PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA A CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL


Antônio Diego Almeida de Morais


RESUMO
Esse artigo tem como objetivo discutir o processo da aquisição da escrita, por meio de uma pesquisa bibliográfica, que tem como fundamentação teórica principal as leituras de Almeida (2009), Ferreiro e Teberosk (1999) e Stampa (2009) e de uma pesquisa empírica contemplando as práticas pedagógicas utilizadas pela docente para sanar e/ou diminuir os efeitos das dificuldades das crianças da turma do primeiro ano do Ensino Fundamental, da Escola Alegria de saber, Ribeira do Pombal - BA. Com o propósito objetivo de caracterizar as dificuldades em relação à escrita e as intervenções pedagógicas que são usadas pela professora, utilizou-se da observação da escrita das crianças através de suas assinaturas em uma lista e atividades executadas no livro didático, além de questionário direcionado à professora em busca das repostas aos anseios descritos. Assim pode-se confrontar se a professora utiliza práticas coerentes as dificuldades das crianças, se leva em conta o desenvolvimento cognitivo e os conhecimentos oriundos de contatos anteriores com a escrita. Esse estudo justifica-se na curiosidade de compreender os processos do desenvolvimento do código e como a professora media as aprendizagens no enfretamento das dificuldades que a escrita traz. Entende-se a escrita como um processo contínuo e que ocorre para cada criança numa sequência e que definir erros na escrita não é simples. Deve-se a princípio, conhecer a realidade da criança e como esta se insere no mundo letrado.

Palavras-chave: Aquisição da Escrita; Dificuldades; Alfabetização; Práticas Pedagógicas.



INTRODUÇÃO

A aquisição da escrita pela criança é um processo, e como tal leva tempo. Entender esse processo é fascinante e desafiador. Compreender as dificuldades que surgem nesse trabalho faz do professor um observador tanto dos alunos quanto da sua prática pedagógica, a qual busca-se melhorar e reparar falhas.
O presente artigo descreverá de forma concisa as dificuldades da escrita e as práticas pedagógicas na turma do primeiro ano do Ensino Fundamental, do ano de 2010, da Escola Alegria de Saber, situada em Ribeira do Pombal ? BA.
Descobrir quais as dificuldades da escrita numa sala de aula, é uma tarefa muito necessário na prática docente. O professor que conhece sua turma e suas dificuldades poderá inventar e reinventar sua prática em busca de objetivos e metas por ele estipulados.
Por meio da investigação, observação e análise, o professor será capaz de definir seus métodos e objetivos no planejamento das atividades. Portanto, não se pode definir método e metas se não conhecer a realidade na qual está inserido.
Com o princípio de conhecer a realidade da alfabetização, o estudo desse artigo, propõe-se a definir as principais dificuldades relacionadas à escrita por parte das crianças, além da análise da práxis docente. Entre os objetivos da pesquisa, compreende-se identificar quais as dificuldades na aquisição da linguagem escrita, enfrentadas pelas crianças da turma estudada e definir as metodologias e intervenções pedagógicas utilizadas pela professora, com o intuito de sanar ou diminuir as dificuldades neste processo de desenvolvimento da escrita.
Desta inquietação, surgem hipóteses a serem esclarecidas: se o professor utiliza a prática coerente as dificuldades que as crianças possuem; se considera o desenvolvimento cognitivo da criança no processo de alfabetização; e se leva em consideração o conhecimento anterior, oriundo da Educação Infantil, no desenvolvimento da escrita do código.
A importância desse estudo está em contribuir para a pesquisa científica, ao levantar questões entre as dificuldades na escrita e as práticas pedagógicas usadas no enfretamento dessas. Para isso Utilizou-se de pesquisa bibliográfica e de campo no confronto da prática com a teoria.
Este artigo está dividido em seções. Na primeira descreve-se aspectos relevantes sob a apropriação da escrita. Na segunda aborda-se a análise e discussão de dados. Essa seção subdivide-se em duas: na primeira fora feito um estudo da escrita e dificuldades das crianças da turma supracitada, utilizando-se de lista frequência e atividades feitas no livro adotado pela escola e na segunda analisou-se a professora e sua prática pedagógica, por meio de questionário e observação para esse fim.


1 AQUISIÇÃO DA ESCRITA

A alfabetização é algo contínuo ao longo da vida escolar, porém no primeiro ano do Ensino Fundamental torna-se mais evidente e, é nesta fase que ocorre a aquisição da escrita ou pelo menos o início desta.
Almeida (2009) nos aponta que a alfabetização é um processo contínuo e que não termina nunca, pois, segundo ele estamos sempre sendo alfabetizados, só que de formas diferentes.
O que se propõe na atualidade é um trabalho que vá além da memorização de regras, códigos e exercícios de cópias, num ato de alfabetizar e letrar as crianças. O programa de formação continuada de professores dos anos/séries do Ensino Fundamental (2007), do Ministério da Educação e Cultura, aponta que as mudanças na alfabetização, devem-se aos estudos revolucionários de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, que apontaram que o ensino não se limita a correspondência entre grafemas e fonemas, e sim, aos contatos da criança com a escrita, onde esta constrói e reconstrói hipóteses na tentativa de compreender a língua escrita. As autoras trouxeram novos conceitos para a educação no Brasil.
Um fator de grande importância na aquisição da escrita é a possibilidade da criança vivenciar livros, textos, e outros materiais antes da alfabetização. Segundo Stampa (2009) crianças que conviveram anteriormente com livros e leitores, terão mais facilidade na aprendizagem da leitura e escrita. O programa de formação continuada de professores dos anos/séries do Ensino Fundamental (2007), também mostra a importância desse contato com a escrita antes mesmo de compreendê-la. O Parâmetro Curricular Nacional de língua portuguesa (1997) orienta as correspondências do que se fala e do que se escreve, onde o aluno precisa de duas situações da epilinguística que é ler e escrever, mesmo quando ainda não saiba fazer os dois, contemplando assim o letramento.
Ferreiro e Teberosky (1999) entendem a escrita como um processo na vida da criança, por seguir uma linha com características que vão mudando de acordo com sua evolução, no qual a criança entende seu valor e função à medida que sua atenção volta-se ao objeto, que segundo as autoras, é o seu conhecimento. A evolução no desenvolvimento do código escrito deve superar a relação grafema- fonema. Segundo Stampa (2009), existem palavras que são escritas da forma como são ditas, mas essa não é uma regra fixa e isto gera muita confusão na escrita dos alunos que estão sendo alfabetizados.
No primeiro ano do Ensino Fundamental é possível observar as dificuldades na aquisição da escrita. Muitos professores consideram erros ortográficos, mas para a criança são formas que aprendeu ou imagina. Definir os "erros" em dislexias e disgrafias torna-se imaturo diante do processo que é a alfabetização. Os ditos erros são as hipóteses que as crianças usam na tentativa de escrever, portanto o professor deve atentar-se a este fato durante sua avaliação.
Almeida (2009) afirma que "as competências para ler e escrever surgem a partir de um processo de organização. Essa organização escolar depende muito da referência que o professor transmite à criança. Cuide para que o aluno perceba sua organização neste sentido". Logo, percebe-se o quanto a relação professor-aluno interfere no desenvolvimento da leitura e escrita, e que, a compreensão do aluno sobre a organização do trabalho é fundamental nesse processo evolutivo de aquisição.
Não pensar no aluno durante os trabalhos referentes à escrita, torna-se uma falha do professor. Este deve, como nos diz Freire (1996), criar uma relação de intimidade entre os conteúdos curriculares os saberes que o aluno, ser sócio-histórico-cultural, possui. Assim, considera-se o aluno um ser ativo e pensante dentro do ambiente escolar.
Entender o processo da aquisição da escrita requer estudo e comprometimento do professor. Para melhor elucidar este estudo, no próximo tópico, trataremos da pesquisa realizada na Escola Alegria de Saber, com a turma e a professora do primeiro ano do Ensino Fundamental.




2. ESTUDO DE CASO: ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

2.1 Turma do primeiro ano da Escola Alegria de Saber

O estudo proposto foi realizado na Escola Alegria de Saber, localizado na Rua Benedito Borges Costa, nº 140, centro, na cidade de Ribeira do Pombal, Bahia, do ano de 2010, onde se observou e analisou durante oito horas a turma do primeiro ano do Ensino Fundamental, no intuito de descrever suas dificuldades de aprendizagem em relação à escrita.
A faixa etária compreende crianças com idade entre seis e sete anos, sendo que todas cursaram a Educação Infantil, fato relevante ao se tratar do processo de alfabetização. Fora feito a observação da escrita das crianças através de um exercício no livro didático, (anexo 1), também se pediu que as mesmas escrevessem seu nome completo numa lista de frequência (anexo 2). Um fato curioso que chamou a atenção foi a existência de um aluno com deficiência auditiva e esse apesar de não ouvir nada, consegue se comunicar muito bem através de leitura labial e por meio de gestos, tanto com a professora quanto com os colegas.
Na análise do exercício, com relação à leitura do texto, notou-se que as crianças conseguem formar sílabas e logo palavras, partindo das partes para o todo, também se observou que estas, geralmente, fazem uma leitura com os lábios sem a emissão de sons, para depois conseguirem formar a palavra, fazerem a leitura oral. Elas analisam a palavra foneticamente, o que às vezes causam erros na escrita, devido à sonorização de algumas palavras com termino em "o" que podem ser escritas com "u", fato atribuído à forma como falam; isso também ocorre com as letras "e" e "ê"; "r" e "rr"; "j" e "g"; "b".
Stampa (2009) diz que:


[...] a apropriação da linguagem escrita pela criança é um processo duradouro porque, conforme vai crescendo a sua consciência fonológica aparada pela educação adequada, com certeza passará a escrever ortograficamente correto, mas devemos considerar que é uma aprendizagem que se estende pela vida de cada indivíduo.


Percebe-se que a escrita depende de uma maturação fonêmica, sendo mediada pela educação, que demanda tempo e que ocorre de acordo com cada indivíduo que a escola alfabetiza, e posteriormente, o acompanha ao longo dos anos de estudos. A autora ainda explicita que à medida que se compreende a sequência fonológica, a criança entenderá a relação que som mais letra é igual à palavra.
A leitura das crianças segue orientação espacial da esquerda para a direita, de cima para baixo, o que demonstra o nível de desenvolvimento dessas regras. Segundo Ferreiro e Teberosky (1999), essa orientação contribui muito para que não ocorram saltos, cortes e erros de leitura.
Na observação da lista de frequência, notou-se que as crianças conseguem escrever seu nome sem auxílio de fichas, nem da professora. Confrontando aos estudos de Ferreiro e Teberosky (1999), essas crianças, quase todas, encontram-se no Nível 5, que é descrito como


A escrita alfabética constitui-se o final desta evolução. Ao chegar a este nível, a criança já franqueou a "barreira do código"; compreendeu que cada um dos caracteres dá escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever. Isto não quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas: a partir desse momento, a criança se defrontará com as dificuldades próprias da ortografia, mas não terá problemas de escrita, no sentido estrito.


Percebe-se o desenvolvimento da escrita das crianças, que já superaram os níveis precedentes a este. As crianças desta turma passaram do sistema alfabético para o fonético. Ressalta-se que estando neste nível, a criança geralmente não comete erros comumente visto em níveis anteriores, porém, o grau de evolução da escrita é gradativo e contínuo, podendo-se regredir a níveis anteriores.
Verificou-se na assinatura das crianças, que escrevem em cima da linha respeitando o espaço reservado. Porém, um aluno, que será intitulado aluno A, preservando o anonimato deste, fugiu a este conceito. Também um aluno B, em algumas letras sobe um pouco a linha limite. Todas as crianças usaram letra cursiva, o que demonstra que estas, possuem o conhecimento de que existem letras diferentes, a de imprensa e a cursiva. Almeida (2009) define a letra cursiva como um objetivo que favorece o desenvolvimento da escrita, superando o uso da letra de imprensa usada como facilitadora do reconhecimento de registros.
A aluna C, ao escrever seu sobrenome "Silva", troca a letra "l" por "b", um caso estranho em termos de escrita; a lembrança entre as duas, na forma cursiva, deve-se ao fato de apresentarem aparência semelhante. Já no fonema podem ter sido confundidas, pois as crianças desta turma tendem a ler a letra como "elê" e "bê". A mesma aluna, ainda, troca o "i" pelo "a", que foneticamente e graficamente falando, são diferentes. Demonstra-se aqui o que Stampa (2009) define como a diferença entre a aquisição da linguagem falada com a linguagem escrita.
O Parâmetro Curricular Nacional (PCN) de língua portuguesa (1997) diz que "o princípio gerador biunívoco é o próprio sistema alfabético nas correspondências em que cada grafema corresponde apenas um fonema e vice-versa", assim, as hipóteses das crianças giram em torno de caracteres, onde para cada som ou fonema, têm-se uma letra.
Outro fato chamativo nesta lista são as acentuações realizadas ortograficamente corretas, que pode ser classificado como "a tomada de consciência de que existem palavras cuja ortografia não é definida por regras e exigem, portanto, a consulta a fontes autorizadas e o esforço de memorização" (BRASIL, 1997). Portanto, na escrita recorre-se a novas fontes e até mesmo memorização para escrever corretamente. Stampa (2009) discorda de que apenas memorizar seja suficiente para possuir uma escrita correta. Para ela, a criança deve entender que há diferença entre fala e escrita, e que, portanto, nem sempre se escreve da forma que se fala.
A orientação espacial na escrita das crianças ocorre de forma convencional, da esquerda para a direita. Existe o uso de alguns espaçamentos longos, mas não há cortes na escrita, porém como já fora dito, ocorreu caso de substituição de grafema, o que confirma a volta a um nível anterior da escrita.


2.2 Professora da turma e sua prática pedagógica

Fora proposta à professora que respondesse um questionário composto de perguntas abertas (apêndice 1), no qual se buscou entender quais dificuldades seus alunos possuem em relação à escrita e, que práticas são necessárias para a diminuição destas. Também observou seu trabalho e sua metodologia dentro da sala de aula.
Em sua prática pedagógica a professora utiliza o método construtivista, em dicotomia a alfabetização e o letramento, que o programa de formação continuada de professores dos anos/séries do Ensino Fundamental (2007), diz ser um desafio nos primeiros anos do Ensino Fundamental, o qual busca como prioridade a aquisição do sistema alfabético-ortográfico e o uso desses nas práticas sociais de leitura e escrita.
Ferreiro e Teberosky (1999)

[...] é evidente que o método será tanto mais eficaz quanto mais o sistema de escrita estiver de acordo com os princípios alfabéticos, isto é, quanto mais perfeita seja a correspondência som-letra. Mas como em nenhum sistema de escrita existe uma total coincidência entre fala e a ortografia, recomenda-se começar com aqueles casos de "ortografia regular", quer dizer, palavras em que a grafia coincide com a pronúncia.


Sabe-se o quanto é difícil essa correspondência entre som e letra, e que não existe um sistema escrito em que ela sempre ocorra, por isso precisa-se partir, de início, de palavras onde esta aconteça, para que o aluno entenda melhor a escrita.
Ao ser questionada sobre as principais dificuldades que as crianças apresentam em relação à escrita, a professora cita: a escrita de sílabas complexas que envolvem consoantes e/ou vogais, regras ortográficas e problemas relacionados à forma como se fala e se escreve determinadas palavras.
Quando se depara com tais dificuldades, a professora busca trabalhar de forma lúdica, divertida e estimulante, utilizando material concreto para facilitar a criação de hipóteses quanto à escrita, filmes, teatro, músicas, jogos, entre outros, na reinvenção da sua práxis pedagógica. Paulo Freire (1996) diz que "o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente "lido", interpretado, "escrito" e "reescrito"". Sendo assim, a prática pedagógica deve ser inventada e reinventada, sempre que o professor sentir necessidade.
Os métodos da professora participante deste estudo para detectar as dificuldades, são a observação diária da escrita das crianças, os treinos ortográficos, a observação da fala, partindo da avaliação dessas, para buscar práticas pedagógicas que possam mediar o processo de aquisição. A professora sempre faz leitura em voz alta, aplicando o que o PCN de língua portuguesa (1997) afirma ser princípio para que a criança compreenda a função da escrita, a vivência de emoções, inserindo-a na cultura letrada.
Perguntada sobre as atitudes tomadas quando suas práticas pedagógicas não chegam aos objetivos esperados, a professora explica que faz uma abordagem sobre pesquisar a fonte do problema que a criança não consegue superar. Para isso, a mesma trabalha de forma diferenciada a fim de que a criança em questão se iguale ao resto da turma. Já planeja com o intuito de atingir aquela dificuldade, porém ressalta-se que não atrasa a turma tão pouco a acelera, busca o equilíbrio entre as partes. Almeida (2009) fala da consideração, valorização e intervenção do professor que devem ser muito bem colocadas de forma que facilite o crescimento da consciência linguística.
Além das práticas utilizadas a professora leva em conta o desenvolvimento cognitivo das crianças, sempre respeitando seus limites e ajudando-as num processo mediativo.
Na sua autoavaliação, a professora se dedica a procurar falhas e as extinguir, num comprometimento com o desafio, que é o trabalho com a alfabetização. Pimenta e Lima (2008)


O professor, dessa forma vai ganhando controle sobre seu modo de ensinar e pode escolher o que é melhor para sua prática, tornando-se ele também produtor de teorias: aproxima-se a teoria á prática, o pensamento à ação, o mental ao manual, o professor investigador.


A autoavaliação é um regulador das ações do professor, que torna-se investigador do seu próprio trabalho, onde analisa, encontra falhas e sucessos a fim de sempre melhorar a sua práxis pedagógica. Freire (1996) afirma que a prática docente deve ser crítica de si mesma, num movimento que seja dinâmico e possibilite uma dialética na relação do fazer e pensar no fazer.
Ensinar, ou melhor, mediar à escrita, é algo que merece e precisa de compromisso, paciência e pesquisa no enfretamento de conflitos que surgem à medida que se avança na apropriação desta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aquisição da escrita é algo que demanda tempo e ocorre de acordo com o desenvolvimento cognitivo de cada um. Percebe-se a importância desse fator nas atividades de planejamento do professor, o qual deve sempre orientar o trabalho docente.
Outro dado refere-se ao princípio de que leitura e escrita andam juntas, e que o trabalho de um implica o do outro, precisando trabalhar com a diversidade de textos, para incluir a criança no processo de alfabetização e letramento. Não se pode resumir o trabalho de escrita apenas ao aprendizado de sílabas e letras, precisa-se trabalhar com leitura e escrita, mesmo quando a criança ainda não as conhece ou mesmo que não as domine.
Este estudo mostra que as dificuldades que as crianças possuem não podem constituir-se em erros, esta ideia deve ser superada. Deve-se possuir a consciência de que a criança passa por uma fase a outra, porém, ressalta-se, que isso não quer dizer que o indivíduo não possa regredir, pois isso faz parte do processo.
A consciência fonológica pode ser um grande desafio na vida escolar da criança, pois através dela à mesma compreenderá que existem diferenças quando se escreve e lê. Esta consciência ocorre num processo de maturação fonêmica, que deve ser mediada pelo professor.
Todo processo de apropriação da escrita só dará certo, caso o processo utilize práticas pedagógicas condizentes à realidade com a qual se trabalha. O professor, também deve respeitar os conhecimentos que a criança possui.
As práticas pedagógicas devem ser idealizadas num trabalho mediativo, no qual o aluno deve sentir-se parte.
Conclui-se, a partir da pesquisa bibliográfica e da análise dos dados obtidos com a pesquisa de campo, que a escrita desenvolve-se continuamente. Por este motivo, atenta-se que não se pode de imediato classificar uma dificuldade como um erro. A criança cria hipóteses a fim de resolver seus problemas na escrita, portanto, o professor avaliará as dificuldades através da observação dos registros, da fala e leitura das crianças, de suas anotações e da autoavaliação do seu trabalho. Também se ressalta que a relação fonema x grafema é questão primordial na aquisição da escrita e que práticas pedagógicas devem valorizar o trabalho com o auxílio de objetos concretos, da ludicidade, e de uma prática que se autoavalia, buscando sempre se reinventar quando necessário.
Propõe-se um futuro trabalho sobre a alfabetização de crianças com problemas auditivos, por ter sido deixado fora desse estudo. Outro fato que pode servir de estudo refere-se à maturação fonêmica descrita neste artigo.
O estudo ora realizado é de grande relevância ao discutir questões acerca das dificuldades e das práticas pedagógicas utilizadas no ensino da escrita. Apesar de o tema ser amplamente discutido, ainda há muitas brechas que precisam ser preenchidas. Logo, sua importância está na abordagem da escrita na perspectiva de que a criança assimila o código quando ela começa a realizar relações fonêmicas e grafêmicas, mediadas pelas ações do docente.


REFERÊNCIAS


ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Desenvolvimento da escrita: 100 propostas práticas para o trabalho com crianças de seis anos. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEEF, 1997.

______. Ministério da educação. Secretaria de Educação Básica. Pró-letramento: programa de formação continuada de professores dos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental: Alfabetização e linguagem. Brasília: MEC/SEB, 2007.

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

PIMENTA, Selma G.; LIMA, Maria S. Estágio e docência. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

STAMPA, Mariãngela. Aquisição da escrita: uma abordagem teórica e prática a partir da consciência fonológica. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009.





ANEXO 1 - Exercício no Livro didático


1. Encontre no quadro as palavras que completam as frases:


a- A água cai do __________________________________________________
b- Vovó Chica põe o ______________________________________________
c- Maria colocou a _______________________ no ______________________.
2. Escreva o nome da figura que se encaixa nos quadros:






3. Escreva a sílaba que completa o nome da figura.




Qua___________ bici____________Ta ____________go






______________sa zé______________ ______________cha



ANEXO 2 ? Lista de frequência


APÊNCIE 1 ? Questionário direcionado a professora

Dados pessoais
Professor:
Formação acadêmica

1. Quanto tempo possui de experiência na docência no primeiro ano do Ensino Fundamental?
2. Que tipo de método usa em seu planejamento para a "alfabetização"? Que profissional/teórico embasa seu trabalho docente?
3. Como identifica problemas na aquisição da linguagem escrita das crianças?
4. Ao identificar tais dificuldades quais são seus primeiros procedimentos frente a este desafio?
5. Que práticas pedagógicas utiliza para diminuir ou sanar tais dificuldades?
6. Quais dificuldades nota que são mais comuns no processo de alfabetização em relação á escrita?
7. Como perceber que suas práticas pedagógicas estão diminuindo ou dissolvendo tais problemas de aprendizagem?
8. E quando essas práticas não funcionam o que faz?
9. Como faz a avaliação da escrita das crianças frentes as propostas apresentadas?
10. Como faz sua autoavaliação nesse processo do ensino do código escrito?
11. Que recursos/materiais utiliza para o processo de ensino/aprendizagem de uma criança com dificuldades?
12. Em relação à aquisição da escrita na alfabetização, quais propostas deram certo?
13. Se houve alguma que não deu certo, o que não faria (prática pedagógica) novamente?
14. Que práticas indica a outro docente que lhe apresenta dúvidas no trabalho com crianças no processo de alfabetização?
15. Como planeja suas aulas quando nota que algumas crianças estão num ritmo diferente das outras em relação à escrita?