Principais tendências pedagógicas 

  1. A pedagogia jesuítica e a mediação do mestre 

Cristina d’ Ávila diz em seu artigo “A mediação didática na história das pedagogias brasileiras” que a Companhia de Jesus imprimia uma pedagogia de cunho tradicionalista e clássico. É na Ration Studiorium( plano curricular jesuítico) que é possível visualizar com clareza a mediação do mestre. Em que pese a importância conferida aos conteúdos clássicos, o preciosismo do Ratio estava na metodologia de ensino. A mediação didática não se resumia a transmissão dos conhecimentos. Os jesuítas tomavam esse processo como ponto de partida numa pratica pedagógica em que a exercitação e a transferência de conhecimentos estavam perfeitamente associadas.

            A função do professor era a de possibilitar a analise e, menos, a de propiciar o acumulo de conhecimentos. Que se permita uma associação a pratica pedagógica de hoje... Em que pese o academismo, como marca registrada da pedagogia jesuítica, aprender significava mais que acumular conhecimento. A prática pedagógica jesuítica, por outro lado, esteve sempre associada à disciplina. O colégio deveria funcionar como um pequeno Estado escolar tendente à autonomia, onde os cidadãos seriam recrutados com prudência. Nesse ponto, a relação com a família era de estreiteza ímpar.

            O conteúdo marcadamente clássico dava o tônus dessa pedagogia e era exatamente através deste que a mediação desenvolvida pelos mestres se fazia sentir. Escolheram os jesuítas como plano de estudos a formação exclusivamente literária, baseada nas humanidades clássicas.

            Inicialmente, a Ratio Studiorum previa ensino puramente formal e gramatical, mas pouco a pouco, diversas disciplinas foram introduzidas constituindo o eruditio, que tornaria mais forte a eloquência dos jovens. A aula estava resumida a um exercito metódico, em que a preleção da véspera era repetida pelos alunos. O método jesuítico de avaliação se restringia a exames e revelava objetivos pedagógicos fundados na capacidade analítica dos alunos. Aliás, a metodologia de ensino jesuítica demonstrava atenção, para além da memorização, para com a capacidade criadora dos alunos. Logo a mediação didática capitaneada pelo mestre jesuítica, permitia o exercício da criação.

            Pode-se dizer que a mediação na pedagogia jesuítica estava marcada por três elementos fundamentais: o conteúdo clássico com o acontecimento ideológico cristã, o rigor da disciplina e o preconceito do método. Sem duvidas, era o mestre era o centro do processo ensino – aprendizagem. Entretanto, havia espaço para que o espírito analítico fosse exercitado, o que prova o surgimento de pensadores revolucionários formados pela Companhia de Jesus.

 

2. Mediação docente na pedagogia da Escola Nova: o professor como parceiro da jornada.

 

A Escola Nova almejava um espaço escolar e também pedagógico verdadeiramente construído pelos alunos. Um dos maiores inspiradores dessa tendência foi John Dewey.

Na pedagogia da Escola Nova, a prática pedagógica passa a ser regulada por atividades reais, ou melhor, cotidianas, e quase inteiramente conduzidas pela capacidade que o aluno tinha em auto desenvolver-se. O método de ensino se resume a pesquisa, as possibilidades de elaboração de hipóteses que normalizam o caminho que o aluno percorrer para fazer descobertas. A mediação do professor é exercitada aqui mediante orientação das atividades didáticas. O seu papel é de orientação de estudos e não imposição de conteúdos abstratos.

A mediação didática entre o aluno e o conhecimento é responsabilidade dos métodos ativos de ensino, o que inclui a capacidade de experimentar que cada criança desenvolve ao longo do seu processo de formação. Experimentar é, pois, a palavra chave desse processo de mediação.

 

3.A mediação didática docente na Tecnopedagogia

 

            Do ponto de vista didático, essa tendência visa ao ajustamento dos objetivos de ensino, as exigências do sistema social, sem fugir ao critério maximização de rendimentos e minimização de custos. O detalhamento dos objetivos deveria ser classificado de tal ordem, a fim de tornar possível a sua implantação e a mensuração dos resultados a partir de uma pratica diagnostica de avaliação. Portanto, eram discriminados em terminais e parciais, intermediados, mediatos e imediatos. Os meios são os cernes da tecnopedagogia, determinando, assim, os próprios objetivos de ensino-aprendizagem e as finalidades da educação escolar. A mediação didática docente nesta pedagogia é eclipsada em nome da técnica, passando, assim, o meio técnico a ser o mediador principal e o professor, seu administrador.

            Quando se fala em mediação didática na tecnopedagogia é preciso, praticamente, deixar de citar o professor. Numa posição secundaria, o seu papel passa a ser o de administrador de um saber fragmentário, pré-moldado e da ideologia do sistema. Enfim, é uma pratica pedagógica que corrói a função do professor como sujeito mediador entre sociedade e alunos que se formam entre estes sujeitos-alunos e conhecimento crítico.

 

4.Mediação docente na pedagogia de Paulo Freire

 

            A mediação didática na pedagogia de Paulo Freire pode ser conceituada como uma atividade critica cujo objetivo maior reside na transformação cotidiana e permanente do mundo sociocultural que circunda os sujeitos envolvidos no processo educativo. A mediação didática nessa pedagogia é também de natureza política. Com efeito, a atividade crítica de educar/ alfabetizar derivaria de um método dialético de investigação e inserção política concreta na realidade social. Para Freire, essa atividade crítica teria por finalidade ultima a conscientização e, por consequência, a inserção das classes oprimidas no processo político do seu meio, país.

            O maior objetivo dessa pedagogia residia na conscientização política. O elemento forte na mediação didática não era a transmissão de conteúdos abstratos, mas o saber que dela resultava, a partir de metodologias ativas, do savoir-faire da comunidade alfabetizada. A ação educativa estava na pratica social, e o retorno, sempre provisório, na leitura crítica dessa prática social, com consequente retorno a prática social.

 

5.A mediação docente na pedagogia Histórico-crítica

 

            Essa corrente teórica era contraditoriamente inflexível, pois não via outra função para escola senão a reprodução da ideologia da sociedade de classes. Foi preciso a organização de um contra-modelo para que a escola fosse vista como instituição social.

            Saviani propunha uma pedagogia em que o aluno pudesse ser respeitado como sujeito, mas que não fosse ele o principal artifício no processo de ensino-aprendizagem. Propunha uma relação horizontal entre professor e aluno, mas não destruía o poder de autoridade do professor.

            O objetivo maior dessa pedagogia está na transmissão/assimilação do saber universal socialmente produzido. Nesta tendência, Saviani, procurou objetivar historicamente a questão da escola e da importância do trabalho pedagógico no processo de desenvolvimento cultural e social. 

6.A mediação didática docente no construtivismo pedagógico 

            Para o construtivismo, aprender significamente quer dizer construir um significado próprio, pessoal para um objeto de conhecimento objetivamente existente.

            A mediação didática, nesta tendência, é um processo compartilhado, em que “o aluno, graças a ajuda que recebe do professor, pode mostrar-se progressivamente competente e autônomo na resolução de tarefas, na utilização de conceitos, na pratica de determinadas atitudes e em numerosas questões.