Utilizando a primeira parte do poema ‘O Sentimento dum ocidental – Ave-Marias’, do poeta Cesario Verde, esse estudo é uma tentativa de analisar o persongem/homem/poeta dentro do contexo da cidade/espaҫo. E a cidade/espaҫo como personagem que se auto-retrata e cria ao passar do tempo a sua própria personalidade, influênciada ou não pelos que nela vivem, ou transitam.

Em seu poema o poeta Cesário Verde apresenta ao leitor os acontecimentos de um limitado espaҫo de tempo dentro do cotidiano de uma cidade/espaҫo. Nos apresentando vários personagens e acontecimentos diretamente ligados à vida citadina. ‘Ave-Maria’, parte a ser analisada nesse estudo, faz um passeio através do sutíl espaҫo entre luz/escuridão, dia/noite, vida/morte, homem/cidade.

A fusão entre homem/personagem e cidade/espaҫo nos leva à reflexão sobre o quanto o espaҫo em que vivemos interfere no que somos. E o quanto a cidade representa os seres que vivem e transitam por ela, transformando-sos e deixando-se transformar.

A dualidade, expressão primária do universo, nos apreenta questões como, espaҫo / homem, movimento / não movimento, dia / noite, claro / escuro, etc. Elementos dispares que traduzem nosso modo de viver e interagir com o meio.

Esses valores juntos e em harmonia evoca equilibrio físico e mental e nos coloca em simetria com o meio que vivemos.

Quando alcanҫado o equilibrio necessário, passa-se a fazer parte do sistema cotidiano de uma cidade, enquadrando-se individualmente nos vários setores distintos da sociedade. O personagem/homem passa então a ser reflexo e reflexão da cidade. Protagonista, o homem enxerga no cenário ao seu redor espaҫos que oprimem e desorientam e que roubam sua identidade fazendo-o confundir-se com ruas, edificios, portos, mercados e tudo aquilo que forma o cotidiano citadino.

O personagem/homem passa então a fazer parte da cidade, e em uma fusão passa a reconhecer a cidade como sua casa, incluindo todos ao seu redor como proprietários de espaҫos. O uso dos pronomes possessivos torna-se corriqueiro e seja para si, que para os outros, o personagem/home, passa a referir-se às ruas, praҫas, estaҫões, como: meu, teu, seu (e plural).