A CRISE SE DESENROLA 

Há aproximadamente dois anos atrás a Grécia acarretava enorme preocupação em mim, devido às suas dificuldades financeiras. Naquela época a União Européia juntamente com o FMI elaborou um plano de ajuda financeira à Grécia, no valor de 110 bilhões de Euros, em contrapartida de alguns ajustes que deveriam ser feitos nas contas governamentais, incluindo aí medidas no sistema de previdência daquele país, o que gerou inúmeras manifestações negativas por parte da população, causando com isso instabilidade política. A Grécia chegou àquela situação, em decorrência de anos de uma política de gastos desordenada, bem como pela injusta participação no cenário europeu quando da adoção do Euro como sua moeda. Isso levou a uma situação de malefícios predominantes frente aos benefícios, no que tange à adoção do euro pela Grécia como sua moeda.

Porém mesmo com aqueles recursos emprestados pelo FMI e pela UE, eu sabia que a situação na Europa era muito complicada, até pelo fato da Grécia ser um país relativamente pequeno, com aproximadamente 11 milhões de habitantes, PIB entre 200 e 300 bilhões de dólares, e ter demandado ajuda de tal monta. Com isso, eu voltava minhas atenções para os outros países da Europa, porque logo pensei: se acontecesse essa mesma problemática com países maiores da Europa, tais como: Portugal, Espanha, Itália ou Alemanha, quem iria socorrer esses países de um colapso.

E na verdade era justamente isso que as novas divulgações de dados estavam apontando. Ou seja, Portugal, Grécia e Itália possuíam 97,3%, 138% e 119% de dívida em relação ao PIB respectivamente. Combinado com isso tem o fato do Euro estar se desvalorizando. O Euro que outrora era a moeda mais forte do mundo agora desvaloriza a cada dia.

Por tudo já explicitado anteriormente, eu posso ver uma bola de neve rolando montanha abaixo, crescendo a cada dia, semana e a cada mês. Em outras palavras, há uma crise se instalando na Europa, que vai obrigar os países a reformularem o sistema de moeda única neste continente. Com vários países da Europa com crescimento pífio, praticamente entrando em recessão.

Portanto, a Europa como um todo preocupa, a Espanha registra taxas de desemprego de 24%, a mais alta em 35 anos, isso é muito preocupante, pois combinado a isso temos um crescimento negativo de 0,1% no PIB em 2010. A Itália além de tudo isso, possui uma enorme população de idosos e consequentemente com uma base de trabalhadores contribuindo cada vez menos com a previdência.

Portanto, é extremamente grave a situação econômica da União Européia como um todo, logo, a Grécia ocupa a vanguarda desse trem descarrilado, e o estopim da maior crise financeira de todos os tempos que está por vir nos próximos meses será a quebra de um banco europeu, repito: O ESTOPIM DA MAIOR CRISE FINANCEIRA DE TODOS OS TEMPOS QUE ESTÁ POR VIR NOS PRÓXIMOS MESES SERÁ A QUEBRA DE UM BANCO EUROPEU.

Praticamente um ano após o pedido de socorro da Grécia, ou seja, no mês de julho de 2011, os Estados Unidos voltou a me preocupar, conforme já havia feito na crise de 2008 quando tive ciência de que, caso o Congresso Nacional daquele país não aprovasse a elevação do teto da dívida, haveria o risco dos EUA não honrarem o pagamento da dívida nas semanas seguintes, quando venceria um lote de aproximadamente U$ 200 bilhões, com isso os mercados vieram abaixo novamente, com quedas similares ao auge da crise de 2008.

Eu sempre li e aprendi que os papéis da dívida americana eram considerados o investimento mais seguro do planeta, tanto é que faz parte do portfólio de reservas internacionais das maiores potências mundiais. A China é a maior credora dos Estados Unidos com U$ 1,1 trilhão, em títulos públicos americanos, o Brasil com aproximadamente 200 bilhões de dólares é o quarto, então um eventual calote no pagamento dos credores da dívida mobiliária americana, repercutiria no mundo todo.

Dessa vez com base nos dados supracitados a china dificilmente passaria incólume, felizmente no dia 02 de Agosto, o congresso americano finalmente aprovou a elevação do teto da dívida americana, na verdade considero essa elevação do teto da dívida apenas uma dose de um remédio que vai adiar o inadiável, que é a queda da hegemonia americana no cenário econômico mundial, obviamente que em um intervalo de 2 (duas) décadas mais ou menos. Considero que os Estados Unidos demorarão muito tempo para recuperar a credibilidade de sua economia.

Nos próximos meses eu avalio que os países vão começar a se desfazer dos títulos públicos americanos que ocasionará uma queda ainda maior do dólar, e aí eu afirmo que o dólar vai se desvalorizar muito, mas vai voltar a subir fortemente nos próximos anos.

Porém os Estados Unidos estão mais bem preparados para enfrentar a maior crise financeira de todos os tempos do que a Europa, se não vejamos, na média as principais economias da Europa possuem 50% de carga tributária em relação ao PIB, nos EUA esse número é de 27%, portanto tem mais campo para aumentar tributos e consequentemente aumentar a arrecadação do país, isso visto pelo lado das receitas, além disso, olhando pelo lado das despesas temos que os Estados Unidos podem efetuar cortes drásticos nos seus gastos com guerra, que, por conseguinte gerará ainda mais receitas disponíveis.

Portanto, a Europa tem sua situação mais delicada. Com a queda da hegemonia americana ocorrerá uma diminuta importância do dólar como moeda de trocas globais, sobretudo pelo fato de há alguns anos a China já vir propondo a criação de uma nova moeda de troca global, é nesse cenário que surgirá a China que substituirá os Estados Unidos na vanguarda da economia mundial, impondo sua cultura, sua língua, seus produtos, enfim. Portanto estamos no meio de uma encruzilhada no meio da roda da história, onde quem estiver vivo daqui duas décadas vai poder presenciar uma nova potência econômica mundial, qual seja, a China.