Caros amigos/amigas.
Esse ano promete, pois será mais um ano de pão e circo (mais circo do que pão, obviamente). Ano de eleições, ano de mudanças. Será mesmo? A verdade é que não gosto do que se anuncia para esse ano eleitoral, pois me sinto, como a maioria dos brasileiros, um verdadeiro palhaço!
E o ano já começa com as especulações em torno dos nomes do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), consolidados como os dois principais candidatos à sucessão presidencial e intensificando a movimentação em busca de votos.
As eleições são uma ofensa a consciência cívica da sociedade brasileira. Digo isso porque a maioria dela está muito ocupada para pensar. E vou além. É muito mais que uma simples ofensa. É a constatação de que política aqui nesse país se faz com política. Existe uma máfia de interesses próprios que lutam por tudo o que há de melhor para eles e às vezes quando sobra alguma coisa se lembram dos outros, no caso, de nós, o povo. E aí fazem uma obrinha aqui, uma Bolsa Família ali, um PAC pra cá, PAC pra lá...
Portanto, meus/minhas queridos/queridas, esse ano promete. E eu prometo também não parar de gritar (ou melhor, escrever). Um dia alguém ouve (ou melhor, lê). E quando esse dia chegar...
Segue o primeiro de uma série de textos que se prolongará até as eleições. A idéia é: vou enviar para todos da minha lista, e quem ler e gostar, se achar interessante, envia para outras pessoas da sua própria lista, para que um número grande de pessoas possa também ler e comentar. Não esquecer de deixar o meu e-mail, que está lá no final do texto, pois gostaria de ler comentários e críticas de outras pessoas. É que não possuo blog, orkut, twitter e essas outras besteiras que inventaram por aí...
Abraço forte. Leiam o texto que segue, o primeiro.   







POR QUE NÃO VOTAR EM JOSÉ SERRA

  Pelos mesmos motivos que o Brasil não votou em Geraldo Alckmin em 2006. A maioria da população está cansada de viver sob o jugo de uma cartilha feita pelos donos do poder, por uma elite que usa todos os meios possíveis para manter uma ordem antiga, de quinhentos anos, que só a favorece economicamente, em detrimento das camadas populares. E essa elite dominante, que será representada neste ano por José Serra, tem na grande mídia (Rede Globo, Veja e Cia.) sua fiel representante. Sem falar também na força da grana (essa mesma que ergue e destrói coisas belas, da música "Sampa", de Caetano Veloso).

  Essa faixa elitizada da sociedade brasileira (os 10 ou 15 por cento que têm tudo), neste ano vai votar em José Serra, pois a sua política ajudará a manter este quadro (status quo) em que vivemos, que não contribui com a melhoria do bem-estar e da qualidade de vida de toda a coletividade. Visite as favelas e periferias da sua cidade, veja como vivem os 85 ou 90 por cento da população pobre. O nosso país é rico, mas essa riqueza quase toda fica nas mãos de uma parcela ínfima da sociedade - os ricos, a elite dominante! As pessoas mais velhas precisam comparar os últimos oito anos do atual governo com os anos anteriores. Será mesmo que é a mesma coisa?

  Independentemente de em quem vamos votar, precisamos ter em mente, enquanto coletividade, que a saída para o caos em que vivemos (miséria, fome, analfabetismo, violência etc, etc.) passa necessariamente pela conquista dessas metas:

a) SOBERANIA – será conquistada quando o povo tiver condições de definir seus próprios objetivos, e não mais viver como um grande rebanho atrás do pastor. Zé Ramalho diz na sua música Admirável Gado Novo: "É duro tanto ter que caminhar e dar muito mais do que receber".

b) DESENVOLVIMENTO – acontecerá, não somente no sul maravilha, quando quem estiver no poder mobilizar todos os recursos e toda a capacidade produtiva que temos – terra, instalações etc. – para beneficiar a todos, principalmente os 85 ou 90 por cento que pouco ou nada têm.

c) SUSTENTABILIDADE – vem junto com o desenvolvimento. É quando o ser humano realmente está no centro das preocupações dos governantes – vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores, ministros e presidente – sempre, e não somente a cada quatro anos, como acontece a tantos anos neste país, fruto de uma democracia delegativa e incompleta, onde o que decide as eleições é o voto comprado.

d) DEMOCRACIA AVANÇADA – teremos quando for feita uma profunda reforma das instituições de poder, bem como dos meios de comunicação de massa, que estão nas mãos da elite, e colocá-los a serviço do povo, da coletividade.

  Sem atentar para as conquistas destas metas, o Brasil não vai continuar avançando. Do jeito que está, a reforma durará décadas. Até lá, o número de indigentes, marginalizados e desempregados só irá aumentar.

  Lula, ao longo desses oito anos, vem representando algumas dessas mudanças, alguns avanços necessários que o Brasil tanto precisa. Só não conseguiu avançar mais, por culpa da elite mesquinha, atrasada, antinacional e hipócrita que temos nesse País! Lula já ganhou de Serra. Em 2010 ele terá de escolher alguém para disputar com o Serra, que é forte, porque vem com a grana da São Paulo multinacional. Qual será o discurso dos tucanos? Ou eles continuarão sem discurso algum também em 2010? Eles estão sem discurso desde o fracasso da era FHC!

  O grande e saudoso Renato Russo questiona numa música de vinte anos atrás: "Que país é este?" Nós precisamos, enquanto povo, continuar tentando responder a esta pergunta!

(Márcio Melo, professor de História, Sociologia e Filosofia, formador de opinião e cidadão que paga todos os impostos em dia; mais um otimista incorrigível e também teimoso, por continuar gostando e achando que a política é a chave para a maioria das mudanças)

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