Politica e Politicagem

           De tempos em tempos, ou seja, de quatro em quatro anos, Municípios, Estados e o País fazem, através do processo de eleição, a escolha dos representantes que irão estar à frente do povo, respondendo por este e tomando decisões. Têm-se então através desse processo a formação das câmaras municipais, estaduais e federal, estas são denominadas de legislativo. Aqueles que representam o povo.

            Também, pelo mesmo processo, quando essas eleições são a nível municipal, elege-se o executivo, ou seja, aquele que, em tese, juntamente com o legislativo governará a cidade.

            Durante o período chamado de campanha eleitoral, é que se tem a oportunidade de conhecer cada candidato, e é nesse momento que se constata os níveis dos referidos candidatos. Estes vão daqueles que possuem títulos de doutorado, com certificado, a aqueles considerados analfabetos funcionais, isto acontece porque a carta magna permite. Nesta campanha tudo é válido, não deveria, mas acontece inclusive a compra do voto, mas isso é uma coisa que se arrasta durante a história. Porém, existem candidatos que irão agir de forma como determina a lei de nº 9.504 de 30 de setembro de 1997, art. 39, §6º, ou seja, fazer politica.

            Outrora, existia um processo muito interessante para a “compra” do voto, ou seja, a troca de favores. Dentre muitas maneiras, destaca-se essa troca, quando o candidato, seja na cidade ou na comunidade rural,  em troca do voto, oferecia um par de botinas, só que naquele momento era fornecido somente um pé e, somente depois de verificar as urnas e se aquele eleitor realmente depositou o precioso voto é que lhe era fornecido o outro pé. Com as dentaduras não era diferente e, nessa época não era hábito ir ao dentista. O País ficou inclusive conhecido como país de desdentados, situação que foi amenizada.

            Mas, essa troca, “compra”, se modernizou e veio o caminhão de pedras, a areia, a telha e, até o padrão de luz, depois o saco de cimento (e este é muito interessante, pois às vezes o eleitor tem um muro a construir, mas ele só “ganha” o cimento, somente um saco). Então, surge a pergunta: como faria  essa construção, pois precisaria de areia, cal, água, tijolo ou bloco e, o mais caro a mão de obra. Hodiernamente a modernização avança e é oferecida a “cesta básica”. Para quem está precisando, sempre chega em boa hora. A marcação de exames é alternativa, pois nem todos os candidatos têm acesso à secretaria de saúde e, quanto mais exames são marcados, mais chances de receber o voto e, ser eleito. Há aqueles que apelam para o patrocínio de festas regada a cerveja e churrasco e outros ainda pela religião, tornando-se membros, seja qual for a denominação. O importante é ser eleito.

            Mas, isso é fazer política?

            Segundo a definição, política é: “s.f. Ciência do governo dos povos; arte de governar um Estado e regular suas relações com outros; princípios políticos; tratado de politica; (fig.) maneira hábil de agir, em assuntos particulares, a fim de obter o que se deseja; civilidade. Cortesia; astúcia; artificio”. (Do gr. Politike). Nesta definição não se menciona troca de favores. Então, o sujeito quando age de forma contraria, não passa de uma politicagem, o que por definição traz: “s.f. (deprec.) Politiquice; os maus políticos”.

            Vivemos em um País que é beneficiado pelo criador do universo de uma forma inexplicável. Estamos em meio a trópicos e isso nos leva a ter um clima onde tudo se adapta. Uma nação rica, exuberante, porém explorada de forma que poucos têm muito e muitos têm pouco ou nada. Como grande parte da massa é constituída por aqueles que não têm conhecimento de politica, e isto se da pela máxima de que “politica não se discute”, tornando fácil a ação da politicagem.

            Pode-se notar que boa parte dos que são eleitos conhecem pouco ou nada de politica, isto fica fácil de constatar quando em reuniões nas câmaras os nobres edis se digladiam com assuntos pessoais ou com os chamados “projetos” para nomear ruas; operações tapa-buracos; dentre outras. Então, um genuíno projeto para recursos de politicas publica jamais se tornará um objetivo, se é que o eleito traz em sua bagagem o conhecimento do que seja escrever e propor um projeto.

            Surge, então, a grande pergunta: é possível reverter essa situação? Poder-se-ia acreditar que sim. A partir do momento que o eleitor se tornar politizado, não terá o denominado voto de “protesto”, onde se elege pessoas que não tem compromisso nenhum, ou votar nulo, branco e por vezes nem participar do processo.

            Há tempos atrás, a responsabilidade com a formação do cidadão, enquanto sujeito conhecedor da ordem pública e noções de politica se pautavam nos estudos que eram realizados durante a vida acadêmica, começando no ensino fundamental e estendendo até o ensino superior, logo nas primeiras séries, o aluno tinha em seu currículo aulas de EMC (Educação Moral e Cívica) e, nesse momento o aluno aprendia os símbolos nacionais, como também o respeito às autoridades, inclusive em casa, aos pais.

         “Naquela época, a Lei 869 de 12 de setembro de 1969, estabeleceu, em caráter obrigatório, como disciplina e, também, como prática educativa, a “Educação Moral e Cívica” em todos os sistemas de ensino no Brasil. A disciplina tinha muitas finalidades, dentre elas o fortalecimento da unidade nacional e do sentimento de solidariedade humana, o aprimoramento do caráter, com apoio na moral, na dedicação à família e à comunidade e o preparo do cidadão para o exercício das atividades cívicas com fundamento na moral, no patriotismo e na ação construtiva, visando o bem comum. Mas, os anos passaram e a disciplina foi extinta de maneira equivocada do currículo escolar “[1].  

            Esses estudos davam continuidade no curso cientifico, hoje chamado de Ensino Médio. Nesse, era ministrada a disciplina OSPB (Organização Social e Politica Brasileira), em que se dava continuidade com mais profundidade aos estudos, culminando no EPB (Estudos dos Problemas Brasileiros) no ensino superior. Isto fica bem claro no: “Art. 1º - É revogado o Decreto-Lei nº 869, de 12 de dezembro de 1969, que dispõe sobre a inclusão da Educação Moral e Cívica como disciplina obrigatória [...]. Art. 2º - A carga horária destinada às disciplinas de Educação Moral e Cívica, de Organização Social e Política do Brasil e Estudos dos Problemas Brasileiros, nos currículos do ensino fundamental, médio e superior, bem como seu objetivo formador de cidadania e de conhecimento da realidade brasileira”. (BRASIL, 1969).

            Então: Será que a sociedade estava sendo politizada? Será que, para o parlamento, isso não era interessante, e por isso a extinção das disciplinas? É interessante que se tenha uma sociedade conhecedora de politica?

            Questionamentos difíceis de serem respondidos por haverem interesses maiores que a educação para formação de cidadãos conscientes quanto ao conhecimento da cidadania, e isso era exatamente o que as disciplinas tratavam e ensinavam, ou pelo menos tentava fazer.

            Pode-se notar que praticamente em todas as esferas politicas as ações dos políticos, se assim podem ser chamados, vai mais para o interesse próprio do que para a sociedade. Um exemplo disso, é que já foi falado em acabar com o decimo terceiro salario. Todavia, para os políticos, existe o decimo quarto. Reclamar de que? A grande massa têm os vales ou bolsas.

             Há quem diga que só DEUS para melhorar a situação, poder-se-ia acreditar que sim, mas se não busca-lo para que possa agir nesse favor o somente falar tornar-se-á impossível acontecer o tão esperado milagre. Há uma grande quantidade de pessoas que estão a procura das bênçãos de Deus, mas de uma forma significante, não buscam o Deus das bênçãos. muitos, em especial, os chamados políticos, em seus discursos, por vezes cheio de nada e vazio de tudo, mencionam Deus, tentando até citar passagens Bíblicas.

            Feliz a nação cujo DEUS é o SENHOR.



[1] http://www.mundojovem.pucrs.br/artigos/educacao-moral-e-civica-no-curriculo-escolar