PORVENTURA O CRENTE EM JESUS CRISTO TEM UMA MÃE ESPIRITUAL?

 

De antemão, já respondo positivamente a esta pergunta título: Sim, o crente em Jesus Cristo tem uma mãe espiritual, graças tão somente ao nosso Bendito e Eterno Deus.

Até onde tenho conhecimento, com exceção do sacerdote Melquisedeque (Hb.7:3), todos nós fomos concebidos e nascemos de uma mulher, de modo que ninguém tem dúvida de que temos ou tivemos uma mãe biológica, natural.

Porém, consoante a afirmação de que temos uma mãe espiritual – uma única mãe espiritual – quem é ela, afinal?

Algumas religiões exaltam a Maria como nossa mãe espiritual; e, nesse intento, estribam-se no diálogo de Jesus com Maria e com seu discípulo João, quando de sua crucifixão. Transcrevamos, pois, o texto e vejamos se há, de fato, embasamento para tal exaltação: “Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe e ao lado dela o discípulo a quem Ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (Jo.19:25-27)

Qual é a explicação mais razoável para este texto?

Todos os estudiosos sérios das Escrituras Sagradas concordam que José, o pai natural de Jesus, faleceu prematuramente, e por isso Jesus passou a cuidar de sua mãe, até o dia de sua morte. Destarte, em seu desvelo filial Jesus deixou Maria aos cuidados de João, e então ele a recebeu em sua casa para dela cuidar.

Portanto, Maria não é a mãe espiritual de João (mas tão somente sua mãe adotiva) nem dos crentes, e a prova incontestável desta minha afirmação podemos ver abundantemente no Novo Testamento.

Iniciemos com o episódio da mulher que, ao ouvir a prédica do Divino Mestre sobre a blasfêmia dos fariseus, propiciou a Lucas o seguinte registro: “Ora, enquanto Ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que te amamentaste. Mas Ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus, e a observam.” (11:27,28). Aqui, vemos morrer, no nascedouro, qualquer ideia de divinização da mãe, na ambicionada figura religiosa mãe-filho, mulher-criança.

Noutra ocasião, Maria e os irmãos de Jesus “saíram para o prender; porque diziam: Ele está fora de si.” (Mc.3:21), mas não puderam sequer entrar na casa onde Ele se encontrava, por causa da multidão que estava sentada ao redor dEle, momento em que lhe disseram: “Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram. Respondeu-lhes Jesus, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E olhando em redor para os que estavam sentados à roda de si, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos! Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.” (id.vv.32-35)

Quem é minha mãe?”, perguntou Jesus; e Ele mesmo respondeu: “AQUELE QUE FIZER A VONTADE DE DEUS, esse é meu irmão, irmã e mãe.” Esta Palavra de Jesus coaduna com a de Salomão: HÁ UM AMIGO QUE É MAIS CHEGADO DO QUE UM IRMÃO.” (Pv.18:24)

Ora, se Maria de Nazaré fosse a mãe espiritual dos crentes em Jesus Cristo, mormente dos crentes seus contemporâneos, certamente naquele momento ela estaria com eles fazendo a vontade de Deus, e não do lado de fora buscando prender Jesus.

Ademais, se Maria fosse a mãe espiritual dos que creem em Jesus Cristo, indubitavelmente haveria a revelação Neotestamentária de que ela é a nossa intercessora, medianeira, advogada, no múnus de corredentora, que, diga-se de passagem, é outro ofício a ela erroneamente atribuído.

Muito pelo contrário!

O nosso INTERCESSOR é Jesus Cristo: "Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também INTERCEDE por nós." (Rm.8:34). “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para INTERCEDER por eles.” (Hb.7:25). “Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora COMPARECER POR NÓS PERANTE A FACE DE DEUS.” (id.9:24). "Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. CHEGUEMO-NOS, POIS, CONFIADAMENTE AO TRONO DA GRAÇA, PARA QUE RECEBAMOS MISERICÓRDIA E ACHEMOS GRAÇA, A FIM DE SERMOS SOCORRIDOS NO MOMENTO OPORTUNO." (id.4:14-16). Estes Textos provam à saciedade que SÓ JESUS CRISTO é o nosso ÚNICO e TODO SUFICIENTE INTERCESSOR; destarte, não necessitamos de quaisquer outros intercessores, tampouco de cooperadores na intransferível obra de intercessão.

Jesus Cristo é o nosso ÚNICO MEDIADOR: “Porque há um só Deus, e UM SÓ MEDIADOR entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” (1Tm.2:5). “Mas agora alcançou Ele ministério tanto mais excelente, quanto é MEDIADOR de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas.” (Hb.8:6). “E a Jesus, O MEDIADOR de um novo pacto, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.” (id.12:24)

Jesus Cristo é o nosso ÚNICO ADVOGADO: " temos um ADVOGADO para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo." (1Jo.2:1)

Definitivamente, nenhum ser humano, limitado, mortal, pecador, pode ser nosso intercessor, mediador, advogado, como anelam algumas religiões, pois isto seria desprezar e até mesmo anular a INTERCESSÃO ABSOLUTA, INDEFECTÍVEL, PERFEITA E INEFÁVEL DO SENHOR JESUS CRISTO, O NOSSO ÚNICO PORQUE TODO-SUFICIENTE INTERCESSOR, MEDIADOR, ADVOGADO.

Igualmente, religiões há que têm por mãe a igreja, daí o epíteto de igreja MATRIZ (igreja MÃE), à imitação plena dos estabelecimentos comerciais, com suas inúmeras sucursais. De seu opulento gabinete instalado na igreja matriz preside o líder mor, o chefe-sátrapa, o pastor-homem-de-poder, para o qual todas as filiais carream a dinheirama explorada da fé ingênua dos incautos. E, nessa infundada eclesiologia, essas religiões têm lá sobeja razão de evocarem por mãe a igreja, porquanto o Apocalipse de João revela-nos que a igreja apóstata, alcunhada de "grande Babilônia", é, de fato, mãe: "E na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia, A MÃE DAS PROSTITUIÇÕES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA." (17:5)

Agora, o texto que revela a nossa única, lídima e toda suficiente mãe: “Mas a Jerusalém que é de cima é livre; A QUAL É NOSSA MÃE.” (Gl.4:26)

A Epístola do Apóstolo Paulo aos Gálatas é a Carta Magna da Liberdade, um verdadeiro tesouro que o Apóstolo das Gentes legou aos crentes outrora escravos e agora livres. Nela, o Apóstolo discorre sobre a alegoria dos dois pactos, nas pessoas de Sara e Agar.

Dessas mulheres Abraão teve dois filhos, um da escrava (Agar), e outro da livre (Sara). Ismael, que era da escrava nasceu segundo a carne, mas Isaque, que era da livre, por promessa.

Então Paulo conclui: “Ora, esta Agar é o monte Sinai na Arábia e corresponde à Jerusalém atual, pois é escrava com seus filhos. MAS A JERUSALÉM QUE É DE CIMA É LIVRE; A QUAL É NOSSA MÃE.” (id.vv.25,26)

Regozijemo-nos, pois, e adoremos a Deus, porquanto essa JERUSALÉM NOSSA MÃE é mesmo de cima, e livre, conforme Hb.12:22; Ap.3:12; 21:2,10. Aleluia!

Lázaro Justo Jacinto