Edson Silva

O mundo demonstra preocupação com o acidente nuclear ocorrido no Japão após mais um terrível terremoto seguido de tsunami. Aproveito e uso a genialidade de Vinicius de Moraes para dar título ao artigo, pois com a música "A Rosa de Hiroshima"( letra de João Apolinário e Gerson Conrad), o poetinha transformou em obra-prima a preocupação com o ato de estupidez humana, o lançamento, em 1945, de bombas atômicas sobre cidades japonesas, matando centenas de milhares de pessoas na hora e deixando seqüelas radiotivas por tempo indeterminado.

Se em 45, sob pretexto de por fim à Segunda Guerra Mundial, de maneira proposital, o homem expôs outros seres humanos aos terríveis efeitos da energia nuclear, o que ocorre hoje é o constante medo com os acidentes nucleares ou mesmo que algum governante insano se aproprie da tecnologia e faça do mundo laboratório de cobaias humanas e de outros seres vivos, já que quase todos (dizem que baratas são mais resistentes) estão indefesos ante aos efeitos da radiação. O temor não é de sonhadores de um futuro de paz, técnicos começam engrossar coros dos perigos da energia nuclear.

Recentemente, em entrevista para a repórter Dayanne Sousa, do Terra, foi dito com todas as letras: " Correr o risco das nucleares(usinas) quando não se precisa é burrice". A opinião é nada mais nada menos do que a do professor Joaquim Francisco de Carvalho, que foi um dos diretores da antiga Nuclen, hoje Eletronuclear, empresa responsável pelas usinas Angra 1,2 e 3, que começaram ser construídas no Brasil em 1972. Ele vai além, dizendo que o país não precisa deste tipo de energia, pois tem potencial com hidrelétricas, eólicas e outras, portanto "vender" usina nuclear aqui é como levar bonde (sem trilhos) para roça, em área onde só é possível se locomover com cavalos. O professor alfineta, dizendo que os EUA são contra hidrelétricas, pois não aceitam que o Brasil avance numa área diferente.

Voltando a acidentes nucleares como o que está ocorrendo no Japão, que dizem não ser alarmante, um assombrou o mundo em 1986. O caso da Usina Nuclear de Chernobil, na Ucrânia, foi considerado o pior da história, produzindo nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. Foi liberada 400 vezes mais de contaminação que a da bomba lançada sobre Hiroshima, mas matou menos gente, pois não se tratou de explosão.

Mesmo assim, foram 56 mortes, até 2005, segundo a ONU, e mais 4 mil morrerão de doenças provocadas pelo acidente, por isso como está na obra de Vinicius de Moraes não devemos nos esquecer: "...Da rosa de Hiroshima/ A rosa hereditária/A rosa radioativa/Estúpida e inválida/A rosa com cirrose /A anti-rosa atômica/Sem cor sem perfume/Sem rosa, sem nada"

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

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