Saudade, quem não conhece?

Saudade, quem nunca sentiu?

A mesma saudade do exílio,

Lembrança que não se esquece

Dede alguém que já partiu.

Saudade como a daqueles

Que saíram do nordeste

Deixando a Rosinha e a asa branca,

Atrás do maldito dinheiro.

Sem hipocrisia,sendo bem franca

Na mesma andacá danada

Deixei o Catuaí e o Igapó

Com intuito da mesma jornada.

E assim vou plagiando a saudade

Sentimento de outros tantos

Que saíram daqui pra lá

De lá pra cá.

Mas a saudade é a mesma

Seja no Pará ou no Paraná.

Paraná por tio plagio.

É por causa do teu pinheiro

Onde canta a gralha azul

Por minha saudade eu insisto

Que as aves que aqui cantam

Não cantam como as do sul.

Sou filha da fusão

Do concreto com o asfalto

Da negritude à miscigenação

Fruto de um tal de MacDonald

Ou de uma madame Bovary.

Sou filha da cultura importada,

 não é cultura  nativa

como a que há pouco conheci.

Quando chega o sono e o sonho,

Sou sereia, menina morena,

Mergulho no Tapajós

Até o meu Paranapanema.

Na minha terra tem o pinheiro

Onde canta a gralha azul.

As aves que aqui cantam

Não cantam como as do sul.