da voz/saúde vocal. É preciso melhor compreender as maneiras pelas qual a sociedade, por meio das relações de trabalho, da cultura e da qualidade de vida, influencia esse processo, para tanto, faz-se necessário buscar conhecer as percepções que os trabalhadores professores têm acerca da sua voz, dos cuidados com a saúde vocal e as maneiras de interpretarem e de lidarem com os seus problemas vocais. (PENTEADO, 2003, p. 118)


É interessante haver um trabalho de conscientização aos professores, o mesmo pode ser desenvolvido através de participação em reuniões pedagógicas nas Unidades Educativas, realização de oficinas de saúde vocal, atendimentos individualizados para orientações fonoaudiológicas, contatos e parcerias com outras instituições e clínicas para encaminhamentos necessários, através também da divulgação de material informativo sobre voz (folders, cartazes, etc.).
O dever do fonoaudiólogo é levar o professor a ter consciência de todos os fatores supracitados, orientando-o, dando fundamentação a essa orientação, e buscando principalmente soluções práticas para o seu "dia a dia" profissional, pois não podemos perder de vista a importância da voz, para esse profissional como seu instrumento de trabalho.


"Na maioria dos casos, o paciente é quem determina se a voz atingiu ou não um nível satisfatório durante a fonoterapia. No entanto, é importante tanto para o paciente como para o clínico reconhecer que restaurar a voz ao modo como ela soava anteriormente, ou de forma a atingir alguma meta idealizada, pode não ser possível. Quando alterações irreversíveis ocorrem na estrutura ou na fisiologia laríngea do profissional, a voz pode jamais recuperar seu aspecto anterior, o que fatalmente acarretará frustração e resistência ao tratamento fonoaudiólogo. O paciente, irritado, buscando uma forma "mais rápida" de solucionar seu problema, acaba obtendo uma intervenção terapêutica muitas vezes precoce e inconseqüente, prejudicando ainda mais o estado de sua voz". (Fonoaudióloga Danuta Sousa Ramos) .


Observa-se que, mesmo não sendo alguns pacientes candidatos apropriados para uma abordagem de terapia vocal, devido a problemas adversos. Está dentro da qualificação do fonoaudiólogo reconhecer tais condições, fazer as devidas recomendações ou prover o encaminhamento apropriado. No entanto, cabe ao profissional debilitado acatar as recomendações necessárias a fim de obter e/ou continuar dispondo de uma boa qualidade vocal.










3 PESQUISA SOCIAL E EDUCACIONAL


3.1 O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO COMO SUJEITO DA PESQUISA


Os professores e os demais profissionais envolvidos com da causa saúde vocal especialmente o fonoaudiólogo, devem ser sensibilizados, desde o seu processo de formação, para assumir uma nova concepção entre relação profissional e qualidade de vida, sendo um meio de expressão no campo pessoal, social e profissional.
Percebe-se, no entanto, que no município de Itaituba-Pa existe um alto índice de professores com diversos tipos de problemas vocais, independente de seu nível de atuação, desde a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
Considerando essa problemática, viu-se a necessidade de conhecer melhor as queixas vocais apresentadas pelo professor, bem como seu ambiente de trabalho e do processo metodológico para obter dados da pesquisa de campo, utilizando questionários com 14 perguntas de caráter fechado e 01 pergunta discursiva.
É interessante destacar que as ações de promoção saúde vocal dos professores sejam organizadas de forma a contribuir para o desenvolvimento da capacidade de atenção, percepção e reconhecimento da própria voz, de suas qualidades, e das mais sutis variações, mudanças e transformações vocais sujeitas nas diferentes relações sociais.
Os professores resistem em buscar precocemente uma avaliação, (talvez pelo fato da dificuldade em obter algum tipo de tratamento e/ou atendimento), ocorrendo um tardio diagnóstico do problema. A investigação a cerca das percepções dos professores no processo de saúde e cuidados relacionados à voz, permitiu evidenciar distanciamentos entre as necessidades docentes em relação a medidas de prevenção e de ação mais emergentes que surgem no decorrer da experiência.
A saúde vocal do professor tem sido uma constante preocupação entre os envolvidos no processo educacional. Por apresentar maior risco de desenvolver desordens no aparelho fonador, uma vez que o uso prolongado da voz, freqüentemente na presença de ruído ambiental, tem sido considerado como a causa de prejuízos entre os membros dessa profissão.


3.2 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO


Visto enquanto professora da rede de ensino, ter sofrido com freqüência de problemas vocais, em destaque: rouquidão, pigarro e ardência na garganta, e assistindo algumas conversas informais com outros profissionais de educação, percebeu-se que essa problemática era constante em grande parte dos profissionais da rede de ensino, pelas inúmeras reclamações referentes ao assunto, alguns até mesmo, viram-se obrigados a afatar-se da profissão por conta dessa problemática.
A partir dessa constatação do quadro de saúde vocal de colegas, procurou-se pesquisar sobre o assunto. Descobrindo-se que, no município de Itaituba, não existe apoio suficiente, e recursos disponíveis a esses profissionais para buscar fazer um tratamento mais especializado.
Com o surgimento de tantos casos na rede pública de ensino, foi necessária no decorrer do avanço da doença, a contratação de um fonoaudiólogo (a) para dar assistência e acompanhamento aos professores da rede pública de ensino.
Nesse serviço, a fonoaudióloga encontra muitas dificuldades para a realização efetiva do trabalho, por necessitar do apoio de outros profissionais especializados na área. No caso, um otorrinolaringologista, ao qual teria um primeiro contato com o paciente e em seguida encaminharia para atendimento e acompanhamento fonoaudiológico. Na falta de um otorrinolaringologista, o trabalho da fonoaudióloga fica comprometido pela falta de recursos humanos especializados para acompanhar no diagnóstico.
Outro fator alarmante é a falta de informação por parte dos professores. Por ser o serviço de fonoaudiologia considerado recente na cidade, a partir de 2008, muitos educadores desconhecem sua disponibilidade e desconsideram-na.
Por causa dessa falta de conhecimento na atividade profissional a procura de atendimento médico mais especializado. É feita em outros locais, fora do município, por conta disso alguns diagnósticos são dados quando o problema encontra-se já em estágio avançado.
Para ter um melhor conhecimento sobre essa problemática, foi necessário uma pesquisa cientifica a fim de conhecer a origem da temática no campo dos teóricos e de especialistas que defendem a causa. O qual não foi fácil devido a escassez de material de pesquisa sobre a temática no município de Itaituba e do número de profissionais da área especializada.
Em contato com as fonoaudiólogas Janaína Filadelpho e Danuta Sousa Ramos atuante no momento em Canoas/ RS, obteve-se alguns esclarecimentos sobre métodos preventivos de tratamento vocal, para conhecer as causas dos problemas de garganta em profissionais de várias áreas, em destaque o professor.
Realizou-se uma pesquisa por meio de questionários de caráter fechado a um total de 100 professores da rede pública e privada de ensino, para obter dados que possam esclarecer sobre: Quais os problemas de garganta mais freqüentes na classe dos educadores? A quem ou a quê atribuem seus problemas vocais? Dispõe-se de acesso ao serviço fonoaudiológico? Quais atitudes tomadas diante dos problemas já diagnosticados?
De acordo com os estudos e as informações das especialistas, pode-se notar que algumas medidas devem ser adotadas de forma a propiciar saúde vocal do professor, sugerem-se as seguintes: Fornecer conhecimentos quanto a voz na formação do professor; capacitar o professor em relação ao uso da voz no seu ingresso na rede de ensino; Incentivar a parceria educação & saúde, dando garantia ao professor de atendimento e acompanhamento médico adequado aos problemas de garganta, distribuindo aos educadores informações básicas, principalmente, quanto à higiene vocal.


3.3 RESULTADOS E ANÁLISES


Trata-se de uma pesquisa qualitativa, uma vez que esta valoriza aspectos sociais e profissionais, ligados ao corpo e a saúde. Além dos saberes, das percepções e da concepção que se têm sobre a voz e sua importância para o professor. Enfim, do modo das pessoas interpretarem e lidarem com problemas relacionados à saúde vocal.
Foram objetos deste estudo, 100 professores de educação infantil e ensino fundamental de escolas públicas e privadas, com aplicação de questionários com questões.
Na pesquisa, levantou-se a hipótese que um melhor conhecimento das características da população, poderia fornecer dados para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes na prevenção dos problemas vocais.
Com o objetivo de elaborar um questionário com 15 questões de múltipla escolha, abordando aspectos referentes à: idade; estado civil; quantidade de filhos; tempo de exercício profissional; causas dos problemas vocais; carga horária de trabalho; escolaridade; saúde vocal; problemas vocais; comportamentos e hábitos preventivos; quantidades em litros de água ingeridos diariamente principalmente durante as aulas; e quais recursos são ofertados pela rede de saúde do município.
Os questionários foram distribuídos em diferentes unidades escolares, tanto da rede pública como privada. Foram analisadas as respostas através de pesquisa de um grupo distinto de 100 professores atuantes em sala de aula.
Os gráficos abaixo mostram a pesquisa sobre os problemas vocais do professor, realizada nas diversas unidades de ensino do município de Itaituba-Pará.

Gráfico 1: Faixa etária de idade dos professores atuantes na rede de ensino pública e privada do município de Itaituba ? PA

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino

Os resultados apontam que mais da metade dos educadores entrevistados possuem faixa etária entre 30 a 39 anos de idade, 24% estão entre 19 e 29 anos, 17% apresentam idade de 40 a 49 anos, e apenas 4% estão na faixa etária dos 50 a 67 anos, sendo que todos atuam em classes de educação infantil e ensino fundamental, em experiência na área de ensino especificada.
Quanto às atribuições dos problemas vocais dos professores, nos diferentes itens sugeridos (falta de infra-estrutura dos estabelecimentos de ensino, falta de recursos financeiros do profissional e falta de planos de saúde para o professor), os mais sugeridos pelos educadores foram: falta de plano de saúde para o profissional e falta de infra-estrutura dos estabelecimentos de ensino.
Dos 100 professores que responderam a apenas um dos itens, 58% dos indivíduos alegaram falta de plano de saúde para o profissional e 30 % falta de infra-estrutura dos estabelecimentos de ensino. Quanto aos 12% referiram-se a falta de recursos financeiros do profissional, dados que revelam a saúde do profissional não é considerado importante para a área de ensino, mas, é um quadro que precisa ser estudado com os representantes da saúde e educação.

Gráfico 2: Atribuições dadas pelos educadores aos problemas vocais

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino

No que diz respeito ao tempo de atuação na docência dos professores, 67% possuem mais de 10 anos de atuação, 13% de 6 a 9 anos, 10% de 2 a 5 anos e 10% de 1 ano. Percebeu-se, porém que muitos profissionais estão expostos a problemas vocais por um significativo período, sem dispor, no entanto, de um atendimento adequado para sanar essa problemática.



Gráfico 3: Tempo de atuação na docência

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino

Referente à quantidade de carga horária semanal de trabalho do professor constatou-se que 59% dos entrevistados possuem uma carga horária de 40 horas semanais, 25% trabalham 60 horas e 16% atuam somente 20 horas semanais, desafiando o profissional a ocupar um expediente de trabalho superior à condição humana a que está submetido enquanto indivíduo da sociedade.

Gráfico 4: Carga horária semanal de trabalho

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino

Observa-se no gráfico a cima que a grande maioria trabalha em dois turnos, forçando constantemente sua voz. Aumentando o índice de problemas vocais e da necessidade em ausentar-se da escola do município.
Gráfico 5: Possui ou não acesso ao serviço de atendimento fonoaudiológico?

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino

Dos 100 participantes 84% afirmaram não haver este serviço no município, enquanto que 16% afirmaram ter acesso a este profissional, embora trabalhe timidamente sem parcerias necessárias, com outros médicos que tratem de problemas vocais, como é o caso do otorrinolaringologista.
Embora haja uma fonoaudióloga atuando desde maio do referido ano no município, constatou-se através desta pesquisa que poucas pessoas sabem dessa disponibilidade, devido à falta de informação adequada sobre o assunto. Assim, muitos desconhecem o serviço, não tendo acesso ao mesmo, visto ser disponível somente aos professores da rede pública de ensino, onde a profissional necessita ainda do apoio de um otorrinolaringologista para melhor eficácia em seus atendimentos.
Não dispondo de atendimento profissional, muitas pessoas decidem o procurar por conta própria em outras localidades. Com base nisso, fez-se outra pergunta sobre atitudes a serem tomadas diante dos problemas vocais.









Gráfico 6: Atitudes tomadas pelos professores diante dos problemas vocais

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino

Sendo que 55% responderam não fazer nada, 38% procuram tratamento médico fonoaudiológico e 7% dos professores afastam-se da atividade docente. Entende-se que os entrevistados precisam procurar esclarecimentos desse tipo de atendimento para compreender a gravidade da problemática a que estão submetidos diariamente.
A falta de recursos assistenciais e acompanhamento adequado fazem com que o professor trabalhe utilizando um padrão de voz inadequado, o que pode vir a ser um fator agravante na presença de alteração orgânica.
As questões de múltipla escolha sobre os sintomas de disfonia apresentados pelos docentes, nenhum professor respondeu apenas um dos itens sugeridos. Todos assinalaram mais de duas (02) respostas aos referidos problemas. 22% dos professores assinalaram rouquidão, 13% afirmam sofrer de pigarro ou tosse persistente, 18% apresentam falhas na voz, 16% sentem falta de ar ao falar, 9% sofrem de cansaço ou esforço ao falar, 10% tem sensação de aperto ou peso na garganta, 12% sentem ardência ou queimação na garganta, mostrados no gráfico abaixo.






Gráfico 7: Sintomas de disfonia apresentados pelos docentes

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino

O fator tempo de serviço na profissão mostrou-se fortemente associado aos sintomas de rouquidão e perda de voz, pois a freqüência de ocorrência desses sintomas foi à medida que foram aumentando conforme os anos de atuação.
Estudos têm demonstrado que apesar de grande prevalência desses sintomas, poucos professores buscam atendimento especializado e apenas 7% são afastados da sala de aula.
Perguntou-se aos professores a utilização de algum método preventivo para cuidar da voz no serviço de sala de aula, 53% responderam que sim e 47% afirmaram não.

Gráfico 8: Uso ou não de algum método preventivo

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino
Percebeu-se, na resposta dos professores contradição, visto que enquanto grande maioria afirma não ter acesso ao serviço de atendimento fonoaudiológico, também afirmam usar métodos preventivos contra problemas vocais.
A ingestão de água durante o dia foi referida da seguinte forma: 39% ingerem menos de 01 litro de água, 32% tomam de 01 a 02 litros e 29% bebem mais de 02 litros de água todos os dias, conforme o gráfico 9.

Gráfico 9: quantidade de água ingerida durante o dia pelos professores

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino

Observou-se que as pessoas não têm o hábito de ingerir água com freqüência, possibilitando o surgimento de doenças relacionadas à voz. Quando surgem problemas vocais, o consumo de água é mais freqüente, por recomendação de especialistas, de colegas ou por sentir maior necessidade para amenizar os sintomas das alterações vocais, como por exemplo, o esforço para falar, como no caso da disfonia.
Gráfico 10: Quais os recursos utilizados pelos serviços de saúde para prevenir problemas vocais nos professores?

Fonte: Questionário aplicado na rede pública e privada de ensino
Outra pergunta dirigida aos professores, diz respeito às quais recursos estão disponibilizados pelo serviço de saúde para prevenção vocal, 67% responderam que não existe nenhum serviço, 17% responderam existir algumas palestras oferecidas pelo SINTEPP, e 16% desconhecem haver algum serviço de saúde para prevenção vocal. Como demonstra o gráfico acima.