O tempo passa, as coisas mudam, a vida se transforma. E tudo acontece tão rápido que às vezes nem nos damos conta de tudo o que perdemos, de todas as coisas maravilhosas que deixamos para trás. E de repente venho a me lembrar da minha infância, de todas as brincadeiras, dos amigos, da inocência, da alegria, da vida calma e despreocupada. Como sinto saudades de tudo aquilo.

E quando foi que tudo acabou? Quando foi que eu decidi deixar de ser criança e me tornar um adulto? Em algum momento as pessoas têm que crescer, e eu queria isso, ser adulto, deixar de depender dos pais, poder ir onde eu quisesse, parecia tão divertido. Mas eu estava terrivelmente enganado.

O que eu ganhei nessa nova fase da vida? Problemas, tristezas e eu emprego enfadonho. Passo dez horas por dia trancado em um galpão escuro com pessoas que não têm nada haver comigo. Bem diferente do que eu esperava da vida adulta, nada de diversão e liberdade, só compromissos e responsabilidades que eu nunca quis pra mim. Às vezes dá vontade de abandonar essa vida chata e relembrar os velhos tempos, sair por ai sem rumo, sem preocupações, curtir, sem estresse. E talvez eu possa fazer isso. Por que não? A criança que eu fui um dia ainda vive dentro de mim, pedindo pra ser libertada. A vida é curta demais para eu perder meu tempo com esse negócio de ser adulto.

Por que as crianças crescem se a verdadeira beleza da vida está na infância? É quando temos mais fé nas coisas, é quando temos mais amor para dividir com os outros, é quando tudo faz mais sentido.

Voltar a ser criança seria a cura para essa tristeza que estou sentindo agora, é uma tristeza de adulto, algo que não vale à pena. Tenho que me comprometer a esquecer dos meus problemas porque eu não posso destruí-los, mas eles simplesmente deixarão de ser importantes se eu me desligar deles e voltar a me preocupar com coisas que significavam muito para mim há alguns anos.

Fecho os olhos, sinto tanta falta de coisas simples. Quero gastar mais tempo olhando as estrelas, conversando com meus amigos, escrevendo histórias, lendo bons livros e por que não brincando. É um processo lento esse de voltar a ser criança, porém significará voltar a ser feliz.