Autora:  Adriana  Lavorato

Resumo:

O  presente  artigo  pretende  considerar  as  condições  de  inserção  da  educação  tecnológica  no  ensino  escolar  como  fator  de  políticas  sociais  e  educacionais  no  contexto  histórico  brasileiro.

Palavras-chave:  educação tecnológica,  políticas  educacionais,  Brasil. 

Abstract:
This article aims to consider the conditions for integrating educational technology in school education as a factor in social and educational policies in the context of Brazilian history.
Keywords: educational technology, educational policies, Brazil.

    Na  história  das  políticas  sociais  é  extremamente  ilustrativa  a  referência  aos  famosos  slogans  ou  declarações  que  os  presidentes  proferiram  no  decorrer  da  história  política  do  Brasil.

     Destaco  os  “50  anos  em  5”  do  presidente  Juscelino Kubitscheck como   um  marco  do  discurso  popularesco   de  exaltação  tecnológica;  a  tecnologia  aliás adentraria  o  país  de  forma  definitiva  na  aposta  de  um  plano  de  metas  que  investiu  fortemente  na  indústria  automobilística.  Porém,  quais  as  metas  para  o  atendimento  das  necessidades  da  população  já  que  a  concentração  de  riquezas  situava-se  quase  que  totalmente  na  região  sudeste?  Em  seu  mandato  JK,  impulsionou  um  desenvolvimento  centrado  na  industrialização,  mas  o  bem-estar  geral  não  foi  alcançado  em  nível  nacional.  Enquanto  o  poder  aquisitivo  do  operariado  das  indústrias  crescia,  ficavam  praticamente  de  lado  o  restante  do  país.

     O  Brasil  que  remodelou  seu  modo  de  produzir  especializando o  seu  operariado,  passou  então  a  produzir  progressivamente,  massas  de  operários  cujas  funções  tornaram-se  defasadas  e  obsoletas. Embora  ainda  sendo  um  país  predominantemente  agrícola,  o  alimento  na  mesa  deste  operariado  tornava-se  cada  vez  menos  presente  pois,  a  utilização  da  tecnologia  colocou  novas  especializações   profissionais,   mas  as  alterações  a favor  de  uma  educação  tecnológica  ainda  estava  aquém  de  ser  a  mais  adequada  ao  contexto,  e  ainda  é,  porque  com  passos  muito  singelos  a  educação  tecnologica  surge  nos  currículos  escolares.

     No  recém  período  da  pós-industrialização,  hoje, mediante  o  processo de  globalização  econômica e  com  a  tecnologia  de  comunicação  da  internet,  as   possibilidades  de  aplicação  social  destas  tecnologias  intermediadas  pela  plena  necessidade,  são  nas  políticas  de  inclusão  digital  intermediadas  pelo  poder  público. Sua  efetivação  encontra  obstáculos  continentais.  As  questões  relativas  à  educação  tecnológica  no  ensino  básico  pergunta: como  prover  com  o  ensino  tecnológico  para  comunidades  isoladas  no  interior  do  país  onde  as  escolas ainda são  precárias  e  o  acesso  tecnológico  por  vezes  fica  inviabilizado  por  conta  do  não  cumprimento  de  recursos  básicos  como  a  luz  elétrica?  Ao  que  consta  da  Lei  federal   LEI Nº 9.478, DE 6 DE AGOSTO DE 1997.  quanto  ao  abastecimento  energético,  teríamos  resguardados  nossos  direitos  no  mencionado  artigo  1º  que  diz  entre  outros:

CAPÍTULO I

Dos Princípios e Objetivos da Política Energética Nacional

Art. 1º As políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia visarão aos seguintes objetivos:

I - preservar o interesse nacional;

II - promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e valorizar os recursos energéticos;

III - proteger os interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos;

 

     Segundo  o  portal  Terra  Notícias,  uma  das  metas  do  PDE  2010  era   que  todas  as  escolas  públicas  do  país  tivessem  energia  elétrica;  fator  decisivo de  condições  mais  adequadas  de  aprendizado  para  centenas  de  trabalhadores  que  estudam  no  período  noturno  e,  mesmo  para  as  crianças  que estudam  durante  o  dia  mas, muitas  vezes  estudam  em  escolas  de  instalações  precárias  com  ausência  de  boa  luminosidade;  onze  mil  escolas  ainda  encontram-se  sem  o  fornecimento  de  energia  elétrica.

      A  relação  atual  situa-se  entre  uma  sociedade  do  conhecimento  e  da  economia  do  saber.  Toda  a  informação  gerada  para  transformar-se  em  conhecimento  e  este  em  saber,  ou  seja  conhecimento  aplicado,  tem  afetado  tanto  a  vida  individual  como  a   social. 

     A  escola  está  sendo  velozmente  forçada  a  modificar-se  para  acompanhar  as  metas  de  uma  formação  mercadológica.  Mas,  e  quanto  às  questões  acima?

     Continuaríamos,  portanto,  a  ter  no Brasil  uma  diversidade  de  mentalidades  regionais  cujo  contato  com  a  educação  tecnológica  gerará  diferentes  noções  da  função  das  mesmas  em  suas  vidas?   Contamos  atualmente  com  um  índice  de  analfabetismo  de  9,6%  ou  aproximadamente  14  milhões  de  pessoas  acima  dos  treze  anos  de  idade,  e  a  meta  do  ministério  da  educação  é  de  6,5%   a  ser  alcançada  até  2015,  então  a  perspectiva  não  é  a  de  sanar  o  problema,  mas  prolongá-lo?

 

                       

 

     Enquanto  isso,  0,16%  da  população  brasileira  detém  um  poder  aquisitivo  de  alto  desempenho  ao  passo  que  há  situações  de  plena  miséria.  No  momento  atual  a  riqueza  que  situa-se  no  agronegócio  extremamente  tecnologizado  fica  lado  a  lado  com  condições  alimentares  precárias.  

     Enquanto  a  internet  mundializa  padrões  culturais  e  bilhões  de  novas  informações  continuamos  a  ter  um  Brasil  socialmente  discrepante,  tecnologicamente  frágil.  Resta  como  tarefa  ao  poder  público  encontrar  os  caminhos  mais  adequados  e  de  curto  prazo  para  que  a  sociedade atual  alcance  a  democratização  ao  seu  acesso;  aos  imensos  contingentes  dos  excluídos  tecnológicos.    

 

 

Fonte:  Fundação  Getúlio  Vargas.

 

     Esta inclusão digital  ainda  precisa  fazer-se  presente  em  definitivo  no  plano  educativo, seus  processos  e procedimentos  deve  ser  considerado  não  somente  como  tarefa  ética  e  profissional  mas  o  quanto  antes  como  um  justo  e  digno  direito  de  cidadania  a  ser  atribuído  a  todos   e  não  somente  para  as  parcelas  da  população.

          Muitos  teóricos apontam  caminhos  possíveis  na  efetivação  da  educação  tecnológica  para  as  atuais  perspectivas  humanas  de  forma  bastante  positiva  (  animadora ),  porém  alertaram  para  que,  para  que  isto  venha  a  se  realizar,  deverá  haver  um  firme  compromisso  humano  e  humanitário  e  políticas  sociais  que  visem  o  seu  provimento  e  manutenção.  Porém  isto  ainda  não  assegura  um  posto  de  trabalho,  de  subsistência  ao  menos.

      Em  um  momento  no  qual  a  evidência  é  a  instabilidade  e  onde  o  conhecimento  parece  ser  uma  vantagem  frente  a  alta  competitividade,  a  sociedade  altera  suas  regras  velozmente  e  novos  parâmetros  de  profissionais  surgem  a  todo  momento.

      A  supervalorização  do  conhecimento  aplicado,  ou  seja,  a  sabedoria  mais  a  sua  prática  mais  eficaz,  eficiente,  tornou-se o  bem  individual  mais  valioso,  cujas  metas  podem  ter  abrangências  continentais.  Daí  a  importância  deste  conhecimento  servir  a  todos  e  ao  planeta,  diferente  do  que  ocorre. 

     A  grande  questão  é  como  formar  as  pessoas  para  alcançarem  tais  metas.  E,  se  tudo  isto  faz  sentido  para  a  vida  destas  pessoas  no  momento  de  suas  formações  já  que,  o  futuro econômico  e  tecnológico  mostra-se  de  forma  não  tão  objetiva  quanto  a  considerar  o  aproveitamento  de  um  contingente  humano  que  a  cada  ano  exige  mais  preocupação  quanto  a  sua  sobrevivência  digna  e,  quanto  aos  recursos  naturais a  serem  preservados  também  dignamente  para as  outras  espécies.

     O  fenômeno  que  presenciamos  como  educadores  parece  novo por  conta  das  estatísticas  mas,  são  os  desdobramentos  dos  modos  de  viver  da  humanidade  onde  uma  pequena  parcela  dos  seus  representantes  guiam  a  imensa  totalidade  de  forma  nem  sempre  criteriosa  para  com  a  própria  humanidade,  dirá  em  relação  ao  planeta  no  qual  ocupam.

     Precisamos,  além  de  nos  adaptar  rapidamente  e  seguindo  as  melhores  premissas,  ou  as  que  nos  aparentam  com  mais  coerência,  ética,  enfim,   ainda  que  muitas  de  nossas  atitudes  sejam  provisórias,  a  análise  do  novo  quadro  do  ensino  deve  manter-se  sempre  sob  análise,  é  urgente  não  apenas  a  sua  ressignificação  mas,  a  sua  aplicação. 

     Este  é  o  nosso  papel  e  o  sentido  da  educação  na  presente  era  do  conhecimento  à  luz  das  políticas  de  educação.  Se  é  através  da  educação  que  se  constrói  a  sociedade  do  saber,  e  se  sabemos  que  a  sua  relação  com  a  produtividade  é  um  fato  antigo,  resta-nos  então  fortalecer  as  bases  que  permitam  ao  aprendizado  ocupar-se  do  que  realmente  interessa  à  todos:  a igualdade  de prosperidade  da  nossa  espécie  em  um  planeta  preservado.   

Referências:

Infográfico  sobre  o  analfabetismo  no  Brasil  e  no  mundo  (IBGE  /  UNESCO).  Disponível  em:

http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2011/05/24/analfabetismo-no-brasil/

acesso:  27/11/2011.

 

LEI Nº 9.478, DE 6 DE AGOSTO DE 1997.  disponível  em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9478.htm

acesso:  27/11/2011.

 

Matéria  sobre  escolas  sem  iluminação elétrica  no  interior  do  Brasil.

http://noticias.terra.com.br/educacao/interna/0,,OI3364353-EI8266,00-Programa+preve+energia+eletrica+em+escolas+ate.html

acesso:  27/11/2011.

 

Mapa  da  exclusão  digital  brasileira.  Fundação  Getúlio Vargas.  Disponível  em:

http://br.monografias.com/trabalhos/gesac-inclusao-digital-espirito-santo/gesac-inclusao-digital-espirito-santo.shtml

acesso:  27/11/2011.