PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS QUE MELHORAM A FERTILIDADE DO SOLO

Adubação verde e rotação de culturas em hortaliças de Vila Rica MT em 2011

INTRODUÇÃO 

Este presente artigo é resultado de pesquisa que teve como objeto de estudo plantios de hortaliças em Vila Rica MT no ano de 2011, sendo o objetivo geral Verificar como se está sendo utilizada a adubação verde e rotação de culturas em Vila Rica MT e quais os conceitos em relação ao tema possuem os produtores deste local. Os objetivos gerais são: Contextualizar a agricultura do passado (período colonial, em relação ás práticas atuais), conceituar monocultura apresentando seus danos ao meio ambiente, conceituar agricultura, rotação de cultura, adubação verde e suas características. Verificar se ocorre adubação verde e rotação de cultura nas hortaliças pesquisadas em Vila Rica MT, identificar quais os conceitos que os produtores possuem sobre o tema. Despertar para a importância da agricultura que não comprometa as próximas gerações. Este trabalho surgiu devido ás seguintes questões: será que tem como termos uma agricultura sustentável? O que seria essa agricultura? Quando começou a monocultura? Quais suas características?  Quais técnicas podem ser utilizadas para  conservação do solo? São apresentadas duas formas de produções sustentaveis: rotação de cultura e adubação verde. Nos dias atuais os solos encontra-se em estado fragilisados, pois o desmatamento e as frequentes queimadas empobrecem os mesmos. Outro fator que compromete a fertilidade do solo é o frequente plantio de uma mesma espécie vegetal, em um determinado lugar, para o melhoramento deste, este trabalho apresenta algumas alternativas que venham a melhorar o rendimento da produção. Surgi às indagações será que em Vila Rica as plantações de hortaliças são sustentáveis?

O estudo abrange esse tema devido a grande utilização de produtos químicos que ainda observa-se no cultivo de grande e pequeno porte no Brasil, sendo de grande importância tentar conscientizar a população em geral para a questão de produzir agredindo o minimo possivel o meio ambiente, para que as futuras gerações possam ter uma vida saudável.

    MATERIAL E MÉTODO

Este presente artigo tem carácter descritivo e quantitativo, foi elaborado tendo como bases pesquisas em artigos e livros relacionados ao tema proposto ,as fontes são: livros, artigos, sites da internet, além disso, foram realizadas três entrevistas com produtores de hortaliças da cidade de Vila Rica MT, contendo seis perguntas todas relacionadas ao tema, sendo as respostas autorizadas para a divulgação neste trabalho.  Foram fotografadas plantações para visualização da produção, das ferramentas utilizadas, a fotografia é importante, pois muitas infomações conceituais podem ser desconhecidas pelos entrevistados, e através da mesma pode-se ter uma idéia melhor sobre a pesquisa.  A escolha foi feita dando ênfase a produtores que plantam para o mercado consumidor, além disso, foram escolhidos por estarem mais próximos da cidade, relacionando as discuções entre autores e entrevistados. Para o levantamento da economia durante o período colonial e imperial, serão utilizados como fonte de estudo dois autores: Caio Prado Júnior e Celso Monteiro Furtado que em seus trabalhos representam os aspectos econômicos da monocultura. Na parte que trabalha sobre a adubação verde as informações se baseiam nos textos rpresentes no site ruralnet.  São apresentada uma tabela que facilita a visualização de um exemplo de sistema de rotação de cultura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Perce-be se que, desde o inicio da colonização branca no Brasil, o sistema dominante foi o da monocultura de exportação e que neste sistema o uso de matéria orgânica é pouca utilizada como adubo, percebe-se também que a degradação do solo e meio ambiente vem deste período. Existe sim solução para uma agricultura sustentável, rotação de culturas propicia uma conservação melhor do solo além de não provocar desequilibrio na fauna, pois com a diversificação de plantas existe também uma diversificação da fauna, não deixando que ocorra uma superpolução de determinados insetos ou animais que comprometam a agricultura. A adubação verde propicia um melhoramneto na qualidade do mesmo, além de eliminar pragas daninhas, em relação á pesquisa de campo ficou claro que entre os três entrevistados, que existe propriedades que usam ainda adubação química, em menor expressão, usam mais adubo orgânico no caso esterco de vaca (nas três propriedades). A adubação verde é feita em uma das propriedades.  Em relação aos conceitos houve divergências e equívocos, além de algumas questões não serem respondidas por um dos entrevistados, por não ter conceito algum formado sobre as questões referentes. Verifica que dois dos entrevistados apresentaram conceitos que vão ao encontro da proposta de Francini sobre rotação de culturas, ou seja, o conceito esta bem definido, em relação as fotos percebemos que a três Chácaras estudadas possuem  diversificação da produção, mesmo que o proprietário da Chácara São Luiz não perceba provavelmente ele acacabe fazendo rotação de culturas inconscientemente. Já a chacara Alvorada perbemos plantações,  por exemplo, banana aos fundos da propriedade, provavelmente esse local futuramente poderá ser implantado o plantio de hortaliças, pecebe-se também a presença de partes com pequena vegetação natural que é usada como reserva e que também futuramente pode ser utilizada para o plantio, na chácara como foi dito pela entrevista temos o cultivo de milheto que aparece ao fundo da foto e de mucuna que segunda a proprietária é plantada de dois em dois anos, neste período é o momento que não possui o plantio, por isso, não aparecem nas fotos. Em relação as ferramentas utilizadas para auxilio observamos enxada, regadores, rastel,  todo  o processo de regamento dos canteiros é feito manualmente nas três propriedades. Como as fotos foram feitas no inicio do período das chuvas percebemos que em todas as propriedades pesquisadas possuem proteção sobre as  hortaliças, em relaçao as mais frágeis a chuva, mas em duas temos o uso de telas protetoras, em uma temos palhas de coqueiro.  Podemos formar um novo conceito: rotação de culturas é alternancia de cultivos de diferentes espécies em um mesmo local, e que os produtores não conhecem todas as vantagens do sistema de rotação de culturas. Verifica-se que em relação ao conceito de adubação os entrevistados todos tiveram um conceito, mesmo que fosse dando exemplos, podemos resumir o conceito em: melhorar a qualidade do solo. Em relação ao conceito de adubação verde as respostas divergiram, mas em Vila Rica, ficou claro que ja vem sendo utilizado o processo de adubação verde em duas propriedades das três entrevistadas e que as vantagens segundo os produtores estão relacionadas à qualidade do solo e não a valores de produção. Mesmo não sendo o tema de nossa pesquisa o resultado foi que o adubo orgânico mais utilizado foi o chamado “esterco de vaca”. 

1. BREVE LEVANTAMENTO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL

O que significa a palavra agricultura?

Agricultura é o conjunto de atividades que tem por finalidade preparar o solo para o cultivo de plantas úteis ao homem. É grosseiramente dividida como “culturas de pobre” que cultivam feijão, milho, mandioca e arroz e “culturas de rico” que cultivam cana-de-açúcar, café, soja, algodão e trigo. Pode ser classificada como: Agricultura antiga onde sua prática utiliza força humana e animal; Agricultura moderna que utiliza energia a vapor e eletricidade; Agricultura contemporânea que utiliza meios tecnológicos; Agricultura orgânica que utiliza métodos naturais de adubação e de controle de pragas; Agricultura sustentável que utiliza métodos para aumentar a produção diminuindo a degradação ambiental, está relacionada à agricultura orgânica. No Brasil, os principais produtos cultivados são: Café: Considerado a maior produção chegando a 15% da produção total mundial. Cana-de-açúcar: Além de produzir o açúcar, produz também o álcool. Soja: comestível que é fabricado a partir das sementes [1]

 Verifica na afirmação de Dantas que a agricultura dependendo do cultivo quem tem acesso é o agricultor de “grande porte”, como o caso da soja, pois exige mecanização, (altos investimentos), esse produto é destinado principalmente ao mercado externo, existe o plantio de plantas para a subsistência, nessa modalidade encontra-se a população que vive no campo sem tantas condições, pequenos produtores, estes são normalmente os que utilizam a agricultura sustentável, chamada de orgânica. Neste presente artigo a abordagem será feita no pequeno agricultor, pois é neste local que usa-se consideravelmente adubos sustentáveis.

A agricultura surgiu com os povos antigos (mesopotâmicos, egipicios) propiciando desta forma a sedentarização da população, aos poucos foi aumentando o número populacional, consequentemente a necessidadede produzir mais, surgindo novas técnicas para uma maior produção, foi criada a roda, o arado, foi introduzida técnicas como irrigação e sistema de rotação de cultura.

No Brasil com a chegada dos portugueses foi introduzida a agricultura canavieira, tipo esportação e monocultura, baseada no trabalho escravo, em 1534, aos poucos a produção passou para sê-la direcionada ao mercado externo: baseada na produção em grandes latifúndios, isso acarreta em danos ao meio ambiente e a economia do país fica subordinada a economia do exterior, pois uma crise em um dos países consumidores pode acarretar em crise interna, também (existia produção que não era para exportação, e sim para o consumo interno, mas essa foi muito pouca) normalmente no período colonial não se preocupavam com a preservação do solo, plantavam degradando o solo, quando o mesmo estava bastante empobrecido a atividade era estendida para outras localidades, não se preocupava no Brasil em ter recuperação do solo utilizando, por exemplo, adubação orgânica, neste caso do bagaço de cana ou dos estercos de vaca:

No trato da terra nada se fizera no sentido do melhor aproveitamento, resturação ou mesmo simples conservação natural do solo. O sistema de monocultuira e o espirito que anima o produtor rural são ditos os principais responsáveis, ela faz convergir para um único fim, com um objetivo de um máximo e momentâneo proveito, todas as atenções e esforços, vwedadeiro bombeamento dos recursos naturais do solo, “agricultura extrativa”, já foi ela denominada. A fatal separação entre a agricultura e a pecuária, corolário daquele sistema, e que constitui um dos traços mais característicos da economia rural da colônia, também foi funesta para o trato do solo, privando-o, como privou, do único elemento fertilizante que poderia dispor, o estrume dos animais, que era numeroso nos engenhos de açúcar[2].

Perecebe-se na afirmação de Prado Jr que mesmo nos engenhos tendo muito estrumos que poderiam ser usados como adubos assim não eram feito, pois o bjetivo era a exploração imediata, por isso não preocupavam com o solo. Os portugueses viam o Brasil apenas como uma colônia de exploração.

No século XIX a produção de café passou a ter destaque no ramo nacional, mas essa, assim como a cana teve destino mercado externo, a produção é bastante cara, dificultando a ingressão de pequenos produtores nesse cultivo:

Em matéria de organização, a lavoura cafeeira seguiu os moldes tradicionais e clássicos da agricultura do país: a exploração em larga escada, tipo plantação, fundada na grande propriedade monocultural trabalhados por escravos negros, substituidos mais tarde por trabalhadores assalariados. Contribuem para fixar esse sistema de organização as mesmas circunstâncias assinaladas para as demais culturas brasileiras. Reforçam-nas, aliás, agora, a tradição já formada no país e seu regime social; sem contar que o cafeeiro, sendo uma planta de reprodução retardada, exige para seu cultivo, maior inversão de capitais. Torna-se assim ainda menos acessível ao pequeno proprietário e produtor modesto[3].

Verifica-se que a produção cafeeira dificultava mais ainda o acesso ao pequeno produtor, sendo uma atividade que necessita altos investimentos, sendo da mesma forma que a cana de açúcar (plantada em forma intensiva), mas a cana em pouco tempo trazia

retorno, o café seu desenvolvimento é mais retardado, no período do café aumentou mais ainda as diferenças entre o exportador e o produtor de subsistência, pois as políticas de empréstimo estavam ligadas aos grandes produtores e não ao pequeno.

Nos dias atuais a soja, o algodão e o milho, são os principais produtos cultivados no Brasil, estes se cultivados intensamente pode degradar o solo:

A monocultura ou mesmo o sistema contínuo de sucessão do tipo trigo-soja ou milho safrinha-soja, tende a provocar a degradação física, química e biológica do solo e a queda da produtividade das culturas. Também proporciona condições mais favoráveis para o desenvolvimento de doenças, pragas e plantas daninhas[4].

Na citação deixa claro que a monocultura, pode acarretar em degradação do solo, o solo perde suas propriedades no decorrer do tempo, quando um cultivo permanece por muito tempo provoca desequilibrio na cadeia alimentar, pois muitos dos animais e insetos que se alimentavam da vegetação primária desaparecem permanecendo apenas as que se alimentam do cultivo, isso provoca um aumento dessa população que tornam-se pragas nas lavouras. O que fazer? continuar assim e usar adubos químicos? Usar adubos orgânicos? Mudar a prática de monucultura para o sistema de rotação de culturas? Serão apresentadas duas medidas que são consideradas sustentáveis para um bom rendimento econômico e ao mesmo tempo tornam a natureza mais equilibrada.

 

 

2. ROTAÇÃO DE CULTURA

Primeiramente vamos falar de rotação de culturas. Muito usada para que não ocorra empobrecimento acelerado do solo. Esse sistema teve origens nas sociedades primitivas. O que é rotação de cultura? Segundo Francini, consiste na alternância ordenada de diferentes culturas, em um determinado espaço de tempo (ciclo) em uma mesma área e mesma região[5]. Percebe-se na afirmação de Francini que rotação é a técnica de conservação, consiste no plantio alternando diferentes espécies, ou seja, que necessitam de diferentes tipos de nutrientes, este manejo tem que ter propósito de recuperação do solo, mas ao mesmo tempo têm que propiciar lucro ao agricultor. “Nas regiões dos Cerrados predomina a monocultura de soja entre as culturas anuais. Há a necessidade de introduzir, no sistema agrícola, outras espécies, de preferência gramíneas, como milho, pastagem e outras”[6]. Além dessas espécies vegetais a horticultura pode ser uma saída, por isso, a pesquisa abrange as hortaliças de Vila Rica MT.

   Abaixo veremos fotos das propriedades estudadas nesta pesquisa:

 

       

Chácara Alvorada Vila Rica MT                                    Chácara Boa Esperança

 

Chácara São Luiz

Para o primeiro entrevistado Antônio Altair Himeding, rotação de cultura consiste em “diversificar os plantios, planta uma vez uma verdura e depois outra” [7] perguntado se o mesmo usa em sua propriedade, respondeu que sim e sempre vai utilizar. Para o segundo entrevistado, neste caso entrevistada Neiva Maria Ballen,  consiste em “rotatividade de plantios, planta uma vez uma verdura e depois outra”[8] a mesma disse que já usa em sua propriedade. Para o terceiro entrevistado Antônio Emilio Harter, proprietário da chácara São Luiz, o conceito é descohecido[9].

2.1 Quais as vantagens que propicia a rotação de cultura?

As vantagens da rotação de culturas são inúmeras. Além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, se adotada e conduzida de modo adequado e por um período suficientemente longo, essa prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos e ajuda a viabilização do Sistema de Semeadura Direta e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o ambiente como um todo[10].

 Verifica-se que com o sistema de rotação de cultura naturalmente temos uma diversificação da produção, trazendo ganhos, pois, como vimos anteriormente neste artigo a monocultura propicia que um país fique economicamente “preso” em relação a uma cultura agrícola, já com várias culturas uma crise em relação a um determinado cultivo não afeta todo o processo produtivo, além de suprir as demandas em relação a alimentação. Quando o agricultor troca uma plantação, por exemplo, de soja, por uma de milho, ocorre uma rotação de herbicidas e inseticidas, pois as pragas que atacam diferem conforme a cultura agrícola, assim haverá uma quebra no ciclo de vida destas espécies.

Quando questionado em relação às vantagens da rotação de cultura as respostas dos entrevistados foram respectivamentes essas: primeiro entrevistado, “prevenção de doenças nas plantas”. Segundo entrevistado, “recupera o solo”. O terceiro não soube responder.

Para obtenção de lucro o que o agricultor têm que fazer? Não basta apenas diversificar a agricultura ou alternar, mas o produtor tem que continuar com o manejo do solo, deverá continuar utilizando as demais tecnologias como técnicas específicas para controre de erosão; as sementes têm que ser selecionadas, a época da semeadura tem que ser adequada a cada cultivo, a prática de adubação tem que continuar, ou seja, a rotação de cultura melhora a conservação, mas isso não implica na degeneração do solo, apenas retarda este acontecimento.

A escolha da cobertura vegetal do solo deve, sempre que possível, ser feita no sentido de obter grande quantidade de biomassa. Plantas forrageiras, gramíneas e leguminosas, anuais ou semiperenes são apropriadas para essa finalidade. Além disso, deve se dar preferência a plantas fixadoras de nitrogênio, com sistema radicular profundo e abundante, para promover a reciclagem de nutrientes[11].

Verifica que para fazer o sistema de rotação de cultivo o agricultor tem que possuir conhecimento sobre as propriedades das plantas e dos solos. Muitos agricultores plantam depois da colheita por exmplo da soja, o chamado milho safrinha, que propicia lucro e alterna as espécies plantadas, favorecendo na conservação do solo. Exemplo de como deve ser trabalhada uma terra em um sitema de rotação de cultura: Dividimos uma determinada terra em seis partes, e deverá ser plantada cinco espécies vegetais distintas, no primeiro ano será plantada as espécies em cinco partes, uma parte ficará em repouso, no segundo ano poderá uma das partes destinadas ao plantio ficar em repouso, e a que estava em descanso será introduzida a plantação, as demais trocadas entre si.

 

 

 

 

 

 

Esquema prático: Tabela 1 Rotação de cultura

 

Partes da terra

   ANO

 

I

II

III

IV

V

I

 

Espécie plantada

A

B

C

D

E

II

B

A

D

E

descanso

III

C

D

E

descanso

B

IV

E

C

descanso

B

A

V

D

descanso

B

A

C

VI

descanso

E

A

C

D

Fonte: Rocha, Roberto Carlos.

O sistema de Rotação de cultura pode também ter períodos mais prolongados do que o anual, mas a sua eficácia diminui, sugere-se que não ultrapasse há dois anos interrupto em uma mesma parte da terra.

Portanto o sistema de rotação de cultura propicia melhor conservação do solo, e assim diminuindo a quantidade de fertilizantes quimicos introduzidos nas plantações, sendo uma boa alternativa para a agricultura chamada sustentavel.

 

3  ADUBAÇÃO

Primeiramente temos que entender o conceito de adubação e qual sua função na propriedade agrícola:

O que significa adubar? Uma planta é fornecer matérias primas nutrientes para que a mesma possa usar no processo da fotossíntese, e produzir o seu alimento. A planta, como qualquer outro ser vivo, tem de se alimentar e isto acontece a partir do processo de fotossíntese. Quando adubamos uma planta, nada mais estamos fazendo que colocar um estoque de matérias primas nutrientes disponíveis no solo, para que a mesma possa usar no processo da fotossíntese e consequentemente produzir o seu alimento. Adubar rotineiramente uma planta proporciona à mesma uma resistência às pragas e doenças e mantém uma aparência vigorosa e saudável[12].

Para o primeiro entrevistado adubação é “esterco de curral e adubação química”. Para o segundo entrevistado, neste caso entrevistada adubação é “preparar o solo e colocar o esterco, deixar aproximadamente dez dias o adubo curtir”. Para o terceiro entrevistado adubar é “melhorar as propriedades da terra”.

Verifica-se que adubar para o autor acima significa fornecer suportes de nutrientes que determinada área já não possui mais, ou que desde origem já possui muito pouco, estes nutrientes auxiliam a planta realização da fotossíntese, no qual neste processo a planta produz seu alimento. Então adubar é necessário para que possamos ter uma plantação sadia e principalmente lucrativa. Percebe-se que o  primeiro entrevistado citou exemplos, não conseguiu realizar um conceito definido, a segunda entrevistada apontou um conceito definido, usando exemplos de adubação, o último entrevistado também teve um conceito definido. Percebe-se que o conceito de adubação no geral é bem identificado entre os produtores entrevistados.  Citaremos abaixo dois tipos de adubação: verde e química:

 

 

 

3.1 CONCEITOS DE ADUBAÇÃO VERDE

A adubação verde é um sistema que já vem sendo utilizado pelos produtores agrícolas há muito tempo, em diversas regiões do mundo, com o intuito de melhora das propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos que são usados, esse sistema é anterior á utilização da adubação química, o seu surgimento remonta da História Antiga, surgindo no continente asiático. Veremos a seguir um trecho que faz referência à isso:

A adubação verde é uma prática agrícola utilizada há mais de 2.000 anos por chineses, gregos e romanos, para aumentar a produção das lavouras. No Brasil, os primeiros estudos foram realizados no Instituto Agronômico (IAC), no Estado de São Paulo, sendo obtidos resultados muito positivos, em que o “efeito melhorador dos adubos verdes” foi evidente[13].

Percebe-se que na China foi o local de origem desse sistema chamado de adubação verde e que já vem sendo utilizado por mais de 2000 anos, isso mostra que possivelmente naquele período tínhamos já a solos fragilizados ou que precisava de uma “ajuda” extra.

Adubação verde consiste em plantar em determinadas partes das propriedades plantas leguminosas que venham principalmente incorporar ao solo o nitrogênio que as mesmas captam do ar.

Para o primeiro entrevistado adubação verde consiste em “esterco e resto de plantas”o mesmo quando perguntado se usava adubação verde respondeu que sim, esterco de curral. Já a segunda disse que consiste em “plantação de espécies como mucuna e milheto, deixar formar e incorporar ao solo” a mesma deixou claro que usa em sua propriedade o plantio de Mucuna e de milheto. Já o terceiro não sabia oque significa.

Quais as vantagens da adubação verde?

Aadubação verde pode propiciar muitos ganhos para o solo, para Calegari 1993, os efeitos são: aumenta o teor de matéria orgânica, ocorre uma maior disponibilidade de nutrientes, ocorre uma capacidade mais elevada de troca de cátions efetiva do solo, favore a produção d e ácidos orgânicos, que são fundamentais para a solubilização de minerais, também diminui os teores de Al trocável através de sua complexação, além do incremento da capacidade dos solos de reciclar e mobilizar nutriente lixiviados ou até mesmo, pouco solúveis que estejam em camadas mais profundas.

Para os entrevistados: “não possui produtos químicos”. “recupera o solo é mais eficiente que a adubação química”. “absorve nutrientes do solo”.

Algumas plantas também retira das partes mais profundas os nutrientes para as partes menos profundas, cobre o solo com massa verde, além de eliminar nematódeos (vermes cilindricos) prejudicam a planta será apresentado a seguir as características desses parasitas que tanto assolam as propriedades brasileiras sendo elas de grande ou pequeno porte:

Nemátodes fitoparasíticos podem ser ecto- ou endo-parasitas; todos têm estiletes, mas enquanto alguns se mantêm no solo, com apenas o estilete no tecido vegetal, outros enterram a cabeça na planta e alguns entram na planta por inteiro, o que geralmente provoca um inchaço ou uma galha. As galhas são estruturas vegetais deformadas pela presença do verme, dentro das quais o verme se desenvolve e pode sobreviver por muito tempo quando dessecado[14].

 

Os danos causados pelos nematóides são principalmente: redução no desenvolvimento das plantas que ficam com todos os órgãos com tamanho reduzido, necrose nas folhas e raízes, tubérculos e bulbos mal formados, coloração anormal em folhas e flores. Além disso, deprecia o valor econômico dos vegetais. Os nematóides parasitas de plantas mais comuns são: Meloidogynesp, Pratylenchussp, Radopholussimilis e Aphelenchoides SP.

Esse verme ataca soja, cana de açúcar entre outras culturas agrícolas, prejudicando no desenvolvimento das atividades e na obtenção do lucro. São características de uma planta atacada por nematóides: diminuição em seu tamanho,ficam com seus tubérculos e bulbos mal formados, com cor diferente nas folhas e flores.

 

 

3.2 EXEMPLOS DE PLANTAS QUE PODEM SER USADAS COMO ADUBAÇÃO VERDE

Essas plantas que auxiliam na adubação do solo podem ser cultivadas antes ou junta à cultura pretendida, citaremos abaixo exemplos de leguminosas que são muito usadas no sistema de adubação verde: Crotalária; Feijão de Porco, Gandu, Leucema, Mucuna – Preta, Mucuna Anâ.

Essas plantas podem ser usadas em associação a outras culturas como a do milho, podem ser usadas também em sistema de rotação e em terras em descanso, veremos agora a utilidade dessas leguminosas citadas acima:

 

 

 

CROTALÁRIA

 

 

Crotalária - o nome dessa planta se refere ao som do chocalho das vagens secas, parecendo o da Cascavel. Essa categoria de leguminosa é dividida em mais de quinhentas e cinquenta espécies, sendo grande parte planta herbáceas sendo anuais ou perenes algumas são arbustivas, possuem flores muitas amarelas, às vezes estriadas em vermelho, dispostas em racemos vistosos[15]. É muito usada na adubação verde por serem plantas que exige pouco do solo e que possuem grande potencial de fixação biológica de nitrogênio. O principal uso das crotalárias é na adubação verde e cobertura do solo por serem plantas pouco exigentes e com grande potencial de fixação biológica de nitrogênio. Algumas espécies são usadas no controle dos nematóides em canaviais, outrasproduzem fibras como é o caso da C. Juncea, sendo usada na confecção de cestas, tapetes, sacos e cordas, essa planta possui um teor de cinza muito baixo, sendo sua fibra usada também na confecção de lenços de papel, e de papéis de cigarro.

 

 

 

FEIJÃO DE PORCO

O chamado feijão de porco possui nome especifico e características próprias: o seu nome especifico é Canavalia ensiformes (L), sendo uma leguminosa,seu ciclo vegetativo é anual, sendo uma leguminosa herbácea, sendo uma vegetação rasteira, essa planta se desenvolve em qualquer tipo de solo, desde que bem drenados, em relação a temperatura é bastante resistente ao clima quente, principalmente a secas, já em relação ao clima frio possui resistência média, uma das vantagens é de ser muito resistente às cigarrinhas. Não é muito indicado ao pastoreio, pois se os animais ingerirem suas vargens em grande quantidade se torna muito tóxicas. Sua forma de plantio pode ser consorciada, por exemplo, com o cultivo do café ou do citrus, muito usado na adubação verde de forma solteira ou culturas perenes[16].

Em relação ao plantio deve ser feito com plantadeira, manual, matraca, ou seja, qualquer pequeno agricultor que não tenha acesso á alta tecnologia pode usar técnicas mais antigas como o uso da matraca. Dependendo do solo é necessário apenas que seja corrigida á acidez com calagem, a época do plantio deve ser feito em épocas chuvosas, é indicada no plantio adubação fosfatada, as covas devem ter aproximadamente 3,0 cm, o solo deve ser preparo observando que seja descompactado diminuindo os torros e nivelando o mesmo. O tempo que leva para essa leguminosa chegar à fase adulta é cento e vinte dias. A produção pode chegar a vinte e cinco toneladas por hectare. Abaixo veremos a tabela que resume as características desta planta:

Percebe-se que o chamado feijão de porco é muito resistente a temperatura, resiste tanto a seca quanto á altas temperaturas, mas seu desenvolvimento é lento, sendo suas vargens tóxicas se consumidas em grandes quantidades, suas sementes serve a alimentação humana.

 

 

ESPÉCIE: FEIJÃO GUANDU ANÃO

Outra espécie que pode ser utilizada na adubação verde é o chamado Feijão Guandu Anão, no qual seu nome especifico é Cajanus Cajan da família das leguminosa, suas folhagens produzem muita massa verde, sua altura pode chegar por volta de 1,5 metros, seu hábito de crescimento é arbustivo e ereto, sendo seu ciclo até o florescimento entre 90 a 120 dias, época para cultivo deve ser feito entre os meses de setembro e dezembro.  Existem grandes vantagens no plantio desta espécie, por exemplo, o porte baixo e ciclo anual, o seu sistema radicular é robusto, podendo esta planta penetrar em solos muito compactados e adensados, a massa vegetal produzida é muita, pode ser utilizada nas entre linhas dos pomares, também é recomendado como forrageiras para os animais se alimentarem[17].

Verifica que essa cultura pode ser usada em locais que os solos sejam compactados, isso transforma esse vegetal importantíssimo como forrageira.

 

 

MUCUNA PRETA:

Outra espécie que pode ser usada na adubação verde é a mucuna preta: o nome especifico é MucunaAterrima, também é uma leguminosa, produz massa verde maior que o Guandu Anão, a sua altura fica entre 0,5 e 1 metro de altura, seu hábito de crescimento é trepadeira, o seu ciclo até o florescimento também é maior do que o do Guandu, variando entre cento e cinqüenta e cento e oitenta dias. Aépoca ideal para o plantio desta espécie é entre outubro a novembro. Existe muitas vantagens nesta planta além de produzir grande folhagens que podem ser utilizada na adubação verde, ela é má hospedeira de nematóides, e, além disso, exige pouco do solo[18].

Verifica-se que a grande vantagem dessa planta é que ela não é ótima hospedeira de nematóides, isso é um ganho considerável á produção.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebemos que, apesar de, desde o inicio da colonização do Brasil  temos uma agricultura de exportação, mesmo assim, podemos ter uma produção de alimentos sustentável, basta termos interesse em buscar alternativas que não afetem tanto o meio ambiente, vimos que a rotação de cultura e a adubação verde são muito importantes. São inúmeras as vantagens da rotação de cultura para o agricultor: proporciona uma diversificação na produção de alimentos de um país, Estado e cidade, ou seja, a localidade onde se situar esta produção terá mais produtos diferentes em seu mercado, propiciando vantagens ao consumidor, este sistema também ajuda no controle das pragas daninhas, repõe matéria orgânica, ajuda na dimnuição da lixiviação ( lavagem do solo). Percebemos que é viável essa forma de cultivo. As plantas que são usadas na adubação verde são espécies que possuem boa resistência a solos compactados e climas quentes, além de produzirem grande quantidade de massa verde que pode ser usada como pastagem no caso de algumas espécies. Essas plantas são resitentes aos danos causados pelos nematóides que são principalmente: redução no desenvolvimento das plantas que ficam com todos os órgãos com tamanho reduzidos, necrose nas folhas e raízes, tubérculos e bulbos mal formados, coloração anormal em folhas e flores. Portanto verifica-se que podemos sim ter uma agricultura sustentável, que preserva o solo e propicia lucro ao produtor. Em Vila Rica os produtores de hortaliças estão praticando a adubação verde e rotação de cultura, os mesmos possuem conhecimento mesmo que não seja cientifico sobre o assunto.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.celsobonsai.hpg.com.br/adubfert.htm acesso em 12 - 04 – 2011.

http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/leguminosas/crotalaria.html0 acesso em 10 - 4 – 2011.

http://www.pirai.com.br/capa.asp?acao=pr_contexto&id=12&titulo=Feijão Guandu Anão&destino=Produtos acesso em 12 – 04 2011.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Nematoda) acesso em 10 – 04 – 2011.

http://www.tudosobreplantas.com.br/plantas/Crotalaria_juncea.htm  acesso em 10 – 04 – 2011.

http://www.ruralnet.com.br/leguminosas/feijaodeporco.html  acesso em 10 – 04 - 2011

Antônio Altair Himeding, proprietário da Chácara Alvorada entrevista cedida em 07 – 10 – 2011.

 Neiva Maria Ballen, esposa do proprietário da Chácara Boa Esperança, entrevista cedida em 07 – 10 – 2011.

 Entrevistado Antônio Emilio Harter, proprietário da chácara São Luiz entrevista  cedida  em  07 – 10.

 Disponível http://pt.wikipedia.org/wiki/Rota.



[1]   DANTAS .  Agricultura.  Disponível em http://meuartigo.brasilescola.com/geografia/agricultura.htm

[2] PRADO Jr.1998, P.88.

[3]  Ibdem  P.165 – 166

[4]  Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Rota.

[5]  FRANCINI. Rotação de culturas: prática que confere maior sustentabilidade à produção agrícola no Paraná. Acesso em http://www.ipni.com.br/ppiweb/brazil.

[6]  Disponível  em http://pt.wikipedia.org/wiki/Rota

[7]  Antônio Altair Himeding, proprietário da Chácara Alvorada.

[8]  Neiva Maria Ballen, esposa do proprietário da Chácara Boa Esperança.

[9]  Entrevistado Antônio Emilio Harter, proprietário da chácara São Luiz.

[10]   Disponível http://pt.wikipedia.org/wiki/Rota

[11]  Disponível  em http://pt.wikipedia.org/wiki/Rota.  

 [12]  Disponível http://www.celsobonsai.hpg.com.br

[13] BARBOSA 1. KIKUTI 2. POTENCIAL PRODUTIVO E BENEFÍCIOS DE CROTALÁRIAS: divulgação e atividades a campo. Disponível em http://periodicos.uems.br

[14] Disponível em:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Nematoda

[15] Disponível em: http://www.cnpab.embrapa.br.

[16] Disponível em (http://www.ruralnet.com.br.

[17] Disponível em: http://www.ruralnet.com.br.

[18] Disponível em http://www.ruralnet.com.br.