BULLYING É MAIS DO QUE BRINCADEIRA CHATA
Para falar deste tipo de agressão utilizamos o termo na língua inglesa, por não haver ainda um correspondente em português. Bully se refere à atitude de um "valentão", aquele que tem e manifesta um desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob tensão.
As ações mais comuns do fenômeno bullying são agressões verbais (apelidos), intimidações, chantagens e maus tratos físicos.
O primeiro país a isolar e estudar este fenômeno foi a Noruega. O bullying foi descrito como atos de violência física ou psicológica (comportamentos agressivos e misantrópicos) contra alguém em desvantagem de poder, que causa dor e humilhação à vítima e não apresenta motivação aparente.
Segundo Fante e Pedra (2008), é uma das formas de violência que mais cresce no mundo. Não é um fenômeno restrito ao ambiente escolar, apesar de estar lá sua maior divulgação na mídia. O bullying pode acontecer em qualquer contexto social (escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e ambiente de trabalho). Casos de bullying foram identificados em escolas da rede particular e pública, urbanas e rurais, inclusive no ensino infantil (com crianças de 3 a 4 anos de idade).
O bullying escolar pode ser caracterizado por atitudes agressivas, repetitivas e intencionais, sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outros, causando dor e angústia, e executadas normalmente dentro de uma relação injusta e desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima.
Fante e Pedra (2008), definem o bullying escolar como uma epidemia psicossocial que pode ter consequências graves. Aquilo que, a princípio, pode parecer um apelido inofensivo, poderá afetar física e emocionalmente o alvo da ofensa. Estudantes que sofrem agressões difamatórias ou racistas podem apresentar queda do rendimento escolar, somatisar o sofrimento e sofrer traumas que influenciem negativamente na formação de traços de personalidade. Ocorre frequentemente uma mudança de comportamento. A vítima tende a ficar isolada, reclama de dor física na hora de ir para a escola e pode apresentar-se agressiva.
As testemunhas do fenômeno sofrem com os acontecimentos também, entretanto preferem não se manifestar por medo ou insegurança. É comum que não denunciem, e até se acostumem com as práticas, chegando a considerá-las naturais dentro do ambiente escolar.
O fenômeno bullying sempre existiu. Com a inovação de mídias (TV e internet), as agressões tomaram proporções maiores. A necessidade da discussão séria sobre o tema dá-se pelas atuais consequências trágicas, como mortes, suicídios e impunidades.

COMO IDENTIFICAR VÍTIMA E AGRESSOR?
Podem-se observar as características mais comuns das vítimas: depressão, baixa auto-estima, ansiedade e abandono dos estudos. O bullying não deixa de ser uma prática de exclusão social, atualmente em evidência no ambiente escolar, cujos principais alvos são pessoas retraídas e inseguras. Estas, normalmente, acabam não pedindo ajuda, sentem-se desamparadas e encontram dificuldades de aceitação. São particularidades das vítimas traços como obesidade, estatura, necessidades físicas e cognitivas especiais. Aspectos culturais, étnicos e religiosos podem ser também contemplados.
Geralmente os agressores são os líderes da turma. Assim como a vítima, o agressor também necessita de acompanhamento psicológico, pois caso não corrija a postura em tempo, no futuro poderá apresentar comportamento de assédio moral no trabalho, ou ainda adotar atitudes delinquentes, violentas ou criminosas.

COMO PREVENIR O PROBLEMA NA ESCOLA?
Fante e Pedra (2008) acreditam que, para evitar o bullying, as escolas devem estimular a discussão sistematizada sobre o tema, o que seria um investimento em prevenção, aberta a todos os atores da cena escolar, incluindo alunos e pais.
Os professores podem atuar incentivando a solidariedade, generosidade e o respeito às diferenças, por meio de conversas, trabalhos didáticos e campanhas. Além disso, não esconder os casos detectados, pois "o mundo não está ameaçado pelas más pessoas, mas sim por aqueles que permitem a maldade" (Albert Einstein).

REFERÊNCIA
FANTE; PEDRA. Bullying escolar. São Paulo: Artmed, 2008.