A rádio CBS transmitiu, na noite de 30 de outubro de 1938, a narração de uma invasão de marcianos destruidores e perversos contra os Estados Unidos. De acordo com um programa da rádio, os extraterrestres haviam pousado em Chicago, envenenado o ar com gás toxico, aniquilado as forças de defesa contra eles, entre outras coisas mirabolantes.

Aproximadamente um milhão de pessoas acreditaram que aquilo era mesmo real. Entretanto, parte dos ouvintes da rádio perdeu a parte inicial do programa, na qual dizia que a companhia de Orson Welles estava fazendo um rádio teatro, inspirado no livro de ficção científica A Guerra dos Mundos, de H.G Wells, em que a Terra é invadida por extraterrestres.

Até que toda aquela confusão fosse esclarecida, as pessoas tentavam fugir nas ruas de carro por rodovias e outros inclusive pediram máscaras de gás para policiais. Esse fato deixou explicito a influência da mídia na sociedade (nos costumes, no consumo e até mesmo na cultura), mais especificamente a internet, televisão e o rádio.

Muitos fatos transmitidos, principalmente na TV, não possuem qualquer relação com o que de fato são, e isso ocorre simplesmente porque a verdade em muitos momentos “não é um bom negócio”, isto é, não vende notícia e não dá a audiência necessária, por essa razão ela acaba sendo passada de uma forma mais “interessante”. No caso da polêmica narração sobre a invasão extraterrestre, é cômico o fato de os ouvintes acreditarem fielmente no que estava sendo narrado, sem nem questionar a veracidade dos fatos, causando um tumulto no mínimo hilariante.

Todavia, isso reflete a realidade em que vivemos.

Parando para refletir sobre isso, acreditar seguramente em extraterrestres nos parece engraçado, mas muitas outras informações são passadas com imposturas não tão explicitas e mesmo assim não nos questionamos. E sobre política?

A internet possibilitou a interação mundial, mas também trouxe vários outros malefícios, como a falta de apuração dos fatos apresentados diariamente às pessoas. Acabamos perdendo a nossa capacidade de duvidar. Absorvemos tudo o que nos é passado, sem questionar, rolando a página a procura somente de manchetes que nos chamem a atenção, e sem nem ler a matéria, tomamos aquilo como verdade absoluta. E pior: reproduzimos e compartilhamos.

O episódio de Orson Welles é apresentado até hoje como algo engraçado, mas só ocorreu por conta da falta de informação de alguns - muitos - ouvintes. No Brasil por exemplo, ocorreu o mesmo com a ditadura, que foi apoiada por algumas emissoras de televisão e rádio, mas essa não é uma história tão engraçada assim.