POLICIAL MILITAR: HERÓI SEM MÉRITO

Quem não ouviu alguém falar o seguinte provérbio: “melhor um covarde vivo, do que um herói morto”. Esse artigo refere-se a um herói meramente humano, sujeito a cometer erros como qualquer outra pessoa – o Policial Militar. Entretanto, vive uma situação intrigante: no momento de desespero de qualquer cidadão em perigo, esse profissional é o primeiro a ser chamado. Caso solucione o problema de forma imparcial e com êxito (recuperação de carro/dinheiro roubado, evitar um seqüestro relâmpago ou cometimento de um homicídio), torna-se nesse momento, um herói.

Se sua intervenção não for conduzida conforme o esperado pelo solicitante, poderá sofrer severas criticas, com a possibilidade de ter complicações administrativas ou penais, sendo o autor da ação a pessoa que o acionou para socorrê-la. Isto nos faz lembrar outro ditado popular: “a mão que afaga, é a mesma que apedreja”. Vale lembrar que independente de qualquer coisa (jornada exaustiva de trabalho, estresse, depressão, entre outras), esses profissionais quando acionados, saem em defesa das vitimas e, por vezes, colocam sua própria vida em perigo, para cumprir sua função Constitucional. Isso faz parte do seu cotidiano e do juramento feito em sua formação militar, como também, inserido na letra do Hino do Soldado Capixaba: “Sou soldado da terra de Ortiz, missão nobre me impõe o dever, defender com ardor meu País, pela Pátria vencer ou morrer. Na peleja sou bravo, sou forte, do inimigo não temo a metralha e desdenho até mesmo da morte, no entrechoque feroz da batalha. Sou herói, destemido e valente [...]“.

Ressalta-se, que muitos desses heróis “temporários” estão doentes, mas continuam trabalhando normalmente nas ruas. Fato que ocorreu no dia 10 de agosto de 2012, em São Paulo, trás preocupação: “o soldado Edvaldo que estava em tratamento psiquiátrico e apresentava quadro depressivo, após ser consultado no Hospital da Polícia Militar (HPM), foi julgado apto para o serviço. Ao sair do hospital, subiu numa torre do aeroporto de Congonhas, interditando por horas o tráfego aéreo, na tentativa de se matar. Passado 40 dias, encontra-se internado na ala psiquiátrica de um hospital público”.

A matéria divulgou dados alarmantes, mostrando que nesse ano de 2012, foram 24 tentativas de suicídios e 21 suicídios de policiais militares em São Paulo. Enquanto que em confronto armado com criminosos foram 8 mortes (em serviço). Nos dias de folga, foram 46 (quarenta e seis) policiais militares mortos.    

As corporações militares do território brasileiro são prestadoras de serviço público à sociedade, distinguindo-se de qualquer outra instituição (pública ou privada), haja vista que atende toda e qualquer situação de desordem social. A Polícia Militar Capixaba é uma das instituições públicas mais antigas do Estado e, como as outras, contrariam antigo ditado popular; que diz: “Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Mesmo assim, ela é chamada para intervir como mediadora do conflito.

Nas ocorrências diárias de atendimento ao cidadão, um grande percentual está vinculada a esse tipo de desentendimento, onde as partes envolvidas são muito próximas e, na maioria, marido e mulher.

Estima-se, tratar-se inicialmente de vias de fato (violência contra a pessoa sem, contudo, produzir lesões corporais), mas caso não haja uma intervenção policial, pode vir a se agravar e até resultar em óbito. Policiais - cidadãos, por vezes heróis, mas, por certo, de carne e ossos.   

EDUARDO VERONESE DA SILVA

Professor de Educação Física

Bacharel em Direito

Especialista em Direito Militar

Tenente da PMES