PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais

Curso de Ciências Econômicas

6º Período Noite

Organização Industrial

 

 

André Luís dos Santos Soares

Camila dos Reis Oliveira

Marcelo Randolfo da Costa Januário

 

 

POLÍTICA INDUSTRIAL NO BRASIL

 

 

Belo Horizonte

 11 junho 2016

 

 

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 2
2 ANÁLISE HISTÓRICA ............................................................................................. 3
3 POLÍTICAS INDUSTRIAIS ...................................................................................... 7
3.1 Políticas de concorrência e medidas antitruste ............................................ 7
3.2 Monopólios naturais ........................................................................................ 8
3.3 Proteção ao consumidor e certificação ......................................................... 9
3.4 Incentivos fiscais ........................................................................................... 10
3.5 Políticas horizontais e verticais .................................................................... 10
4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS ............................................................................. 12
5 BRASIL MAIOR ..................................................................................................... 14
6 CNI – Mapa Estratégico da Industrial (2007-2015) ............................................. 16
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 18
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 19

 


1 INTRODUÇÃO

O papel das políticas industriais segundo Hay (1997, p. 202) “é corrigir problemas mediante a adoção de diretrizes que facilitem o funcionamento dos mercados, sem substituí-las por métodos de alocação de recursos que sejam incompatíveis com sua dinâmica natural”. Infelizmente, as falhas que podem ocorrer nos mercados são bastante amplas, uma economia industrial mais atual dificilmente corresponderá aos mecanismos dos mercados perfeitamente competitivos. De maneira inevitável, a política industrial necessitará ser minuciosa para alcançar seus objetivos e priorizar problemas mais urgentes.
Para países em desenvolvimento, busca-se alcançar o desempenho dos países líderes, enquanto para países mais avançados, objetiva-se manter-se em liderança e/ou aumentar a competitividade com outros países de mesmo nível. Para tanto, é de extrema importância para as políticas industriais terem relações próximas com políticas macroeconômicas para que juntas alterem a conduta e o desempenho dos agentes econômicos fortalecendo a estabilidade e o crescimento econômico, uma vez que essas políticas estão eliminando fronteiras entre as políticas industriais, tecnológicas e de comércios exterior através de arranjos institucionais.
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a política industrial adota no Brasil, bem como seu diagnóstico e apresenta também desafios e perspectiva para tal.

 


2 ANÁLISE HISTÓRICA

No Brasil a política industrial ativa teve como objetivo criar capacidade produtiva local, deixando como segunda opção questões relacionadas à eficiência produtiva. Primeiramente, a política brasileira correspondeu ao processo de substituição de importações, iniciado nos anos 30 com bens não duráveis de consumo, aprofundando-se nas décadas de 1950 e 1960 com os bens duráveis de consumo. E, a partir, de 1970 e 1980 com bens intermediários e parte da indústria de bens de capital. Esse longo período ficou caracterizado por utilizar de instrumentos de política industrial de cunho vertical medidas como:
 Estado-Empresário: averiguou-se a propagação de empresas estatais tanto nos setores de infraestrutura (telecomunicações e energia elétrica), indústria de transformação (siderurgias, petroquímica, fertilizantes);
 Protecionismo: a indústria nascente sempre com auxílio com uma política comercial fundamentada em barreiras não tarifárias. As indústrias já existentes continuaram a contar com esse tipo de benefício.
 Investimento estrangeiro: deslocamento de grande quantidade de empresas transnacionais que instalaram filiais no país.
 Incentivos fiscais setoriais e regionais: setores vistos como prioritários receberam altos incentivos fiscais (como empréstimos a taxas subsidiadas). Estes atuaram tentando reduzir a desigualdade entre as regiões, estimulando a construção de empresas nas regiões norte, nordeste e centro-oeste.
Pelo lado da política de exportações, os incentivos fiscais e creditícios começaram a ser uma importante ferramenta de estímulo depois de 1964. Neste ano, foi regulamentado o regime de drawback e as exportações de manufaturas foram isentas do pagamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A partir de 1967 essa isenção passou a abranger também o ICM. No mesmo período, começou a ser preparado novo sistema público de financiamento das exportações. Isso ocorreu com a instituição do Fundo de Financiamento às Exportações (Finex),
primeiro na modalidade pré-embarque e, em seguida, no pós-embarque, sob as formas de financiamento direto ao exportador e de uniformizar as taxas de juros.
Esta política de incentivos foi um artefato de grande importância na tática para a adaptação às crises externas da década de 70 e do começo da de 80, mas foi sendo gradualmente desativada, a partir de 1983, em função de alguns fatores conforme Bonelli, Veiga e Brito (1997, p. 7) citaram “pressões do Gatt e de alguns parceiros comerciais do Brasil; e do agravamento das restrições financeiras, que determinaram a desativação, na segunda metade da década de 80, da maioria das linhas oficiais de crédito às exportações”. Logo, entende-se que uma política de câmbio mais ativa passa a exercer a função de instrumento principal de incentivo às exportações, certificando a sustentação de taxas adequadas de rentabilidade à atividade exportadora, equilibrando a contração dos subsídios fiscais e creditícios.
A política industrial nas últimas décadas, subordinada à lógica do processo de substituição de importações, esteve voltada para a redução do coeficiente de importação da economia e para expandir a capacidade produtiva do país, concentrando-se basicamente na imposição de barreiras tarifárias e não tarifárias e na concessão de incentivos visando à redução do custo de investimento e, eventualmente, do custo de produção.
Para tanto, segundo Guimarães (1996) uma nova política industrial e de comércio exterior definida no início do governo Collor significaria uma ruptura com o padrão de política industrial vigorante nas décadas precedentes, ao deslocar seu eixo central do alargamento da capacidade produtiva para o tema da competitividade. Passou-se a privilegiar instrumentos horizontais.
As primeiras indicações relativas aos objetivos e diretrizes dessa nova política industrial foram formuladas na Exposição de Motivos da Medida Provisória 158, divulgada em 15 de março de 1990. Esse documento associa a política industrial aos objetivos estratégicos do governo de elevação do salário real de forma sustentada e de promoção de maior abertura e desregulamentação da economia, e afirma que esta política deve estar voltada para a maximização da taxa de crescimento da produtividade. (GUIMARÂES, 1996, p. 7).
Nesse contexto, entende-se que foi indispensável uma reforma radical em relação à intenção e aos instrumentos de política abraçados até então, uma vez que a preocupação da política industrial anterior em promover proveitos de eficácia teria sido secundária. Destaca-se o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
(PBQP), que buscava difundir novas técnicas organizacionais na tentativa de aumentar a produtividade.
Assim, o Plano Collor ao reduzir as alíquotas do Imposto de Importação, provocou uma abertura da economia que forçou a reestruturação produtiva de grande parte da indústria. Essa abertura, no entanto, não obedeceu a critérios que pudessem ser considerados como parte de uma política industrial consistente e consequente. Esse mesmo Plano iniciou o processo de desestatização, que consistia em transferir para a iniciativa privada, por meio de leilões públicos, as empresas estatais. Como exemplo da abertura comercial, o processo de privatização não se relacionava a estratégias que fizessem parte de uma política industrial. Tanto a abertura comercial quanto as privatizações foram continuadas e aprofundadas no governo posterior, em toda a década de 90. (DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS, 2005).
A política industrial e de comércio exterior definidas no Governo Fernando Henrique Cardoso representam, de alguma forma, uma continuação do governo anterior. Além disso, a atual gerência tem procurado aprimorar o aparato institucional, notadamente para levar em conta a estabilidade econômica após a implantação do Plano Real. Os objetivos da política industrial e de comércio exterior, assim, são dependentes pela ideia geral de governo subjacente ao Plano Real. No entanto a atual política reflete ainda a dispersão de poderes e capacidade normativa entre os principais ministérios da área econômica e a necessidade de reformas institucionais. (BONELLI, VEIGA E BRITO, 1997).
Deve-se reconhecer, além disso, que há limitações que devem ser consideradas, que derivam do fato de que o Brasil é subscritor de acordos internacionais como o Gatt e o Mercosul, que restringem a liberdade de ação nessa área. Isso gera problemas sobretudo em relação à principal medida de política industrial da atual administração: o acordo automotivo de 1995.
Em resumo, a política industrial introduzida em 1990, se atentava com a questão da eficiência e da competitividade, tendo como alvos prioritários o aumento da produtividade e redução de custos, a melhoria da qualidade dos produtos e repasse dos ganhos ao consumidor (GUIMARÃES, 1996).
Dessa forma, entende-se que as medidas de estímulo à indústria adotadas no Brasil foram eficientes quanto ao crescimento da produção, mas não se pode dizer o mesmo quanto a aspectos à competitividade e eficiência da produção manufatureira.
Nas suas diversas fases a industrialização brasileira beneficiou-se de três instrumentos principais, apesar de não simultaneamente: proteção tarifária e não tarifária muito elevada, controles de câmbio e, em alguns períodos, desvalorizações cambiais para elevar a demasia exportável. Além dessas políticas, todos os demais projetos demarcaram em subsidiar importações consideradas essenciais e desacelerar as exportações devido ao imposto implícito no câmbio sobrevalorizado.
Atualmente, o que mais bloqueia a competitividade do setor industrial brasileiro é o sistema tributário, as condições de financiamento, a infraestrutura de serviços públicos e o sistema educacional.

 


3 POLÍTICAS INDUSTRIAIS

3.1 Políticas de concorrência e medidas antitruste

O modelo acadêmico tradicional da concorrência conforme defende Hay (1997) enfatiza seu efeito na redução de preços em relação aos custos. Mais recentemente, a teoria da organização industrial e obras baseado na experiência têm ressaltado o papel preenchido pela concorrência para melhorar a eficiência, mediante a adoção de melhores técnicas de produção e a promoção de inovações. “Sem a concorrência, é improvável que as empresas se esforcem para melhorar seu desempenho” (HAY, 1997, p. 204).
Dessa maneira, entende-se que a concorrência é de importância crucial para melhorar a eficiência, mediante a adoção de melhores técnicas de produção e a promoção de inovações. Onde não existe concorrência, há propensão de formação de monopólios, cartéis e a composição de barreiras que dificultam a concorrência.
A sustentação de uma apropriada estrutura institucional de defesa da concorrência é posta em consideração e sob nova ótica pelo alargamento do grau de internacionalização da economia. Por um lado, é indispensável salvaguardar a indústria nacional em relação ao dumping nas importações. Por outro lado, na eventual entrada de capitais estrangeiros de risco, ou mesmo conforme argumenta Gonçalves (1998) perante alterações nas estruturas de mercado em direção a maiores graus de conglomeração, é necessário estar vigilante para que a elevação do poder de mercado das empresas não implique em práticas monopolistas que reduzam o bem-estar doméstico.
A modernização da economia coloca dois novos temas inadiáveis, associados à articulação institucional nos planos doméstico e mundial: a privatização e regulação dos setores de infraestrutura e a cooperação com as jurisdições de outros países e blocos comerciais. A constituição de um novo marco regulador é um dos temas centrais da agenda de reformas no Brasil e em várias economias emergentes. A interação entre agências de defesa da concorrência e regulatórias, no âmbito de um sistema de competências complementares, é essencial para o processo de modernização da economia.
Com a privatização de setores de infraestrutura e a instituição de agências reguladoras no Brasil, surgiram mais dúvidas ainda de como as atividades de regulação setorial serão coordenadas com a aplicação da legislação em que a defesa da concorrência, cuja peça principal é a lei nº 8.884/94. Tal a indagação é igualmente pertinente nos níveis municipais e estaduais e, nos quais a atividade regulatória independente também tem assumido importância crescente.
A Lei 8.884/94 permitiu ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a agir contra abusos de posição dominante no mercado e práticas anti-competitivas, incluindo a formação de cartéis, e contra determinado tipo de fusões e empreendimentos conjuntos (HAY, 1997). Este plano jurídico aproximou a legislação brasileira a tendência internacional de defesa da concorrência em três aspectos:
 Estabeleceu-se o poder de decisão de colegiado de caráter técnico como o CADE, restringindo a atuação da administração central a instrução dos processos por intermédio do órgão sucedâneo da SDNE, a SDE;
 Conferir maior grau de autonomia ao CADE como a sua transformação em autarquia, criação de mandato para seus membros e para o procurador-geral, bem como como a eliminação de recurso da decisão do CADE no âmbito administrativo;
 Introduziu-se o controle de atos de concentração.
Sob essas perspectivas, Gonçalves (1998) afirma que,
[...] diante de processos inevitáveis de conglomeração mediante fusões e aquisições, é preciso evitar uma lógica simplista que meramente coíba o crescimento das fatias de mercado das firmas remanescentes; ao contrário, se a elevação da concentração em certos mercados puder levar a ganhos de eficiência e bem-estar, seu resultado não será apenas benéfico como também desejável. (GONÇALVES, 1998, p. 24).

3.2 Monopólios naturais

Algumas indústrias são diferenciadas por um retorno cada vez maior, de modo que a eficiência na produção estabelece um produtor monopolista. Isso ocorre, em grande parte, em setores em que a distribuição é feita por meio de redes, como nos casos do abastecimento d’água, de gás e de energia elétrica. Esses setores têm sido organizados como indústrias públicas, mas o programa de privatização deslocou muitas dessas atividades para o setor privado. Esses monopólios naturais geram distúrbios peculiares para as políticas de concorrência. (HAY, 1997).
Entende-se que o Brasil não tem analisado metodicamente um modelo conciso de regulamentação para ser aplicado, apesar de implementar um programa de privatização de grande porte nos últimos anos. Além disso, as políticas de regulamentação têm sido implementadas e forma fragmentada e por diferentes órgãos da União e dos governos estaduais, sem qualquer coordenação. “Não se sabe, também, como a atividade de novos órgãos regulamentadores, como a ANATEL (telecomunicações), ANEEL (fornecimento de energia elétrica) e ANP (indústria petrolífera), se relacionará com os interesses do CADE em promover a concorrência, mesmo em áreas em que a legislação permite a atuação do conselho” (HAY, 1997, p. 207).

3.3 Proteção ao consumidor e certificação

O governo promoveu a introdução de leis para proteger os consumidores e garantir seus direitos em relação a qualidade dos bens e serviços que consomem. Uma garantia de qualidade é a certificação de produtos seguindo padrões reconhecidos mundialmente. O sistema ISO emite esse tipo de certificação, com destaque para os padrões ISO 9001, internacionalmente reconhecidos e particularmente importantes para os exportadores (HAY, 1997).
Os conhecidos e grandes produtores são capazes de oferecer garantia de qualidade criando marcas registradas que separe seus produtos daqueles oferecidos por seus concorrentes, movidos pelo incentivo de manter a qualidade de seus produtos ou serviços, de modo a não inutilizar suas vendas no futuro. No Brasil, as marcas registradas Ford e Brahma são exemplos evidentes desse fenômeno. Hay (1997, p. 211) diz que “em alguns casos, esse problema pode ser superado pela união entre grupos de pequenos produtores para criar uma marca registrada, que frequentemente incluirá o nome da região onde os produtores estão situados. ”

3.4 Incentivos fiscais

“As políticas de fomento, geralmente implementadas por meio da concessão de incentivos fiscais, podem constituir poderosos instrumentos de promoção de mudanças, desde que orientadas por objetivos estratégicos” (VILLELA; SUZIGAN, 1996, p. 31).
De forma geral, compreendem incentivos a setores ou indústrias, para o investimento, desenvolvimento tecnológico, desenvolvimento regional, e outros. Estão sujeitos à capacidade de abdicação fiscal do governo e frequentemente envolvem disputas políticas. No Brasil atual, a permissão de incentivos fiscais pelo governo federal reflete nas disputas políticas com critérios estratégicos de desenvolvimento econômico, tecnológico e social.

3.5 Políticas horizontais e verticais

“As políticas horizontais são aquelas que buscam melhorar o desempenho da economia na sua totalidade, sem privilegiar alguma indústria específica. ” (KUPFER, 2006, p.559). Na definição de política industrial, esse tipo de política busca alterar o mecanismo geral de alocação de recursos na produção.
Do ponto de vista da regulação esse tipo de política conta com vários instrumentos, tais como: Concorrência, infraestrutura, comércio exterior, propriedade intelectual. Do ponto de vista dos incentivos os instrumentos são: capital, incentivos fiscais e compras do governo.
Hoje existe relativo consenso quanto aos principais obstáculos de caráter sistêmico a maior competitividade das empresas brasileiras. Como exemplo destes obstáculos, temos o sistema tributário, as condições de financiamento, a infraestrutura de serviços públicos e o sistema educacional, e a questão central no tocante a superação desses obstáculos reside na existência de condições políticas e de capacitação do Estado para programar as transações necessárias (GUIMARÃES, 1996).
As políticas industriais verticais privilegiam deliberadamente uma indústria específica. Ou seja, a partir de decisões estratégicas, o Estado mobiliza parte dos instrumentos anteriores focado em privilegiar um conjunto de empresas, indústrias ou cadeias produtivas. As justificativas para tal política é que, existem indústrias com maior valor adicionado, indústrias com grande poder de encadeamento, indústrias com grande dinamismo potencial e indústrias nascentes ou com retorno crescentes de escala (KUPFER, 2006).
Segundo Guimarães (1996), as ações e os instrumentos horizontais específicos, a política industrial tem-se deparado com problemas de diversas ordens, que decorrem da dificuldade de operar novos instrumentos e de libertar-se daqueles utilizados no passado; da carência de marco regulatório e de quadro institucional adequado as características da nova política; e do despreparo das agências governamentais envolvidas.
No tocante as políticas setoriais, as dificuldades estão associadas à sua própria formulação, ou seja, a definição mais concreta de seus objetivos e ao desenho e a articulação dos instrumentos e mecanismos a serem mobilizados (GUIMARÃES, 1996).


4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Com a implantação do Plano Real e a estabilidade econômica, vem se desenhando para o futuro um quadro otimista de crescimento. A proposta do governo para a nova política industrial visa a reestruturação e expansão competitiva do sistema industrial brasileiro, isto com a intervenção governamental de forma suplementar aos mecanismos de mercado (LYRA, 1996).
Para isso, Hay conclui que:
As políticas horizontais são mais compatíveis com a perspectiva geral da economia do Plano Real, com sua ênfase na economia de mercado e no papel a ser desempenhado pelas autoridades, o qual deve se restringir à criação da estrutura institucional e física necessária ao seu funcionamento adequado. São mais compatíveis, também, com as obrigações internacionais do Brasil no âmbito do GATT e do MERCOSUL. Além da necessidade premente de abordar problemas relacionados à infraestrutura (particularmente de transportes), a chave para o país seria a adoção de políticas horizontais nas áreas da concorrência e da regulamentação, da informação e dos mercados financeiros. (HAY, 1997, p. 226).
Segundo Lyra (1996), a política industrial de reestruturação e expansão competitiva visa três objetivos gerais:
 Expandir a produção, o consumo, o fluxo de comércio exterior de bens e serviços e o volume dos investimentos estrangeiros;
 Desconcentrar geograficamente a produção industrial;
 Aumentar e melhorar a qualidade das oportunidades de trabalho.
Lyra (1996) ainda define as estratégias para o desenvolvimento dos objetivos como:
 Conformação de um ambiente favorável ao investimento e ao aumento da competitividade das empresas;
 Internacionalização crescente com participação nas redes industriais globais;
 Aceleração do processo de capacitação tecnológica;
 Vigorosa expansão do comércio exterior e consolidação do MERCOSUL;
 Reestruturação de segmentos industriais com problemas de competitividade;
 Fortalecimento das microempresas e empresas de pequeno porte;
 Estado eficiente voltado para a infraestrutura econômica-social e o planejamento/coordenação.
Entretanto, se considerarmos a situação atual da política industrial brasileira nos deparamos com um impasse. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (2016), além de uma regulação da política industrial nacional é necessária uma âncora de confiança por parte dos industriais. Essa confiança se torna importante dada a situação econômica e política do país, onde não se é possível realizar uma reforma estrutural antes da resolução da crise política e nem uma diminuição da taxa de juros, para que a economia volte a girar, antes da reorganização das contas nacionais.
Ainda de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (2016), uma das formas de recuperar a confiança na economia brasileira é aumentar a participação do Brasil no mercado Internacional, visto que “as exportações são um caminho importante para o Brasil superar a crise e voltar a crescer” (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2016, p. 19).
Para isso é necessário que:
 Seja solucionado o problema dos gargalos logísticos;
 Ocorra a desoneração total das exportações;
 Se amplie a rede de acordos comerciais;
 Verificar-se o aperfeiçoamento das linhas de financiamento para o comércio exterior.
Dada a recente desvalorização da moeda nacional frente ao dólar, a expansão da exportação se torna dependente de um aumento em mesma escala da estrutura, financeira ou física, responsável pelo comércio exterior. Sendo assim, uma política industrial em infraestrutura para incentivar as exportações é necessária para supera crise.


5 BRASIL MAIOR

O programa Brasil Maior foi idealizado para o período 2011-2014, e tem como objetivo aumentar a competitividade da indústria nacional, a partir de incentivo a inovação tecnológica e agregação de valor (MDIC, 2011).
O Plano é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, com a participação dos Ministérios de Ciência e Tecnologia, Planejamento, Orçamento e Gestão Fazenda e Casa Civil. Além de dar continuidade à Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) de 2004, e a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) de 2008.
O Brasil Maior tem como metas (MDCI, 2011):
 Ampliar o investimento fixo em % do PIB, de 18,4% em 2010 para 22,4%;
 Elevar o dispêndio empresarial em P&D em % do PIB, de 059% em 2010 para 0,90%;
 Aumentar a qualificação de RH: % dos trabalhadores da indústria com pelo menos nível médio, de 53,7% em 2010 para 65%;
 Ampliar o valor agregado nacional: aumentar Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção (VIT/VBP), de 44,3% em 2009 para 45,3%;
 Elevar % da indústria intensiva em conhecimento: VTI da indústria de alta e média-alta tecnologia/VTI total da indústria, de 30,1% em 2009 para 31,5%;
 Fortalecer os MPMEs: aumentar em 50% o número de MPMEs inovadoras, de 37,1 mil em 2008 para 58 mil;
 Produzir de forma mais limpa: diminuir o consumo de energia por unidade de PIB industrial (consumo de energia em tonelada equivalente de petróleo/tep por unidade de PIB industrial), de 150,7 tep/R$ milhão em 2010 para 137 tep/R$ milhão (estimativa de preços em 2010);

 Diversificar as exportações brasileiras, ampliando a participação do pais no comércio internacional, de 1,36% das exportações brasileiras, em relação as exportações mundiais em 2010 para 1,6%;
 Elevar a participação nacional nos mercados de tecnologia, bens e serviços para energias: aumentar o Valor da Transformação Industrial/Valor Bruto da Produção (VTI/VBP) dos setores ligados a energia, de 64% em 2009 para 66%;
 Ampliar acesso a bens e serviços para qualidade de vida: ampliar o número de domicílios urbanos com acesso à banda larga (PNBL), de 13,8 milhões em 2010 para 40 milhões.


6 CNI – Mapa Estratégico da Industrial (2007-2015)

Em 2005 ocorreu o Fórum Nacional da Indústria da CNI, onde dezenas de organizações e empresários se reuniram para uma discussão do futuro da indústria brasileira. Ao final de seis meses de trabalho foi definido o Mapa Estratégico da Industrial, explicitando os planos para alavancar a nossa indústria frente a uma economia cada vez mais competitiva.
O Mapa Estratégico da Indústria foi desenvolvido e criado com base na metodologia do Balanced Scorecard (BSC), método criado por Robert Kaplan, professor da Harvard University, e David Norton, consultor de empresas. Este modelo de gestão é uma importante ferramenta administrativa para tracejar metas ao longo, além de fácil compreensão e implementação.
Como parte do método BSC, é composto por:
1. Mapa Estratégico: provavelmente seja a parte mais importante, pois expressa a maneira pela qual a estratégia será́ implementada.
2. Objetivos: através da discussão, expressa o que deve ser alcançado.
3. Indicadores: para fácil entendimento podemos caracterizá-lo como painel de controle, acompanhado o sucesso do BSC.
4. Metas: nível mínimo a ser alcançado.
5. Programas: planos e ações para que seja cumprida as metas e satisfazer os objetivos.
A parte mais relevante é o posicionamento almejado, por tanto a indústria brasileira deseja aumentar a sua ocupação na economia global. Discutindo as por menoridades que farão com que isso seja possível. O posicionamento proposto pelas indústrias é de aumentar o seu reconhecimento internacional oferecendo produtos de qualidade e valor agregado. É de extrema importância que o Brasil acelere o crescimento da indústria e a participação no comercio externo, não esquecendo da sustentabilidade e da geração de empregos.
Em programa, o Mapa Estratégico da Indústria, tem como fundamentação as relações de causa e efeito com os resultados esperados:
 Expandir a base industrial, promovendo o fomento de pequenas e médias empresas e de regiões menos favorecidas;
 Inserir-se internacionalmente, a partir do desenvolvimento da cultura exportadora doméstica e da melhoria das condições de acesso aos mercados internacionais;
 Melhorar a gestão empresarial, aumentando a qualidade e a produtividade;
 Dar ênfase à inovação, a fim de preparar as empresas para a competição da economia do conhecimento;
 Desenvolver cultura de responsabilidade socioambiental, visualizando-a como uma oportunidade de negócio e um benefício para a sociedade.
Todos estes processos a serem desempenhados pela indústria terão sustentação, caso estejam disponíveis condições adequadas de infraestrutura e de recursos humanos, ambientais e financeiros. É de grande importância que a indústria brasileira vivencie um ambiente institucional moderno, ágil e eficiente. Mas para que isso aconteça são necessárias condições de um sistema de saúde de qualidade, como também educacional de acordo com os requisitos básicos para tal.


7 CONCLUSÃO

Ao longo do trabalho mostramos o desenvolvimento da indústria desde seu início começando pelo processo de substituições a importações, grande participação de empresas estatais além de grande protecionismo por parte do estado. Em sequência, com o objetivo de aumentar a produtividade através da concorrência e novas técnicas organizacionais, o plano Collor provocou a abertura da economia simultaneamente com processos de privatizações rompendo com o pensamento protecionista anterior.
Em seguida, apresenta-se algumas políticas industriais cujo entendimento torna-se útil para compreender o funcionamento de um regime industrial, e por fim mostramos os desafios e perspectivas sobre a industrialização brasileira que no âmbito interno ainda carece de uma profunda reforma, além de inúmeros problemas quanto a logística e competitividade.
Em geral conclui-se que a indústria brasileira está evoluindo muito lentamente em relação à investimentos direcionados para o desenvolvimento estratégico de conhecimento tecnológico e inovações de mercado. O resultado desse quadro é que nossa inserção comercial internacional, pelo menos nos próximos anos, continuará a ser concentrada em produtos de baixo valor agregado, sempre lembrando que existem algumas exceções.


REFERÊNCIAS

BONELLI, Regis; VEIGA, Pedro da Motta; BRITO, Adriana Fernandes. As políticas industrial e de comércio exterior no Brasil: rumos e indefinições. Rio de Janeiro. IPEA TD nº 527 – nov/1997. Disponível em: . Acesso em 29 mai 2016.
CNI – Confederação Nacional da Indústria. Indústria Brasileira: Revista de Confederação Nacional da Indústria. Ano 1, nº 1, 42 p. Abril 2016.
DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Política Industrial no Brasil: o que é a nova política industrial – Nota Técnica, Número 11 – Dezembro, 2005. Disponível em: < http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/389999/mod_resource/content/1/notatecPoliticaindustrial.pdf >. Acesso em 30 mai 2016.
GONÇALVES, Robson R. A Política Industrial em uma Perspectiva de Longo Prazo, 1998. Disponível em: . Acesso em: 31 mai 2016.
GUIMARÃES, Eduardo Augusto de Almeida. A experiência recente da política Industrial no Brasil: uma avaliação. Texto para discussão nº 409, Brasília. Abr 1996. Disponível em: . Acesso em: 30 mai 2016.
HAY, Donald H. Política industrial no Brasil: um quadro de referência. IPEA. Vol 16, 1997. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/a rticle/view/118>. Acesso em: 31 mai 2016.
KUPFER, David. Economia industrial: Fundamentos teóricos e práticos no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
LYRA, Flavio Tavares de. A Política Industrial Brasileira: Mudanças e Perspectivas, 1996. Disponível em: . Acesso em: 01 jun. 2016
Mapa Estratégico da Indústria – 2007/2015 – CNI. Disponível em: . Acesso em: 01 jun. 2016.
Ministério dão Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior. Brasil Maior, 2011. < http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/oplano/brasilmaior/>. Acesso em: 30 mai. 2016.
VILLELA, Annibal V; SUZIGAN, Wilson. Elementos para discussão de uma política industrial para o Brasil. IPEA, Texto para discussão. Nº 421 - mai/96. Disponível em: < http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1840/1/td_0421.pdf>. Acesso em 01 jun 2016.
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