Deus, criaste mesmo o homem, tens certeza?

Colocaste filhos e filhas em sua mesa?

E deste um coração com o teu parecido?

Se é verdade o que tenho crido

Há uma duvida que nunca sai:

Como concedeste ao homem o direito de ser pai?

Ter um filho de tudo amado

Pelo corpo ou pela alma gerado

Tu nos fazes grandes e pacientes

Fortes, invencíveis numa aura comovente.

Criamos com amor dando sempre o que nem sempre tivemos

Reinventamos uma disciplina que não fira

Sentimos raiva às vezes, negá-lo é mentira.

São crianças tão ingênuas no início

São espertas demais depois

E torcemos e nos alegramos a cada um dos seus progressos.

E um dia elas crescem e sentem vergonha de nós.

Alguns até nos negam, o Senhor acredita?

Por isso eu pergunto: - Foi o Senhor mesmo que inventou isso?

Isso do homem ser pai?

Se foi então me responda, mesmo que seja com uma carta ao mar

É de tudo certo o homem amar?

Somos tão pequenos como sabes

Com nossos corações tão vulneráveis

Mesmo assim nos recebes.

Foste também Tu quem inventaste

Que nossos erros se repetiriam

Justamente nos filhos que teríamos?

Também impuseste que um dia de nós a falta sentiriam?

Que nos faria partir para sempre

E que em carne nunca mais nos viriam.

E de nós só ficaria o que aprenderam?

Então não nos leve...

Enquanto seus olhos ainda não estiverem prontos pra enxergar

Não nos leve enquanto suas mãos ainda precisarem das nossas

Mesmo que seus corações não estejam em nós.

Não deixe nos arrependermos do bem que fazemos aos nossos filhos

Não nos deixe pensar em abandoná-los quando nossos ombros não suportarem mais.

Dá-nos a força dobrada no dia em que queremos morrer

E prepara-nos para quando realmente chegar a hora

Não se esqueça deles, mesmo quando eles esquecerem-se de nós.

Dai-nos a serenidade para enfrentar os dias maus

E nos ensina como enfrentar a solidão de sermos...

Pais.