Algo que me espanta no Brasil é a forma com a qual as pessoas convivem com a impunidade e  com as transgressões de normas criadas para beneficiar a população – pelo menos em teoria. O escândalo do momento, o mensalão, causa perplexidade não somente pela cara de pau e falta de caráter dos seus atores, mas também pela falta de interesse com que ele é encarado e visto por grande parcela de nossa sociedade. Lamentavelmente é enorme o número de pessoas que não se interessa e/ou não sabe do que se trata ou ainda  tem conhecimento do assunto mas não quer se manter atualizado com o que está sendo feito com os envolvidos. Parece que a população brasileira já se conformou com os roubos e a corrupção que assolam há muito nossa “nação” e não tem mais esperança ou perspectiva de mudança e, por isso, vê tudo isso como algo natural.  É um conformismo que nos causa medo e decepção. Medo porque a cada eleição que passa  se cria a perspectiva de que haverá alguma mudança com a chegada de “caras novas” ao poder, no entanto, basta a pessoa ser eleita e se vê que nada mudou, que tudo continua como era antes no reino da França: o salário não pode aumentar pois o governo não tem dinheiro para arcar com o aumento da despesa, mas o salário dos governantes e  de toda a classe política aumenta sem restrições; não se pode pagar decentemente os professores e os profissionais da saúde, porém há dinheiro para socorrer empresas e bancos em dificuldades, para construir e reconstruir estádios, para emprestar a nações em dificuldades, para bancar campanhas de todos os gêneros e gostos e etc, etc etal. Decepção, pois todos temos acesso à informação, mas as pessoas continuam desinformadas, passivas e desinteressadas. Ninguém  quer se indispor e se envolver com os assuntos que realmente importam para nossa sociedade. É curioso, para não dizer lamentável, mas é comum ouvir as pessoas dizerem que não querem se envolver com política, pois não vai adiantar mesmo. Todos esquecem que política é a forma que se tem para mudar uma sociedade, sem política não há mudança sustentável. É por meio da política que o mundo mudou e continuará mudando. Agora é fundamental que preparemos nossos jovens para serem políticos decentes e honestos e não politiqueiros.  Além disso, simplesmente votar e não acompanhar o trabalho realizado pelos nossos candidatos é o mesmo que dar um  tiro no pé, ou usando uma expressão mais comum, cuspir para cima. O resultado vai cair em nossa cabeça ou, pelo menos, na cabeça dos mais fracos, ou seja, o povo. Se prestarmos atenção, vamos ver que esta falta de compromisso com o país contaminou todos os setores da sociedade brasileira. Olhe o comportamento e o desempenho de nossos atletas em Londres. O Brasil - sexta economia mundial – não consegue ficar a frente de potências como: Bielorússia, Jamaica, Cazaquistão, Irã e outras grandes economias.  E olha que desde  criança ouvimos dizer que somos o país do futuro. Talvez aí esteja o problema, pois o futuro está no presente que, por sua vez, está no passado. Portanto um país que não valoriza sua história e não a estuda profundamente, não pode agir conscientemente no presente e, assim, não consegue modificar seu futuro.  Eu não gosto de misturar política e religião, mas tem uma sentença religiosa que é mais ou menos assim: conheça tua verdade e ela te libertará. Fica aí a dica.