Por que choram as autoridades?

Rio de Janeiro, 10 de abril de 2011, 10:50 ? Pelo canal Cinemax, anuncia-se a apresentação de um filme ? Morte Súbita, com a advertência - "este filme é impróprio para menores de 14 anos, porque contém cenas de sexo, drogas e violência". Aliais, como todos os outros filmes que nos são apresentados. E também os programas de "diversão", que esmeram-se em explorar a sexualidade e, suas consequências maléficas. A violência gratuita é massivamente divulgada, em todos os horários, em todos os programas, em todos os filmes, em todos os canais. Porque nós rotulamos de diversão o que na verdade é apologia à violência, às drogas e ao sexo.

Não há programa cômico que possa divertir o seu publico sem as referências ao sexo a baixeza, não há novelas que não ensinem caminhos ardilosos para ganhar dinheiro a aplicar golpes e cultuar os baixos sentimentos de ódio, vingança, vícios e ainda, se têm o desplante de fazer propaganda disso como se estivesse prestando um serviço publico. Querendo enganar seu expectador, fingindo-se de nobres e educadores.

Não existe nos cinemas um filme que esteja voltado ao bem; massivamente, se põem a exibir violência, intrigas, e malversação de mentes. Até nos desenhos animados, esses temas são constantes.

Nas escolas, os professores ? colados na parede, são reféns da falta de educação domestica ? respeito aos mais velhos, comportamento social e disciplina ? e já tivemos notícia de professor assassinado e isso constitui apenas mais um dado estatístico, que amanhã será esquecido pelo anúncio de outro drama mais violento.

O desregramento social é avassalador, a degeneração é flagrante e, vemos surgir no dia a dia, casos cada vez mais escabrosos, até que nos acostumamos a vê-los como normais, do nosso dia a dia. Assistimos diariamente, a televisão mostrar jovens muito bem apresentados até de classe média, se sentindo no direito de assaltar e roubar, para sustentar seus vícios e, nós não mais nos revoltamos porque achamos isso fato normal. É a síndrome da normose, que nos anestesia e embaça nossos sentidos, para verdades que não queremos viver.

Nós nos acostumamos ? mais não devíamos.

O poder publico, com suas instituições corrompidas ? apenas fingem sentir muito cada um dos acontecimentos ? quando na dura realidade da rua ? assistimos via TV a cabo, guardas atirando em menores desprotegidos, agindo não como agentes da lei e da ordem, mas sim, como achacadores baratos, em busca da sua auto subsistência, impunemente. A impunidade é nosso calcanhar de aquiles. Porque, juízes se sentem no direito de não trabalhar alegando que no Piauí, faz muito calor ? e nos demais estados se seguem o exemplo ? por pura solidariedade.

Quando um louco ? facilmente formado por esse estado de coisas, têm acesso a armas e a escola da internet, para aprender a cópiar procedimentos alienígenas ? as autoridades com lágrimas de crocodilo vêm nos consolar com medidas para recolhimento de armas que segundo eles causam esses desastres. Mas, a educação continua abandonada ? vejam esse dado que o Senador Cristovam Buarque divulgou no sábado ? dia 09 abril 2011, através do Jornal "O Globo ? Opinião" pagina 07:

"Um relatório da Unesco divulgado em março mostra que a maioria dos adultos analfabetos vive em apenas dez países. O Brasil é um deles, com 14 milhões; com o agravamento de que, no Brasil, eles nem ao menos reconhecem a própria bandeira. De 1889 até hoje, chegamos à sétima posição mundial na economia, mas temos quase três vezes mais brasileiros adultos iletrados do que tínhamos naquele ano; além de 30 a 40 milhões de analfabetos funcionais."

Então, com esse perfil, mais um condicionamento massivo e diária voltado exclusivamente para o mal, a busca do prazer desenfreado e o sucesso traduzido e definido como a obtenção de felicidade através da posse de bens materiais, exclusivamente; o reinado da impunidade e da corrupção, a falta de exemplos de moral e ética, o vácuo de presença honesta do poder publico e ausência de ordem, disciplina e de objetivos, constituem a fórmula perfeita para os acontecimentos que somos de quando em vez chamados a presenciar, estarrecidos claro.

Vemos depois do acontecimento onde doze crianças foram chacinadas, e cinco ainda correm risco de vida, o espetáculo dos aproveitadores televisivos se esmerarem por mostrar em detalhes como é possível recarregar em segundos um revolver ? o que eu com sessenta e nove anos ? jamais sonhei existir e agora não somente sei como todos os que pretendem aparecer na mídia também o sabem e logo, logo; vão aparecer mais casos, porque a "consciência" da televisão é voltada apenas e tão somente em aparecer e fomentar violência, porque isso, segundo se acredita e se divulga, dá Ibope.

Hoje, os jornais e as autoridades, buscam a solução fácil, culpar os pés-de-chinelo, que venderam as armas ao indivíduo que transloucado, praticou a barbárie, mas ninguém quer saber de pensar em mudar o perfil de educação do povo em geral, sabem por quê, porque isso requer coragem, investimento, desprendimento; e convenhamos é mais simples achar um culpado no meio do povo e dá uma de cerca lourenço, até que o caso seja substituído por outro, mais outro, mais outro.

"Somos a sétima potência econômica do mundo ? mas o 88° em educação", segundo a Unesco. Isso não causa nenhum indignação, porque causam outras coisas que são esquecidas rapidamente, povo sem educação é povo sem memória.


"Somos a sétima economia do mundo" mas de acordo com a Transparência Internacional estamos a 69° lugar na ordem dos países com ética na política por causa da corrupção.

O que isso tem a ver com o assassinato em massa de crianças inocentes? Simples, falta verdade nas lágrimas derramadas pelas autoridades constituídas.

Quero finalizar transcrevendo a carta enviada ao jornal O Globo em 09 abril 2011 pelo Sr. Orlando Machado Sobrinho ? pois diz em poucas linhas tudo que deve ser dito a respeito:

" O massacre de Realengo reacende o movimento pelo desarmamento da sociedade civil, que não resultou na diminuição dos crimes por armas de fogo, como revelam as estatísticas. Enquanto não houver uma política nacional de segurança publica, com base na educação coletiva e que traga confiança de que realmente o governo age nas raízes e na rama das desigualdades, onde o Estado cobre a competência com capacidade ação de todos os poderes, principalmente, dos seus juízes de Direito, continuaremos comprado lenços para enxugar as lágrimas pela perda precoce de vidas. Uma nação sem magistrados é um corpo sem alma." (o grifo é meu)

Apolinario de Araujo Albuquerque Rio, 10 março 2011.