Plantio direto e seus benefícios ao solo

O que é o plantio direto? Quais as vantagens desse tipo de técnica agrícola? Esse texto pretende expor essas informações aos alunos de ensino médio e demais interessados.

O plantio direto é uma técnica agrícola que, basicamente, realiza o plantio de uma determinada cultura sem o preparo do solo. Em outras palavras, ele consiste em plantar sem arar e gradear a terra, como costumeiramente se faz no manejo convencional do solo agrícola.

Nesse modo de cultivar o solo, o agricultor realiza a semeadura diretamente sobre os resíduos da cultura ("palhada") que previamente estava plantada na área. Para tanto, os profissionais da área agrícola utilizam herbicidas que eliminam a vegetação que ainda persiste na área a ser plantada. Após isso, com máquinas específicas para esse sistema de manejo, sulcam, adubam, semeiam e fecham o sulcos, geralmente, em uma única operação.

Com o exposto, fica evidente que no plantio direto há uma baixa movimentação do solo devido à ausência da passagem de implementos como o arado e as grades. Há, também, a cobertura do solo com o máximo de cobertura vegetal morta ("palhada") sobre a superfície do mesmo, ou seja, sem enterrar.

Para se ter idéia, no sistema de plantio direto, durante a calagem para a correção do pH do solo, o calcáreo aplicado ao solo é simplesmente adicionado à superfície do solo. Já o plantio convencional enterraria o calcáreo com o uso de máquinas e implementos agrícolas.

Figura 1. Soja em sistema de plantio direto. Repare que os locais entre as linhas de plantio se soja permanecem cobertos com a palhada (cobertura morta) do antigo cultivo. Essa cobertura evita a erosão por salpico e o selamento superficial do solo.

Fonte da foto: www.cnpt.embrapa.br

Quais os benefícios dessa técnica? Geralmente, ela, após alguns anos, incrementa a quantidade de matéria orgânica do solo, o que é muito benéfico para as plantas e microrganismos do mesmo. Além disso, o fato do solo estar sempre coberto proporciona alta proteção do mesmo contra a ação da chuva, ou seja, protege-o da erosão. Com isso, o solo tende a se tornar mais fértil e mais conservado.

Figura 2. Solo sobre plantio convencional à esquerda e sobre plantio direto à direita. Note a cor escura do solo à esquerda que se deve ao maior conteúdo de matéria orgânica oriunda da decomposição da palhada.

Fonte da foto: http://susty.com/ 

Atualmente, nem todos os restos de culturas que permanecem sobre  o solo são favoráveis à adoção do plantio direto. Isso se deve ao fato de que alguns desses restos atraem ou permitem a profileração de pragas que prejudicam a cultura a ser estabelecida. Os cotonicultores (agricultores que cultivam algodão), por exemplo, enfrentam esse tipo de problema com os resíduos dessa cultura limitando, portanto, o uso da técnica de plantio direto para a referida cultura. Nessa direção, o emprego da técnica de plantio direto, geralmente, ocorre em locais em que não há restrições de natureza física (problemas de drenagem), química (problemas de toxidez de alguns compostos) e biológica (pragas) no solo. Quando detectada alguma dessas restrições, deve-se corrigí-las para, posteriormente, implantar o sistema de plantio direto. Por exemplo, locais em que os solos apresentam toxidez por alumínio, necessitam de calagem e gessagem para essa correção. Para tanto, usa-se, durante um ano, o uso do plantio do solo convencional para poder incorporar o gesso e o calcáreo. Só após essa prática é que o sistema de plantio direto pode ser aplicado na área sem problemas.

Por último, na região Sul do nosso país, devido ao fato dessa região ser mais fria do que as demais regiões, a decomposição dos resíduos vegetais deixados sobre a superfície do solo sobre plantio direto é mais lenta, acumulando, por essa razão, uma camada espessa de material orgânico que aumenta a efetividade de proteção do solo desse tipo de técnica agrícola. Pela mesma razão, por causa das maiores temperaturas nas outras regiões do país, uma camada menos espessa de palhada se acumula sobre os solos.

Preparado a partir de:

GALETI, P.A. Práticas de controle à erosão. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1984. 154p.

MAZZA, J.A. Notas de aula de Manejo e Conservação do Solo – módulo manejo. Piracicaba, [a.n.t.], ESALQ/USP, 2009.

ROTH, C.H.; PAVAN, M.A. Effects of lime and gypsum on clay dispersion and infiltration in samples of a Brazilian Oxisol. Geoderma, v.48, p.351-361, 1991.

SPAROVEK, G. Notas de aula de Manejo e Conservação do Solo – módulo conservação. Piracicaba, [a.n.t.], ESALQ/USP, 2009.