Praticando a motivação na equipe de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva contribuindo para o desenvolvimento de um trabalho eficaz.
Célio Mendes do Vale*

A UTI, Unidade de Terapia Intensiva é uma área destinada ao atendimento a pacientes críticos ou graves, que necessitam de monitoramento contínuo e cuidados complexos. Para tanto, requerem equipamentos específicos, mas também de pessoal qualificado para um melhor atendimento¹.
A prática diária da enfermagem dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva é caracterizada pelo atendimento interdependente, onde a motivação traz a busca na eficiência da atenção prestada e consequentemente uma melhor ação desenvolvida, aliada ainda à satisfação dos trabalhadores¹.
A palavra motivação (derivada do latim motivus, movere, mover) indica o conjunto de razões ou motivos que explicam, induzem, incentivam, estimulam ou provocam algum tipo de ação ou comportamento¹.
Há muito se vê descritos os fatores motivacionais e desmotivadores que circundam os pensamentos e ações dos profissionais da equipe de enfermagem. Vários estudos vêm apontando esses fatores no intuito de desenvolver estratégias para uma melhor intervenção e melhora no ambiente de trabalho².
Frente a essa situação o enfermeiro se vê na necessidade de compreender os diferentes agentes causadores da insatisfação no trabalho da equipe de enfermagem e buscar maneiras diversas para solucionar ou ao menos amenizar a situação para que tenha uma equipe mais empenhada e satisfeita em desenvolver o trabalho proposto, tanto individualmente quanto em grupo.
Baseado nas fontes literárias e na vivência diária com a equipe de Enfermagem de uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital filantrópico no interior de Minas Gerais é que me deparei com a grande necessidade de motivar uma equipe de profissionais técnicos de enfermagem, plantonistas em período noturno.
*Enfermeiro Assistencial da Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa de Misericórdia de Barbacena ? MG; Especialista em Emergência Pré e Intra-hospitalar; Pós- graduando em Terapia Intensiva Adulta e Neonatal.

Sem muito me preocupar em me basear em alguma teoria científica ou algo parecido, decidi inicialmente realizar conversas informais com cada funcionário em momentos que se fizessem oportunos, como por exemplo, o momento do café onde estivéssemos somente eu e ele, no horário de descanso, intervalos, entre outros. Posteriormente ainda de modo informal, realizava conversas com dois ou mais funcionários juntos. É importante frisar que as conversas informais tinham assuntos que variavam desde problemas pessoais, amorosos, família, emprego, finanças, enfim, assuntos que são corriqueiros em qualquer ambiente, como em casa, na rua, e também no trabalho. Assim, pude ter uma noção individual de cada pessoa da equipe de enfermagem, como seus desejos, suas vaidades, seus medos, suas esperanças.
Com o tempo foi possível fazer com que a equipe enxergasse o enfermeiro como mais um entre eles e não o "um" que está perto dela, somente na posição de supervisão ou "chefia".
Posteriormente a essa experiência, juntamente com a equipe, decidimos então realizar reuniões rápidas mensalmente, durante o período de trabalho, quando assim se fizesse possível. Na primeira reunião realizada, procurei deixar explícita a necessidade que eu tinha em saber as dificuldades profissionais de cada funcionário. Dificuldades diversas como técnicas em procedimentos, conhecimento teórico e principalmente relação interpessoal. Informei também o desejo de que me fosse direcionada qualquer tipo de insatisfação em relação à supervisão de Enfermagem no plantão.
Encontrei certa resistência em ouvir os questionamentos em relação às dificuldades de relacionamento interpessoal, fato esse que muitas vezes me deparei nos plantões executados, porém acreditei que à primeira experiência tal situação ocorreria.
Realizamos mais reuniões, que sempre se iniciavam com o meu parecer em relação ao crescimento no trabalho da equipe, e principalmente enfatizando a importância que cada profissional tem em relação ao paciente. Com o passar do tempo, foi ficando mais fácil a comunicação entre todos da equipe, mesmo direcionado a supervisão de Enfermagem bem como ao trabalho da mesma.
Em algumas reuniões, me vi diante de entraves como ter que acalmar os ânimos dos profissionais uma vez que eles se dirigiam uns aos outros para expressar suas opiniões, que muitas vezes não eram bem aceitas pelos colegas. De maneira a intervir para que não fosse se tornar um fator desmotivador do funcionário, informava que aquele momento era o momento de cada um descrever suas dificuldades e suas visões no ambiente de trabalho, e que tal situação seria fonte de aprendizado. Aprender a ser ouvido e principalmente a ouvir.
Quando ocorriam situações conflitantes entre dois ou mais profissionais, procurava após o término das reuniões, conversar individualmente com cada funcionário e expor a minha visão perante os fatos. Postura essa que me proporcionava um momento de correção de atitudes sem a necessidade de expor o funcionário. Fato esse que rendeu "bons frutos".
Por fim, após um período de execução dessa estratégia, pude observar claramente um grande avanço no desenvolvimento do trabalho da equipe de enfermagem. Uma melhora expressiva no envolvimento de cada profissional em relação ao cuidado ao paciente, não só ao que se encontra ao seu cuidado direto e sim a todos os internados na UTI. Observei também uma melhora na interação interpessoal. E por fim, notei uma aproximação entre o profissional enfermeiro com a equipe de enfermagem, onde notoriamente pude sentir um acolhimento e um respeito mútuo que muito foi desejado por todos.

Referências

1) Samantha V.G. Melara et al. Motivação da equipe de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva. Disponível em http://www.cienciasdasaude.famerp.br/racs_ol/vol-13-3/ID%20166.pdf. Acesso em junho de 2011.

2) Anne Aires Vieira Batista et al. Fatores de motivação e insatisfação no trabalho do enfermeiro. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v39n1/a11v39n1.pdf. Acesso em junho de 2011.