Preconceito: uma questão estatística

Esse pequeno texto pretende analisar o preconceito do ponto de vista estatístico.

Freqüentemente ouvimos alguém dizer, "homem não presta" ou "a mulher brasileira é linda". Essas e inúmeras outras afirmações baseiam-se na percepção da pessoa que as proferem que, por sua vez, está relacionada a experiência dele ou dela na vida. Por exemplo, uma mulher que tenha tido relacionamentos com vários homens que a traíram, provavelmente, é capaz de dizer "homem não presta". Entretanto, esta generalização feita por ela é baseada na sua experiência de vida. Em outras palavras, de todo o universo de homens que existe, por exemplo, na cidade dela, ela experimentou amostras que traíram-na e, por essa razão, ela generalizou, criando um preconceito, dizendo que "homem não presta". Na verdade, a amostra dela de fato mostra isso, mas isso não quer dizer que não há homens fiéis e tampouco quer dizer que eles são a minoria da cidade. Provavelmente há mulheres que namoraram outros homens e que não tem a mesma visão da primeira que diz que "homem não presta".

Da mesma forma, afirmações como "a mulher brasileira é linda" são baseadas na percepção da pessoa que diz isso. A beleza possui um caráter subjetivo e, ao afirmar que "a mulher brasileira é linda" a pessoa está generalizando o seu ponto de vista das amostras que ela já viu e apreciou para toda a população feminina do Brasil. Logicamente há mulheres lindas no Brasil, assim como, do ponto de vista masculino, deve haver mulheres não tão lindas assim.

Como pode-se notar, os preconceitos possuem um caráter estatístico de extrapolar indiscriminadamente a amostra que as pessoas tem em contato durante suas vidas para o todo. No entanto, um possível meio de avaliar se "a mulher brasileira é linda" consiste em aumentar o número de pessoas que avaliam amostras obtidas ao acaso atribuindo notas a essas, por exemplo. Realizando esse tipo de pesquisa com inúmeros participantes, a tendência é que se represente mais a população de homens bem como seus gostos variados e assim, possa responder com mais clareza e muito mais representação se, de fato, os homens de um determinando local (cidade, pais, etc...) acham de fato "a mulher brasileira linda". Tudo é uma questão do planejamento de amostragem visando responder a uma determinada pergunta.

De toda forma, por mais bem planejada que possa ser uma pesquisa, vale a pena mencionar: "toda regra tem a sua excessão". Assim, generalizar é sempre, sempre uma questão problemática.

Preparado a partir de:

VIEIRA, S.; WADA, R. O que é estatística. São Paulo: Brasiliense, 2004. 91p.