POLICIAL MILITAR: PROFISSIONAL QUE TRABALHA SOB GRANDE PRESSÃO EMOCIONAL
Publicado em 10 de maio de 2010 por Eduardo Veronese da Silva
Eduardo Veronese da Silva
Inicialmente, se faz necessário registrar que existem outras categorias profissionais, que exercem diariamente suas funções trabalhistas sob grande pressão e carga emocional. Entre elas, pode-se citar: os profissionais da segurança pública estadual (polícia civil, militar, rodoviária federal etc.) e federal (marinha, exército e aeronáutica); os médicos, os motoristas dos transportes coletivos e de cargas; os professores, entre outros.
Entretanto, objetiva o artigo dar ênfase a atividade exercida por uma das categorias de profissionais da segurança pública estadual - o policial militar. Estima-se que o serviço prestado pelo policial militar se apresente de forma singular e distinta em relação às diversas atividades existentes. Em tese, isto ocorre pelo fato de se depararem diuturnamente frente a frente com a marginalidade (o delinqüente ou o infrator da lei), correndo grande risco de morte, ou na hipótese de tirar a vida de alguém, para cumprir com sua missão.
Desde o momento em que sai de sua casa para assumir o serviço na unidade militar, até o seu retorno após o cumprimento da jornada de serviço, este profissional não pode "vacilar", ou seja, descuidar-se um segundo sequer, pois, poderá colocar em risco a sua própria vida.
Para ilustrar o perigo constante enfrentado por esses profissionais, citam-se dois casos trágicos ocorridos no Espírito Santo. O primeiro ocorreu faz muito tempo, envolvendo a pessoa do soldado Enoque Bezerra Luna. Ele tinha acabado de sair do plantão de 24 horas e estava a caminho do ponto de ônibus. Sem que percebesse, estava ocorrendo o roubo de uma joalheria, no centro de Vitória/ES. Os meliantes, ao avistarem o militar fardado, efetuaram vários disparos de arma de fogo em sua direção, não havendo tempo para esboçar nenhuma reação de defesa. Foi morto de forma inesperada.
A segunda ocorrência, vitimou o soldado Romildo Militão (se não estou enganado com o nome) que estava saindo de serviço. O militar embarcou em um ônibus coletivo no município de Cariacica, alguns pontos adiante, entraram uns elementos e anunciaram que se tratava de um roubo. O instinto militar do soldado foi de intervir na tentativa de evitar o crime. Antes mesmo que impusesse sua arma, foi alvejado por vários disparos de arma de fogo.
Portanto, de serviço ou de folga, o policial militar pode, a qualquer momento, precisar entra em ação para tentar evitar o cometimento de um delito. Nesta hora, passa a desempenhar sua atividade laboral. Atividade esta, totalmente revestida de grande pressão e carga emocional, denominada pelos especialistas no assunto de estresse.
A palavra estresse pode ser entendida como uma pressão, tensão ou insistência. Nesse aspecto, estar estressado quer dizer: "estar sob forte pressão" ou "estar sob a ação de estímulo insistente e/ou constante". Denomina-se de estressor qualquer estímulo capaz de provocar o aparecimento de um conjunto de respostas orgânicas, mentais, psíquicas ou comportamentais relacionadas com mudanças fisiológicas, que acabam resultando em hiperfunção da glândula suprarenal e do sistema nervoso autônomo simpático .
A princípio, essa resposta tem como objetivo adaptar o indivíduo à nova situação apresentada e gerada pelo estímulo estressor. O conjunto destas respostas, assumindo um período de tempo considerável é chamado de estresse. O estresse é essencialmente um grau de desgaste no corpo e na mente, que pode atingir níveis degenerativos.
O estresse produz modificações na estrutura e na composição química do corpo, e, quando isso ocorre, entra em ação o mecanismo de defesa do organismo contra o estimulo estressor. O endocrinologista canadense - Hans Selye, denomina esta reação de Síndrome Geral de Adaptação (SGA). Para ele, ela se desenvolve em três fases: a de alarme, a de resistência e a fase de exaustão constante. Nesse sentido, se o profissional (de qualquer categoria) estiver diante de ação estressante intensa e prolongada, poderá ter maior predisposição ao desenvolvimento de doenças psicossomáticas .
O estresse também tem sido associado a sensações de cansaço, desconforto, ansiedade, fracasso, insegurança e medo. Tem aumentado consideravelmente o número de pessoas que se dizem estressadas. O stress quase sempre é visualizado como algo negativo que ocasiona prejuízo ao desempenho funcional do trabalhador.
Segundo os especialistas, o estresse é um processo psicológico e a compreensão dos elementos estressantes é afetada por variáveis cognitivas. Para eles, não é a situação em si, nem a resposta da pessoa que define o stress, mas a percepção do indivíduo sobre a situação.
Portanto, atenção especial tem sido dada ao chamado estressor ocupacional, ou seja, tensões e problemas advindos do exercício prolongado de uma atividade profissional e do ambiente de trabalho. Ademais, várias são as profissões que, com o prolongar do tempo e por sua própria característica, revelam-se favoráveis ao surgimento do estresse.
Como dito inicialmente, chama-se a atenção para a atividade desenvolvida pelos policiais militares (civis etc.), que possuem a incumbência de zelar pela preservação da ordem pública e a segurança da sociedade. Conforme transcrito no art. 144, inciso V, § 5º, da Constituição Federal:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
[...]
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...]
§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
Por estarem diuturnamente diante de situações adversas e combaterem diretamente a criminalidade urbana, colocam em risco a sua vida em beneficio da vida de outrem. Diante desta circunstância e, também, da excessiva jornada de trabalho, estão propensos a serem afetados por esse grande mal.
O estresse ocupacional revela-se de natureza perceptiva, resultado da incapacidade de lidar com as fontes de pressão em decorrência do ambiente de trabalho. Inclusive, podendo provocar conseqüências na sua saúde física e mental, comprometendo a vida profissional, familiar e social.
O policial militar, como mediador de conflitos sociais, precisa ter, necessariamente, equilíbrio emocional e psicológico para atuar de forma imparcial e dentro da legalidade no atendimento de seu maior público ? a sociedade. E, não ser mais um na lista de vitimas que precisa de ajuda.
As autoridades governamentais e políticas do País precisam dispensar maior atenção a estes profissionais e na melhoria de condições favoráveis no seu ambiente de trabalho. Quem sabe, agindo assim, traga como conseqüência um maior comprometimento e compromisso no desempenho desta árdua missão Constitucional.
Eduardo VERONESE da Silva
Subtenente da PMES
Bacharel em Direito ? FABAVI/ES
Licenciatura em Educação Física ? UFES.
Instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas ? PROERD.
Email: [email protected]
Inicialmente, se faz necessário registrar que existem outras categorias profissionais, que exercem diariamente suas funções trabalhistas sob grande pressão e carga emocional. Entre elas, pode-se citar: os profissionais da segurança pública estadual (polícia civil, militar, rodoviária federal etc.) e federal (marinha, exército e aeronáutica); os médicos, os motoristas dos transportes coletivos e de cargas; os professores, entre outros.
Entretanto, objetiva o artigo dar ênfase a atividade exercida por uma das categorias de profissionais da segurança pública estadual - o policial militar. Estima-se que o serviço prestado pelo policial militar se apresente de forma singular e distinta em relação às diversas atividades existentes. Em tese, isto ocorre pelo fato de se depararem diuturnamente frente a frente com a marginalidade (o delinqüente ou o infrator da lei), correndo grande risco de morte, ou na hipótese de tirar a vida de alguém, para cumprir com sua missão.
Desde o momento em que sai de sua casa para assumir o serviço na unidade militar, até o seu retorno após o cumprimento da jornada de serviço, este profissional não pode "vacilar", ou seja, descuidar-se um segundo sequer, pois, poderá colocar em risco a sua própria vida.
Para ilustrar o perigo constante enfrentado por esses profissionais, citam-se dois casos trágicos ocorridos no Espírito Santo. O primeiro ocorreu faz muito tempo, envolvendo a pessoa do soldado Enoque Bezerra Luna. Ele tinha acabado de sair do plantão de 24 horas e estava a caminho do ponto de ônibus. Sem que percebesse, estava ocorrendo o roubo de uma joalheria, no centro de Vitória/ES. Os meliantes, ao avistarem o militar fardado, efetuaram vários disparos de arma de fogo em sua direção, não havendo tempo para esboçar nenhuma reação de defesa. Foi morto de forma inesperada.
A segunda ocorrência, vitimou o soldado Romildo Militão (se não estou enganado com o nome) que estava saindo de serviço. O militar embarcou em um ônibus coletivo no município de Cariacica, alguns pontos adiante, entraram uns elementos e anunciaram que se tratava de um roubo. O instinto militar do soldado foi de intervir na tentativa de evitar o crime. Antes mesmo que impusesse sua arma, foi alvejado por vários disparos de arma de fogo.
Portanto, de serviço ou de folga, o policial militar pode, a qualquer momento, precisar entra em ação para tentar evitar o cometimento de um delito. Nesta hora, passa a desempenhar sua atividade laboral. Atividade esta, totalmente revestida de grande pressão e carga emocional, denominada pelos especialistas no assunto de estresse.
A palavra estresse pode ser entendida como uma pressão, tensão ou insistência. Nesse aspecto, estar estressado quer dizer: "estar sob forte pressão" ou "estar sob a ação de estímulo insistente e/ou constante". Denomina-se de estressor qualquer estímulo capaz de provocar o aparecimento de um conjunto de respostas orgânicas, mentais, psíquicas ou comportamentais relacionadas com mudanças fisiológicas, que acabam resultando em hiperfunção da glândula suprarenal e do sistema nervoso autônomo simpático .
A princípio, essa resposta tem como objetivo adaptar o indivíduo à nova situação apresentada e gerada pelo estímulo estressor. O conjunto destas respostas, assumindo um período de tempo considerável é chamado de estresse. O estresse é essencialmente um grau de desgaste no corpo e na mente, que pode atingir níveis degenerativos.
O estresse produz modificações na estrutura e na composição química do corpo, e, quando isso ocorre, entra em ação o mecanismo de defesa do organismo contra o estimulo estressor. O endocrinologista canadense - Hans Selye, denomina esta reação de Síndrome Geral de Adaptação (SGA). Para ele, ela se desenvolve em três fases: a de alarme, a de resistência e a fase de exaustão constante. Nesse sentido, se o profissional (de qualquer categoria) estiver diante de ação estressante intensa e prolongada, poderá ter maior predisposição ao desenvolvimento de doenças psicossomáticas .
O estresse também tem sido associado a sensações de cansaço, desconforto, ansiedade, fracasso, insegurança e medo. Tem aumentado consideravelmente o número de pessoas que se dizem estressadas. O stress quase sempre é visualizado como algo negativo que ocasiona prejuízo ao desempenho funcional do trabalhador.
Segundo os especialistas, o estresse é um processo psicológico e a compreensão dos elementos estressantes é afetada por variáveis cognitivas. Para eles, não é a situação em si, nem a resposta da pessoa que define o stress, mas a percepção do indivíduo sobre a situação.
Portanto, atenção especial tem sido dada ao chamado estressor ocupacional, ou seja, tensões e problemas advindos do exercício prolongado de uma atividade profissional e do ambiente de trabalho. Ademais, várias são as profissões que, com o prolongar do tempo e por sua própria característica, revelam-se favoráveis ao surgimento do estresse.
Como dito inicialmente, chama-se a atenção para a atividade desenvolvida pelos policiais militares (civis etc.), que possuem a incumbência de zelar pela preservação da ordem pública e a segurança da sociedade. Conforme transcrito no art. 144, inciso V, § 5º, da Constituição Federal:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
[...]
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...]
§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
Por estarem diuturnamente diante de situações adversas e combaterem diretamente a criminalidade urbana, colocam em risco a sua vida em beneficio da vida de outrem. Diante desta circunstância e, também, da excessiva jornada de trabalho, estão propensos a serem afetados por esse grande mal.
O estresse ocupacional revela-se de natureza perceptiva, resultado da incapacidade de lidar com as fontes de pressão em decorrência do ambiente de trabalho. Inclusive, podendo provocar conseqüências na sua saúde física e mental, comprometendo a vida profissional, familiar e social.
O policial militar, como mediador de conflitos sociais, precisa ter, necessariamente, equilíbrio emocional e psicológico para atuar de forma imparcial e dentro da legalidade no atendimento de seu maior público ? a sociedade. E, não ser mais um na lista de vitimas que precisa de ajuda.
As autoridades governamentais e políticas do País precisam dispensar maior atenção a estes profissionais e na melhoria de condições favoráveis no seu ambiente de trabalho. Quem sabe, agindo assim, traga como conseqüência um maior comprometimento e compromisso no desempenho desta árdua missão Constitucional.
Eduardo VERONESE da Silva
Subtenente da PMES
Bacharel em Direito ? FABAVI/ES
Licenciatura em Educação Física ? UFES.
Instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas ? PROERD.
Email: [email protected]