O interesse pela literatura de gênios da arte tal qual Paul Klee embasa meu discurso e me propõem a crer que a arte sempre houve sua origem nos mais profundos sentimentos relacionados aos mistérios do ser.

Não obstante, torna-se pertinente fazer referência ao filósofo John Locke, o qual afirma que não há nada em nossa mente que não tenha passado pelos nossos sentidos. E, em sua obra - "Ensaio acerca do entendimento humano" afirma que nossa mente no instante do nascimento é um papel em branco sem qualquer ideia previamente escrita.

Não obstante, as ideias que possuímos  são adquiridas ao longo da vida mediante o exercício da experiência sensorial e da experiência reflexiva.         Contudo, segundo John Locke o termo "ideia" ocorre no sentido de todo conteúdo do processo do conhecimento.  Onde, portanto nossas primeiras ideias; as sensações que nos vêm à mente através dos sentidos (experiência sensorial), e são, portanto, moldadas pelas qualidades próprias dos objetos externos. 

Entretanto, se discorrermos tais conceitos voltados para a atualidade Israel Pedrosa em seu livro “Da Cor a Cor Inexistente”, exterioriza e justifica o desejo de Paul Klee, ao passo que salienta a busca incessante de “compreensão da realidade”. Uma compreensão Invisível e alheia aos nossos sentidos ao almejar e ampliar o domínio da estética até alcançar a essência da origem dos elementos cujos quais geram as formas ou ideias dos objetos naturais.

Penso que quando Israel Pedrosa refere-se ao desejo de Paul Klee sujeito as manifestações de sua intenção reflito em se tratar das sensações cognitivas. Portanto, justificado na frase “compreensão da realidade das coisas invisíveis aos nossos sentidos”.

Por fim criar um diálogo afetivo entre obra, expectador e fruidor e que permita vivenciar experiências talvez nem estéticas, mas, sobretudo, sensoriais e psicológicas.

Portanto, o que torna secundário a leitura que esta teoria representa exerce valor acerca das posturas e atitudes dos artistas em relação à realidade que o circunda. O que torna pertinente na disposição para a forma que se manifesta sobre criação de imagens imageticamente expressivas e unificadas pelo sentimento. Pois, se remontarmos a vasta literatura existente sobre a teoria supracitada recordaremos as suas principais teses.

Seguindo o modelo da psicologia experimental proposta por determinados autores aos quais não obtive referencias atribuíram aos objetos a propriedade de agirem sobre as nossas reações psicofísicas. (In Dissertação de mestrado Clara Luiza Miranda. A crítica nas Revistas de arquitetura nos anos 50: a expressão plástica e a síntese das artes. USP, São Carlos, SP. Orientada por Carlos Alberto Martins. 1998).

Em contraponto, outros autores valeu-se de uma matriz idealista tal qual o pensamento de uma transposição dos nossos sentimentos para os objetos que por fim tornavam-se animados.

Objetivamente tais objetos por serem temas centrais das grandes representações pictóricas foram unanimes em considerar as obras de arte expressivas por si próprias, mas pela sua analogia com certos comportamentos psicofísicos do observador. Portanto, nada do que percebemos visualmente age por si próprio; tudo age em conjunto como ressonância do que de semelhante existe em nós.