Há quem defenda que para se ter influência sobre as pessoas é necessário saber mandar nelas. Os defensores desta ideia gostam do jargão “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Aplicam a máxima para todas as relações sociais e de trabalho. O líder religioso e seus congregados, o chefe de equipe e o peão, o professor e os alunos, entre outras relações.
No entanto, essa história de ‘mandar quem pode’ só cabe na minha cabeça com a ressalva de que o tal ‘poder’ seja conquistado pela ação, pelo exemplo. Nem mesmo no ambiente familiar as coisas funcionam na onda do “goela a baixo”. Quem quer educar filhos tem que aprender, desde cedo, a argumentar, influenciar, conquistar e, mais que isso, tem a obrigação de fazer o que fala.
Ora, se a família é a base da sociedade, o que dá certo e o que dá errado no meio dela, é facilmente replicável para as demais instituições sociais quer sejam elas públicas ou privadas. Um exemplo simples: se os pais dizem que não é para gritar com as pessoas e, no entanto, elas flagram o pai berrando com a mãe, ou mesmo elas são abordadas pelos pais aos berros, dificilmente estas crianças saberão praticar as regras de etiqueta e bons costumes.
O mesmo é válido para questões como honestidade com o dinheiro dos outros, boa gestão do próprio dinheiro, hábitos inteligentes de consumo, consciência ambiental, cidadania, respeito ao próximo e tantos outros assuntos.
Quem sabe fazer, não encontra dificuldades para ter pessoas que sigam seus passos. Quem faz, ao invés de simplesmente mandar no alto de seu pedestal, passa a ter as pessoas à sua volta muito mais dispostas a fazer o que é obrigatório e, melhor que isso, elas vão além do que simplesmente são ‘mandadas’. Quem sabe fazer, antes de simplesmente mandar, desperta nas pessoas o melhor de suas potencialidades que tem sob sua liderança, comando, presidência, direção ou seja lá que nome gostem de dar. 
Qualquer filho, esposa, funcionário, colega, aluno estará sempre muito mais disposto a produzir. Sua mente estará sempre em atividade. Sua criatividade será estimulada. Sua motivação, amor pelo trabalho e desejo de aperfeiçoar o exercício de sua função estará sempre em constante amadurecimento e aperfeiçoamento.
Enquanto tudo isso acontece, a pessoa que tem a função de comando estará sempre em alta. As pessoas que a cercam, em um momento ou outro, irão se lembrar das palavras, dos gestos, das expressões que as ajudaram a crescer, a observar determinado tema com outro olhar.
Sempre foi assim com Jesus, o Cristo. Ele pouco ordenou, e muito fez. Suas ações eram tão poderosas e marcantes quanto seus discursos. Havia absoluta harmonia entre o que dizia e o que fazia. Não abraçava crianças simplesmente para ficar bem na foto do cartaz ou estampado na capa de algum jornal. Ghandi também é outro exemplo ainda mais recente que Cristo. Ele pautou sua luta por revolução sem armas a partir de suas atitudes. Fácil? Não foi. Mas seu exemplo ainda deveria causar vergonha para muitos de nós que prefere achar, afirmar, defender, propalar que o certo mesmo é apenas mandar.
No alto de sua empáfia, quem ouve falar deste tipo de pensamento faz até escárnio de quem acredita no poder do exemplo, na eficácia de fazer ao invés de simplesmente mandar. Felizmente, a sociedade é dinâmica. Não está parada. Ao contrário do que pensam os prepotentes as pessoas pensam e, por isso, se tornam melhores que eles.