Perpeção do consumidor sustentável através de uma pesquisa aos alunos do centro de ensino fundamental e de pos-graduação

Juliana Maria Lima do Carmo email: [email protected]

Pericia auditoria & Gestão Ambiental

Resumo

Este trabalho apresenta elementos básicos para se avaliar, através da vida cotidiana das pessoas, se as mesmas possuem o perfil de consumidores sustentáves. Um questionário foi aplicado para várias pessoas com faixa etária de 12 a 74 anos e com formação de escolaridade diversificada, tendo como principal objetivo, monstrar um dos principais problemas ambientais que surgiu na sociedade contemporânea que é o consumismo, uma expansão da cultura do “ter”, em detrimento da cultura do “ser ”(Manual de Educação 1999), onde a socieade de consumo é influenciada pelo padão de vida da classe média norte-americana, que utiliza recursos equivalentes a de três planetas Terra. Dessa forma, este tipo de desenvolvimento é insustentável, sendo necessário buscar-se alternativas para solucionar tal questão. Uma delas é o consumo sustentável, que não agride o meio ambiente, tanto o seu processo de produção quanto o descarte final dos residuos.

Palavras-chave: Educação ambiental, Desenvolvimento sustentável, Consumidor sustentável.

1. Introdução

O presente artigo vem analisar o consumidor que dá prefêrencia a produtos ecologicamente corretos. O objetivo do trabalho era o de captar a percepção desse tipo de consumidor, por meio da aplicação de entrevista na escola de nível fundamental 16 de Taguatinga e do Instituto de Pós-Graduação (IPOG). A escolha dos locais para a pesquisa foi aleatoria. O perfil e a faixa etária dos dois grupos que compunham essa amostra eram bem diferenciados, assim como suas rendas familiares. Dessa forma, com base nos dados obtidos, pode-se analisar um problema que vem se agravando em nossa sociedade, após a segunda metade do século XX. Trata-se de uma explosão no consumo, marcada pela ultilização e pelo desperdícío, com o descarte das embalagens. Tal fenômeno, pode ser considerado um momento na história quando as pessoas passaram a ser chamadas não mais de cidadãos, mas de consumidores. Aqueles são cobrados por uma espécie de “obrigação” para o consumo, onde a felicidade e a qualidade de suas vidas têm sido cada vez mais associadas e reduzidas às conquistas materiais. Esse processo culminou em um consumo insustentável, também com uma parcela de culpa da sociedade que incentiva o consumo excessivo. Assim, de acordo Philip Kotler, o objetivo do sistema de marketing deve ser a maximização da qualidade de vida de todos os indivíduos.

E a qualidade de vida significa, não apenas a quantidade e a qualidade dos bens e serviços de consumo, mas a qualidade do meio ambiente para que assim, haja a preservação do mesmo.

A mudança de comportamento do consumidor é um processo que requer sensibilização e mobilização social, e a informação é fundamental nesse processo. Assim, para que haja maior conscientização, é necessário que o consumidor tenha acesso à informação referente às atividades corporativas, para que possa exercer melhor o seu poder de escolha, e preferir as empresas socialmente responsáveis e comprometidas com a preservação do meio ambiente (IDEC, 2004, p. 5).

Diante disto, a finalidade da aplicação do questionário foi levantar informações junto aos estudantes, de forma a expressarem as suas ações e sensibilizá-los para a questão do consumismo exagerado, principalmente em relação ao lixo que é gerado diariamente. Assim, se poderia ser capaz de demonstrar que através de hábitos diários, usando o consumo consciente, haveria redução do lixo que é jogado no meio ambiente.

O presente trabalho está composto de oito capítulos; no primeiro capítulo foi realizada a fundamentação teórica, a introdução do tema e dos objetivos da atual pesquisa; nos capítulos 2 e 3 são apresentados o assunto da pesquisa; no capítulo 4, serão abordados o método e as matérias usadas no artigo; no capítulo 5 será mostrado o resultado da pesquisa, com análise e interpretação de dados; no capítulo 6 e 7 foram apresentadas a discussão e as recomendações sobre o consumo sustentável, e por fim, no capítulo 8, tem-se a apresentação das conclusões, sugestões do tema e as referências bibliográficas.

2. O papel da educação ambiental na formação de uma consumidor sustentável

Buscando o respaldo na legislação, de que a educação é um direito de todos e dever da Família e do Estado, o art. 205 da Constituição Federal de 1988 informa que a educação “será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Acrescenta o inciso VII ao parágrafo 1º do art. 225, o qual impõe ao Poder Público e a toda a coletividade a promoção imprescindível da Educação Ambiental nos diversos níveis de ensino, aliada a conscientização da sociedade sobre a necessária preservação ambiental.

Segundo Genebaldo Freire 1992, a expressão environmental education foi ouvida pela primeira vez em 1965, na Grã-Bretanha, por ocasião da Conferência em Educação, realizada em Keele, onde chegou-se a conclusão de que a Educação Ambiental deveria se tornar parte essencial da educação de todos os cidadãos.

A UNESCO (1999) tem considerado como uma das características mais importantes da educação ambiental, a resolução de problemas ambientais, como elemento aglutinador na construção da sociedade sustentável.

Na Conferência do Rio de Janeiro -1992 destacamos o documento Agenda 21, que consagra no capítulo 36 a promoção da educação, da consciência política e do treinamento e apresenta um plano de ação para o desenvolvimento sustentável (Manual da FUNASA 2006).

No Brasil, no ano de 1999, foi promulgada a lei n° 9.795 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a política nacional de educação ambiental, com o seguinte destaque.

Art.1º entende-se por educação os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (PNEA: 1999).

Segundo Leff (2001, p. 222), sem uma mudança nos valores que orientam a sociedade, através da educação ambiental, não há como alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável. Assim, a educação ambiental é considerada instrumento indispensável na formatação de uma sociedade sustentável (CANEPA, 2004, p. 158).

A educação ambiental é um processo de educação política que possibilita a aquisição de conhecimento e habilidades, bem como a formação de atitudes que se transformam necessariamente em práticas de cidadania que garantem um sociedade sustentavel (PELICIONI e PHILIPPI JR 2002).

A inserção da educação ambiental na vida da pessoa inicia-se nos processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, isso bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e à sua sustentabilidade; assim, a educação ambiental irá transformar as vidas dos indivíduos. Esse postulado é estabelecido como um embasamento legal, de acordo com a política nacional do meio ambiente.

3. Os desafios dos hábitos do consumo sustentável

De acordo com relatório final da Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, na década de 80, (CMMAD, 1987), denominado “Nosso Futuro Comum”, elaborou uns dos conceitos de desenvolvimento sustentável; o mesmo deve atender às necessidade das gerações atuais, sem comprometer o atendimento das necessidades das futuras gerações. Após a conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento(CNUMAD), realizada em 1992, no Rio de Janeiro, que consagrou a concepção de desenolvimento sustentável a perspectiva da sustentabilidade foi introduzida no consumo, derivando daí, o conceito de “consumo sustentável”.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

O consumo sustentável significa o fornecimento de serviços e de produtos correlatos, que preencham as necessidades básicas e dêem uma melhor qualidade de vida, ao mesmo tempo em que se diminui o uso de recursos naturais e de substâncias tóxicas, assim como as emissões de resíduos e de poluentes durante o ciclo de vida do serviço ou do produto, com a idéia de não se ameaçar as necessidades das gerações futuras (PNUD 1998, p. 65).

O grande desafio atual é o desenvolvimento sustentável, que busca o equilíbrio entre o desenvolvimento socioeconômico e a preservação do meio ambiente. O termo “desenvolvimento sustentável” é abrangente – engloba aspectos econômicos, sociais e ambientais –, e foi expresso no Relatório Brundtland como o “desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades” (MOUSINHO, 2003, p. 348).

Assim, o foco da sociedade contemporânea não pode mais estar direcionado apenas para a produção de riquezas, mas para a sua distribuição e sua melhor utilização. É necessária uma verdadeira e efetiva mudança de postura na relação entre o homem e a natureza, onde não haja a dominação, mas a harmonia entre eles para que se possa economizar os recursos naturais.

4. Materias e Métodos

O método ultilizado foi o de aplicar um questionário perpectivo para as pessoas responderem, e assim, diante dos resultados, realizar o levantamento de dados, para então se ter um perfil de quem dá prefêrencia aos produtos sustentáveis, ou seja, que menos degrada o meio ambiente. O questionário aplicado teve como base as questões da página da internet da Universidade Federal da Bahia do Departamento de Ecologica sobre a pegada ambiental dos alunos. Acessado no dia 15/ 06/2011, no seguinte endereço eletrônico: http://www. ufbaecologica.ufba.br/arquivos /questionario_ pegada_ambiental_Final.pdf.

Público alvo: alunos do Ensino Fundamental, nível médio completos, graduados e estudantes pós-graduados, com faixas etárias diversificadas.

Quantitativo de entrevistados: setenta e três estudantes de nível fundamental e segundo grau completo em Brasília, setenta e sete estudante de pós-graduação e graduados em Goiânia; Totalizando: cento e cinquenta pessoas entrevistadas.

5. Resultados obtidos na pesquisa

A pesquisa foi aplicada aos estudantes do Centro de Ensino Fundamental 16 de Taguatinga, que é uma cidade satélite de Brasília e, também, a alguns alunos do Instituto Federal de Brasilia, do curso técnico em reciclagem de resíduo sólido, pois, o mesmo possui Ensino Médio completo; no total foram entrevistados setenta e três pessoas. Após o levantamento dos dados, as informações obtidas nestes questionários percepitivos serviram de diagnóstico para os indicadores quantitativos.

A pesquisa demonstrou que mais da metade, em torno de 52%, não separa os resíduos de acordo com a resolução CONAMA n° 257/ 2001, pois os nossos governantes ainda não implantaram a coleta seletiva. Dessa forma, as pessoas não separam o lixo. Caso venham a separá-lo, o mesmo serviço de limpeza urbana irá misturar todo os resíduos posteriormente.

A pesquisa apontou que em torno de 66 % dos consumidores não estão preocupados com a qunatidade de lixo que produzem ou seja, para eles, o importante é consumir e não preocuparem- se com a reciclagem, assim como não levam em consideração o local que será o destino final dos resíduos.

A pesquisa revela um hábito já conhecido por todos, que é não ter tempo; buscam-se produtos industrializados em torno de 44%, as pessoas não querem perder tempo; agindo assim, será gerado mais resíduos, consequentemente, mais degradação ao meio ambiente.

A pesquisa apontou um fato interessante, que cerca de 44% das pessoas ainda não possuem altitudes ecologicamente corretas, mas se preocupam com a sua pegada ecologica, ou seja, existe em algumas pessoas, a ideia de mudararem suas ações, para não degradarem o meio ambiente.

Após responderem às questões abordadas acima, fez-se perguntas discursivas sobre qual é o conhecimento das pessoas a respeito dos produtos sustentáveis, ocasião em que foram citados exemplos pertinentes ao assunto como: consumir verduras, legumes e frutas orgânicas Neste tema, os jovem se indentificaram mais apropriadamente pelos produtos sustentáveis.

O questionário contou com uma pergunta sobre o que falta acontecer quanto à sensibilização da população, em relação à educação ambiental, para assim se conseguir alcançar o consumo sustentável. Abaixo, segue uma síntese das respostas:

1.      A implantação da coleta seletiva para destinar o lixo adequadamente;

2.      Iniciar um processo de reeducação ambiental e implantar tal projeto nas escolas desde a pré-escola, até a formação superior;

3.      Promover consumo sustentável.

Comentário de um entrevistado:

Falta a conscientização da população, de reciclar os lixos e melhor preservar a natureza e saber que é um bem melhor a todos a preservação e a reciclagem, um consumo sustentável ajuda na diminuição de muitas coisas que hoje em dia prejudicam o nosso planeta. Laís 14 anos.

Ter mais a lixeiras de coleta seletiva, ter leis para quem joga lixo no chão. Fernanda 12 anos.

Que a população tem que toma uma atitude para que a natureza seja respeitada. Samuel 14 anos.

É um unico planeta Terra que temos, nós não damos valor a isso. Diandra 14 anos.

Analisado as respostas dos jovens sobre o tema tratado, o resultado obtido como  o maior problema foi o referente ao resíduo sólido. Para tratá- lo, é importante implantar a coleta seletiva. A questão do lixo é para eles um dos principais fatores do impacto que degradam o meio ambiente.

A pesquisa foi aplicada aos alunos do Instituto de Pós–Graduação (IPOG) de Goiânia, com um total de entrevistados que somaram setenta e sete pessoas. Após o levantamento dos dados, as informações obtidas nestes questionários percepitivos, que faziam referências ao consumidor consciente, são apresentadas por meio dos indicadores quantitativos, a seguir;

A pesquisa mostrou que em torno de 49% separam os resíduos, para assim direcionar ao processo da reciclagem; existe, assim, a preocupação em não degradar o meio ambiente e dar o destino correto aos resíduos.

A pesquisa apontou que em torno de 39 % dos consumidores se preocupam com a quantidade de lixo que produzem, ou seja, existe um direcionamento de resíduo para ser reciclado.

A pesquisa revela um hábito já conhecido por todos, devido a uma vida agitada, buscam-se produtos industrializados, pois a praticidade diária eleva o número de adepto que o foi de 58% da amostra, percentual relacionado às pessoas que consomem comida enlatada, e dessa forma, geram mais lixo na sociedade.

A pesquisa apontou um aspecto positivo relacionado às atitudes ecologicamente corretas de alguns consumidores, que se preocupam com as suas pegadas ecológicas, o que demonstra que cerca de 66% deles procuram diminuir o impacto que causam em relação ao meio ambiente.

Após responderem às questões abordadas acima, fez-se perguntas discursivas sobre qual é o conhecimento das pessoas sobre produtos sustentáveis e, foram citados alguns exemplos dos produtos adotados por aqueles consumidores conscientes; segue abaixo a relação de tais itens:

a)        Cesta de pão em fibra natural de sisal;

b)        Bolsa de tecido reutilizado;

c)        Brinco feito de capim dourado;

d)        Sacola de mercado reciclada e retornável;

e)        Reutilização de pilhas e baterias através do carregador;

f)          Verduras e legumes orgânicos, priorizando o pequeno produtor;

g)        Usar Bicicleta;

h)        Sandália de pneu;

i)          Geladeira com reduzido consumo de energia;

j)          Eletrodomésticos com selo A do PROCEL, menor consumo de energia elétrica;

k)        Compostagem com garrafas;

l)          Consumem verduras orgânicas, sem o uso de nenhuma espécie de agrotóxico;

m)      Sacola retornável;

n)        Lápis madeira reflorestada;

o)        Caderno, agenda, blocos de papel reciclável;

p)        Blusa de fibra de pet;

q)        Refis de cosméticos;

O questionário contou com uma pergunta sobre o que falta para acontecer para a sensibilização da população, em relação à educação ambiental, para assim se conseguir alcançar o consumo sustentável, segue abaixo uma síntese das respostas:

a)    Promover mais campanhas educativas para consumo consciente;

b)   Estimular programas permanentes nas escolas e universidades para educação ambiental;

c)    Realizar programas, palestras e propagandas para sensibilizar a população em relação conservação;

d)   Implantar o eco pontos de coleta seletiva na cidade;

e)    Aplicar políticas públicas para o arcabouço legal, a fim de definir critérios junto às indústrias, visando minimizar a fabricação de embalagens que acompanham os produtos;

f)     Aplicabilidade do selo verde como prática concreta;

g)    Incentivar o consumir de produtos naturais e reduzir os preços dos produtos orgânicos, para que todos possam comprá-los;

h)     Incentivo dos nossos governantes em relação à campanha sobre sustentabilidade ambiental;

i)       Programa de TV direcionado às questões ligadas ao meio ambiente;

j)      Incentivar o uso de produtos sustentáveis.

Comentário de um entrevistado:

Precisamos mais empenho das autoridades governamentais em relação à campanha sobre sustentabilidade ambiental, mais programas de TV direcionados às questões ligadas ao meio ambiente, mostrando a importância de manter-se o meio ambiente sustentável. Debates pela TV mostrando o que já perdemos e o que ainda podemos perder por um consumismo exagerado e sem preocupação com a qualidade ambiental. Maior incentivo para usar produtos sustentáveis. Só assim, podemos ter um resultado positivo, pois parte da população não tem noção de que estamos destruindo o nosso próprio habitat e de todos os seres vivos”. Rosângela 41 anos.

Cada vez mais o consumidor brasileiro se interessa em adquirir produtos sustentáveis, que tenham compromisso com o meio ambiente e com os seres humanos envolvidos na sua produção, desde a confecção até a distribuição. Porém, sabe-se que nem toda a população tem acesso a esses produtos devido à agregação de valores, uma vez que por serem artesanais dão mais trabalho. Sendo assim, a redução de valores e uma campanha incentivando a utilização dos produtos ajudariam muito. Ana Paula 25 anos.

Acredito que o fator preço é fundamental para que produtos com tecnologia sustentável definitivamente cheguem a todos os brasileiros. Hellen 26 anos.

Falta começar a sensibilização na escola, para assim as crianças crescerem com a consciência arraigada e tornar disso um hábito. Juliana 27 anos.

Realizando uma análise das respostas obtidas através das entrevista com as pessoas de nível superior, comprovou-se que as mesmas tinham mais conhecimentos sobre os produtos ecológicos; também possuíam mais acesso à informação e aos recursos financeiros para comprá-los. Entretanto, o resultado daqueles indivíduos que consomem estes produtos sustentaveis é bastante reduzido, pois muitos dos entrevistados ainda não têm esta consciência ambiental como hábito diário.

6. Discussão e Recomendação

Quando o questionário foi aplicado para tornar-se reflexivo “no qual o pesquisado não responde apenas às informações procuradas, como também se depara com questões provocativas, criando oportunidade de refletir acerca de suas condições de vida, como produto de uma estrutura social contraditória” (FRANCO, 1994 p. 20). MORAES (2000), tais autores estabelecem que os questionários sejam instrumentos que possibilitam captar informações, opiniões, percepções, valores, modelos e outros aspectos dos indivíduos na diversidade de seus meios.

Analisando as respostas dos entrevistados, poucas são as pessoas que têm hábitos de consumir produtos ecologicamente corretos. Pode-se verificar que há diversidades de ideias, em contrapartida, há uma pequena relevância a respeito deste tema. Assim, precisa-se mudar o paradgima de que o produto sustentável custa caro. É necessário por em prática o pensamento de Milbrath, que comenta sobre aquilo que vai de encontro com a realidade onde se vive, diante de um grupo de crenças próprias do “paradigma social dominante”, surgindo, dessa maneira, um conjunto alternativo de crenças representado pelo “novo paradigma ambiental”, como uma nova forma de conceber a organização da realidade que corrige o que pode ser incorporado ao sistema social.

Novo Paradigma Ambiental

Paradigma Social Dominante

Alta valorização da natureza

a. A natureza por si mesma –amor pela natureza.

b. Relações totais entre os humanos e a natureza.

c. Proteção ambiental acima do desenvolimento econômico 

Baixa valorização da natureza

a. Natureza para produzir bens.

b. Dominação humana da naureza.

c. Crescimento econômico acima da proteção ambiental.

Compaixão generalizada para com

a. Outras espécies

b. Outros povos.

c. Outras gerações

Compaixão somente pelos mais próximos

a. Exploração de outras espécies para atender às necessidades humanas.

b. Desinteresse por outros povos .

c. Interesse somente por esta geração

Plano e atuação cuidadosa para evitar riscos

a. Ciência e tecnologia nem sempre são boas.

b. Deter o desenvolimento do poder nuclear.

c. Desenvolvimento e utilização de tecnologia branda

d. Regulação governamental para proteger a natureza

Aceitar riscos para maximizar o bem – estar

a.Ciência e tecnologia são benéficas para a humanidade.

b. Desenvolvimento rápido do poder nuclear.

c. Impulsionar tecnologia dura.

d. Desvalorização da regulação governamental de proteção da natureza

Limites ao Crescimento

a. Escassez de recursos

b. Explosão demográfica

c. Conservação

Nenhum limite ao crescimento

a. Não-escassez de recursos

b. Nenhum problema de população 

c. Produção e consumo

Necessidade de uma sociedade completamente nova

a. Os humanos prejudicam seriamente a natureza e a si mesmos. 

b. Abertura e participação

c. Ênfase nos bens públicos

d. Cooperação

e. Pós-materialismo

f. Estilos simples de vida.

g. Ênfase na satisfação

Sociedade atual correta

a. Os humanos não prejudicam seriamente a natureza. 

b. Hierarquia e eficácia

c. ênfase no mercado

d. Competição

e. Materialismo

f. Estilos completos e estáveis de vida.

g. Ênfase no trabalho para atender necessidades econômicas. 

Nova política

a. Consultiva e participativa

b. Partidária de discutir sobre a relação do ser humano com a natureza

c. Desejo de usar a ação direta

d. Realizar a previsão e o planejamento.

Velha política

a. Determina por especialistas

b. Partidária de discutir sobre a gestão da ecomonia

c. Oposição à ação direta

d. Realizar o controle pelo mercado

Quadro 01 – Comparação entre paradigma social e o novo paradigma ambiental

Fonte: Quadro do Milbrath (1986, p.100) apud González (2002).

O quadro acima discute os contrastes entre os paradigmas, que precisam urgentemente ser modificados, para assim nos tornar uma nação de consumidores sustentáveis, pois este tema possui uma dimensão profunda. Mais pessoas necessitavam ser entrevistadas, para que se pudesse realizar um diagnóstico relevante em relação ao perfil do consumidor brasileiro. O presente trabalho teve apenas o intuito de chamar a atenção para a questão do consumismo exagerado.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Akatu, uma ONG cuja missão é disseminar o comportamento responsável entre os consumidores brasileiros, está aumentando o número de consumidores que cobram das empresas um papel que vai além do simples cumprimento das leis. Em estudo semelhante, realizado pelo mesmo Instituto, no ano de 2000, 35% das pessoas achavam que as companhias de grande porte tinham a obrigação de ajudar a construir uma sociedade melhor para todos. O percentual subiu para 44% no ano de 2007.

Percebe-se, cada vez mais, que os consumidores querem, além de bons produtos e serviços, fornecedores que estejam comprometidos com a melhoria da qualidade de vida da comunidade. Quando percebe a existência de consciência social, o consumidor se identifica com a empresa sob o prisma do exercício da cidadania, criando vínculos de fidelidade difíceis de ocorrer com entidades que cultivam valores diferentes (MELO NETO e FROES, 2001, p. 101).

Dessa forma, a educação ambiental é indispensável para a conscientização dos cidadãos no sentido de consumirem produtos sustentáveis. Nesse sentido, ressalta Canepa (2004, p. 159) “Tem-se que ter sempre em mente que educação e cidadania são indissociáveis: quanto mais o cidadão for educado, em todos os níveis, mais será capaz de lutar e exigir seus direitos e cumprir seus deveres.” E, assim, serão indivíduos capazes de ter atitudes certas direcionadas à sustentabilidade nas esferas social, ambiental e econômica.

7. Recomendação

Como uma recomendação pertinente, necessita-se de estudos mais aprofundados sobre o tema da atual pesquisa, bem como efetuar o levantamento das características essenciais que devem fazer parte da estratégia de consumo sustentável. Isto se daria, de acordo com os comentários encontrados no Manual de Educação de 1999, com a inserção de um estilo de vida sustentável em uma sociedade equilibrada, como uma contribuição para a nossa capacidade de aprimoramento, enquanto indivíduo e sociedade. Tal processo requer justiça no acesso ao capital natural, econômico e social para as presentes e as futuras gerações. Assim, o consumo material deve se tornar cada vez menos importante em relação a outros componentes da felicidade e da qualidade de vida. Dessa maneira, este deve ser consistente com a conservação e a melhoria do ambiente natural, acarretando um processo de aprendizagem, criatividade, adaptação e educação ambiental, como a principal ferramenta para construção do cidadão ambiental que conhece os seus direitos e deveres em relação ao meio ambiente preservado.

Dar preferência a produtos de empresas que têm uma clara preocupação com o meio ambiente, não compactuar com a ilegalidade, não consumir de forma a prejudicar as gerações futuras, dar preferência às empresas que não exploram o trabalho infantil, reinvidicar os seus direitos, usar o poder de compra para defender o emprego no país, adquirir produtos nacionais, colaborar para reduzir a quantidade de lixo produzido, evitar o desperdício e a compra de produtos com embalagens inúteis ou que demorem a se decompor, dar preferência a materiais reciclados, saber identificar as empresas que são éticas em seu relacionamento com os consumidores, os trabalhadores, os fornecedores, a sociedade e o Poder Público, são algumas das ações do consumidor consciente (INMETRO, 2002, p. 59-62).

Quando da elaboração deste artigo, é que houve a percepção de como o assunto aqui tratado é complexo. Então, foi realizado um trabalho bastante suscinto, objetivando dar segmento ao mesmo. Uma proposta mais detalhada seria, posteriormente, trabalhar o tema desta breve pesquisa de forma mais aprofundada, em uma dissertação de mestrado. Haveria, então, a necessidade de mais tempo e recursos financeiros para que fosse possível ampliar, com precisão, o escopo de tudo o que foi levantado até este ponto.

8. Conclusão

Segundo a análise dos questionários, constatou-se que o consumo sustentável não está inserido na vida do estudante de pós-graduação e de nível fundamental, embora o mesmo demonstre certa preocupação com a questão da preservação do meio ambiente. Ao ser realizado o diagnóstico das respostas levantadas, ficou demonstrado que esta classe de estudantes ainda não possui hábitos que demonstrem suas escolhas por produtos ecologicamente corretos. Tal comprovação inviabiliza a conduta de uma consciência ecológica por parte deste grupo de estudantes. Para exemplificar, eles não compram produtos cuja ênfase seja a de não degradar o meio ambiente, priorizando o consumo dos orgânicos; Não se preocupam em separar o lixo pessoal e encaminhá-lo para a reciclagem. Grande parte dos entrevistados comentou que ainda ultiliza muitos produtos industrializados, devido à praticidade diária; Isto demonstra uma tímida consciência ambiental, relacionada à preocupação com a pegada ecológica. Pode-se dizer, então, que ainda não são consumidores sustentáveis, pois possuem a cultura dos descartáveis. Assim, consomem cada vez mais e não se preocupam com a produção e o destino final dos resíduos produzidos. A mídia também tem parcela de responsabilidade sobre esta falta de consciência, já que ela interfere na liberdade de escolha das pessoas, ao lançar propagandas que estimulam a exagerada compra de produtos. Este processo ameaça os recursos naturais e a sobrevivência das gerações futuras, podendo levar o planeta a um estado de colapso. Precisa-se disseminar a formação de educadores que desenvolvam a responsabilidade de construir uma sociedade que satisfaça as exigências presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprirem suas próprias necessidades, exercitando o desenvolvimento sustentável.

Referências

ALMEIDA, Juliana. O comprador consciente. Exame, ano 38, nº 18, edição 826, p. 64, 15 set. 2004.

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DIAS, Reinaldo. Marketing Ambiental. São Paulo. Atlas. 2009.

FERRARO, Junior Luiz Antonio. Encontros e caminhos: formação de educadoras (es) ambientais e coletivos educadores. Brasília. MMA Diretoria de Educação Ambiental. 2005.

PHILIPPI JR, Arlindo. PELICIONI, Maria Cecilia Focesi. Educação Ambiental e Sustentabilidade. São Paulo; Manole , 2009.

RIBEIRO, Daniel Ribeiro, MORELLI, Marcio Raymundo. Resíduos Sólidos Poblema ou Oportuniades. Rio de Janeiro: Interciência, 2009.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. Departamento de ecologica sobre a pegada ambiental dos alunos.Bahia, 2011 Disponível em: <http://www.ufbaecologica.ufba.br/arquivos/questionario_pegada _ambiental_Final.pdf>. Acesso em : 10 Jun. 2011.