Prevalência de Anemia Ferropriva em Mulheres Gestantes

Prevalence of anemia in pregnant women


Edma Lopes Mendes de Freitas¹
Maria José Vieira Sobrinho²









RESUMO

A anemia é uma doença causada principalmente pela diminuição da concentração de hemoglobina no organismo que pode ser acompanhado pela baixa contagem de eritrócitos e diminuição do hematócrito. Vários fatores etiológicos podem desencadear um quadro anêmico nos diversos segmentos populacionais, dentre eles, destacam-se os fatores nutricionais, sendo que a carência de ferro é a causa mais comum das anemias. Estima-se que aproximadamente metade das mulheres grávidas no mundo tenha anemia por deficiência de ferro, principalmente nos países em desenvolvimento, sendo referido como o problema hematológico mais comum do ciclo gestatório que pode levar à várias complicações materno-fetal.

Palavras chave: anemia ferropriva, gestantes, concentração de hemoglobina.


ABSTRACT

Anemia is a disease caused mainly by decreasing the concentration of hemoglobin in the body that may be accompanied by low red blood cell count and decreased hematocrit. Several etiological factors can trigger an anemic state in the various population segments, among which stand out the nutritional factors, and the iron deficiency is the most common cause of anemia. It is estimated that approximately half of pregnant women in the world have iron deficiency anemia, especially in developing countries, referred to as the most common hematologic problem of obstetrical cycle that can lead to various complications and fetal outcome.

Key words: anemia, pregnant women, hemoglobin concentration.


¹ Graduanda do curso de Biomedicina das Faculdades Integradas ICESP ? PROMOVE Brasília
² Graduanda do curso de Biomedicina das Faculdades Integradas ICESP ? PROMOVE Brasília


INTRODUÇÃO


A anemia é um problema de saúde pública, sendo caracterizada pela diminuição da hemoglobina total funcionante na circulação. É comum ser definida como o estado clínico no qual a hemoglobina e/ou os glóbulos vermelhos estão diminuídos (BARBOSA; ARRUDA; DINIZ, 2006; PAZZINATO; HERRERO, 2009).
Segundo Lorenzi (2005), na prática, por aproximação, pode-se dizer que um paciente é anêmico quando apresenta menos de 11g de hemoglobina por 100mL de sangue (11g/dL) para mulher e criança e, menos de 12/100mL (12g/dL) para o homem. Deve-se, entretanto, acrescentar a esse critério, que a hemoglobina seja funcionante e não desnaturada (meta-hemoglobina, carboxi-hemoglobina ou sulfa-hemoglobina) e que o volume sangüíneo seja normal.
De acordo com Oliveira (2007), as anemias podem ocorrer por diversos fatores etiológicos. Entretanto, as anemias carências (deficiência de ferro, vitamina B12 e folatos) se destacam como as mais comuns, após as anemias por perda sanguínea.
O ferro é um nutriente essencial ao organismo, associado à produção de glóbulos vermelhos e ao transporte de oxigênio dos pulmões para todas as células do corpo. A anemia por deficiência de ferro, ou anemia ferropriva, é a mais comum de todas as anemias nutricionais, independentemente do estrato socioeconômico do indivíduo.
De acordo com Carvalho, Baracat e Sgarbieri, (2006, p.54) ??a anemia por deficiência de ferro é isoladamente, a mais comum das deficiências nutricionais do mundo e ocorre como resultado de perda sanguínea crônica, perdas urinárias, ingestão e/ou absorção deficiente e aumento do volume sanguíneo??, bem como com o aumento do consumo, como é o caso das gestantes.
Para a detecção inicial de um quadro anêmico é preciso realizar uma análise detalhada do hemograma através da linhagem eritrocitária (série vermelha do sangue) (PINHEIRO et al., 2008). Enquanto que as dosagens de ferro e ferritina sérica garantem a etiologia ferropriva da anemia.


REFERENCIAL TEÓRICO

1. ANEMIA

A anemia é um problema de saúde pública, sendo caracterizada pela diminuição da hemoglobina total funcionante na circulação. É comum ser definida como o estado clínico no qual a hemoglobina e/ou os glóbulos vermelhos estão diminuídos (BARBOSA; ARRUDA; DINIZ, 2006; PAZZINATO; HERRERO, 2009).

Segundo Lorenzi (2005), na prática, por aproximação, pode-se dizer que um paciente é anêmico quando apresenta menos de 11g de hemoglobina por 100mL de sangue (11g/dL) para mulher e criança e, menos de 12/100mL (12g/dL) para o homem. Deve-se, entretanto, acrescentar a esse critério, que a hemoglobina seja funcionante e não desnaturada (meta-hemoglobina, carboxi-hemoglobina ou sulfa-hemoglobina) e que o volume sangüíneo seja normal.

2. ANEMIA FERROPRIVA

O ferro é um nutriente essencial ao organismo, associado à produção de glóbulos vermelhos e ao transporte de oxigênio dos pulmões para todas as células do corpo. A anemia por deficiência de ferro, ou anemia ferropriva, é a mais comum de todas as anemias nutricionais, independentemente do estrato socioeconômico do indivíduo.

De acordo com Carvalho, Baracat e Sgarbieri, (2006, p.54) ??a anemia por deficiência de ferro é isoladamente, a mais comum das deficiências nutricionais do mundo e ocorre como resultado de perda sanguínea crônica, perdas urinárias, ingestão e/ou absorção deficiente e aumento do volume sanguíneo??, bem como com o aumento do consumo, como é o caso das gestantes.

De acordo com Wintrobe (1998), a anemia ferropriva surge devido ao balanço de ferro prolongado ou com necessidade fisiológica aumentada desse mineral e ainda fatores etiológicos múltiplos como, por exemplo: perda sanguínea associada com menstruação, infecção por ancilóstomo duodenal onde o individuo portador do parasito sofre espoliação e em função desta, perda sanguínea.

3. ANEMIA FERROPRIVA EM GESTANTES

No quadro epidemiológico dos problemas nutricionais em escala mundial, as anemias configuram, por sua magnitude, a situação carencial de maior prevalência, atingindo, segundo Viteri et al. (1993 apud BRASIL, 2008), cerca de 2,15 bilhões de pessoas, o que equivale a aproximadamente 35% da população mundial. Dentre os indivíduos mais acometidos pela anemia encontram-se as crianças, gestantes e mulheres em idade fértil (MONTEIRO; SZARFARC; MONDINI; 2000; CAMILLO et al., 2008).

Em países desenvolvidos, cerca de 20% das gestantes apresentam anemia durante a gravidez. Já nos países em desenvolvimento, este índice aumenta significativamente, variando em torno de 35% a 75% (WHO, 2005).

Mais especificamente, a anemia no ciclo gestatório, especialmente por carência de ferro, pode estar associada a aumento da mortalidade materna, mortalidade perinatal, prematuridade, baixo peso ao nascer e morbidade do infante. Quarenta por cento de todas as mortes maternas perinatais estão ligadas à anemia (SCHOLL; REILLY, 2000; WHO, 2001; RASMUSSEN, 2001).

Paralelamente, um desfecho favorável da gravidez ocorre 30 a 40% menos em anêmicas, e seus conceptos têm menos da metade da reserva normal de ferro, podendo apresentar maior freqüência de anemia no primeiro ano de vida (WHO; 2001).

Por isso, as gestantes anêmicas devem ser tratadas imediatamente através da modificação dos hábitos alimentares, fortificação de alimentos e suplementação medicamentosa com sais de ferro (UNICEF, 1998; WHO, 2001; BEINNER; LAMOUNIER; TOMAZ, 2005).

4. CAUSAS DA ANEMIA

De acordo com Oliveira (2007), as anemias podem ocorrer por diversos fatores etiológicos. Entretanto, as anemias carências (deficiência de ferro, vitamina B12 e folatos) se destacam como as mais comuns, após as anemias por perda sanguínea. Del Giglio (2007), afirma que a causa de anemia ferropriva ocorre ainda por perda de sangue crônica devido à espoliação do ferro da mãe no período da gravidez/lactação e também devido à má absorção e dietas pobres em ferro.

5. PREVALÊNCIA

As informações precisas e exatas sobre casos de anemia no Brasil ainda são poucas, existem estudos realizados em algumas regiões que nos levam a inferir uma prevalência de anemia ferropriva entre 22% a 45% (PAHO/WHO,1994).

6. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS NA GRAVIDEZ

Aumento do volume plasmático em 45 a 50%.
Aumento eritrocitário em 25 a 35%
Diminuição do Fe sérico
Capacidade de fixação de Ferro está aumentada em 15% das gestantes

7. CONSEQUÊNCIAS DA ANEMIA NA GESTAÇÃO

Para o bebê a anemia pode causar, dependendo da intensidade, baixo peso e antecipação do parto, além do retardo do crescimento intra-uterino
Nati-mortalidade -
Incidência maior de DHEG

8. EFEITOS DA ANEMIA SÔBRE A GRAVIDEZ

Maior incidência de malformações fetais, abortamentos, prematuridade, pré-eclampsia, descolamento de placenta e retardo de crescimento intra-uterino.

9. DIAGNÓSTICO

Para a detecção inicial de um quadro anêmico é preciso realizar uma análise detalhada do hemograma através da linhagem eritrocitária (série vermelha do sangue) (PINHEIRO et al., 2008). Enquanto que as dosagens de ferro e ferritina sérica garantem a etiologia ferropriva da anemia.
O hemograma (OLIVEIRA, 2007) é o exame fundamental para o diagnóstico da anemia. É feito, atualmente, em contadores eletrônicos de grande porte que contam e medem os eritrócitos e geram curvas de freqüência com médias e coeficientes de variação, definindo os parâmetros numéricos da população eritróide. As melhores máquinas distinguem e contam os eritrócitos mais jovens (reticulócitos), permitindo-se assim uma avaliação da produção diária e da resposta regenerativa à anemia.
Complementando-se os números dessa fantástica tecnologia com a observação ao microscópio por um patologista-clínico experiente, a grande maioria dos casos de anemia pode ser caracterizada quanto a seu mecanismo de produção (patogênese), o que leva ao diagnóstico da doença ou evento básico causal (etiologia). Deste modo, Quando a patogênese é a produção inadequada de hemoglobina, seja por falta de ferro ou por defeito genético na síntese, o hemograma evidenciará a presença de eritrócitos menores que o normal (microcitose), por faltar-lhes conteúdo (HAMERSCHLAK, 2010).

10. TRATAMENTO

Uma vez instalada a anemia ferropriva, deve-se corrigir o déficit e repor os estoques de ferro através do uso de ferro medicamentoso e, em caso de perda crônica de sangue, identificar e tratar a causa. O sulfato ferroso é o remédio mais bem indicado por sua boa absorção e baixo custo (TEIXEIRA, 2006). Para as gestantes, a dose de ferro para o tratamento é de 60 mg∕Kg ∕dia. Embora a melhora clínica e a normalização das concentrações de glóbulos vermelhos e de hemoglobina ocorram precocemente com a reposição de ferro, a dose terapêutica deve ser mantida por 3 a 4 meses para a reposição dos estoques de ferro. Alguns cuidados devem ser tomados para maximizar a absorção do ferro, como a sua ingestão 30 a 60 minutos antes das refeições. Não diluir o medicamento em nenhum líquido e não ingerir suco de frutas cítricas após o uso do medicamento.
O sulfato ferroso pode trazer alguns inconvenientes com o seu uso como náuseas, indigestão, constipação e diarréia que, em geral, são proporcionais à quantidade de ferro ingerida. Pode-se tentar solucionar esse problema através de um aumento gradativo das doses e do escalonamento nas doses ao longo do dia. Caso essas medidas não resolvam, pode-se substituir o sulfato ferroso pelo gliconato ferroso, entretanto, devido ao seu menor conteúdo de ferro elementar exige um tratamento mais prolongado (OLIVEIRA, 2007).

11. CONCLUSÃO

A anemia inserida nas políticas publicas é fator recente, visto que isto somente foi possível com a realização da Cúpula de Nova York em 1990, com a promoção da ONU, as anemias veio a ter prioridades a níveis mundiais de saúde e nutrição em comparação com outras doenças de aspectos menos relevantes.

Verifica-se também que fatores desencadeantes para um estado anêmico como carência alimentar, verminoses e infra-estrutura são fatores correlacionados com a condição sócio econômica do individuo e características marcantes de países subdesenvolvidos como no caso o Brasil.

No nosso país há a necessidade de um estado mais abrangente com cooperação municipal e estadual das secretarias e órgãos promovedores da saúde e dentro deste contexto evidenciar a atual realidade da anemia no âmbito brasileiro.

Porém no caso gestacional há de se ter um comprometimento maior da gestante e dos órgãos promovedores da saúde visto que existe um estudo feito pelo PNDS em 2006 que ficou evidenciado que oitenta por cento das gestantes realizam pelo menos seis consultas no pré-natal e estas pessoas que conseguem manter estes índices, são pessoas com nível de escolaridade e perfil socioeconômico superior, ou seja, apesar da saúde ser fornecida a todos de forma universal, observa-se desigualdades nos aspectos sociocultural e econômico. Cabe ressaltar a importância do pré-natal, pois são nestas consultas que as pacientes são avaliadas, principalmente o estado nutricional e os níveis hematológicos.

Pois já é sabido que mulheres em idade fértil necessitam cerca de 1,4 mg de ferro ao dia e por muitas vezes não tem acesso a uma dieta que forneça tal elemento, então isso vem de encontro a afirmação de que as mulheres iniciam a gestação com reservas insuficientes do mineral, o que as tornam mais vulneráveis a um quadro anêmico (Martins et al., Dallman, 1991).




12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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