PLANEJAMENTO VIRTUAL EM TRAUMA E CIRURGIA ORTOGNÁTICA

 

 

RESUMO

 

Atualmente a população brasileira em geral tem introduzido a tecnologia no seu contexto de vida no intuito de facilitar as atividades do dia-a-dia e também de se atualizar mediante ao que vem sendo imposto à sociedade. Dentro desta perspectiva, compreende-se que as tecnologias têm sido introduzidas não somente para fins de facilitar a rotina do ser humano, mas também como metodologia de trabalho em vários aspectos. Na odontologia não é diferente, a tecnologia tem sido muito útil proporcionando aos profissionais uma melhor condição de tratamento e por consequência disto um melhor resultado para seus pacientes. As cirurgias ortognáticas tem transformado a qualidade de vida de vários pacientes proporcionando a estes a possibilidade de que se sintam satisfeitos referente ao sistema funcional bucomaxilar e principalmente mais felizes com relação a sua estética aumentando a sua autoestima. Para que isso seja possível, o planejamento virtual é essencial e pode ser utilizado tanto no planejamento para cirurgias ortognáticas quanto para tratamento de trauma facial. O profissional cirurgião bucomaxilar (responsável por este tipo de cirurgia) deve utilizar os softwares de planejamento virtual como um auxiliar de planejamento, porém, as técnicas e descrições do planejamento dependem exclusivamente do profissional e não do programa. Dentro deste contexto, esta pesquisa buscou mostrar as características gerais da cirurgia ortognática e trauma facial, bem como a forma como o planejamento virtual pode colaborar para a eficiência deste tratamento. A metodologia utilizada para a elaboração do levantamento de dados foi a pesquisa bibliográfica onde foi possível localizar vários autores que reafirmam a relevância do planejamento virtual para a cirurgia ortognática e de trauma facial.

 

Palavras-chave: Cirurgia ortognática. Planejamento virtual. Ortodontia. Trauma facial.

 

ABSTRACT

 

That currently the Brazilian population in general has introduced the technology in its context of life in order to facilitate day-to-day activities and also to update itself through what has been imposed on society. Within this perspective, it is understood that the technologies have been introduced not only for the purpose of facilitating the routine of the human being, but also as methodology of work in several aspects. In dentistry it is no different, the technology has been very useful providing the professionals with a better treatment condition and as a consequence of this a better result for their patients. Orthognathic surgeries have transformed the quality of life of several patients, giving them the possibility of feeling satisfied regarding the bucomaxillary functional system and mainly happier about their esthetics, increasing their self-esteem. For this to be possible, virtual planning is essential and can be used both in planning for orthognathic surgeries and for treating facial trauma. The professional bucomaxillary surgeon (responsible for this type of surgery) should use virtual planning software as a planning aid, however, the techniques and descriptions of the planning depend exclusively on the professional and not the program. Within this context, this research aimed to show the general characteristics of orthognathic surgery and facial trauma, as well as how virtual planning can contribute to the efficiency of this treatment. The methodology used for the preparation of the data collection was the bibliographic research where it was possible to locate several authors that reaffirm the relevance of the virtual planning for orthognathic surgery and facial trauma.

Keywords: Orthognathic surgery. Virtual planning. Orthodontics. Facial trauma

 

1.    INTRODUÇÃO

 

Antes de 1969 a cirurgia ortognática era considerada apenas como um objetivo funcional, isto é, não era vista como o objetivo de trazer mais qualidade de vida ao paciente tanto no sentido funcional quanto no estético. A partir de 1969 o tratamento cirúrgico ortognático foi integrado ao tratamento orto-cirúrgico, onde cirurgiões bucomaxilares puderam começar a trabalha juntamente com orto-cirurgiões que representou a junção do sistema funcional com o estético.

Dentre os problemas funcionais causados pela desestrutura ósseo facial pode-se citar: mastigação, deglutição, fonação, dor orofacial crônica, desgaste excessivo dos dentes, mordida aberta, desarmonia na aparência facial, inabilidade de manter os lábios fechados, respiração bucal crônica “boca seca”, e até mesmo problemas respiratórios.

Esta pesquisa justifica-se pela necessidade atual de se introduzir a tecnologia em situações em que os procedimentos cirúrgicos sejam muito mais eficientes, como por exemplo a cirurgia ortognática e também os casos de traumas faciais. Neste sentido, afirma-se que a evolução tecnológica tem agido em prol da melhoria do desempenho da ortodontia em geral proporcionando aos pacientes uma maior probabilidade de resultados positivos fazendo com que seja possível também que os profissionais se sintam de forma mais segura para trabalhar, considerando que os resultados obtidos com o planejamento virtual proporcionam ao profissional saber se vão ser estes positivos ou não dando a ele o caminho correto a ser percorrido no tratamento ortognático e em trauma.

Esta pesquisa tem como objetivo mostrar como o planejamento virtual pode ser eficiente em casos de cirurgia ortognática e trauma facial. Para tanto irá conceituar e detalhar a cirurgia ortognática, bem como o planejamento virtual para a cirurgia, também irá abordar os traumas faciais e a função do planejamento virtual para o tratamento destes.

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica que tem como objetivo coletar o máximo possível de informações relevantes para o contexto da temática escolhida. Através de pesquisas realizadas em plataforma acadêmica foi possível encontrar vários autores que deram uma grande colaboração para a fundamentação teórica desta obra, caracterizando esta também como pesquisa como qualitativa. Após a realização das pesquisas foram selecionados os autores cujas obras mais se aproximavam do tema deste trabalho no intuito de enriquecer a fundamentação com teorias já realizadas. O critério de seleção foi escolher os autores que abordavam sobre a temática de forma original e que realizaram suas obras após o ano de 2012.

 

2.    CIRURGIA ORTOGNÁTICA

 

Destaca Moreira & Leal (2013, p. 46) “Os avanços tecnológicos no campo das imagens, especialmente nos últimos 15 anos, têm permitido a adoção de protocolos de imagens tridimensionais (3D) na área da cirurgia maxilofacial”. Dentro deste contexto afirma-se que é de extrema importante que os profissionais da área expandam seus conhecimentos proporcionando aos seus pacientes uma melhor condição de tratamento.

A cirurgia ortognática é realizada com a parceria de um cirurgião bucomaxilar juntamente e um orto-dentista, onde são realizadas etapas importantes para o sucesso deste tipo de cirurgia. É preciso realizar os exames assim como também os diagnósticos e tratamento ortodôntico, também é necessário se realizar testes para que a mordida seja diagnosticada antes de se realizar a cirurgia de correção óssea da cirurgia ortognáticas, pois o encaixe dos dentes após a realização da cirurgia é muito importante e por isso este encaixe é testado antes da cirurgia (DIAS et. al, 2014).

Este teste de encaixe leva em conta a linha média correspondente aos dois dentes superiores da frente (incisivos) e o osso, sendo assim a linha média do rosto (linha média facial) tem que coincidir com a linha média dentária superior. O local de desgaste a sequência e onde é preciso desgastar deve ser anotado pelo profissional, assim é possível saber se o encaixe está sendo realizado de forma correta. Este procedimento é chamado de ensaio da cirurgia (SANT’ANA, 2012).

A cirurgia ortodôntica conta com o que de melhor traz o auxílio tecnológico e por este motivo se revela como uma das tendências mais promissoras no contexto da odontologia. O planejamento ortodôntico tem utilizados muitos métodos coadjuvantes no intuito de promover a qualidade do tratamento e também o bem-estar do paciente, devido a estes fatores a cirurgia ortognática tem sido expandida e também mais embasada cientificamente (LOIOLA et. al, 2016).

Dentro desta concepção, a orto-cirurgia tem como objetivo principal promover uma oclusão de forma funcional e estável fazendo com que seja estabelecida uma melhora na estética facial. Porém, afirma-se que a estética facial é algo que pode ser considerado muito subjetivo, sendo assim, olhando por este ponto de vista esta estética pode ser determinada de diferentes formas o que significa que cada profissional pode considerar a estética ortodôntica de formas diferenciadas (SILVA, 2013).

Segundo Moreira & Leal (2013) uma das características fundamentais deste tipo de tecnologia é a sua facilidade de acesso e também do seu uso, pois permitem a ampla utilização no diagnóstico e também no plano de tratamento. A tomografia computadorizada e as imagens, bem como a ressonância magnética também a digitalização da imagem proporcionam a elaboração do documento em 3D do paciente. A reconstrução anatômica reconstruí o paciente virtual e assim é realizado a simulação de diferentes tipos de tratamento.

Entretanto, mesmo a concepção de estética podendo ser subjetiva destaca-se que os objetivos do tratamento, bem como toda a expectativa envolta nos procedimentos destes e seus resultados não podem se diferenciar, pois são considerados aspectos fundamentais para os resultados positivos do planejamento. Diante de uma preocupação a respeito da estética facial que aumenta a cada por parte da população brasileira os métodos de se fazer com que sejam possibilitadas facilidades de tratamento ortodôntico estão evoluindo a um ritmo acelerado. Considerando estes fatores afirma-se que as alterações estéticas estão se tornando mais previsíveis mediante aos avanços tecnológicos de diagnósticos (SILVA, 2013).

Em se tratando de cirurgia ortognática pelo método tradicional Modonesi et. al. (2017, p. 78) destaca que: “Os casos de assimetria facial são considerados os de maior complexidade dentro do âmbito da cirurgia Buco-Maxilo-Facial, devido a alteração esquelético-morfológica nos três planos do espaço (Pitch, Yaw e Roll)”.

A cirurgia ortognática é realizada pelo cirurgião bucomaxilo e necessita de guias cirúrgicos, estes anteriormente eram fabricados através de métodos manuais onde o próprio cirurgião ficava responsável pela sua confecção. Porém, a confecção destes são facilitadas em grande escala através das imagens em 3 D (dimensões), pois mesmo os métodos anteriores proporcionando bons resultados as imagens em 3D proporcionam um melhor resultado e praticidade em menos tempo (SILVA, 2013).

Sobre a função da cirurgia ortognática Moreira & Leal (2013, p. 3) ressalta que este tipo de cirurgia é considerado uma ferramenta que visa a correção de discrepâncias esqueléticas dento-faciais. Porém, mesmo seu objetivo principal sendo realizar a oclusão funcional um dos motivos principais da procura por este tipo de cirurgia é a melhoria na qualidade da estética proporcionando maior qualidade de vida ao paciente. Dentro deste contexto, o planejamento operatório é considerado muito relevante.

Destaca Silva (2013) que os planejamentos computadorizados são posteriormente impressos em impressora 3D o que diminui de forma significativa o percentual de erro no contexto do planejamento. Para tanto, faz-se necessário o conhecimento pleno do profissional para com o equipamento tecnológico, pois se o mesmo não tiver tal conhecimento a possibilidade de ocorrer erros é grande e isso poderá comprometer o resultado final da cirurgia.

Vale ressaltar que para o paciente é de extrema importância que os resultados estéticos do procedimento sejam alcançados. Sendo assim, considerando a subjetividade da estética é muito relevante que o profissional converse com o paciente no intuito de identificar as expectativas do mesmo mediante ao tratamento e os resultados esperados (SILVA, 2013).

Moreira & Leal (2013) enfatiza que as imagens em 3D têm revolucionado a forma com que os cirurgiões-dentistas têm tratado as deformidades dento-faciais. Devido a esta situação os avanços no planejamento virtual tem se tornado cada vez mais comum.

Griza et. al. (2017, p. 74) define que: “Deformidades dento-faciais são anormalidades esqueletais e dento-alveolares que ocasionam alterações estéticas, fonéticas e funcionais, que atingem aproximadamente 20% da população”. Esta situação acaba quase que sempre resultando em complicações psicológicas que atrapalham muito a vida da pessoa.

Existem alguns mitos impostos pela sociedade no que se refere a cirurgia ortognática, um deles é que durante a cirurgia a mandíbula do paciente é luxada, isto é, deslocada da sua função normal para que o cirurgião possa trabalhar, o que não é verdade, pois o que ocorre é que a abertura bucal é colocada na forma máxima para que se permita trabalhar, porém dentro de sua função normal. Outro mito é que o paciente no pós-operatório fica com a boca fechada de forma forçada se alimentando apenas com líquido ou comida pastosa, porém isso somente acontecia antigamente, pois atualmente é possível que o paciente entre em cirurgia com a boca aberta e saia da cirurgia com ela abrindo e fechando, tendo apenas uma restrição alimentar por que não poderá comer nada sólido (DIAS et. al, 2014)

A mudança na alimentação é de extrema importância, o paciente não pode mastigar durante 40 a 60 dias e isso causa muitas queixas dos pacientes. Estas refeições pastosas devem ter cuidados específicos, como por exemplo, estas não podem ser realizadas em intervalos longos, devendo estas refeições serem no mínimo 6 por dia com mínimo de 200 ml por vez e ser também aplicada de forma variada e hipercalórica (DIAS et. al, 2014).

A cirurgia ortognática tem o objetivo de corrigir a posição dos maxilares, porém existe um ponto importante que é a correção dos dentes que estão nestes maxilares. Sendo assim, o trabalho da ortodontia é muito importante no pré-operatório onde o objetivo é colocar os dentes na melhor posição para os seus ossos. Os dentes superiores na melhor posição no maxilar superior e os dentes inferiores também na sua melhor posição para o osso inferior, que é a mandíbula. Isso faz que a deformidade esquelética seja também mostrada nos dentes proporcionando o melhor resultado tanto do ponto de vista funcional quando também o estético. Sendo assim, o trabalho conjunto da ortodontia e da cirurgia ortognática faz com que seja possível se obter tratamentos objetivos, bem planejados e com resultados estáveis (DIAS et. al, 2014).

 

2.1   Planejamento virtual em cirurgia ortognática

 

O planejamento cirúrgico atualmente é baseado nas TC e não mais em modelos de gesso montados em articulador como feitos articulamentos o que torna a tomografia de crânio como ponto principal do planejamento cirúrgico. Porém, para que a TC de crânio seja confiável é necessário trabalhar as imagens realizando alterações para que esta seja confiável para o planejamento, isto é, montar o crânio composto que é uma composição do crânio da TC que é posicionado na mesma posição do paciente onde os dentes na TC de crânio são substituídos pelos dentes escaneados do paciente e os côndilos da TC posicionados em relação central par que se possa planejar a cirurgia de forma confiável (CALANDRINI, 2014).

O posicionamento citado para o planejamento virtual é realizado através das fotos tiradas do paciente. Dentro deste contexto é importante ressaltar que as fotos realizadas sejam de qualidade, isto é, o paciente precisa estar em uma posição natural da cabeça sem vícios de posicionamento, a máquina precisa estar na posição verdadeira (LOIOLA et. al, 2016).

No planejamento tradicional era preciso colocar o côndilo na posição mais próxima da relação central do paciente, sendo assim, é preciso também realizar este procedimento na tomografia de crânio. Para tanto, é preciso que o paciente esteja utilizando um guia de mordida em cera para que no momento da TC o mesmo possa utiliza-lo e a imagem da TC esteja com os côndilos na posição desejada (CALANDRINI, 2014).

Segundo Loiola et. al. (2016, p. 2): “O planejamento virtual para cirurgia ortognática através da utilização de tomografia computadorizada possibilita ao ortodontista e cirurgião um planejamento mais preciso e confiável”. Diante de tal informação conclui-se que uma das maiores vantagens de se fazer o planejamento virtual em cirurgia ortognática é que este tipo de cirurgia poderá se realizar mediante modelo virtual, o que quer dizer que tanto o profissional quando o paciente saberá com antecedência o resultado final do tratamento.

Há anos atrás tudo era baseado em modelos de gesso, montagem articulador semi-ajustado, o planejamento virtual não é somente a possibilidade de se realizar o planejamento da cirurgia sem manipular gesso, mas principalmente através dos softwares é possível a visualização dos esqueletos sem os tecidos moles.

A possibilidade de se avaliar o esqueleto facial sem os tecidos moles permite o planejamento de forma mais precisa, uma vez que a cirurgia ortognática altera a posição do esqueleto e não dos tecidos moles faciais. Isso faz com que seja possível uma previsão melhor dos resultados cirúrgicos que também resultam em uma satisfação maior dos pacientes (DIAS ET. AL, 2014).

Destaca Silva (2013) que os planejamentos computadorizados são posteriormente impressos em impressora 3D o que diminui de forma significativa o percentual de erro no contexto do planejamento. Para tanto, faz-se necessário o conhecimento pleno do profissional para com o equipamento tecnológico, pois se o mesmo não tiver tal conhecimento a possibilidade de ocorrer erros é grande e isso poderá comprometer o resultado final da cirurgia.

Griza et. al. (2017, p. 76) destaca sobre o planejamento virtual que este é considerado atualmente: “ [...] uma ferramenta importante para a realização do tratamento orto-cirúrgico, devido a maior precisão e melhora na capacidade de reprodução do plano de tratamento, diminuindo a possibilidade de erros de planejamento”.

Dentro do planejamento virtual para a cirurgia ortognática será possível visualizar diferentes movimentos em diversos segmentos ósseos fazendo com que seja possível se prevenir contra possíveis interferências no movimento cirúrgico. Dentro desta perspectiva afirma-se que podem ser realizados diferentes planejamentos cirúrgicos podendo estes serem experimentados, o que facilita e deixa mais eficiente o tratamento, interferindo positivamente nos resultados obtidos proporcionando mais qualidade em menos tempo (LOIOLA et. al, 2016).

Afirma Silva (2013, p. 5) que: “O planejamento virtual em cirurgia ortognática está cada vez mais presente entre os cirurgiões para o tratamento das deformidades dentofaciais”. Sendo assim, destaca-se que os métodos tecnológicos no contexto da ortodontia atualmente têm prestado auxílio significativo promovendo benefícios de se premeditar alterações no tratamento.

É de cunho importante lembrar que os Softwares utilizados no planejamento virtual necessitam de conhecimento do profissional que o executa, o que significa que o mesmo para efetuar os resultados com eficiência requisitará de dados precisos que somente poderão ser fornecidos pelo cirurgião bucomaxilo. Sendo assim, destaca-se que o resultado final do planejamento virtual depende exclusivamente do profissional, o Software serve apenas como método auxiliar de planejamento (SILVA, 2013).

Ainda destacando sobre os resultados finais do planejamento virtual de cirurgia ortognática é importante mencionar que os resultados estéticos não são confiáveis, pois o Software é programado para dar resultados concretos sobre a estrutura óssea, porém, no que se refere a estrutura estética facial o mesmo não oferece confiança, considerando que cada pessoa tem uma espessura facial e também há influência devido a diferenças físicas raciais. Há meios de se fazer com que o paciente se sinta mais seguro com relação a este fator, um deles é mostrar fotos com casos parecidos ao dele demonstrando os resultados obtidos (SILVA, 2013).

Olhando pelo aspecto geral dos resultados obtidos através do planejamento virtual em 3 D Silva (2013) destaca que mesmo que o paciente opte por um tratamento mais viável financeiramente isso não quer dizer que os resultados não serão tão bons quando os realizados no planejamento virtual em 3 D, pois o que fará com que os resultados sejam eficientes é a experiencia e habilidades do profissional, tendo em vista que os erros podem acontecer tanto no planejamento tradicional quanto no virtual dependendo das características do profissional que o está realizando.

 

3.    TRAUMA FACIAL

 

Vale ressaltar que existem cirurgiões específicos que tem a responsabilidade de estudar e realizar cirurgias referente a trauma facial. Após a sua formação profissional de graduação o dentista faz uma especialização que dura em média de dois a quatro anos em regime fechado, este procedimento pode ser comparado a uma residência médica (MODONESI et. al, 2017).

O trauma de face hoje acontece quando o paciente sofre um trauma devido a acidente, principalmente automobilísticos e agressão física. A maioria destes tratamentos são realizados em âmbito hospitalar e quando este paciente chega até o cirurgião bucomaxilo o mesmo já não se encontra em estado grave, pois recebe um atendimento anterior no qual é realizada a situação emergente primeiramente. Os tipos de trauma mais comuns são os de fratura de mandíbula e maxilares, estas cirurgias podem ser realizadas tanto em ambulatório quando também em centro cirúrgico utilizando a anestesia geral (ROCHA, 2014).

Em alguns traumas pode ser realizada a cirurgia sem anestesia geral, porém a sua maioria é realizada com esta onde o profissional bucomaxilo entra em parceria com equipe compondo principalmente um anestesista, o cirurgião bucomaxilo e um assistente. Normalmente o cirurgião fica de sobre aviso no hospital e quando o paciente se encontra estável, isto é, após o tratamento emergencial, o cirurgião poderá começar a agir em relação a cirurgia bucomaxilar (MODONESI et. al, 2017).

O atendimento emergencial que o cirurgião bucomaxilo pode realizar em caos de trauma facial é conter sangramento através de suturas e também quando há fraturas expostas o mesmo leva o paciente ao centro cirúrgico fazendo o processo de limpeza deixando o paciente estável para que posteriormente seja possível a realização de cirurgia bucomaxilar (ROCHA, 2014).

As principais cirurgias realizadas atualmente são as de médio e grande porte onde há necessidade de anestesia geral, como as reconstrução mandibulares, e pacientes com lesões benignas da face (câncer) onde é preciso a remoção e alguns pacientes necessitam de reconstrução imediata devido à perda do tecido e da função, bem como também as realizadas em ambulatório sem anestesia geral, como por exemplo, exodontias, lesões que necessitam de biopsia, cirurgia de enxerto e reconstruções mandibulares, pacientes com grandes perdas devido a acidente (implante dentário) (MODONESI et. al, 2017).

Em casos onde o paciente tem uma perda dentária devido a trauma primeiramente o paciente é tranquilizado e estabilizado, porém somente depois dos procedimentos cirúrgicos voltados à função é que a estética do paciente é tratada pelo cirurgião bucomaxilo. É importante ressaltar que a reconstrução envolve até mesmo tratamento de ortopedia. Também existe o termo chamado reconstrução de sorriso onde o paciente tem novamente o sorriso mediante a processo de reconstrução facial, nesta situação o paciente é levado ao consultório onde são realizados implantes dentários e enxertos (ROCHA, 2014).

É importante ressaltar que assim como os médicos pediatras o cirurgião bucomaxilar também pode se especializar para trabalhar com crianças. Porém, em casos de trauma facial é muito menos provável acontecer com uma criança do que um adulto, considerando até mesmo o motivo do trauma que é bem diferente em sua maioria do que os adultos. Traumas faciais causados em crianças é mais frequente devido a quedas e não a acidentes ou violência como nos adultos. Existem várias formas de tratamento para trauma facial em crianças dependendo da batida, da posição, local do trauma e identificação do dente perdido. Todos estes aspectos são importantes para saber o tipo de tratamento onde deve ser também necessário o acompanhamento com o odonto pediátrico (MODONESI et. al, 2017).

Existem maneiras conservadoras de se realizar a cirurgia de trauma facial, quando é realizado a contenção mantendo a mandíbula e o maxilar fechado até que o osso onde foi fraturado seja fechado, neste caso a alimentação é realizada com alimentos pastosos pelo período de 30 a 40 dias, e também de maneiras não conservadoras, onde são utilizadas placas, parafusos entre outros instrumentos (ROCHA, 2014).

 

3.1   Planejamento virtual em trauma facial

 

Sobre a influência e eficiência do planejamento virtual em trauma facial destaca-se segundo Modonesi et. al. (2017, p. 83) que: “A tecnologia do planejamento virtual vem substituindo o planejamento manual com grande força, por se apresentar mais confiável e minimizar falhas durante o transoperatório”. Com isso, é possível concluir que o planejamento virtual não tem sido introduzido como auxílio no processo de cirurgia bucomaxilar, mas sim como um instrumento de substituição do método de planejamento manual, no qual em algumas situações apresenta resultados bem inferiores aos planejados de forma virtual.

Casos de assimetria facial, como por exemplo órbitas, base de mandíbula e linha média óssea são totalmente recomendáveis de se realizar o planejamento virtual, pois quando utilizado o planejamento manual para tal as chances de erro são grandes, pois há vários passos envolvidos neste planejamento e estes são passivos de erros (MODONESI et. al, 2017).

As deformidades dento-faciais podem também resultar em problemas de assimetria facial, que é quando um lado do rosto apresenta expressão e aparência diferente do outro lado. A assimetria facial pode manifestar-se de forma agressiva nas pessoas causando total desconforto para o indivíduo comprometendo a estrutura estética do mesmo e colaborando para um agravamento psicológico (SILVA, 2013).

A assimetria facial pode em várias situações não ser evidenciada pelo profissional ou pelo próprio paciente bem como destaca Modonesi et. al. (2017, p. 80): “A assimetria facial é uma característica humana comum, que muitas vezes não é notada pelo próprio paciente nem pelas pessoas com quem ele convive”. Modonesi et. al. (2017, p. 77) ressalta ainda que: “Os casos de assimetria facial são considerados os de maior complexidade dentro do âmbito da cirurgia Buco-Maxilo-Facial, devido a alteração esquelético-morfológica nos três planos do espaço (Pitch, Yaw e Roll)”.

A assimetria pode acontecer devido a vários fatores, como por exemplo fatores genéticos, pacientes portadores de microssomia hemifacial ou adquirida em traumas e patologias. Por este motivo é de extrema importância que o profissional seja consultado para que a etiologia seja definida e sejam estabelecidos os métodos de diagnóstico corretos (MODONESI et. al., 2017).

Griza et. al. (2017, p. 74) ressalta sobre as consequências da deformidade dento-facial que este tratamento também é muito utilizado em de assimetria facial e que a dificuldade no diagnostico pelo método tradicional é um dos motivos que impulsionaram o planejamento virtual para ser aplicado neste tipo de situação onde as imagens em 3D e tomografias de face fazem com que seja possível obter-se dados preciosos a respeito do tecido ósseo e moles de face.

Uma das situações que fizeram impulsionar o tratamento mediante ao planejamento virtual foi a grande dificuldade de se conseguir uma precisão de diagnostico no planejamento tradicional para casos de tratamento de deformidades dento-faciais, considerando principalmente os casos em que se tem a presença de assimetria facial. As imagens tridimensionais facilitam e proporcional o planejamento para que seja possível realizar cirurgias virtuais para solucionar estes problemas, bem como também proporciona a possibilidade de se realizar um seguimento cirúrgico através de softwares específicos (GRIZA, et. al, 2017).

Sobre a substituição dos dentes afirma-se que a TC possui artefatos que fazem com que a definição dos dentes nestas imagens seja muito pobre. Sendo assim, estes dentes devem ser substituídos por uma situação que se consiga colocar um guia cirúrgico posteriormente. Para isso é preciso confeccionar um modelo através de alginato ou silicone e estes substituem os dentes da TC, depois é preciso mandar os modelos moldados para o laboratório (CALANDRINI, 2014).

É de extrema importância que o cirurgião bucomaxilar compreenda como funciona a sua interação e trabalho conjunto com o laboratório. Dentro deste contexto afirma-se que o laboratório tem a função de criar o crânio composto e através de reuniões onde será possível que o profissional direcione ao laboratório os dados específicos onde o cirurgião será imprescindível na interferência deste planejamento virtual (CALANDRINI, 2014).

 

4.    CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante da grande evolução tecnológica atualmente percebe-se que esta também auxilia no processo de evolução cirúrgica no contexto da ortodontia. O planejamento virtual tem se mostrado muito eficiente na cirurgia ortognática e também no tratamento de trauma facial e por este motivo tal procedimento tem sido cada vez mais estudado e aplicado no Brasil, considerando que seus resultados positivos atraem a atenção dos cirurgiões bucomaxilos.

Os traumas faciais têm se tornado muito frequentes atualmente no Brasil devido à falta de segurança no trânsito que é considerado um dos maiores motivos pelo qual os traumas faciais são causados. Com isso, os serviços prestados pelos cirurgiões bucomaxilos são cada vez mais requisitados, pois a sua formação profissional incluída de uma especialização faz com que este saiba precisamente o que fazer em cada caso de trauma facial.

Afirma-se que a cirurgia bucomaxilar mesmo sendo realizada da melhor forma possível pode ser passiva de erro e com isso pode causar graves consequências para o paciente a longo prazo. Tendo esta perspectiva como linha de raciocínio a odontologia lançou a possibilidade de se abrir mão do processo de planejamento manual para realizar o processo cirúrgico e trouxe o planejamento virtual que tem se mostrado muito eficiente em seus resultados.

Dentro deste contexto afirma-se de uma forma geral a presente pesquisa resultou na observação de que o planejamento virtual tem se mostrado muito eficiente tanto nos procedimentos precisos para cirurgia ortognática quando para os casos de trauma facial nos aspectos de função e estética.

Com o planejamento virtual é possível que o profissional tenha acesso de forma abrangente aos resultados da cirurgia ortognática antes mesmo desta ser realizado em prática, pois podem ser realizados procedimentos virtuais que mostrarão os resultado e com isso também apontarão o melhor caminho a ser percorrido pelo cirurgião bucomaxilar.

É importante ressaltar que para que a cirurgia ortognática tenha sucesso tanto no quesito funcional quanto no estético é preciso que o profissional cirurgião bucomaxilar trabalhe juntamente com o orto-cirurgião proporcionando melhores resultados nos dois aspectos e proporcionando uma melhor qualidade de vida ao paciente.

 

REFERÊNCIAS

 

CALANDRINI, Flávio. Cirurgia ortognática. 2014. Ed. 1.

DIAS, Reinaldo B; FERRAZ, Flávio Wellington da Silva; COTO, Neide Pena; RIBEIRO, André R; ELIAS, Fernando Melhem. Planejamento Cirúrgico Virtual em Cirurgia Ortognática. Ano 2 • Edição 7. Abr 2014.

GRIZA, Geraldo Luiz; SILVA, K. Thaís; JUNIOR, Eleonor A; ERNÍCA, Natasha M. Planejamento virtual na otimização de cirurgia ortognática para correção de assimetria facial. Vol.29,n.3,pp.74-77(Jan– Mar2017) Revista UNINGÁ Review.

LOIOLA, Marlos Eurípedes de Andrade; SHIBASAKI, Wendel Muniz Minoro; RODRIGUES, Daniel Barros; TORRES, Nathalia Coelho. Planejamento virtual tridimensional em cirurgia ortognática – um novo estado da arte. 2016. Editora Plena. São José dos Pinhais / PR.

MODONESI, Lucas Berlatto; CARDOSO, Luis Fernando Goulart; PEREIRA D. L; JORGE, Fabrício David. Cirurgia ortognática: assimetria facial e a limitação do planejamento manual com articulador semi-ajustável Acon (ASA) - correção com planejamento virtual (3D). SALUSVITA, Bauru, v. 36, n. 1, p. 77-89, 2017

MOREIRA, Leonardo Metropolo; LEAL, Mariana Pereira da Silva. Planejamento virtual em Cirurgia Ortognática: uma mudança de paradigma. Rev. Bras. Odontol. vol.70 no.1 Rio de Janeiro Jan./Jun. 2013.

ROCHA, Marcelo M. Trauma em Face. Tv Unisul. 2014.

SANT’ ANA, Eduardo, FURQUEM, Laurindo Zanco; VICENTE, Moacyr Tadeu. Planejamento digital em cirurgia ortognática: precisão, previsibilidade e praticidade. Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 5, n. 2 - abr./maio 2012.

SILVA, Alexandre Augusto F. Planejamento virtual em cirurgia ortognática. 2013. Disponível em: < https://plasticaebucomaxilo.wordpress.com/tag/planejamento-virtual-em-cirurgia-ortognatica/>. Acesso em 18/09/2017.