PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NA CONSCIENTIZAÇÃO DE ADOLESCENTES SOBRE ANOREXIA E BULIMIA

AUANY FERNANDES MONTEIRO*¹

MICHELLE BERNARDES MALTA*¹

BERENICE BOLZANI *²

RESUMO

O presente artigo justifica-se como uma pesquisa bibliográfica a respeito da atuação do psicólogo da área da saúde em conjunto com a psicologia escolar, para que haja dentro das escolas uma maior conscientização com os adolescentes sobre os transtornos alimentares, anorexia nervosa e bulimia. Uma vez que a adolescência segundo Papalia; Olds; Feldmam (2006) é uma fase de transição, de novas descobertas e de intensos conflitos devido à formação da identidade, esta fase é marcada pela formação de grupos que auxiliam na formação das representações sociais. Estas influenciam diretamente na formação da imagem corporal nessa fase o que pode culminar nos transtornos alimentares, anorexia e bulimia, que mais acometem esse público.  Dessa forma o psicólogo, junto com uma equipe multidisciplinar, torna-se peça fundamental para prevenção e se necessário, no tratamento.

I – INTRODUÇÃO

            Este artigo baseou-se numa pesquisa bibliográfica sobre a psicologia escolar, a psicologia na área da saúde e suas implicações no auxilio da prevenção e no tratamento de transtornos alimentares, especificamente a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, na adolescência.

            Uma vez que adolescência é um período de transição entre a infância e a fase adulta, este período marca-se por mudanças físicas e psicológicas que vão auxiliando na formação da personalidade e na identidade do ser humano. É marcado também pela formação de grupos, em que buscam agradar ao outro para tornarem-se parte e assim se identificar. Dessa forma vão entrando em contato com novos conceitos e formando suas representações sociais.

            Houve enfoque na pesquisa a respeito da conscientização dos transtornos alimentares, anorexia nervosa e bulimia nervosa, uma vez que estes tem início principalmente na fase descrita anteriormente, a adolescência.

            Buscou-se então definições e práticas da psicologia na saúde e escolar, para integrar uma a outra, trazendo a conscientização sobre esses transtornos para a área escolar. Área essa em que o jovem adolescente disponibiliza grande parte do seu tempo e onde há maior formação dos grupos para essa fase da vida.

II – REFERENCIAL TEÓRICO

Papalia; Olds; Feldmam (2006) definem a adolescência como longo período de transição no desenvolvimento entre a infância e a idade adulta que envolve grandes mudanças físicas, cognitivas e psicossociais inter-relacionadas, durando aproximadamente 10 anos, dos 11 ou 12 anos até pouco antes ou depois dos 20 anos. Seu ponto de início ou de término não é claramente definido, considera-se que a adolescência começa com a puberdade, processo que conduz à maturidade sexual ou fertilidade. Na adolescência a aparência dos jovens muda, como resultado dos eventos hormonais da puberdade, adquirindo corpos de adultos. Seu pensamento também muda, sendo capazes de pensar em termos abstratos e hipotéticos. Os sentimentos mudam sobre quase tudo. Todas as áreas de desenvolvimento convergem à medida que os adolescentes confrontam sua principal tarefa: formar uma identidade - inclusive uma identidade sexual - que será levada à idade adulta. 

A adolescência é envolvida por constantes conflitos de identidade, devido à falta de ritos de passagem que nos dias atuais estão inexistentes. Diante disso podemos observar crianças que tentam agir precocemente como adultos, devido à convivência social e a influencia da mídia.

A busca de identidade, que Erikson (1950) definiu como a confiança em nossa continuidade interior em meio à mudança, entra em foco durante os anos de adolescência. O desenvolvimento cognitivo dos adolescentes agora lhes permite construir uma "teoria do Self” (ELKIND, 1998). Como salientou Erikson (1950), o esforço do adolescente para compreender sua identidade não é "um tipo de enfermidade do amadurecimento". Ele faz parte de um processo saudável e vital baseado nas realizações dos estágios anteriores - na confiança, na autonomia, na iniciativa e na produtividade - e estabelece as bases para enfrentar as crises da vida adulta (PAPALIA; OLDS; FELDMAM, 2006).

Essa construção da identidade varia muito de cultura para cultura, sendo então uma discussão complexa para a Psicologia, devido a essa instabilidade e individualidade dessa respectiva fase. Tanto que é uma área de estudo recente.

As crianças que são estimadas pelos amigos tendem a ser bem adaptadas na adolescência. Aquelas que têm dificuldade de relacionamento com os amigos são mais propensas a desenvolver problemas psicológicos, a abandonar os estudos ou a tornarem-se delinquentes (HARTUP, 1992 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAM, 2006).

A adolescência, ainda segundo Papalia; Olds; Feldmam (2006), é uma época de oportunidades e de riscos. Os adolescentes estão no limiar do amor, da vida profissional e da participação na sociedade adulta. Mas a adolescência também é uma época em que alguns jovens comportam-se de maneira que excluem opções e limitam suas possibilidades. Podendo ser considerada por muitos, como uma “fase de rebeldia”.

O problema da origem, natureza e desenvolvimento do EU, segundo Morrish (1975), é um problema central em Psicologia, Filosofia e Teologia, assim como nos campos da psicologia social e da Sociologia. Os modelos do EU do homem, ou personalidade, equivalem, em última análise, a descrição corrente da atividade e função do homem, os papéis que ele desempenha e a modificação de suas atitudes e comportamento, através da socialização e educação. Como disse Durkheim, “O homem só é homem, de fato, porque vive em sociedade”.  O homem descobre-se a si mesmo à medida que descobre a sociedade. Em termos sociológicos, não existe qualquer pressuposto de que o homem é bom ou mau, ele é simplesmente um ser com certas potencialidades, que são despertadas numa variedade de direções, nas relações com outras pessoas.

O self nessa fase do desenvolvimento está em construção, explicando a fase conflituosa que o adolescente se encontra, pois não se compreende ainda como um ser total.

Em relação à formação de grupos Offer; Church (1991) dizem que a idade torna-se então um poderoso agente de ligação na adolescência. Os adolescentes passam mais tempo com os amigos e menos com a família. Entretanto, os valores fundamentais da maioria dos adolescentes permanecem mais parecidos com os de seus pais do que geralmente se percebe. Mesmo quando os adolescentes buscam a companhia e a intimidade com seus pares, Laursen (1996) diz que eles ainda procuram nos pais uma "base segura" da qual possam experimentar suas asas. A preocupação com a imagem corporal ditada pelos grupos e pela mídia, vista como sendo a aparência que buscamos ter, passa a ser importante próximo ao final da terceira infância, especialmente para as moças, e pode dar origem a transtornos alimentares que se tornam mais comuns na adolescência (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).

Os distúrbios alimentares comuns dessa fase envolvem a ingestão de muitas calorias e hábitos alimentares ruins, tendo uma dieta geralmente rica em colesterol e carboidratos e uma vida na maioria dos casos, sedentária. Este acumulo de gordura torna-se um dos fatores que desencadeiam a obesidade nessa fase da vida do individuo podendo torná-lo um adulto obeso.

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