Políticas sociais, tecnologia e educação tecnológica
Publicado em 02 de março de 2012 por Adriana Lavorato
Autora: Adriana Lavorato
Resumo:
O presente artigo pretende considerar as condições de inserção da educação tecnológica no ensino escolar como fator de políticas sociais e educacionais no contexto histórico brasileiro.
Palavras-chave: educação tecnológica, políticas educacionais, Brasil.
Abstract:
This article aims to consider the conditions for integrating educational technology in school education as a factor in social and educational policies in the context of Brazilian history.
Keywords: educational technology, educational policies, Brazil.
Na história das políticas sociais é extremamente ilustrativa a referência aos famosos slogans ou declarações que os presidentes proferiram no decorrer da história política do Brasil.
Destaco os “50 anos em 5” do presidente Juscelino Kubitscheck como um marco do discurso popularesco de exaltação tecnológica; a tecnologia aliás adentraria o país de forma definitiva na aposta de um plano de metas que investiu fortemente na indústria automobilística. Porém, quais as metas para o atendimento das necessidades da população já que a concentração de riquezas situava-se quase que totalmente na região sudeste? Em seu mandato JK, impulsionou um desenvolvimento centrado na industrialização, mas o bem-estar geral não foi alcançado em nível nacional. Enquanto o poder aquisitivo do operariado das indústrias crescia, ficavam praticamente de lado o restante do país.
O Brasil que remodelou seu modo de produzir especializando o seu operariado, passou então a produzir progressivamente, massas de operários cujas funções tornaram-se defasadas e obsoletas. Embora ainda sendo um país predominantemente agrícola, o alimento na mesa deste operariado tornava-se cada vez menos presente pois, a utilização da tecnologia colocou novas especializações profissionais, mas as alterações a favor de uma educação tecnológica ainda estava aquém de ser a mais adequada ao contexto, e ainda é, porque com passos muito singelos a educação tecnologica surge nos currículos escolares.
No recém período da pós-industrialização, hoje, mediante o processo de globalização econômica e com a tecnologia de comunicação da internet, as possibilidades de aplicação social destas tecnologias intermediadas pela plena necessidade, são nas políticas de inclusão digital intermediadas pelo poder público. Sua efetivação encontra obstáculos continentais. As questões relativas à educação tecnológica no ensino básico pergunta: como prover com o ensino tecnológico para comunidades isoladas no interior do país onde as escolas ainda são precárias e o acesso tecnológico por vezes fica inviabilizado por conta do não cumprimento de recursos básicos como a luz elétrica? Ao que consta da Lei federal LEI Nº 9.478, DE 6 DE AGOSTO DE 1997. quanto ao abastecimento energético, teríamos resguardados nossos direitos no mencionado artigo 1º que diz entre outros:
CAPÍTULO I
Dos Princípios e Objetivos da Política Energética Nacional
Art. 1º As políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia visarão aos seguintes objetivos:
I - preservar o interesse nacional;
II - promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e valorizar os recursos energéticos;
III - proteger os interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos;
Segundo o portal Terra Notícias, uma das metas do PDE 2010 era que todas as escolas públicas do país tivessem energia elétrica; fator decisivo de condições mais adequadas de aprendizado para centenas de trabalhadores que estudam no período noturno e, mesmo para as crianças que estudam durante o dia mas, muitas vezes estudam em escolas de instalações precárias com ausência de boa luminosidade; onze mil escolas ainda encontram-se sem o fornecimento de energia elétrica.
A relação atual situa-se entre uma sociedade do conhecimento e da economia do saber. Toda a informação gerada para transformar-se em conhecimento e este em saber, ou seja conhecimento aplicado, tem afetado tanto a vida individual como a social.
A escola está sendo velozmente forçada a modificar-se para acompanhar as metas de uma formação mercadológica. Mas, e quanto às questões acima?
Continuaríamos, portanto, a ter no Brasil uma diversidade de mentalidades regionais cujo contato com a educação tecnológica gerará diferentes noções da função das mesmas em suas vidas? Contamos atualmente com um índice de analfabetismo de 9,6% ou aproximadamente 14 milhões de pessoas acima dos treze anos de idade, e a meta do ministério da educação é de 6,5% a ser alcançada até 2015, então a perspectiva não é a de sanar o problema, mas prolongá-lo?
Enquanto isso, 0,16% da população brasileira detém um poder aquisitivo de alto desempenho ao passo que há situações de plena miséria. No momento atual a riqueza que situa-se no agronegócio extremamente tecnologizado fica lado a lado com condições alimentares precárias.
Enquanto a internet mundializa padrões culturais e bilhões de novas informações continuamos a ter um Brasil socialmente discrepante, tecnologicamente frágil. Resta como tarefa ao poder público encontrar os caminhos mais adequados e de curto prazo para que a sociedade atual alcance a democratização ao seu acesso; aos imensos contingentes dos excluídos tecnológicos.
Fonte: Fundação Getúlio Vargas.
Esta inclusão digital ainda precisa fazer-se presente em definitivo no plano educativo, seus processos e procedimentos deve ser considerado não somente como tarefa ética e profissional mas o quanto antes como um justo e digno direito de cidadania a ser atribuído a todos e não somente para as parcelas da população.
Muitos teóricos apontam caminhos possíveis na efetivação da educação tecnológica para as atuais perspectivas humanas de forma bastante positiva ( animadora ), porém alertaram para que, para que isto venha a se realizar, deverá haver um firme compromisso humano e humanitário e políticas sociais que visem o seu provimento e manutenção. Porém isto ainda não assegura um posto de trabalho, de subsistência ao menos.
Em um momento no qual a evidência é a instabilidade e onde o conhecimento parece ser uma vantagem frente a alta competitividade, a sociedade altera suas regras velozmente e novos parâmetros de profissionais surgem a todo momento.
A supervalorização do conhecimento aplicado, ou seja, a sabedoria mais a sua prática mais eficaz, eficiente, tornou-se o bem individual mais valioso, cujas metas podem ter abrangências continentais. Daí a importância deste conhecimento servir a todos e ao planeta, diferente do que ocorre.
A grande questão é como formar as pessoas para alcançarem tais metas. E, se tudo isto faz sentido para a vida destas pessoas no momento de suas formações já que, o futuro econômico e tecnológico mostra-se de forma não tão objetiva quanto a considerar o aproveitamento de um contingente humano que a cada ano exige mais preocupação quanto a sua sobrevivência digna e, quanto aos recursos naturais a serem preservados também dignamente para as outras espécies.
O fenômeno que presenciamos como educadores parece novo por conta das estatísticas mas, são os desdobramentos dos modos de viver da humanidade onde uma pequena parcela dos seus representantes guiam a imensa totalidade de forma nem sempre criteriosa para com a própria humanidade, dirá em relação ao planeta no qual ocupam.
Precisamos, além de nos adaptar rapidamente e seguindo as melhores premissas, ou as que nos aparentam com mais coerência, ética, enfim, ainda que muitas de nossas atitudes sejam provisórias, a análise do novo quadro do ensino deve manter-se sempre sob análise, é urgente não apenas a sua ressignificação mas, a sua aplicação.
Este é o nosso papel e o sentido da educação na presente era do conhecimento à luz das políticas de educação. Se é através da educação que se constrói a sociedade do saber, e se sabemos que a sua relação com a produtividade é um fato antigo, resta-nos então fortalecer as bases que permitam ao aprendizado ocupar-se do que realmente interessa à todos: a igualdade de prosperidade da nossa espécie em um planeta preservado.
Referências:
Infográfico sobre o analfabetismo no Brasil e no mundo (IBGE / UNESCO). Disponível em:
http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2011/05/24/analfabetismo-no-brasil/
acesso: 27/11/2011.
LEI Nº 9.478, DE 6 DE AGOSTO DE 1997. disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9478.htm
acesso: 27/11/2011.
Matéria sobre escolas sem iluminação elétrica no interior do Brasil.
http://noticias.terra.com.br/educacao/interna/0,,OI3364353-EI8266,00-Programa+preve+energia+eletrica+em+escolas+ate.html
acesso: 27/11/2011.
Mapa da exclusão digital brasileira. Fundação Getúlio Vargas. Disponível em:
http://br.monografias.com/trabalhos/gesac-inclusao-digital-espirito-santo/gesac-inclusao-digital-espirito-santo.shtml
acesso: 27/11/2011.