Goiânia, 05 de abril de 2011.

Podemos Inovar no Setor Público!?

Analisando o contexto, o que há é a pressão social por um "bom" serviço público. E há eleições periódicas, embora tenhamos certa dificuldade em identificar nesse evento um motor para a inovação e a ligação entre o legislativo e o executivo. De certa forma, porém, os ocupantes dos cargos de nível mais alto têm de contaminar os outros com o desejo e o objetivo de fazer bem feito, de fazer melhor. E regra os cargos mais altos, primeiro escalão, estão sujeitos a um mandato temporário.
Acreditamos que no setor público seja possível inovar tanto quanto em qualquer outro setor. A dificuldade não é maior do que a enfrentada por grandes empresas, que têm uma inércia grande também. Talvez o que motive esse pensamento sobre o setor público ? sobre a ausência de inovação ? seja a "má fama" que ele adquiriu injustamente. As pessoas tendem a associar organizações públicas ao comodismo. A reclamação muitas vezes é legítima, mas a má fama é indevida e prejudicial. Há muitas organizações públicas que funcionam bem no país.
No entanto, mesmo com essas dificuldades, acho que quando o gestor público quer de fato inovar, quando se dispõe a usar sua capacidade intelectual para isso, congregando a capacidade intelectual de outras pessoas, podem-se obter bons resultados.
Com alguma frequência o setor público é sucateado, pelas mais diversas razões ? restrições orçamentárias, falta de crescimento da economia etc. Com o passar do tempo, esse sucateamento gera um ambiente crônico de escassez. Muitos profissionais passam a usar o sucateamento como uma justificativa para a ineficiência. "Não temos dinheiro, por isso o serviço não é bom. Se tivéssemos mais recursos, faríamos melhor", desculpam-se. Isso às vezes é verdade. Mas há situações em que se pode melhorar o desempenho, sem que isso custe mais dinheiro. Custa o esforço de organizar e melhor atender com novas ideias.
Para amenizar, indicadores objetivos e medidas de resultados, ajudam muito. Temos pouca cultura nessa área; medimos pouco. Refiro-me a indicadores de qualidade, de eficiência, a contar quantas pessoas se atendeu, quanto custou ou o tempo gasto para retornar ? isso quando fazemos ? ao contribuinte. Nesse aspecto percebemos grande diferença em relação a alguns setores da iniciativa privada, nos quais se mede cada detalhe: o material usado, as horas empregadas no trabalho, o salário, a equipe disponível. Quando não se empregam indicadores ? o que ainda é frequente no setor público ? o moral da equipe tende a ser baixo, ou a acomodar. Ninguém enxerga o resultado do trabalho. Com a ajuda de indicadores, as pessoas passam a compreender melhor seu papel, veem mais claramente o que fazem. Obtêm uma comprovação de sua ação. De certa forma, começam a atuar em função de metas, buscam superá-las, trazem novas ideias.
As organizações públicas podem e devem trabalhar com avaliação de resultados. Inovação depende de avaliação.
Para encontrar as novas ideias devemos ouvir as pessoas e isso nos leva a melhores resultados. Surgem ideias melhores, ou as ideias melhoram. Mas o debate deve ser qualificado, organizado. Ou seja, indicadores objetivos. Debate de opinião termina em briga. A objetividade é fundamental.
As organizações que souberem ouvir tendem a ganhar, podem avançar, e identificar novas oportunidades.

Adm. Ricardo Wagner de Carvalho
Diretor do Departamento de Projetos Estratégicos
Amtec ? Agência Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação