A luz da contemporaneidade, o pensamento políticode Maquiavel enfoca em sua obra: “OPríncipe e o Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio”a natureza da política - " PODER”e os expedientes utilizados pelospolíticos para conquistar e permanecer no poder.

Dizia Maquiavel que dois grandes fatores contribuem para oêxito das ações políticas: Primeiro, "A FORTUNA" - que pode serentendida como: sorte, acaso, oportunidade, influência das circunstâncias, curso da história etc.;Segundo, "A VIRTÚ" - refere-se à capacidade, eficiência política, habilidade, articulação, valor individual, ou seja, a ação politica eficaz e eficiente de efeito duradouro,aquelas na qual os atores são capazes de aproveitar circunstânciasfavoráveis e fazer valer sua astúcia política.

No principado de Pernambuco, na década de 60 reinava napolítica um príncipe que utilizando sabiamente a fortuna e a virtú e, pelo favor dos concidadãos torna-se príncipe da sua pátria - Maquiavel: capítuloIX - Do principado civil. Mas no dia 31 de março de 1964 este mesmopríncipe, perde o poder por outros meios. Maquiavel dedica os capítulos VIIIa este assunto. "Há duas maneiras de tomar-se príncipe e que não sepodem atribuir totalmente à fortuna ou ao mérito... chegar ao principadopela maldade, por vias celeradas, contrárias a todas as leis humanas ...”. Ele, conclui que as repúblicas em perigo que não pudesse recorrer a um ditador (líder popular), ou a instituição análoga (congresso alinhado), não teriacondições de evitar a sua perdição. Nos últimos tempos da república osromanos, em vez de instituir um ditador, atribuíram poderes ditatoriais aopróprio cônsul(mandatário), isto podemos constataratualmente - os governantes queatravés da conquista de uma bancada majoritária (congresso, assembleia e câmara municipal) tornam-se verdadeirosditadores da era contemporânea.

Agora, por favor dos concidadãos e não por suacrueldade ou intolerável violência, alguns se tornam príncipe do seu Estado,porque os mandatários não podendo resistir ou atender as reivindicações do povocomeçaram a dar reputação a um dos seus e os fazem príncipes (escolha indireta de governadores) e o povo também vendo que não podendo resistir aos mandatários, dá reputação a um cidadão e o elege príncipe para defende-lo com a sua virtude– primeira eleição livre após os governos militares.O príncipe, apesar de receber reputação dos mandatários e do povo, isola-se,não governando com todas as forças que o apoiaram, provocando com sua atitudeoabandono do povoe dosgrandes, o que veioa acontecer na eleição seguinte.

  O príncipe que perdera o poder em 1964 recupera o poder devido ao próprio valor e o bom empregoda oportunidade. “Moisés encontra o povo de Israel, no Egito, escravizado e oprimido pelos egípcios, a fim de que, para se liberar da escravidão, dispusesse asegui-lo –Maquiavel)Encontrou o povo de Pernambuco saindo de umprocesso de opressão e escravidão política (eleições indiretas e biônica),disposto a segui-lo para escapar da servidão "Portanto, era necessário adivinas; e tomar-se príncipe por mercê do favor de seusconterrâneos...".Os Príncipes militares chegaram ao poder (ditadura)devido a atos criminosos e de extrema crueldade. Maquiavel faz importantesconsiderações: A utilização da crueldade com um elemento essencial dapolítica. Para ele, o sucesso do empreendimento de natureza política muitasvezes depende do uso adequado ou não da crueldade. Alguns conseguem conservar o "MANTO" usando bem o mal (se é que se pode qualificar um mal

com a palavra b&m), de uma só vez "... o conquistador deve determinar asinjúrias que precisa levar a efeito, e executa-las todas de uma só vez,para não ter que renova-las dia a dia. Deste modo, poderá incutir confiança nos homens e conquistar lhes o apoio beneficiando-os”. Com o objetivo de garantir a própria segurança e depois não persistir nela, ao^ contráriosubstituir por medidas tão benéficas para o povo - fazem um bomemprego da crueldade. "Quem agir de outra forma, estará obrigado apermanecer de arma em punho e nunca poderá depender de seussúditos que, devido as contínuas injurias não terão confiança nogovernantes."'

Maquiavel aborda o tema ditadura no Comentário sobre aPrimeira Década de Tito Lívio, capitulo trigésimo quarto - "A instituição daditadura fez bem, e não mal, à república romana: o que causa dano àvida política é o poder usurpado, não o que é livremente delegado”. Apesar de que neste capítulo admite a possibilidade de seinstituir a pessoa de um "ditador", Maquiavel previa uma série de condiçõespara o papel do ditador tais como: Primeiro - os ditadores romanos eramdesignados por tempo limitando a duração do seu poder não excedia ascircunstâncias que haviam obrigado à sua instituição; Segundo - o ditador

nada podia fazer que atentasse contra o governo estabelecido: como retirarautoridade ao Senado ou ao povo, ou substituir antigas instituições darepública.

Moisésencontrar o povo de Israel, no Egito, escravizado e oprimido pelos egípcios, a fim de que, para se libertar da escravidão, dispusesse a segui-lo". Taís circunstâncias deram a este indivíduo uma oportunidade e, suas próprias e elevadas qualidades políticas fizeram com que

aproveitassem o momento histórico.

A natureza da politica resvala necessariamente numa realidadehumana caracterizada por um jogo de interesse, onde o poder, sua aquisiçãoe manutenção e o objetivo primordial do príncipe (o político). Maquiavel deixa bem claro, que essas qualidades não seriamjustas "se todas os homens fossem bons", mas como eles são maus e nãomantém a palavra, não se está obrigado a agir de boa fé.Sendo a má fé e a perversidade variáveis sempre presente nas

relações de poder, o bom político não deverá temer a acusação de crueldade.

  O atual príncipe eleito em 1988,detentor da amizade do povo e dos poderosos e,

desinteressado em abdicar o seu poder em 1992 a um de seu súdito, já com intuito de criar um herdeiro político e não uma herança política, abstém-se da contenda política, permitindo a chegada ao poder do novo cidadão que mais pelo favor dos poderosos e pela abstenção do povo, enquanto o atual príncipe obtém a maior votação nominal do país para deputado federal.

  Mas, o preterido nunca perdoaria a ofensa praticada pelo governante, quetirou o seu bem (o mandato a governador), e deixou-o sem mandato – poderpor dois anos. "Deve, sobretudo, abster-se de se aproveitar dos bens dos outros, porque os homens esquecem mais depressa a morte do país do que a perda de seu patrimônio.

Em 1994, volta ao cenário político o cidadãoatravés do povo e dos poderosos, fundamentando-se na mais moderna maquina de fazerpolítica - O Marketing Político. Traz para Pernambuco mais terrível guerreiro(marketeiroDuda Mendonça). Há no príncipe, inclusive, um longo capítulodedicado a conselhos de como evitar o desprezo e o ódio dos súditos e outros voltados para como agir para ser estimado: "Não necessário a um príncipe ter todas as qualidades mencionadas, mas é indispensável quepareça tê-las.

  Ainda mais, nos tempos atuais, faz com queos cidadãos nas escolhas dos seus cidadãos com reputação não se detémmais na consideração do VALOR, mas sim na do FAVOR, escolhendo assimaqueles que sabem melhor obter o VOTO popular, do que melhor sabemRESOLVER problemas.^^