1.                Introdução          

A transmissão de conhecimentos e valores de geração em geração sempre foi preocupação dos Homens e é até então considerada como uma condição crucial para a sobrevivência das gerações vindouras. Na história da humanidade e na história das comunidades primitivas assistimos o uso das artes cénicas e mais tarde a invenção da escrita na Mesopotâmia e no Egipto quase simultaneamente com o objectivo de registar eventos para usos futuros. Assiste-se também o uso da fonte oral, nos contos a volta da fogueira, assim como a instituição dos ritos de iniciação com o objectivo de passar conhecimentos e valores para as gerações mais novas como forma de fazer prevalecer a identidade sociocultural.

Com o desenvolvimento da escrita e a revolução da impressão em 1476 pouco depois da revolução industrial, a escrita quase que substituiu a fonte oral. Enquanto que nas sociedades economicamente menos desenvolvidas as fontes orais prevaleceram, nas sociedades economicamente desenvolvidas a escrita foi privilegiada e vista como a fonte mais precisa.

No contexto religioso, apesar da evolução da escrita a fonte oral foi no passado privilegiada uma vez que os livros da Sagrada Escritura estavam escritos em Hebraico, Grego e Latim segundo S. Agostinho e tal (1984), e somente o clero tinha acesso a estes. Este acesso restrito da Sagrada Escritura somente ao clero veio a mudar depois das Reformas do século XVI. No principio os protestantes é que tiveram mais acesso aos livros da Sagrada Escritura mas gradualmente os católicos também começaram a ter mais acesso como fruto duma das teses advogadas pelo Martinho Lutero segundo a qual “para o protestantismo, o cristianismo está intrinsecamente ligado a Bíblia. Cada cristão, contrariamente ao mundo católico, deveria ter a sua própria Bíblia.”Ngoenha. S (2000: 133)

A massificarão do acesso aos Livros da Sagradas Escritura aos cristãos passava necessariamente pela massificarão das suas traduções. Como nos referimos anteriormente, as Sagradas Escrituras estavam escritas em Línguas clássicas e era então preciso traduzi-las para as línguas dos povos a evangelizar pelo mundo fora, trabalho este levado a cabo por um grupo de monges e estudiosos Bíblicos.

No entanto, apesar de todo esforço e atenção prestados no processo de interpretação e tradução da Bíblia das línguas em que foram originariamente escritas para outras línguas, observamos algumas mensagens distorcidas como consequência da tradução. 

O presente trabalho tem como objectivo reflectir sobre os problemas da tradução da mensagem Bíblica. Na nossa análise procuraremos (i) identificar as causas da problemática da tradução da Bíblia (ii) identificar o papel do tradutor Bíblico e (iii) apresentar sugestões para uma tradução mais precisa.

Propusemo-nos a responder a questão até que ponto é que a mensagem na Bíblia, no contexto do nosso estudo, A Bíblia Africana, é fiável aos acontecimentos que elas pretendem narrar ou as palavras de Jesus, no caso do Novo Testamento.

O trabalho apresenta como hipótese, que provavelmente muita informação e detalhes presentes nos Livros da Sagradas Escrituras escritos em Greto, Latim e Hebraico perderam se durante o processo de tradução dai que a informação presente nas Bíblias traduzidas doutras Bíblias não pode ser vista como totalmente fiável.

Com o surgimento de novas igrejas e novas abordagens na evangelização, o papel do padre ou do pastor tem vindo a ser questionado por causa das divergências de abordagem não somente entre diferentes igrejas mas também entre diferentes evangelizadores até pelas contradições ou incoerências encontradas na Sagrada Escritura. E pela esta razão que nos propusemos a reflectir sobre a problemática da interpretação da Bíblia.

Uma vez que a Bíblia é uma colecção de muitos livros que para o estudo presente concentraremos em dois livro; um do Antigo Testamento, Génesis e outro no Novo Testamento, O Evangelho Segundo São Lucas.