“Esta é era de sermõezinhos: e sermõezinhos fazem cristãozinhos”. [1] Essa frase dita por Michael é o diagnóstico da realidade vivida na Igreja contemporânea. Vivemos na época do vazio. A falta de conteúdo nos púlpitos nunca se fez tão visível como nos dias de hoje. Não são poucos os que dizem que estão “ungidos” por Deus e com a desculpa de que é o Espírito Santo que fala, desprezam totalmente o estudo, bem como o preparo do sermão.

Talvez essa seja a razão pela quais as pessoas não vão mais a Igreja. Pregadores vazios no púlpito geram bancos vazios na Igreja. Charles Haddon Spurgeon diz que “no momento em que a igreja de Deus menospreza o púlpito, Deus a desprezará”. [2] E sem a presença de Deus as palavras de qualquer predica, são palavras ao vento.

Pregar um sermão não é sinônimo de dizer algo, sobre algo, como Bryan Chapell corretamente lembra: “Quando encaramos pessoas reais dotadas de uma alma eterna, equilibrando-se entre o céu o inferno, a nobreza da pregação nos amedronta”. [3] Estamos falando de Deus e sobre o destino de seu povo e como diz Paulo pesar sobre nós esta responsabilidade.

Por essa razão, é necessário que todo pregador se prepare com diligência para transmitir a verdade de Deus, não só espiritualmente mais intelectualmente. Lloyd-Jones afirmava: “Posto que pregar significa comunicar a mensagem de Deus, é óbvio que isso requer certo grau de intelectualidade e habilidade”. E que “o pregador deveria ser acurado, jamais devendo afirmar alguma coisa que qualquer erudito membro da congregação possa mostrar estar errado ou baseado em informação equivocada”. [4]

Em outro lugar ele ainda acrecenta que “a mais urgente necessidade da igreja cristã da atualidade é a pregação autêntica”. [5] Dizer o que o texto diz é o maior desafio do pregador contemporâneo. A fidelidade ao texto não vem de outro modo se não por meio do estudo sistemático e continuo das Escrituras. Se não estudarmos o que o texto diz, vamos dizer o que pensamos que ele diz, logo estaremos dizendo o que ele não quis dizer.

Como já dissermos não são poucos os que dizem que a “unção” vem de Deus e o estudo é do homem. E para justificar usam o versículo fora do contexto e diz: “a Palavra do Senhor não volta fazia”. Esses se esquecem, como diz o Rev. Hernandes, que Deus tem Compromisso com sua Palavra e não com a palavra do pregador.

Calvino diz ainda: “O zelo dos pastores será profundamente solidificado quando forem informados de que tanto sua própria salvação quanto a de seu povo dependem de sua séria e solícita devoção ao seu ofício”. [6]

Por isso vamos sempre seguir o conselho do Apostolo Paulo:" prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com todaa longanimidade e doutrina". 2 Timotéo 4. 2.

Sem. Jailson Santos

[1] EBY, David. Pregação Poderosa para o Crescimento da Igreja: O papel da pregação em igrejas em crescimento. São Paulo, Editora Candeia, 2001. p. 38

[2] Ibid, idem

[3] BRYAN, Chapell, Pregação Cristocêntrica, São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2002, p. 17.

[4] LLOYD-JONES, Martin. Pregação e Pregadores. São Paulo. Editora Fiel. P. 84.

[5] Lloyd-Jones apud EBY, David. Pregação Poderosa para o Crescimento da Igreja: O papel da pregação em igrejas em crescimento. São Paulo, Editora Candeia, 2001. p. 37

[6] CALVINO, João. As Pastorais, São Paulo, Paracletos, 1998, p. 116.