Por que a voz do povo não é a voz de Deus?


Há um dito popular que nos diz que a ‘voz do povo é a voz de Deus’. Iremos demonstrar algumas incoerências em afirmar tal princípio. O povo estaria correto em se utilizar desse ditado? Por que em nossa visão ‘Vox populi Não é Vox Dei?’, (do latim: a voz do povo não é a voz de Deus).
Deve-se entender como Povo, todo indivíduo que carrega consigo direitos e deveres tendo noção racional de ambos. Em nossas análises, não estará implícito que povo é apenas aquele que não apreende boas condições financeiras, já que dinheiro nem sempre é sinônimo de Cultura, Saber e Consciência.
Partindo da ideia de que Deus é um Ser Onipotente, Sábio, Inteligente e com Bondade suprema, pois, assim não sendo está longe de ser Deus. Mas, um impostor da ‘verdade’, portanto, Deus se vê em maus lençóis diante deste aforismo, pois, neste está enfatizado que o ser humano é tão ajuizado quanto Ele. É?
O ‘povo’ não detém a Verdade, a Sabedoria, a Bondade em si e, muito menos a astúcia nas deliberações sociais, intelectuais e cidadãs. Muito se importa com ele próprio e, pouco ou nada com os outros. É mesquinho, individualista, hipócrita e com desvio de caráter. É mais animal do que imagina ser! A ‘voz prática de Deus’ se manifesta com atitudes assim?
Povo é nos tempos atuais, sinônimo de humanos decadentes, vagarosos e com pouco potencial de responsabilidade para com o próximo e a sociedade a qual faz parte. Quando o ‘tirano’ Adolf Hitler disse que o povo gosta mesmo, é de ‘pão e circo’, ou seja, de ‘festa, curtição e imbecilidades múltiplas’, não estava de todo errado. A voz de Deus é revelada dessa forma? Está na Vox populi?
A maior parte do ‘povo humano’ adora ver as desgraças alheias, torce em novelas ou filmes para que o galã mesmo que esteja errado (assassinato passional, por exemplo), alcance êxito com a não virtude do personagem. Se deixa levar pelas paixões momentâneas, chora e esquece-se de agir. Não faz questão de estimular o raciocínio. Partilhamos da mesma voz técnica de Deus? Qual Deus? O que o povo matou? Voz dele? Remorsos?! Arrependimentos?! Esta é a voz?
Nós do ‘povo’ reclamamos dos outros indivíduos, mas, não nos adequamos coletivamente. Fazemos críticas aos governantes, porém, não sabemos quem são eles e, nem queremos saber na maioria das vezes. Esse papo é coisa de velho! Diz o povo mais jovem e os menos jovens também! ‘tolice cidadã?’.
Estupra, pratica assassinato, rouba, inventa um Deus e depois o mata. Idealiza o Diabo e, logo o teme. Não dão conta de viver suas crenças. É fraco e usa de pouca imaginação. A voz do povo é realmente a mesma voz de Deus? Voz implica ação?
Por que a voz do povo não é a voz de Deus? Porque este, não deve ser tão inerme e desprovido de inteligência como nós. Se dissermos que nossa voz é a voz de Deus, estamos a sacramentar que Ele é tão imperfeito e limitado quanto nós. O que seria contra o ‘caráter’ do Deus que nós supostamente, o criamos, ou, fomos criados.
Ao dizermos que sua voz (Deus), é nossa também, estamos a nos igualar com um Ser Superior. Algo que estamos longe de ser! Portanto, ‘Vox populi não é Vox Dei’, se fosse, Deus seria tão débil e incoerente como nós. O que é contra sua natureza. Com ditados assim, nomeados pela própria ignorância dos ‘humanos cristãos’, Deus não precisa de inimigos melhores. O povo coloca Deus ‘contra a parede’ e, acaba com isto, se tornando o principal oponente de quem eles supõem amar. Assim sendo, a máxima popular se transforma em crença interesseira, complicando a suposta integridade de Deus. Falar com boa fé, não significa que estamos a raciocinar com inteligência. Tal dito nasce de um povo visivelmente perdido e desequilibrado existencialmente.

 

“... salvai-nos de nós mesmos!”. (Dostoiévski, F. M.)