PERISPÍRITO  NA  VISÃO  UBALDIANA 

Inicio o presente artigo com uma indagação: Pietro Ubaldi, o maior dos intuitivos já conhecidos da humanidade terrena, realizara algum estudo ou fizera alguma referência ao ‘corpo espiritual’, a que a nomenclatura kardequiana designara ‘perispírito’? 

Creio que sim! 

É que sua nomenclatura difere um tanto da usual espiritista, mas no fundo o conceito é o mesmo e Ubaldi trata dele sim. 

Em “A Grande Síntese” (Pietro Ubaldi – 1937 – Fundapu), por exemplo, ele está subentendido em várias passagens suas. Para tanto, busquemos algo do capítulo 64 da referida e importante obra. Nela, vemos o autor fazer colocações desse naipe: 

“O germe conserva em seu âmago uma estrutura indelével com a lembrança do passado vivido, que terá de reproduzir intacto”. (Opus cit.). 

Para Ubaldi, todos os resultados da experiência vivida gravitam para dentro do ser, para o âmago daquela estrutura indelével, onde ficam armazenados. Para lá descem e se registram em camadas sucessivas, todos os valores, todos os produtos e sínteses da vida; ou seja: tudo se registra e se fixa na estrutura indestrutível do perispírito, que ele, Ubaldi, não chama de tal. 

Mas vejamos mais esta: 

“Subamos, ainda, até ao homem. Os substratos precedentes subsistem: a consciência orgânica, obscura, automática, mas presente, porque em funcionamento, embora abandonada na profundeza do ser; o instinto vivo, presente, como nos animais, sábio e memorioso”. (Opus cit.). 

Ora: consciência orgânica, obscura, automática; mas, se não é ao perispírito a que se reporta o autor? 

No capítulo 83, desta mesma obra, Ubaldi irá chamá-lo de “organismo espiritual”. (Opus cit.). 

Noutra delas, o intuitivo irá designá-lo: “organismo de estrutura exclusivamente dinâmica”. (Vide: “Ascese Mística” – Pietro Ubaldi – Fundapu). 

No capítulo 07, doutro trabalho seu, em que analisa e resolve de vez o problema da reencarnação, e após uma detida análise de que outros meios seriam insuficientes para explicar-se tão intrincados mecanismos para a formação dos órgãos, confirma que: 

“Há, portanto, independente deles, uma força diretriz inteligente que, segundo um seu plano ou esquema preestabelecido produz isso tudo. A morfogênese, ou seja, a origem das formas, mediante a qual a vida assume seus modelos predeterminados, depende, pois, de esquemas preexistentes no mundo espiritual, sem o que a morfogênese não se explica”. (Vide: “Problemas Atuais” – Pietro Ubaldi – Fundapu). 

Sem dúvida, quando o autor se refere a uma ‘força diretriz inteligente’, ele está se referindo ao perispírito que sabe existir.

 

Entretanto, num resumo um tanto desalinhado de todos os trabalhos, teorias e textos desenvolvidos pelo presente articulista, gostaria de relembrar a complementaridade e o desenvolvimento do Espiritismo de Kardec pelo Monismo de Ubaldi:

 

Em primeiro lugar:

 

-Kardec: Mecanismo Fenomênico Evolutivo, que, completando-o, em desenvolvimento de amplidões cósmicas, temos com:

 

-Ubaldi: Mecanismo Fenomênico Involutivo-Evolutivo;

 

 

Em segundo:

 

-Kardec: Concepção Filosófica não-Panteísta e com:

 

-Ubaldi: Concepção igualmente não-Panteísta, porém desenvolvendo a obra dos sábios Spinoza e Kardec dando-lhes roupagem de técnica filosófica mais adiantada, mais coerente, tendo tal trabalho se materializado no mundo via revelação intuitiva e supra-racional; sua fórmula conceptual se define pelos seguintes termos:

 

  {[(Deus Absoluto)] = [Deus Transcendente (=c=) Deus Imanente]}

 

Ou seja: Deus Transcendente está em conexão (=c=) com Deus Imanente constituindo uma solidariedade universal, mas que não se confundem, conquanto tão íntimo entrosamento dentre tais partes: Criador e criatura, Pai e filho, ou seja: Deus e universo, sendo o primeiro: Transcendente, e o segundo: Imanente.

 

Em terceiro:

 

-Kardec: Gérmen do Monismo de:

 

-Ubaldi: Que estabelecera a implantação definitiva do Monismo.

 

E agora, no presente e tão sucinto texto de minha autoria, fica demonstrado com:

 

-Kardec: a Confirmação do corpo espiritual da citação do apóstolo Paulo que o codificador designara perispírito; e, com:

 

-Ubaldi: a Confirmação do mesmo organismo noutros termos filosóficos e científicos de sua competência doutrinária, mas de mesmo caráter, com as funções mecânicas e vitais da morfogênese, dentre outras atribuições.

 

 

 

A questão, portanto, é de ordem cultural, bastando que se os estude seriamente, com paciência e método, para que todas as dúvidas se dissipem, indicando, pois, assim, não haver conflito entre Kardec e Ubaldi, mas sim complementaridade doutrinária para buscar-se a solução de todos os problemas do universo, até onde nos fora e até onde nos é possível compreendê-los e alcançá-los. Pretender que o Espiritismo se paralise com Kardec é não se compreendê-lo em seu caráter dinâmico, que avança incessantemente, progressivamente.

 

Ora, já vimos no texto de minha autoria: “Monismo na Obra de Chico Xavier”, que até mesmo tal coleção (do Chico) tem base assente, ou, admissível, do Monismo ubaldiano que, como se sabe, fundamenta-se no Espiritismo de Kardec, consoante outro texto deste mesmo articulista intitulado: “Espiritismo: Gérmen do Monismo Ubaldiano”.

 

Assim, quero crer que Tudo está conectado (=c=) com Tudo, ou, noutros termos, se pode formular que:

 

  {[Espiritismo] (=c=) [Monismo] (=c=) [Obra de Xavier]}

 

Ou, então, que:

 

  {[Kardec] (=c=) [Ubaldi] (=c=) [Xavier]}

 

Conquanto haja idéias divergentes, ou seja, em total desacordo com minha postura entrosante, de harmonia e de convergência dentre as partes que só aparentemente se destoam, pois que no fundo se completam, se ajustam e se nivelam consoante induções do Mestre Maior nos compelindo a novos e mais instigantes desafios da cultura e da inteligência, da filosofia e da ciência, que, ao final, se completam na sabedoria, mas não sem antes estruturar-se na plataforma cristã, símbolo e imagem da ética e da ordem universal.  O filho, pois, há que espelhar-se no Pai, consoante máxima de Jesus:

 

“Sede perfeitos, como Perfeito é o Vosso Pai que está no céu”.

 

 

Mais ainda, e, como se sabe, pude realizar após dúvidas que me perseguiram durante cerca de trinta anos, e, mediante forte inspiração de amigo espiritual que me auxiliara na solução do problema, a tese de epíteto:

 

“Teoria da Criação Espiritual”.

 

Desenvolvida em dez (10) artigos de conciliação filosófica Kardec-Ubaldi, estando já postados na net pela prestigiosa equipe da webartigos bem como em meu blog. Relembro, pois, que:

 

“Sou pelo ecumenismo e pela confraternização e por isso venho mostrando e ratificando uma possibilidade de complexão, pois que tudo, em nosso mundo, é incompleto e imperfeito, se sujeitando, pois, a completações e mais adequadas conceituação da obra divina e humana. Ora, já vimos: o Espiritismo é Ciência do Infinito!”.

 

“Por outro lado: repetir tudo quanto já está consolidado é fácil”.

 

“Difícil é inovar sem destruir, é ter idéias próprias sem magoar”.

 

Assim, ficar repetindo escritos de Kardec, conquanto louvável, é só repetir o óbvio, o que já está descrito e consolidado na Codificação e demais obras suplementares.

 

E, por isto, reforço a idéia de que difícil é fazer o que Pietro Ubaldi e Chico Xavier o fizeram, saindo vitoriosos de suas trabalhosas, estafantes e inolvidáveis missões; missões estas que só os Espíritos de escol podem delas sair triunfantes, pois que são elevados missionários de Jesus; que, por sinal, são o oposto de todos nós, Espíritos de baixo quilate: incipientes, arrogantes, repletos de instintos vis, e, portanto, suscetíveis dos mais clamorosos equívocos por sua ignorância e pretensa superioridade.

 

 

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocínio

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Blog: fernandorpatrocinio.blogspot.com.br