Genivaldo Oliveira Santos Filho

Rozilda Ramos dos Santos Oliveira

RESUMO: É nesta perspectiva da educação dos surdos no contexto da inclusão deve ser, por início liberal, democrática e não doutrinária. Sendo os educando surdos dentro desta concepção são, acima de tudo, dignos de respeito e do direito à educação de melhor qualidade, os professores entram em sala de aula e observam que a maioria dos surdos não são conhecedores do português e enfrentam dificuldades no aprendizado. Não só isso, mas também professores que não estão preparados para enfrentarem esta situação citada. Determinou-se para o estudo a pesquisa qualitativa, do tipo bibliográfico, baseado em teóricos a exemplo de: SALLES, 2004 PERLIN, 2006, GOTTI, 1991. Neste artigo objetivou-se aos professores tornar o aluno mais confiante e preparado para enfrentar a leitura propriamente dita, pois há conhecimento prévio construído. O pleno conhecimento de Libras não é tudo, mas o domínio da língua de sinais com o conhecimento da prática de letramento resultará no ensino eficaz com proposta na filosofia bilíngüe. Neste contexto o conhecimento pleno do letramento não é o bastante, mas a prática é que solidifica seus conhecimentos, por isso trazemos este tema com o propósito de solidifica uma educação para todos.

PALAVRAS-CHAVES: Letramento, Educação dos Surdos, bilíngüe.

 

INTRODUÇÃO

Este terma tem sido que foi escolhido tem sido obra de pesquisa, pois os surdos foram introduzidos neste mundo da inclusão escolar. Com base nisso neste artigo propomos como meta ajudar aos profissionais desta área, para desenvolverem-se nesta área melhor, o ensino para os todos é necessário incluí-los, pois isso promove a inclusão deles – surdos - na sala de aula do ensino regular.

Perguntamos qual o objetivo da educação, se existem alguns indivíduos separados? O que é educação especial e inclusiva? Qual o principal objetivo da educação? A educação é o desenvolvimento total do ser humano e a sua elaboração para uma vida bem-sucedida na sociedade, fundado no equilíbrio entre os interesses individuais e as disciplinas de vida nos grupos sociais e escolares, segundo CARVALHO (2000) diz: "A violação de direitos é, sem duvida um dos mais significativos entraves à democracia e a paz" (, p.19). O que podemos colher nisso, em relação aos surdos.

Na Educação Especial pressupõe que é conduzida pelos mesmos princípios da Educação Geral, é necessário iniciar-se no momento que se detecte atraso ou alterações no desenvolvimento geral da criança e continuar valorizando suas potencialidades e lhe proporcionar todos os meios para desenvolvê-las.

A diversidade nas práticas pedagógicas, como atendimento aos deficientes ou não, numa só é adequado educar com sucesso todos os educando? Mesmo sendo diferentes? Oferecer aos surdos ou quaisquer outros as mesmas condições e chances sociais, educacionais e profissionais, também acessíveis às outras pessoas, verdadeiramente, respeitando-se as características específicas de cada um.

Já na Educação inclusiva é uma matéria, na qual muitos pesquisadores e estudiosos veem pesquisando para encontrar um bem comum. Sendo profunda e ampla concepção, pois não é possível se preparar para receber um surdo. É preciso primeiro recebê-lo, conhecê-lo e saber como ajudá-lo. Falar sobre educação de surdos, requer ver alguns conceitos como o que é surdez? O que é ser surdo?

Segundo FEREIRA, 2001, diz: "enfraquecimento ou abolição do sentido da audição" (p. 655), segundo o Decreto Nº. 5.626 diz no seu parágrafo único: "Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz".mas não é isso. Esta palavra colocada em vários. (Referência citado http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm acesso dia 03/09/2009)

Nos debates filosóficos dos séculos XVII ao XIX, a surdez aparece como um dos paradigmas da questão dos limites entre humanidade e animalidade. Os surdos colocaram em questão o caráter fonológico da linguagem e o fonocentrismo aristotélico que lhe é inerente. Antes que a ciência e a filosofia reconhecessem outra modalidade da linguagem que a oralidade, os surdos foram percebidos como seres desprovidos e linguagem e como tais, associados a uma animalidade que rompia com a ordem do vivente. Contudo, a referência ao caráter bestial dos surdos não tem sido monolítica e o reconhecimento mais ou menos explícito do estatuto comunicacional dos sinais utilizados pelos surdos variou ao longo dos séculos (BENVENUTO, 2006, p.230).

LIMA e VIEIRA (2006), para melhor entendimento, no excerto abaixo, conceituam a surdez como sendo:

[...] a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala por intermédio do ouvido. [...] Simplificando bastante, podemos dizer que recebemos as informações, difundidas pelo canal auditivo, por meio das palavras, e assim aprendemos a falar. A pessoa surda não recebe essas e outras informações auditivas da mesma forma que a maioria (p. 52-53).

Indico reflexões sobre o letramento dos educando surdos para melhor formação do educador para o ensino e atendimento aos estes alunos na escola inclusiva. A educação dos surdos é individualizada das outras, pela sua especificidade lingüística e sempre foi um tema muito polêmico na área da surdez. Para que exista uma nova visão educacional é necessário o abandono dos diagnósticos clínicos dominantes e a predominância doa paradigmas sócio-culturais não podem ser considerados, inteiramente suficientes.

Para que haja a inclusão dos surdos em salas de aula do ensino regular vai além de modificar a estrutura física da escola, requer o conhecimento sobre a Libras mais as especificidades da surdez pelo corpo docente e também uma equipe que trabalhem em coesão com o bilinguismo.

1. LEIS: AVANÇOS EDUCACIONAIS

Ao pesquisamos e encontramos fatos históricos, segundo FONSECA (1999), existiu tempos em que os deficientes eram sacrificados, pois a sociedade mirava em que cada individuo incluído num povo era considerado "normal". O direito, igualdade e a cidadania, abriram novos horizontes, com isso causou novas inquietações aos pensadores e pesquisadores. E a história da educação dos surdos iniciou a mudificações, principalmente com a legislação brasileira, deixando claro, Lei 7.853/89 artigo 5º, que da ao Ministério Público: "a responsabilidade da defesa dos interesses coletivos e difusos dos Portadores de Necessidades Especiais" (CARNEIRO, 1998, p.38).

Todos conhecem que a educação é um direito de todos, mas nas salas de aulas, existem alunos com atividades limitadas. Mas a partir das mobilizações dos movimentos surdos e da divulgação das leis de acessibilidade e da Libras muitas atitudes vão se transformando. A Língua Brasileira de Sinais foi primeira reconhecida em alguns estados brasileiros, e só em Abril de 2002 foi regulamentada, aprovada por Fernando Henrique Cardoso, como mais uma Língua oficial (LEI N° 10.436, 24 Abril de 2002).

Não só esta Lei, mas tem o decreto nº. 3.298 de 20 de dezembro de 1999. A Declaração da Salamanca, 1997 diz:

As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos por meio de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parcerias com a comunidade. (CONFERÊNCIA MUNDIAL, 1997, p. 61)

Tem também o Decreto Federal 5.626/05 que traz como opção no currículo a disciplina Libras e atuação dos seguintes profissionais: instrutor, professor de Libras, Tradutor/intérprete de Libras nível fundamental e médio.

Art. 3º A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (BRASIL, 2006, p. 239).

Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação deste Decreto, programas específicos para a criação de cursos de graduação: III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. (BRASIL, 2006, p. 241)

2. CARACTERÍSTICAS DA INCLUSÃO DOS SURDOS NO CONTEXTO DAS FILOSOFIAS EDUCACIONAIS

Os principais desafios da educação inclusiva são as garantias da escola que coloque realmente, crianças, jovens e adultos surdos conseguindo assim superar não só os resultados da retenção e evasão, mas que assevere o acesso dos cidadãos surdos permitindo-lhes enfrentarem os desafios dos tempos contemporâneos.

Na educação dos surdos, eles viveram a idéia da emersão na língua oral é exposta em aulas dinâmicas e outras metodologias semelhantes, o professor oralmente pronuncia lentamente e com clareza as palavras, e toda fala é colocada no quadro. Poderá aprender realmente, os surdos, com os pares ouvintes?

Os profissionais - especialistas professores e pedagogos – ainda, pensam que oralismo é melhor forma de alfabetização dos surdos, mas não é. Isto se deve ao acontecimento da diferenças na aquisição da língua dos surdos para os ouvintes, que é também de forma natural, no caso dos ouvintes é a língua portuguesa. Esse tipo de filosofia é uma proposta educacional que proíbe o uso da língua de sinais. Se observarmos, a linguagem oral – oralismo – não é atraente para os surdos, perspectiva educação, principalmente na linguagem.

Excepcionalmente na língua dos pares falantes na área da lingüística possibilita o aprendizado dessa língua, entretanto, os surdos não adquirem a oralidade de modo natural. Conhecer a diferença, automaticamente será reconhecer as possibilidades e limites de cada um. Os indivíduos surdos sempre serão surdos e é por meio das experiências visuais que eles poderão contrair seus conhecimentos, culturas e identidades. Segundo GERALDI (1987) também dá enfoque a esse fato decisivo dos discursos, e evidencia a valorização da língua como mecanismo de autoridade social e a escola como reprodutora do molde de sociedade. Segundo ele "no ensino da língua, estas questões são presença constante" (p. 61).

Nesse caso trazemos que os professores podem ser autodidáticos, têm bases teóricas, dominam os conteúdos, probo a profissão, mas nem tudo se confina nisso. As crianças ouvintes, por receberem a educação informal pelos dignos pais, quando chegam às escolas já possuem domínio do idioma do país, mas as crianças ou adolescentes ou mesmo os adultos surdos, às vezes, possuem fragmentos do idioma, e assim ler e escrever torna-se impedimento no aprendizado, sem esquecermos dos poucos fragmentos da língua de sinais.

Alguns teóricos - Saussure, Vygotsky e Bakhtin - que discutem a questão da linguagem proporcionam auxílios na compreensão dessa relação para os surdos. Destacam-se aqui, especialmente, as contribuições de. Sausurre diz que a linguagem é formada pela língua e pela fala, servindo basicamente ao processo de comunicação. Vygotsky adverte que: "tudo depende de que exigências fazem da educação da criança surda e quais objetivos que esta educação persegue" (VYGOTSKY, 1988, p.191).

Segundo Hurtado Albir (2005, p. 19):

"Embora qualquer falante bilíngüe possua competência comunicativa nas línguas que domina, nem todo bilíngüe possui competência tradutória. A competência tradutória é um conhecimento especializado, integrado por um conjunto de conhecimentos e habilidades, que singulariza o tradutor e o diferencia de outros falantes bilíngües não tradutores".

Quando ressaltamos a educação dos surdos lembramos-nos dos profissionais os intérpretes de Libras, pois este irá trabalhar como colaborador com o professor titulare, a fim de "negociar conteúdos com o professor, revelar suas dúvidas, as questões do aprendiz e por vezes medias a relação com o aluno, para que o conhecimento que se almeja seja construído" (LACERDA, 2002, p. 124).

Quando uma criança nasce, nem sempre é notada alguma "deficiência", surgindo sinais de diferença um pouco mais tarde, na idade escolar. E é aí que entra o papel da escola. Segundo MACEDO, 2005:

A escola, hoje, é uma instituição sobrecarregada, que acumula funções socioculturais outrora mais bem repartidas: na rua, nas vizinhanças, nos quintais de nossas casas, na igreja, na praça. Muitas coisas que antes fazíamos e aprendemos nesses lugares são feitas na escola. Hoje, os professores convivem com as crianças por mais tempo e mais intensamente do que os pais. (p. 31).

Cultivando mais esta concepção podemos conciliar as identidades "as posições que assumimos e com os quais nos identificamos constituem nossa identidade". (WOODWARD, 2000, p. 55).

A filosofia Educacional bilíngüe é "cuidar" para que, por meio do ingresso das duas línguas, se torne possível que os processos naturais de desenvolvimento do indivíduo, nos quais a língua de sinais se torne instrumento necessário, sejam conservados. Isto acontece através da obtenção de um sistema lingüístico o mais cedo e o mais conciso possível, considerando a Língua de Sinais como primeira língua. Educação com bilingüismo não é, pois, uma nova forma de educação. É um modo de garantir uma melhor possibilidade de acesso à educação.

[...] as crianças surdas geralmente não têm acesso a uma educação especializada e é comum encontrarmos em escolas públicas e até particulares, crianças surdas que estão há anos freqüentando estas escolas e não conseguem adquirir nem a modalidade oral nem a modalidade escrita da língua portuguesa, pois o atendimento ainda é muito precário. (GOLDFELD, 2001, p 34).

Segundo esse mesmo autor diz que: "Os autores ligados ao Bilingüismo percebem o surdo de forma bastante diferentes dos autores oralistas e da Comunicação Total. Para os bilinguistas, o surdo não precisa almejar uma vida semelhante ao ouvinte, podendo aceitar e assumir sua surdez (1997, p. 39)".

3. PRÁTICAS DE LETRAMENTOS: CONCEITOS, PROFISSIONAIS, COMUNICAÇÃO E PROPOSTAS BILÍNGUE.

Antes de refletirmos sobre as práticas de letramentosna na educação dos surdos faz-se necessário saber um pouco sobre o que é letramento. "O letramento é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita" . Segundo FERNANDES diz que: "Denominação LETRAMENTO para designar o processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita para surdos. (2006, p. 8)".

O conhecimento através do letramentoé determinado pela diversificações e variedades de textos escritos que a criança ou adulto leêm. As criançsa que vivem em contato ou um ambiente em que há o contato com os livros, jornais, revistas, bulas de remédios, receitas culinárias e outros tipos de literatura, ou em que se conversa sobre o que se lê, na sala de aula em que uns lêem para os outros em voz alta, lêem para a criança enriquecendo com gestos e ilustrações, o nível de letramento será superior ao de uma criança cujos pais não acostumados a este tipo de convivio, nem outras pessoas de seu convívio cotidiano lhe favoreçam este contato com o mundo letrado.

Sabemos que o letramento é uma nova concepção, recém-introduzido em diversos campos da Educação, sito exemplos como o das Ciências Sociais, da História e das Ciências Lingüísticas. Nas pesquisas realizadas, detectamos uma das primeiras ocorrências do termo letramento mostra-se no livro de Mary Kato, publicado em 1986. Posteriormente, autoras como Leda Verdiani Tfouni em 1988 e Ângela Bustos Kleiman26 em 1995, também utilizaram esse termo em suas obras.

3. 1. Letramento: Professor mediador.

Antes de iniciarem as atividades escolares do 1º semestre todos os professores sonham em que seus alunos já estejam letrados, mas para alcançar isso, é necessário que os professores estejam incluídos na nova filosofia – bilingüismo.

O Bilingüismo não é uma metodologia da educação, mas define-se de um indivíduo ser usuário de duas línguas. O ensino bilíngüe, não é, portanto, em profundeza, uma nova proposta educacional em si mesma, mas uma proposta de educação onde o bilingüismo atua como uma possibilidade de integração dos surdos ao meio sociocultural lingüístico a que naturalmente pertence, ou seja, às comunidades de surdos e de ouvintes. Segundo SKLIAR (1998, p.11) "a surdez constitui uma diferença a ser politicamente reconhecida; a surdez é uma experiência visual; a surdez é uma identidade múltipla ou multifacetada e, finalmente, a surdez está localizada dentro do discurso sobre a deficiência".

Como os professores irão comunica-se com seus alunos surdos? A idéia de adequar todo tipo de leitura à criança surda é formidável, pois é através da leitura que os alunos podem conhecer objetos, seres humanos com características especificas, animais, e experimentar atividades ou situações que lhes foram, limitadas, devido à falta de comunicação. Voltamos a lembrar a importância para que essa leitura tenha qualidade, um dos critérios é: a necessidade de poder refletir e elaborar conceitos, primeiramente, colocando a prioridade na língua de sinais. Não satisfaz material didático riquíssimo em situações e opiniões, se lhes forem impostos sistemas alheios de interpretação. É isso que a Comunicação de Total firmeza exista.

A prática de ensino não é linear e unidirecional no entendimento, não podemos considerar como única, mas deve ser inserido num contexto de concepção histórica moderno na sociedade, em consonância com os planejamentos de ensino. Qualquer fato social compreende-se em suas raízes, é preciso procura entende-lo, na sua totalidade.

Quando começa o ano letivo, os alunos surdos estão em sala de aula, o fato é que não terá tempo de especializar-se na área e nem de abastecer de teorias, conhecimentos e prática, os alunos estão na sala de aula e ai o que fazer?Prontos para começarem a freqüentar as nossas aulas. Perlin sustenta que:

"para os surdos brasileiros é o momento de resvalar pela pedagogia dos surdos e entrar em um terreno de construção de forma despreocupada... O (sujeito) da pedagogia dos surdos é o sujeito outro naturalmente educável, naturalmente com capacidade virtual própria para sua educação que requer ser diferente das outras pedagogias". (2006, pág. 80).

Ele sustenta que é uma grande alternativa em construir novas práticas de ensino, segundo CARVALHO "em sala de aula muitas das barreiras podem ser enfrentadas e superadas graças à criatividade e a vontade do professor que se percebe como profissional da aprendizagem em vez de ser o tradicional profissional do ensino. (2000, p.62)".

Outro aspecto de confirmação que os professores e outros profissionais esta executando bem os trabalho, são os próprios alunos, pois isso proverá que existem resultados eficientes. É um desafio para quem trabalha com educação e aqui me refiro à necessidade da educação ser inclusiva, como diz BELISÁRIO (2000) "toda educação deve ser inclusiva se não for inclusiva, não é educação"

Importância de construir meios alternativos e espaços de desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo [...] que podem se efetivar em escolas ou salas de aula virtual, que ofereçam um espaço de interação com o outro e acesso à informação como janelas para o mundo, visando sua auto-formação e maior utilização no contexto de nossa sociedade. (SANTAROSA, 1977, s/d).

Com efeito, é o professor que controla a seleção de conhecimentos e competências, a seqüência em que vai ser ensinada, a ritmagem da aprendizagem e ainda os critérios de avaliação. Esse pensamento Vigotski afirma:

Até agora, a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escolar, em relação ao papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da criança. Ensina-se as crianças a desenhar letras e a construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se de tal forma a mecânica de ler o que está escrito que acaba-se obscurecendo a linguagem como tal (1998, p. 139).

Como coloca Stainback e Stainback (1999, p.25).

O que está em questão no ensino inclusivo não é se os alunos devem ou não receber, de pessoal especializado e de pedagogos qualificados, experiências educativas apropriadas, ferramentas e técnicas especializadas, das quais necessitam. A questão está em oferecer a esses alunos os serviços dos quais necessitam, mas em ambiente integrado, e em proporcionar aos professores atualização de suas habilidades.

A concepção de aprendizagem nos dias de hoje ressalta a importância são as interações entre sujeitos e objetos para a aprendizagem. Que seja uma proposta de valorização do papel do professor, como mediador de novos e recorrentes intercâmbios e encorajador da rede de conhecimentos que os alunos constroem e do desenvolvimento de novas competências comunicativas realizada nas práticas de letramentos.

3. 2. Letramento: Necessidade de comunicação entre surdos e professores.

Os professores ouvintes, atuante na sala de aula inclusiva, sempre respondem tudo para os alunos, de forma automática sem perceber que já respondeu, por isso não proporcionam o desenvolvimento da autonomia, a maioria dos professores ouvintes não domina bem a Língua de Sinais, ou às vezes estão perto da aposentadoria e alegam que entende seu aluno e o aluno entende-o. Esse grande fato que proporcionam o fracasso no ensino da escrita e da leitura dos alunos surdos e assim a maioria dos alunos surdos não se compromete em esforçar-se pelo gosto de aprender a leitura e a escrita.

O papel do professor é principal na intercessão da leitura do texto pelos alunos. É ele que irá arquitetar pontes de significado entre o conhecimento prévio que o aluno tem e o conhecimento conduzido pelo texto. É certo afirmar que o texto será conhecido e estudado, se a língua de sinais estiver na base desse processo. Os aspectos no processo da escrita dos alunos "normais" são deferentes, pois segundo FERNANDES diz:

Cada um desses aspectos envolve:

a) aspectos funcionais: todo texto presta-se a uma função social (dirige-se a alguém, com uma intenção); seu sentido só pode ser apreendido se articulado à prática social que lhe deu origem, ao veículo no qual ele se apresenta (jornal, revista, outdoor, embalagem de um produto, etc.) e às intenções que revela (vender algo, informar sobre, questionar, fazer refletir, etc.).

b) aspectos lexicais: as palavras só adquirem significado no contexto em que são veiculadas; as crianças surdas, em sua maioria, desconhecem mesmo o significado literal das palavras, quanto mais seu caráter polissêmico; portanto, há a necessidade de sistematização do vocabulário (léxico) implicado no texto e sua intertextualidade com leituras anteriores.

c) aspectos gramaticais: aprender uma língua envolve conhecer sua gramática, ou seja, as regras de sua organização, as leis que permitem que seus usuários se entendam entre si; essas regras não são externas ao texto, mas são constituídas internamente. O que está em foco não é a gramática tradicional e suas regras e nomenclaturas, mas as regras que nos permitem construir enunciados compreensíveis na língua, independente de estarem ou não na norma padrão. Cada texto será um instrumento de investigação para a descoberta do funcionamento da língua portuguesa (2006, p. 14).

Com isso exposto que o contato que pela vivência com textos variados, desde a educação infantil, e assim será a escrita passará a ter sentido. As idéias no conteúdo, ainda que lido através da língua de sinais pelo professor, conseguirá o conhecimento e imagens e letras saberão que existem diferenças, em primeiro lugar para possuir os iniciar os passos para a compreensão do universo simbólico da escrita. Trazemos exemplos como: a palavra "arroz" pronuncia-se como "arros", "arrois", "arroich"(carioca), "arrois" (mineiro com um r aspirado), arrrrois (com um r vibrante, tal qual pronunciam alguns paulistas), arois (como pronunciam descendentes de ucranianos). No entanto ela é escrita com "rr" e um "z" no final (que ninguém pronuncia, pois na fala o som é "s"!). Outro exemplo está na diminuição de silabas como "ce" (você), "ta" (está), "tava" (estava), "vamo" (vamos), utilizadas por quase 100% dos usuários do português e que nunca são notadas na escrita formal. Essas são algumas das inúmeras diferenças que indicam um poço entre a oralidade e escrita e que são ignoradas pelos surdos. Segundo SACKS (1998, p. 44):

A língua de sinais deve ser introduzida e adquirida o mais cedo possível, senão seu desenvolvimento pode ser permanentemente retardado e prejudicado, com todos os problemas ligados à capacidade de "proposicionar" [...] no caso dos profundamente surdos, isso só pode ser feito por meio da língua de sinais. Portanto, a surdez deve ser diagnosticada o mais cedo possível. As crianças surdas precisam ser postas em contato primeiro com pessoas fluentes na língua de sinais, sejam seus pais, professores ou outros. Assim que a comunicação por sinais for aprendida, e ela pode ser fluente aos três anos de idade, tudo então pode decorrer: livre intercurso de pensamento, livre fluxo de informações, aprendizado da leitura e escrita e, talvez, da fala. Não há indícios de que o uso de uma língua de sinais iniba a aquisição da fala. De fato, provavelmente, ocorre o inverso.

A língua de sinais cumpre não apenas a mera colocação instrumental de recurso para a leitura do português escrito, mas, sobretudo, de língua que movimentará as hipóteses dos alunos sobre a constituição de sentidos do texto. Por isso faz-se necessário que o intermédio do professor se dê exclusivamente em língua de sinais, a fim de que os alunos não se sintam reprimidos pelas impedimentos lingüísticas para demonstrar sua conceito e o informação de mundo contextualizado ao tema em questão.

3. 3. Letramento: Professores Surdos incluídos no quadro docentes.

As práticas de leitura para que tenha um bom desempenho é indispensáveis pensarmos na participação de adultos surdos conta as histórias para as crianças surdas, de forma natural, sem cobranças de interpretação ou avaliações. Envolvem o conhecimento lexical, gramatical e social, explícito e implícito na organização textual que poderiam ser didaticamente representados, através da língua de sinais.

A língua de sinais é língua natural dos surdos, pois essa a criança surda adquire de forma espontânea sem que seja preciso um exercício específico, ainda é meditada por muitos profissionais apenas como gestos simbólicos. Geralmente, na sociedade não existe lugar para as diferenças, sendo os surdos usuários da língua de sinais, por exemplo, no caso de crianças surdas, filhos de pais ouvintes, a aprendizagem da língua de sinais esse processo não irá ocorrer naturalmente, já que as modalidades lingüísticas utilizadas nas interações mãe criança não são facilmente adquiridas por essas crianças. Com isso é necessário que os instrutores ou professores surdos, fluentes em Libras, estejam integrados no processo de ensino para os surdos.

A partir da aquisição de uma língua, a criança começa a construir sua subjetividade, identidade e cultura, pois ela terá recursos para sua introdução no processo dialógico de sua comunidade, trocando idéias, sentimentos, compreendendo o que se passa em seu meio e adquirindo, então, novas concepções de mundo.

Na construção do aprendizado dos alunos com Culturas diferentes é um choque tanto para o professor ouvinte como para os alunos Surdos, por não apreenderem de imediato o complexo lingüístico da língua um do outro. Por isso só conhecer a Língua Brasileira de Sinais não é o satisfatório para atuar eficazmente na escola com o aluno Surdo. É necessário conhecer a Cultura Surda o mundo dos surdos "basicamente ser surdo" através da participação e vivência com a comunidade Surda, aceitação da diferença, por si mesmo.

Quando o professor ouvinte e não souber língua de sinais ou saiba, a presença do Instrutor ou professor adulto Surdo é formidável para esclarecer aos alunos o que o professor quis dizer e vice-versa. Pois o Surdo tem a sua adequada experiência visual, por mais distante que o professores estejam, por serem de experiência oral-auditiva é importante fornecer de sentimentos, aceitação e aos poucos ir incorporando no seu saber viver Surdo, que assim haverá progresso no objetivo proposto.

3. 4. Letramento: proposta bilíngüe.

Ao iniciamos as aulas, sabemos que um método simples e eficaz que dá acesso imediato à língua falada é a atividade com perguntas e respostas feita através da memorização dos verbos. Neste exercício os alunos surdos aprendem um verbo novo a cada aula, e ao fim de um mês sentem-se seguros para entrevistar um falante materno da língua portuguesa.

Supomos com o verbo falar. O professor mostra uma ilustração e diz: "Eu falo português." Depois aponta para uma aluna e diz "Ela fala inglês." Então, falando para outro aluno, diz "Ele fala inglês." Dessa forma é possível ensinar não só o verbo, mas também os pronomes pessoais sem ter que traduzir qualquer palavra, pode ser atribuído a pedagogia. Nesta maneira de se formula perguntas utilizando-se apenas verbos, pronomes pessoais, e palavras interrogativas ensinam-lhes também as preposições: de, em e, além de lugares (nomes de países, de estados, e de cidades) e vocabulário diverso.

Como artifício pedagógico provisório é comum que o professor que não tenha fluência na utilização das línguas de Sinais e assim começa a usar o português sinalizado, mas não é poderoso na resistência à mudança das práticas de letramento na escola. O português sinalizado atua em duas dimensões: primeiro nos modelos lingüísticos inadequados em L1 – primeira língua - que são oferecidos às crianças surdas em sua fase inicial de aquisição da língua, e segundo na perpetuação da interlíngua, pelas dificuldades em perceber as diferenças estruturais e funcionais entre a Libras e língua portuguesa, já que, as duas são aprendidas simultaneamente de forma diferente.

Seria notório que os professores na leitura inicial envolva apenas palavras ou expressões que o aluno já conheça, independente da ordem em que apareçam no texto (na seqüência ou em trechos distintos). Para que seja mais claro o professor deve colocar sempre as unidades de significado mais amplo, exemplo "colher de pau" em vez de "colher"; "abrir a janela, a porta, a conta" em vez de "abrir"; e assim por diante.

Todos os textos escolhido para leitura dos discentes deve ser apresentado tal como são, ou como ele circula socialmente. Finalizando as práticas de escrever os textos no quadro com letra que ninguém usa na sociedade, a não ser a escola, Apenas utilizar textos em seu formato original (em transparência, multimídia, xérox ou originais). Por isso os professores devem estar cientes de que a noção do português dependerá da escolha dos textos que ele apresenta na sala de aula, este é nossa parecer para que a escolha dos textos tenha como critério a abrangência de sua circulação social. Planejamento com base em datas comemorativas ou em "temas geradores" para selecionar textos para o trabalho.

Entendida nessa perspectiva, a leitura atinge um grande público, em que o surdo se insere como cidadão-leitor tanto quanto um ouvinte, embora os procedimentos metodológicos sejam diferentes quando se trata da aquisição de L1 e de L2 e de aquisição da modalidade escrita da língua oral pelo surdo. (SALLES, 2004, p. 19).

O professor tem que estar ciente nas duas implicações metodológicas importantes: se os textos originarem apenas informações escritas, se apresentarão como grandes cartas enigmáticas; a língua portuguesa autêntico não se encontra sistematizada em livros didáticos que têm a preocupação de levar o aluno não-surdo a dominar a norma padrão do português.

A aquisição/aprendizagem da escrita, sobretudo quando se trata da elaboração de textos, pressupõe, portanto, uma tarefa imprescindível: o ato de ler, que, para o aprendiz ouvinte, se processa tanto oral como silenciosamente, já, para o surdo, a leitura silenciosa é certamente a técnica mais recorrente. Acrescente-se que, nesse caso, os recursos gráficos e visuais constituem um instrumento auxiliar de excelência. (SALLES, 2004, p. 18)

Podemos classificar o planejamento que contribua as ações dos professores em sala de aula como: faz-se necessário que o professor antecipe a pesquisa lingüística da libras, para explorar com maior clareza o texto escolhido, evitando improvisações desnecessárias que quase sempre levam ao português sinalizado e permitindo pontuar quais os conteúdos serão sistematizados naquele texto, envolvendo aspectos funcionais, lexicais e gramaticais da língua portuguesa.

Para melhor elucidar o processo de letramento, podemos destacar sugestões como: contextualização visual do texto; exploração do conhecimento prévio e de elementos intertextuais; identificação de elementos textuais e paratextuais; Leitura individual e discussão das hipóteses de leitura no grupo; e (re)elaboração escrita com vistas à sistematização.

Como primeira sugestão falamos de contextualização visual que é a partir da experiência visual que os surdos constroem conhecimento. A visão é a abertura de para o desenvolvimento cognitivo e deve ser aproveitado em todas as suas possibilidades, devem ser contextualizadas em fontes visuais, é necessário que o aluno visualize o texto como um grupo composto de linguagem verbal e não-verbal e realize associações entre ambas as línguas para a constituição de seus sentidos.

Ao se entender o texto como prático social, obviamente, há de se considerar as suas condições de produção. O momento histórico, o ambiente sócio-cultural, os interlocutores são condições que não podem ser desprezadas. Dessa forma, questões como: por que este texto foi produzido? Para que ele serve? Para quem é dirigido? Enfim, qual a sua importância social? São relevantes, e professor e aluno não podem perdê-las de vista. Todos estes aspectos formam o contexto que irá favorecer, por exemplo, a produção de uma carta ou de um bilhete num determinado contexto em que uma propaganda é inadequada. Isso nos leva a compreender por que razão texto e contexto se encontram numa relação de sintonia. (SALLES, 2004, p. 25).

Os textos para serem interessantes são aqueles ricos em imagens - fotografias, desenhos, caricaturas, cartazes, outdoors, folhetos, informativos, revistas, jornais, gibis, artes plásticas e cênicas, vídeos com trechos de programas de TV, filmes (legendados, preferencialmente), games eletrônicos, softwares, entre outros - que apresente apelos visuais sedutores para alunos surdos, independente do meio de materialização:. Pois as leituras das imagens e as suas relações com as experiências vividas permitirão o despertar da atenção e do interesse pelas possíveis mensagens que o texto mostra.

A exploração do conhecimento prévio e de elementos intertextuais é o segundo processo e é neste passo que o professor irá estimular o aluno que "leia" sem obrigação com a "decodificação" das palavras. Com perguntas admiráveis que conduzissem a meditação e relações sobre o real conteúdo do texto.

"A possibilidade de compreensão do texto se faz, sobretudo pelo conhecimento compartilhado entre autor e possíveis leitores: citações como os nomes de Rivaldo e Ronaldo, do goleiro Kahn e do atacante Klose nos remetem a informações de outros textos, de outras situações, que nos auxiliam, enquanto leitores, a compreender o que está sendo dito ou não dito, apenas inferido. Esse aspecto de intertextualidade é fundamental para que a informação que está sendo veiculada seja compreensível e interpretável, pois se trata de um conhecimento de mundo partilhado por locutores e interlocutores (autor e leitores)". (SALLES, 2004, p. 31).

Para melhor clareza podemos citar a intertextualidade que envolve junção de idéias com textos já lidos a respeito do tema. Os professores poderão ensinar conteúdos já feitos para que os alunos possam fazer comparações em relação à forma de apresentação e imagens, retomar idéias que poderão ser aproveitadas, por exemplo na literatura apresentar curiosidades sobre o autor como idade, origem, época em que o escreveu e outras informações.

A identificação de elementos textuais e paratextuais são os elementos mais formidáveis na leitura, pois oferecerão os apoios necessários a real compreensão do texto, ou seja, é o momento do "refinamento" das informações visuais que são absolvidos pelos surdos sob a forma de hipóteses e adivinhações sobre o conteúdo do texto. Também é fundamental destacar elementos paratextuais, pois a função que exercem ao introduzir um texto a ser trabalhado em apontada tipologia, recordamos que quanto maior for a noção de Libras que o professor tenha, para aguçar a curiosidade dos alunos, fazendo relações e conduzindo as hipóteses de leitura, mais profundo será o nível de crítica e interpretação dos alunos sobre o tema.

Uma leitura global do texto mal introduzida, uma vez que todas as sugestões conduziram a perceber, reconhecer ou identificar aspectos que poderiam se constituir em barreiras para a compreensão do aluno. Por isso, trazemos o processo a leitura individual e discussão das hipóteses de leitura no grupo. Segundo SALLES, 2004, diz que: "quanto mais o professor inserir o aprendiz na situação em que se enquadra a atividade proposta, quanto mais "insumos", isto é, contextos lingüísticos e situações extralingüísticas, forem ao aprendiz apresentados, melhor será o resultado". (p. 18).

Após a discussão sobre o conteúdo apresentado pelo professor em sala de aula, a sistematização de algumas palavras e elementos gramaticais presentes no texto, os alunos apresentam certa autonomia no ato de ler. Ou seja, passam a ter um olhar mais amplo sobre as estruturas do texto, pensando sobre as relações coesivas entre palavras, frases e orações, além de perceber que há uma coerência interna entre começo, meio e fim. Segundo SALLES, 2004 diz: "a coerência consiste nas relações de significação subjacentes à estrutura aparente ou superficial do texto. A coerência é, na verdade, o próprio texto, pois um texto sem coerência seria o não-texto e este não existe. ( p.30)".

Finalizando a ultimo processo que é (re)elaboração escrita com vistas à sistematização. É neste último aspecto que envolve um princípio fundamental na sugestão de direção que amparamos: leitura e escrita são processos indissociáveis. Não haverá nenhuma proposta de produção de texto cujo tema não tenha sido objeto de exploração em atividades de leitura anteriores.

"O contexto" deve remeter à relevância social do conhecimento em questão, de que forma ele será útil para o aluno? É normal ouvir professores dizendo que todo o trabalho de produção de textos em sala de aula deve ser contextualizado, ou seja, partir de uma atividade significativa para o aluno. Anotar uma lista de compras, lerem uma bula de remédio ou uma reportagem do jornal, saber como iniciar o funcionamento de um eletrodoméstico obedecendo às instruções de um manual, entender as regras de um game, preencher uma ficha ou criar um currículo para emprego são atividades de leitura e escrita significativas para o aluno. Segundo SALLES diz que: "a língua de sinais deverá ser sempre contemplada como língua por excelência de instrução em qualquer disciplina, especialmente na de língua portuguesa, o que coloca o processo ensino/aprendizagem numa perspectiva bilíngüe". (2004, p. 21)

4. CONCLUSÃO

Concluímos que formar profissionais a partir da organização de situações de aprendizagem é a meta principal dos programas de formação de professores, da educação infantil à universidade, ou seja, um professor possui as habilidades do oficio e revela uma "competência na prática" no âmbito do ensino, sendo capaz de definir e ajustar projetos com base nos objetivos e nos princípios de ética propostos, de analisar suas práticas e através desta análise, de se auto-qualificar ao longo de toda sua carreira..

Para que os alunos surdos possam se beneficiar da inclusão na sala de aula da escola regular, com garantias de que eles não fiquem cognitivamente limitados e socialmente isolados, é preciso que o ensino de Língua de Sinais por professor/instrutor surdo ou intérprete de Língua de Sinais, melhor formação de professores e funcionários, adaptações metodológicas, curriculares e de material pedagógico como também ensino de Língua de Sinais para familiares entre outras medidas (KELMAN, 2005).

A formação acontece no curso de formação de licenciatura, mas prática de letramento, a qual se configura e cria forma definida, ou seja, a concretização do professor dá-se no cotidiano, e assim o professor elabora e reelabora teorias, constrói novos saberes e novos saber-fazer. Sabemos que "o código, no Brasil, é a língua portuguesa, e o que se pretende é ensinar ao deficiente auditivo esse código, usado pela maioria da sociedade da qual faz parte (...) (GOTTI, 1991, p.16)".

De acordo com a Declaração de Salamanca (1994), pessoas com necessidades educacionais especiais (PNEE) referem-se a todas as crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua capacidade ou de suas dificuldades de aprendizagens.

Neste artigo buscou também destacamos algumas das grandezas do letramento teórico-metodológico que refletem na educação do bilingüismo dos alunos surdos brasileiros, expomos os paradoxos e disparidades que demarcam a trajetória escolar desse grupo cultural. O fato de os surdos admitirem sua diferença lingüística e lutarem politicamente pelo acesso a libras como primeira língua resulta como 'estrangeiros' em seu próprio país. Pelo fato de não aprenderem a língua majoritária do país como língua materna no seio familiar.

As reflexões desenvolvidas neste trabalho sobre práticas de letramento: desafios, realidades na educação dos surdos tiveram como objetivo criar novas possibilidades de simbolizar, de comunicar, de estar no mundo conhecendo o funcionamento das armas do outro na guerra discursiva, para com ele negociar novos sentidos e práticas escolares, fazendo da Libras um dos elementos que conduzem ao diálogo intercultural. Para que haja transmissão dos domínios sociais em que circulam as culturas letradas, ainda que com a sensação de estranhamento, é uma possibilidade negada a milhões de brasileiros, sejam ou não surdos.

SOBRE OS AUTORES

Genivaldo Oliveira Santos Filho e Rozilda Ramos dos Santos Oliveira são graduados em Letras/Português pela Universidade Tiradentes, em Aracaju/SE. São pós-graduados em Libras pela Faculdade Pio Décimo e PROLIBRAS, Certificação: Proficiência no Uso e no Ensino da Libras, Categoria: Fluentes em LIBRAS, com nível superior completo. O presente artigo é resultado de uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica. Visa mostrar propostas bilíngües de letramento. Contatos: [email protected] e [email protected].

REFERÊNCIAS

BENVENUTO, Andrea. O surdo e o inaudito. À escuta de Michel Foucault. In. KOHAN, Walter Omar; GONDRA, José (org.). Foucault 80 anos. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

BRASIL. Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais: orientações gerais e marcos legais / Organização: Ricardo Lovatto Blattes . – 2. ed . – Brasília: MEC, SEESP, 2006. 343 p.

CARNEIRO, Moacir Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva, artigo a artigo. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

CARVALHO, Rosita Edler. Removendo barreiras para a aprendizagem: educação inclusiva. Porto Alegre, RS: Mediação, 2000.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: DE PRINCÍPIOS, POLÍTICAS E PRÁTICAS PARA AS NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS. Salamanca, Espanha, Brasília: CORDE. (Mimeo)

FERNANDES, Sueli F. Práticas de letramento na educação bilíngüe para surdos / Sueli F. Fernandes. – Curitiba: SEED, 2006.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: minidicionário da língua portuguesa. Coordenação de edição, Margarida dos Anjos, Marina Baird Ferreira; lexicografia, Margarida dos Anjos... . 4. Ed. Ver. ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

GERALDI, João W. Porto de passagem. São Paulo. Martins Fontes. 1987.

GOLDFELD, Márcia. A criança Surda: Linguagem e Cognição numa perspectiva Sóciointeracionista. São Paulo: Plexus, 2001. ISBN 85-85689-33-1.

GOTTI, Marlene de Oliveira. Português para Deficiente Auditivo. Brasília: Edunb, 1991, 152 p.

HURTADO ALBIR, Amparo. A Aquisição da Competência Tradutória: aspectos teóricos e didáticos. In: PAGANO, Adriana; MAGALHÃES, Célia; ALVES, Fábio (orgs.). Competência em Tradução: cognição e discurso. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.

KELMAN, C.A. Interações de alunos surdos com professores e colegas em espaço escolar inclusivo. Brasília: Universidade de Brasília Instituto de Psicologia. 2005.

KLEIMAN, Ângela B. (Org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1995.

LACERDA, C.B.F. O intérprete educacional de língua de sinais no Ensino Fundamental: refletindo sobre limites e possibilidades. In: LODI, A.C.; HARRISON, K.M.P.; CAMPOS, S.R.L.; TESKE, O. (orgs). Letramento e Minorias. Porto Alegre: Mediação, 2002. Cap.14, pp.120-128.

LIMA, Priscila A. & VIEIRA, Teresinha. Surdez: a(s) linguagem (ns) como sistemas de representação e organização mental. São Paulo: Avercamp, 2006.

MACEDO, Lino de. Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para todos? Porto Alegre: Artmed, 2005.

PERLIN, Gládis. Surdos: cultura e pedagogia. A invenção da surdes II. Org. Adriana da Silva Thoma, Maura Corcini Lopes. Edunisc, 2006, Santa Cruz.

SACKS, Oliver. Vendo vozes. Uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Imago, 1998.

SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima; FAULSTICH, Enilde; CARVALHO, Orlene Lúcia; RAMOS, Ana Adelina Lopo. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP. (Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos). 2004. v. 2

SANTAROSA, L.M.C.; LARA, A.T.S. Telemática: um novo canal de comunicação para deficientes auditivos. 1977. Disponível em: www.niee.ufrgs.br/publicacoes/artigos/da_ribie. Acesso em 10/01/2009.

SKLIAR, Carlos. A surdez: Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Dimensão, 1998. p.11.

STAINBACK, Susan; STAINBACK, William. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

VYGOTSKY, L. S., LURIA, A. R. & LEONTIEV, A. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988, 298p.

VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

WOODWARD, Kathyn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual In: SILVA, Tomaz Tadeu. Identidade e diferença: a perspectiva de estudos culturais. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.