Pouquíssimas palavras sobre Édipo Rei, o filme

Pesquisadores, diretores, roteiristas, produtores e divulgadores de conhecimento deixam-nos um legado significativo. Nós, leitores ou expectadores, ao buscarmos informações e podermos contar com esse legado, tornamo-nos participantes privilegiados do que foi concebido e tornado público.

É o que ocorre a partir de Édipo Rei filme de 1967, dirigido por Pier Paolo Pasolini  que retrata a tragédia grega, escrita por Sófocles por volta de 427 a. C., a história de  lida, relida, repetida em cenas teatrais, cinematográficas e até familiares. É difícil manter-se impassível diante do que assistimos.

Trama entremeada de ‘presente’ e ‘passado’ que nos permite ampliar nossas margens do conhecimento e da reflexão. Enredo interessante, envolvente. No desfecho, o protagonista termina com a frase: A vida termina onde começa; faço a analogia com porquanto é pó, e em pó te tornarás Gn. 3, 19.

Tudo prende a atenção, provoca a reflexão atenta. Paro para pensar sobre a a inevitabilidade das coisas, dos ciclos da vida, da própria vida. Respeitando-se ou não os movimentos em torno de nós, as coisas acontecem: para o ‘bem’ ou para o ‘mal’. (Conceitos tão relativos quanto os de belo e feio, perfeito e imperfeito, etc.) Acredito que podemos adiar ‘coisas’, interrompê-las, porém, quando são... são. Simples assim, nem sempre explicáveis. Surgem, transmutam-se e voltam; finalizando-se, porque têm um curso a seguir.

É difícil, muitas vezes, aceitar o que nos está imposto ou proposto, no entanto tudo acontece de acordo com o que nossas ações minuciosamente escreveram, previram, ditaram ou ordenaram.

Filme que deve ser visto, bom ponto de parada para pensar.  Édipo Rei me passa a questão intrincada da inevitabilidade do que deve acontecer e o quanto colaboramos direta ou indiretamente, envoltos em uma grande teia, para que tudo ocorra e siga o curso já determinado. A vida termina onde começa. Podemos mudar?