PRÁTICA DE ENSINO: PROMOÇÃO DO CONHECIMENTO E REFLEXÃO

 

 

Benedito Damaceno da Silva

INTRODUÇÃO

Esse estudo a respeito da Prática de Ensino visa a promoção do conhecimento e reflexão em torno dos processos de planejamento e realização intencional e reflexiva de situações de ensino e aprendizagem contextualizadas no âmbito escolar e não-escolar. Utilizando metodologias diversas, procura-se desenvolver processos de reflexão acerca dos conteúdos das matérias de ensino e respectiva forma de manipulação para apresentação prática como proposta de ensino, tomando em consideração as condições e intenções da Educação como área curricular com valor formativo específico e as condições de exercício profissional em contextos não escolares.

DESENVOLVIMENTO

A PRÁTICA DE ENSINO

A prática de ensino, por ser uma disciplina teórico-prática, talvez a única com essa característica em se tratando da formação de professores, hoje, desenvolve-se a partir de vivências pedagógicas no interior da escola, teorizando-a. Em seu desenvolvimento o contato com o espaço educativo da escola é imprescindível, pois é dessa realidade que as propostas de ensino devem emergir. A falta de um vínculo mais efetivo dos alunos com a realidade da escola, ainda tem restringido a vivência pedagógica a um contato artificial, de cumprimento formal da prática de ensino, o que não garante uma reflexão aprofundada sobre o vivido.

A reflexão sobre o cotidiano, sobretudo, a partir das dúvidas reais do professor, constitui-se na condição para que se proceda uma formação mais articulada e coerente com a realidade. A falta de um trabalho mais sistemático de parceria entre escolas e Universidade tem levado à construção de propostas atomizadas e com pouca repercussão na comunidade educativa. Fazendo intervenções a partir de disciplinas isoladas em atividades esporádicas não se efetivam as mudanças necessárias no contexto da escola pública brasileira, nem se criam as condições para que o professor se forme num real envolvimento com os problemas da educação brasileira.

PRÁTICA

Prática como toda a ação do homem sobre a natureza e sobre outros homens. Para nós, a educação é o conjunto de estudos e experiências que propiciam ao educando o desenvolvimento de suas potencialidades de forma equilibrada, tendo por finalidades sua formação integral e a construção do homem moral.

O finalismo superior da educação: o homem moral. O caminho para esse fim: a formação integral. Podemos, em nível de ensino, destacar como sendo a aplicação da interdisciplinaridade, ou seja, o conjunto das disciplinas, dos temas de estudo em ação cooperada. Também está caracterizada na definição a aplicação da experiência própria, do trabalho por parte do educando, assim como o reconhecimento de que ele é o agente de si mesmo, por ser portador de suas próprias potencialidades. Estamos falando da educação integral, aquela que conjuga de forma dinâmica os agentes sociais, o eu indivíduo e a vida num processo interativo.

ENSINO

Apresentando um caráter triádico – quem ensina, à quem se ensina, o que se ensina – pressupõe, a atividade ensino, a priori, uma “intenção”, uma pretensão de que um objetivo almejado – que seja de ordem cognitiva, afetiva ou motora – seja atingido por aquele submetido ao processo. À intenção ligam-se, ainda:

a) a necessidade de que aquilo a ser ensinado tenha condições de ser aprendido pelo aluno;

b) que esse conteúdo seja revelado como objetivo a ser alcançado.

Duas situações opostas, ou combinação de ambas, também surgem durante o ensino: submissão ou diálogo.

A primeira aparece quando aquele que ensina assume uma posição de prepotência ou de manipulação daqueles que se encontram a aprender, isto é, quando o indivíduo se impõe como pura transmissão de conhecimentos.

A outra situação decorre quando o ensino é realizado atrás de um verdadeiro diálogo, de um oferecimento da “matéria” em estudo.

Rejeitar a primeira ocorrência, talvez tomando-se como base os adjetivos a ela ligados, é atitude prematura, pois tal situação poderá ter seu lugar no ensino, analisado o momento.

Aprendizagem é conceito que não pode ser desprezado quando se pretende uma proposta de definição de ensino. E torna-se importante quando, através dele, a idéia de intencionalidade de um objetivo a ser atingido perde seu caráter unívoco de verdade, possibilitando a afirmação:

a. A aprendizagem também ocorre SEM INTENÇÃO de ensino.

A própria vida serve como demonstração do postulado, pois é fato notório que a aprendizagem se verifica com frequência fora da escola, adquirindo o homem, por possuir inteligência, uma infinidade de conhecimentos através de instrumentos que não tem como origem o ensino.

Exemplos característicos são os diversos meios de comunicação de massa (jornais, televisão , rádio, cinema) e a interação social (no clube, trabalho, lar) e outros.

Não sendo necessário, para que haja aprendizagem, a intenção de ensino, também outra afirmativa, ligada a este último conceito através da citada intenção, sofre um reestudo:

b. A aprendizagem não pressupõe a revelação de um conteúdo como objetivo a ser alcançado.

Como ponto comum ao processo ensino X aprendizagem surge apenas aquele referente “à necessidade de que aquilo a ser ensinado tenha condições de ser aprendido pelo aluno” ou, a esta altura, utilizando termo mais adequado, “ser aprendido por aquele submetido ao processo”.

Exemplificando: não se pode ensinar algo a alguém, sem que este alguém esteja suficientemente maduro para observar o conteúdo pretendido, amadurecimento este conseguido através da passagem por estágios de aprendizagem pré-requisitos. É um fator óbvio, lógico, que Geometria Descritiva não pode ser ensinada à classes de primeiro grau.

Um quadro comparativo permite melhor visualização dos contrastes e analogias entre ensino e aprendizagem.

DIFERENÇA ENTRE ENSINAR E APRENDER?

Quando nos dirigimos aos professores de ensino superior, que tem à sua frente, em sala de aula, alunos com expectativas de conhecer os grandes mestres e especialistas nos assuntos e de ouvir suas brilhantes preleções, bem como saber de suas melhores experiências no campo profissional, parece lógico que déssemos importância ao ensino. Aprendizagem para muitos, soa como algo fora de tempo ou fora de moda.

Com efeito, se procurarmos decodificar o significado de “ensinar”, encontramos verbos como: instruir, fazer saber, comunicar conhecimentos ou habilidades, mostrar, guiar, orientar, dirigir – que apontam para o professor como agente principal e responsável pelo ensino.

As atividades centralizam-se no professor, na sua pessoa, nas suas qualidades, nas suas habilidades.

Já quando falamos em “aprender”, entendemos: buscar informações, rever a própria experiência, adquirir habilidades, adaptar-se às mudanças, descobrir significados nos seres, fatos e acontecimentos, modificar atitudes e comportamentos – verbos que apontam para o aprendiz como agente principal e responsável pela sua aprendizagem.

As atividades estão centradas no aprendiz (aluno), em suas capacidades, possibilidades, oportunidades, condições para que aprenda.

Entendemos que toda e qualquer instituição de ensino, qualquer que seja seu nível, justamente porque existe em função do aluno (pessoa, membro de sua sociedade, profissional) e da sociedade na qual se insere, deverá privilegiar a aprendizagem de seus alunos sobre o ensino de seus professores.

Entendemos muito bem que aprendizagem e ensino possam estar indissociáveis, mas pensamos também que, dependendo da ênfase num ou noutro pólo, as orientações das escolas poderão se diversificar extremamente.

Nossa opção é pela aprendizagem, e julgamos de suma importância que nós, professores de nível superior, nos questionemos sobre nossa participação na criação e organização da aprendizagem de nossos alunos.

AULA

A aula é o horário de estudo de uma turma na escola. Aula pode ocorrer também fora de uma escola. Ex: Aulas de ginástica em academias de ginástica, aulas de música, aula de culinária, tele-aula, aulas não presenciais, aulas particulares, entre outras.

Em uma aula tradicional sempre foi considerado necessário a existência de ao menos dois personagens: o professor, indivíduo sábio, dotado do conhecimento, dono da verdade, representando o ensino, e o aluno, representando o aprendizado. Contudo, modernamente, com o desenvolvimento da tecnologia, constata-se que uma aula pode ocorrer sem a presença de um professor, utilizando-se novas formas e instrumentos para se adquirir conhecimento de forma sistemática, como as tele-aulas, os cursos por correspondência ou online, cursos em apostilas, entre outros, possibilitando a um aluno auto-didata escolher um horário personalizado para a sua aula, realizando-a no seu ritmo pessoal de assimilação, e conforme o seu interesse particular por um assunto.

Em torno de uma aula existem vários conceitos. A elaboração, o planejamento curricular, o conteúdo, os objetivos, a avaliação, a metodologias de ensino, as Tecnologias educacionais, a estrutura: início-meio-fim, entre outros.

Elaborar uma aula é tarefa de muita complexidade, geralmente realizada por um professor, com formação superior em Educação e Licenciatura. Uma aula pode estar isolada ou incluída em um planejamento curricular maior. A estrutura de uma aula apresenta começo-meio-fim, sendo o conteúdo da aula distribuído nessa sequência lógica. A metodologias de ensino varia de professor à professor, portanto o mesmo conteúdo pode ser desenvolvido de formas diferentes em aulas diferentes. Dependendo da metodologia de ensino, uma aula poderá ser essencialmente teórica, prática, ou teórico-pratica.

OBJETIVO

O termo "objetivo" diz respeito a um fim que se quer atingir. É o cume de uma busca, é quando você tem em mente onde e quando quer chegar. Objetivo nada mais é do que a luz no fim do túnel, o lugar ou objeto que você tanto deseja. Podemos apresentar como exemplo aquele carro que tanto cobiça, um emprego que você batalha para alcançar, um futuro que você Planeja.

A definição clara de objectivos é de extrema importância em várias áreas de actuação humana, a nível administrativo e de gestão, orientando a ação dos indivíduos. Em educação, por exemplo, a definição de actividades curriculares deve ser feita tendo em vista os objectivos definidos no programa curricular dos alunos.

Os objetivos de aprendizagem, devem ser descritos em termos de desempenhos observáveis e devem ser descritos utilizando uma taxonomia própria.

METODOLOGIA OU PROCEDÊNCIA ESTRATÉGICA

Antes de escolher a escola para o seu filho, é importante que você conheça o método de ensino utilizado pela escola. Há vários métodos de ensino, o montessoriano, piagetiano, tradicional, construtivista, etc. Ao conhecer o método de ensino utilizado pela escola, será possível verificar se o mesmo é compatível com o seu modo de pensar; e também porque não dizer,se é compatível com a educação que você dá ao seu filho dentro de casa.

Existem diversos enfoques, ou diretrizes, que permitem classificar os métodos possíveis de serem empregados em uma sala de aula, todos eles baseados em teorias e comprovados por pesquisas de campo. Entretanto, restringindo-se ao escopo desta dissertação e adotando-se uma visão direta e prática, é possível classificar os métodos empregados pelos professores da seguinte forma:

  • Método prático, ou "aprender fazendo";
  • Método conceitual, ou "aprender a teoria";
  • Método simulado, ou "aprender na realidade imitada";
  • Método comportamental, ou "aprender por crescimento psicológico".

Pelo método prático o aluno é levado a aprender pela realização da tarefa nas mesmas condições que são encontradas na realidade. A preocupação fundamental do professor, ao adotar tal método, reside em possibilitar que o ambiente onde se realize o aprendizado seja idêntico ao que o treinando irá encontrar quando ele executar tal tarefa em situações reais. O aluno, por seu lado, deve desempenhar as atividades da mesma forma como foi instruído em fazê-lo, pois esta será a maneira correta de sua execução nos casos reais. Este é o método mais adequado para desenvolver habilidades físicas do aluno a fim de que este possa repetir tal tarefa, em seu exercício profissional, de modo satisfatório e sem grandes supervisões.

CONTEUDOS

O processo de ensino-aprendizagem envolve um conteúdo que é ao mesmo tempo produção e produto. Parte de um conhecimento que é formal (curricular) e outro que é latente, oculto e provém dos indivíduos.

Todo ato educativo depende, em grande parte, das características, interesses e possibilidades dos sujeitos participantes, alunos, professores, comunidades escolares e demais fatores do processo. Assim, a educação se dá na coletividade, mas não perde de vista o indivíduo que é singular (contextual, histórico, particular, complexo). Portanto, é preciso compreender que o processo ensino-aprendizagem se dá na relação entre indivíduos que possuem sua história de vida e estão inseridos em contextos de vida próprios.

Pela diversidade individual e pela potencialidade que esta pode oferecer à produção de conhecimento, consequentemente ao processo de ensino e aprendizagem, pode-se entender que há necessidade de estabelecer vínculos significativos entre as experiências de vida dos alunos, os conteúdos oferecidos pela escola e as exigências da sociedade, estabelecendo também relações necessárias para compreensão da realidade social em que vive e para mobilização em direção a novas aprendizagens com sentido concreto.

AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM

De modo a melhor atender os objetivos (gerais e específicos) da disciplina, o instrutor deve escolher o método de ensino que melhor proveito irá ensejar. Mas, o processo de ensino/aprendizagem não termina com a forma eficaz de transmitir um conhecimento ao aluno; como parte intrínseca deste processo existe uma etapa denominada de avaliação. Esta etapa destina-se a:

  • Verificar o aproveitamento e os esforços despendidos pelos alunos para dominar o assunto; e,
  • Aferir a eficácia do método empregado, no sentido de atingir os objetivos do treinamento.

Normalmente, a visão desta etapa se restringe a sua primeira finalidade e onde se apóia todo o formalismo de avaliação do processo ensino/aprendizagem e da própria instituição de ensino.

No entanto, é na segunda que reside a sua principal finalidade. Ao comparar os resultados alcançados com os recursos empregados, através do uso de determinada metodologia de ensino, é possível realimentar este processo, dando prosseguimento aos procedimentos adotados ou, alterá-los nas situações apontadas, sempre que isto seja possível. Com base na análise dos resultados encontrados é possível concluir com a necessidade, entre outras, de adequações nos objetivos da disciplina, na imperiosidade de um entrosamento com outras disciplinas, ou mesmo em propostas de alteração da programação da disciplina.

Nem todas as metodologias de ensino permitem a aplicação de métodos de avaliação muito precisos como, por exemplo, o método comportamental que, destinando-se a proporcionar alterações de comportamento, somente pode ser avaliado após o decorrer de um prazo mais prolongado do que os demais e ainda, em situações reais onde o "ex-aluno" estiver inserido. Em contraposição, no método conceitual, há possibilidade de avaliar os alunos através de uma prova de conhecimentos que pode ser aplicada, imediatamente após o término da exposição.

FONTE

Fonte é toda e qualquer instituição que produz conhecimento, núcleos de pesquisa, pesquisadores que produzem conhecimento. Bibliotecas e sites de universidades, em suma, onde nasce ou tem origem o conhecimento.  O documento (ou pessoa) de que (m) se obtém informação. Podem ser: Formais ou informais.   

  • Fontes formais: demandam uma maior atenção, tempo e desgaste intelectual.
  • Fontes informais: são mais rápidas e exigem menos esforço;

 Porém, uma não anula a outra, ambas são importantes na construção do conhecimento. O comportamento ou o tipo de necessidade de uso da informação delimita a quantidade de fontes a ser pesquisada, conforme exposto uma pessoa num estado de espírito investigativo irá explorar mais fontes, enquanto uma pessoa numa atitude indicativa irá buscar informações que levem à conclusão da pesquisa ou à ação.  

CONCLUSÃO

Observa-se finalmente que a prática de ensino possibilita ainda ao professor trabalhar tanto com as concepções prévias dos alunos como na perspectiva de elaboração e resolução de problemas. Estes, são os eixos orientadores das políticas públicas educacionais brasileira para a ação docente.

É necessário que os modelos trazidos pelos alunos se mostrem insuficientes para explicar um dado fenômeno, para que eles sintam necessidade de buscar informações e reconstruí-los ou ampliá-los. Em outras palavras, é preciso que os conteúdos a serem trabalhados se apresentem como um problema a ser resolvido.

Por isso, é que acredita-se numa prática de ensino fundamentada pela Investigação-ação Escolar e Educação Dialógico - Problematizadora, pois, os conteúdos a serem trabalhados precisam ser contextualizados nas situações-problema desde o nível escolar inicial.

Assim, o professor estará promovendo a desestabilização dos conhecimentos prévios, criando situações em que se estabeleçam os conflitos necessários para o ensino-aprendizagem. Poderá fazer isso, problematizando com os alunos, uma situação-problema relacionada à realidade concreta, cuja elaboração e resolução passe pela coleta de novas informações, retomada de seu modelo de pensamento e verificação do limite deste.

Para isso, o professor necessita aprender a distinguir quais questões são viáveis e possíveis de problematizar, em termos do processo de ensino-aprendizagem e significância para os alunos. Ou seja, precisa aprender a distinguir entre as situações que de fato mobilizam para o diálogo e para o ensino-aprendizagem -- uma situação-problema com potencial gerador - - daquelas que não mobilizam.

BIBLIOGRAFIAS

FAZENDA, Ivani. A prática de ensino e o estágio supervisionado. Campinas - SP: Papirus, 1991.

GONÇALVES EL. - Pedagogia e didática: relações e aplicações no ensino médico. Rev Bras Educ Méd 2001; 25(1): 20-6.

NÓVOA, António. Formação de professores e profissão docente. In: NÓVOA, António. Os professores e sua formação. Lisboa - Portugal : Dom Quixote, 1992.