O que será que faz de nós sermos ao mesmo tempo tão iguais, tão humanos diante dos que passam fome e tão diferentes, tão indiferentes à sua situação?
Talvez, para Cristovam, a resposta seja a banalização. E ela começa desde o berço.
Na infância é que as pessoas têm as suas primeiras impressões do mundo em que vivem, mesmo que não o entenda ainda muito bem. Se não há quem o explique bem, quem desperte seu senso crítico, sua compreensão dos fatos, a criança inevitavelmente será alienada, e os erros do mundo serão nada mais do que banalizados perante seus olhos.
Num conto em que descreve uma experiência própria, Cristovam alerta a importância do despertar, logo na infância, da sensibilidade para a desigualdade social, pois só assim se pode tomar a consciência de que é preciso lutar, ao invés de lamentar a injustiça com a qual convivemos.
Assim, o melhor presente que ele pôde receber, conclui, fora o de buscar entender porque o presente de natal dele havia sido tão diferente do de seu amigo, pois assim pôde fazer a sua parte para que se contruísse uma sociedade melhor. E assim deve ser com as nossas crianças: elas precisam compreender o mundo em que vivem, precisam ver e sentir a desigualdade para que sintam a necessidade de bani-la, e não banalizá-la, de ignorá-la.
Esse sim seria o melhor presente que as crianças e o nosso país poderiam receber.