PEDAGOGIA HOSPITALAR:

 Simone Pereira dos Santos¹

Elaine Cristina Navarro²

 

 

RESUMO

 

A Pedagogia é um campo de atuação da educação que lida com o processo de construção do conhecimento, e o profissional dessa área deve ser o mais apto a mediar e nortear os processos educacionais. O atendimento pedagógico em ambiente hospitalar é reconhecido pela legislação brasileira como direito da continuidade de escolarização aquelas crianças e adolescentes que se encontrem hospitalizados (CNDCA 1995). O atendimento Pedagógico Hospitalar teve seu início na década de 50, na Cidade do Rio de Janeiro, no Hospital Escola Menino Jesus, serviço esse que se mantêm até atualidade, servindo como um resgate da criança e ou adolescente, fazendo um elo entre sua realidade atual, como interno e a vida cotidiana. O Profissional que atua na Pedagogia Hospitalar tem formação de educador e que por meio de diversas atividades pedagógicas, acompanha e intervêm no processo de aprendizagem do educando, além de fornecer subsídios para a compreensão do processo de elaboração da doença e da morte, explicar procedimentos médicos e auxiliar a criança e o adolescente na adaptação hospitalar, dando oportunidade para que os mesmos possam exercer seus direitos de cidadãos. A Pedagogia Hospitalar dividiu-se, basicamente em três modalidades: Classe Hospitalar; Brinquedoteca e Recreação Hospitalar.

 

PALAVRAS - CHAVES – Educação; Conhecimento; Intervenção; Saúde; Recreação.

 

 

ABSTRACT

Pedagogy is a playing field of education that deals with the process of knowledge construction, and professional in this area should be better able to mediate and guide the educational process. The teaching service in a hospital is recognized by Brazilian law as the law of continuity in schooling those children and adolescents who are hospitalized (CNDCA 1995). Care Teaching Hospital had its beginnings in the 50s in the city of Rio de Janeiro, the Hospital School Child Jesus, who keep this service up today, serving as a rescue of the child or adolescent and, making a link between your current reality as domestic and everyday life. The professional who works in the Hospital Education has a background as an educator and through various educational activities, monitor and intervene in the learning process of learners, and provides background information on the process of developing the disease and death, explaining medical procedures and assist children and adolescents in adapting hospital, providing an opportunity for them to exercise their rights as citizens. Pedagogy Hospital divided basically into three types: Class Hospital, Hospital Toy Library and Recreation.

KEY - WORDS – Education; Knowledge; Intervention; Health;  Recreation.

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[1] Pedagoga. Pós-graduanda em Docência Multidisciplinar na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental com Ênfase em Psicopedagogia pelas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia.

 
 

² Orientadora do Trabalho. Pedagoga e Letrada, com Especialização Lato Sensu em Docência Multidisciplinar. Mestre em Educação pela UDE – Universidad de La Empresa. Professora e Assessora Pedagógica nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia. e-mail [email protected]

 

  1. 1.      INTRODUÇÃO

 

Há algum tempo a Pedagogia vem expandindo-se  em várias áreas de conhecimento e atuação que fazem surgir novas profissões a favor da criança, no caso deste artigo, da criança  hospitalizada, que vem apresentando-se como um novo caminho no processo educativo.Esse novo processo educativo vem de encontro a vários desafios colocados aos educadores que possibilitam a construção de novos conhecimentos e atitudes. Essa iniciativa se estabelece em um processo educacional específico para um espaço diferenciado, considerando o tempo de ensinar e o tempo de aprender, contribuindo para a política da humanização das instituições de saúde que envolve a família, a escola, os professores e a equipe que movimenta a construção de estratégias pedagógicas educacionais e assim considerando os elementos relacionados às condições de vida dos alunos e seus familiares, no seu contexto social, cultural e econômico, possibilitando-os a se aproximar da realidade da escola, de sua origem e a relação com o ambiente hospitalar.

O estudo feito vem nos proporcionar um melhor entendimento a respeito da inclusão de práticas pedagógicas no ambiente hospitalar  que nos proporcionará conhecer a rotina da criança hospitalizada que precisa continuar sua vida escolar, tendo seu desenvolvimento cognitivo garantindo, já que a criança hospitalizada não pode ficar neutra de aprendizado enquanto estiver  sobre os cuidados dos médicos, muito menos  sem expectativa no âmbito escolar.

Diante dessa realidade tomamos consciência que há várias formas de ensinar, pois a área hospitalar transforma estes conhecimentos mais interessantes para as crianças e os jovens. Cabe ao professor tornar estes momentos mais satisfatórios e significativos.

 

2. COMO SURGIU A PEDAGOGIA HOSPITALAR

Em 1935 deu-se  início a classe hospitalar, quando Henri Sellier inaugura a primeira escola para criança inadaptada, nos arredores de Paris. Seus exemplos foram seguidos na Alemanha, em toda a França, na Europa e nos Estados Unidos com objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças com tuberculose.

Foi na Segunda Guerra Mundial que pode considerar como marco decisório das escolas em hospitais onde havia um grande número de crianças e adolescentes atingidas, mutilados e impossibilitados de frequentar a escola, e o mais importante é que os médicos até os dias de hoje são defensores da escola em seu serviço.

Em 1939 é criado o Centro Nacional de Estudos e de Formação para a infância inadaptada de Surene, tendo como objetivo principal a formação de professores para o trabalho em institutos especiais e em hospitais, também em 1939 é criado o cargo de professor hospitalar junto ao Ministério da Educação na França. O Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptada tem como missão até hoje mostrar que a escola não é um espaço fechado. O centro promove estágios em regime de internato dirigido a professores e diretores de escolas, os médicos de saúde escolar e a assistentes sociais.

A criança passava por várias perturbações, dores, medo e longe de sua vida normal, enfrentando outra realidade de vida, e sem um apoio psicológico teria que encarar tudo sozinha, no qual correria o risco de futuramente evoluir doenças psiquiátricas.

De acordo com Salomam, (1847), “A ciência médica é intrínseca e essencialmente social, e, enquanto isso não for reconhecida na prática, não seremos capazes de desfrutar os seus benefícios e teremos que nos satisfazer com um vazio e uma satisfação”. (SALOMAM NEUMAM, 1847). O mais importante seria que a criança ou adolescente hospitalizado recebesse bons atendimentos, nesta tão importante fase de sua vida, no qual o auxiliava na sua futura estrutura, enquanto pessoa e cidadão.

 

2.1. PEDAGOGIA HOSPITALAR NO BRASIL

O atendimento pedagógico hospitalar no Brasil teve seu início na década de 50, na cidade do Rio de Janeiro, no Hospital Escola Menino Jesus, no qual se mantém até na nossa atualidade. A pedagogia hospitalar se divide em três modalidades de ensino:

                 Classe Hospitalar – refere-se à escola no ambiente hospitalar, nas circunstâncias de internação temporárias ou permanente, garantindo o vínculo com a escola, favorecendo seu retorno ao seu grupo social escolar correspondente.

                 Brinquedoteca – brincar é muito importante para a criança, pois é por meio desta ação que ela usufruirá das plenas oportunidades que possibilitam desenvolver novas competências sobre o mundo, sobre as pessoas e sobre si mesmo. A brinquedoteca tem o poder de socializar o brinquedo e resgatar a brincadeira.

                 Recreação Hospitalar – atividade que oferece a oportunidade da criança brincar, porém, se limita a construir a possibilidade de uma atividade que pode ser realizada em espaço interno.

As Diretrizes Curriculares Nacionais elaboradas pelo MEC, aplicam-se para o curso de pedagogia direcionadas para a formação inicial para o exercício da docência na educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio de modalidade normal e um curso de Educação Profissional na área de serviço e apoio escolar, porém, é obrigatório que cada Instituição de ensino tenha um apoio Pedagógico, facilitando a elaboração, a execução e o acompanhamento de programas e atividades educacionais.

No Brasil há vários tipos de atendimento pedagógico educacional especializado, vejamos a seguir:

        Apoio pedagógico especializado: é realizado na rede regular de ensino, para possibilitar o acesso e a construção da aprendizagem, facilitando e qualificando aos educadores com necessidades especiais dentro das escolas.

        Atividades de recursos: está ligada ao ensino e interpretação de libras, sistema Braile de comunicação, comunicações alternativas, tecnologias visuais, educação física adaptada, enriquecimento e aprofundamento curricular, oficinas pedagógicas, entre outros.

        Atendimento Pedagógico domiciliar: sua função é realizar os trabalhos curriculares em domicílio beneficiando os educadores com necessidades especiais transitoriais ou permanentes. Este é considerado um trabalho diferenciado, pois, são realizados devidos os traumas causados por doenças prolongadas, onde impossibilita o aluno de frequentar a escola.

        Classe Hospitalar: a função do profissional é levar o ensino até os hospitais, desenvolvendo atividades Curriculares, sendo que o aluno enfermo é impossibilitado de freqüentar a escola por motivo de doença prolongada ou não.

        Estimulação Essencial : é direcionada à crianças com necessidades educacionais especiais do nascimento até os três anos e onze meses de idade cronológica, com objetivo de estimular o desenvolvimento Sócio-afetivo, Físico, Sensorial-perceptivo, Motor, Cognitivo e da Linguagem.

De acordo com Ortiz e Freitas (2005):

 

A prática docente é fortemente marcada pelas relações afetivas, servindo de esforços para que a criança não desista de lutar por saúde e se mantenha esperançosa em sua capacidade de esforço. O professor passa a ser um mediador de estímulos cautelosos, solicito e atento reivindicando formas para desafiar o enfermo quanto à continuidade dos trabalhos escolares, a vencer a doença e a engendrar projetos na vida emancipatória. (ORTIZ E FREITAS, 2005)

 

O Pedagogo Hospitalar deve buscar em si próprio o verdadeiro sentido de educar, devem ser um exemplo vivo dos seus ensinamentos, devem ser sábio e capaz de fortalecer a criança independentemente de qualquer situação, não só a criança, mas também toda família, deve converter suas profissões numa atividade de cooperação do engrandecimento da vida. Esse é um trabalho de companheirismo e relações afetivas entre o educador e o paciente, contribuindo formas e maneiras de incentivo para que o aluno não desista da lutar pela saúde mantenha-se forte e esperançoso em sua capacidade de recuperação.

 

É importante que o educador cresça em suas habilidades junto a seus alunos, especialmente, no desenvolvimento, da sensibilidade, da compreensão da força da vontade, sobre tudo em dimensões de resistência ao desânimo, agir com paciência e audácia em suas atitudes. Por isso que o educador não pode deixar abater-se em seus esforços no atingimento de suas metas formativas e, de sua tarefa de ajuda, por mais difícil que possam parecer. (MATTOS, 1998).

 

Todos os integrantes da equipe hospitalar podem contribuir para amenizar o sofrimento e os receios da criança, transmitindo segurança e confiança, estimulando e incentivando a criança a lutar pela vida.

Ortiz e Freitas, 2002, diz que:

 

Ao ser prescrito a alta, aciona-se a confirmação do acerto do sonho da cura. Porém em meio a esta euforia do término de um desafio, surge a necessidade de enfrentamento da vida extra hospitalar. Uma das implicações do gerenciamento de dimensão social da cura está justamente neste cuidado de promover a inclusão do paciente no ambiente hospitalar. A criança passa a ser,  neste instante concebida não mais como um ser doente, más alguém com aptidão para o desenvolvimento, sujeitam a programas que maximizam suas potencialidades num ato intencional de dirimir os danos causados pela hospitalização.  (ORTIZ E FREITAS, 2002).

 

Durante as aulas, o educador luta e tenta auxiliar na melhora integral do educando/paciente, porém, os laços afetivos são inevitáveis entre os educadores, a classe hospitalar, o interno e os familiares. A volta para casa, o convívio dos amigos, a rotina diária, a tão esperada alta e a confirmação da cura são  para os educadores da classe hospitalar  um momento de vitória,configurando-se na confirmação da liberdade, onde a criança deixa de ser um paciente e volta a ser criança, apta a enfrentar a realidade e adaptar-se novamente à rotina.

Portanto, é fundamental que o educador cresça no desenvolvimento de seu trabalho visando a diversidade que existe em um espaço educacional, como as formas de pensar, de agir, de limitações tanto motoras como psíquicas, cor, raça, etnia e a classe social.

2.2. AS LEIS EDUCACIONAIS NO BRASIL

A legislação busca atender as medidas adotadas na política educacional da Secretaria de Desenvolvimento da Educação Especial em defesa do direito do cidadão o reconhecimento dos profissionais da educação; nestes termos citamos a garantia da escola pública, gratuita e de qualidade, o atendimento à diferença cultural e às gestões escolares democráticas, participativas e colegiadas para garantir a sua efetivação, categorizando a política em quatro eixos de ação que objetivam apoiar a prática pedagógica, a formação continuada permanente, as inovações tecnológicas, a reformulação curricular e a organização coletiva do trabalho. Citamos a seguir as legislações vigentes que legitimam e amparam o direito à educação aos educandos hospitalizados e impossibilitados de frequentar a escola, como:

                 Constituição Federal de 1988, artigo 205;

                 Lei nº 6206 de 17 de abril de 1975, que atribui ao estudante em estado de gestação o regime de exercícios domiciliares;

                 Lei nº 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente);

                 Lei nº 9.394/86 (Diretrizes e Base da Educação);

                 Decreto lei nº 1044/69, artigo 1º, que dispõe sobre tratamento excepcional para alunos portadores de afecção;

                 Resolução nº 41/95 (Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente);

                 Resolução nº 02/01 – CNE/CEB (Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica);

                 Deliberação nº 02/03 CEEC (Normas para Educação Especial);

                 Documento intitulado classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações, editada pelo MEC, em 2002.

 

Destaca-se abaixo uma constatação pertinente de Bennet, 1999:

 

A primeira infância deve ser concebida não apenas como um período em que acriança necessita individualmente de certas condições no âmbito da saúde, da educação e do bem-estar, mas como um período protegido que deve receber o melhor que a sociedade é capaz de oferecer. Este é um período em que as crianças devem experimentar felicidades e bem-estar; em que elas podem desenvolver-se autonomamente, mas em relação às necessidades e aos direitos das outras crianças e dos adultos; em que lhe é permitido ter suas experiências educacionais, culturais e sociais no seu próprio passo na sociedade em que vivem.                                                                 (BENNET, 1999).

 

O Ministério da Saúde e da Educação proporciona muitos benefícios, principalmente na humanização da assistência hospitalar. O atendimento deve ser descentralizado, com direção única em cada esfera do poder. Isso é para toda e qualquer ação ou serviço de saúde realizado a qualquer pessoa deverá seguir rigorosamente as regras definidas na lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, tanto faz se essas ações forem prestadas por unidades púbicas de saúde ou particulares (hospitais, clínicas, ambulatoriais, laboratórios, escola, creche etc) ou por profissional liberal (médicos, enfermeiras, psicólogos) entre outros.

Para os cuidados da saúde pública, entende-se a ideia da arte de cuidar com a finalidade se sensibilizar o profissional de saúde para que ele possa:

                 Ser flexível e versátil;

                 Ter bom senso;

                 Ser capaz de trabalhar em grupo;

                 Ser capaz de se comunicar;

                 Ser capaz de administrar seu crescimento intelectual;

                 Ser solidário e tolerante;

                 Ser um cidadão crítico, criativo que saiba fazer.

 

Devemos destacar que o respeito à cidadania, advém de uma visão prospectiva de intento social cada vez mais voltada para as necessidades de uma sociedade mais justa, mais humana e plural. Portanto, cabe aos cidadãos repensar sobre esses novos incentivos ao bem-estar e à vida social dos seres humanos, surgindo sempre novas oportunidades subsidiárias de favorecimento e viabilização de novos cenários para o desenvolvimento educacional.

 

2.3.  FORMAÇÃO DO PEDAGOGO HOSPITALAR

O pedagogo exerce um excelente papel na área hospitalar. Observa-se que o trabalho pedagógico hospitalar exige formas criativas de realizar as atividades, no qual o educando consegue interagir de forma participativa ampliando assim seus conhecimentos.

Este será um novo desafio que levará a nossas práticas as quais, prometo,estaremos desenvolvendo em certo espaço de tempo. Para isso e conter com o trabalho de educadores especializados e competentes no plano psico-sócio-pedagógico. (MATOS E MUGIATE, 2008, p.- 41).

 

As práticas pedagógicas são essenciais no desenvolvimento educacional da criança, é importante que o profissional educativo hospitalar contribua em suas práticas grandes desempenhos para que a criança enferma procure superar suas limitações orgânicas através das atividades pedagógicas sugeridas

[...] o profissional que atua na pedagogia hospitalar tem formação de educador e que por meio de diversas atividades pedagógicas, acompanha e intervêm no processo de elaboração da doença e da morte, explicar procedimentos médicos e auxiliar a criança e o adolescente na adaptação hospitalar, dando oportunidade para que os mesmos possam exercer seus direitos de cidadãos. (CECCIM, 1990, p.42).

 

Observa-se que de acordo com a citação de Ceccim,  existe uma “estreita relação” entre saúde e educação, tendo em vista que ao se tratar da educação hospitalar, o brincar é muito importante, pois transmite à criança enferma segurança, vontade de viver e oportunidades para conhecer e exercer seus direitos de pequenos cidadãos.

 

A educação em sua abrangência é uma operação, uma ação, não é algo que se impõe de fora, mas sim, inerente a todo ser humano e, como tal é um processo que termina quando cessa a existência. Este permanente autodesenvolvimento pessoal tem como finalidade, a plena realização da pessoa considerada como um todo – em sua integridade – em todas e em cada uma de suas partes: singularidade, abertura e autonomia. (GONSZÁLES – SIMANCAS & POLAINO – LORENTE, 1990, p.23). 

 

 

A ação pedagógica é importante para qualquer pessoa, também para crianças e adolescentes enfermos, pois, é no momento em que sua vida é interrompida e voltada para outros procedimentos e realidades, que o pedagogo hospitalar tem a oportunidade de realizar seu trabalho transmitindo energia positiva de maneira competente e habilidosa. A pedagogia hospitalar busca modificar situações e atitudes junto aos enfermos, as quais, não podem ser confundidas com o atendimento a sua enfermidade, portanto, exige cuidado especial no planejamento, na elaboração e no desenvolvimento das atividades.

 

2.4. METODOLOGIAS UTILIZADAS PELO PEDAGOGO HOSPITALAR

O trabalho pedagógico deve exercer diferentes funções, estratégias e metodologias tanto nas escolas como em contextos não escolares.

No que diz respeito ao trabalho do pedagogo nas instituições hospitalares, a aplicação do  lúdico ajuda no desenvolvimento mental, social e emocional das crianças, estratégia que facilita o desenvolvimento e a recuperação desses alunos enfermos. É importante que dentro das instituições hospitalares haja um espaço para a realização das atividades lúdicas, como por exemplo, “a criação da brinquedoteca”, que será é considerada um lugar de acolhimento e o aconchego das crianças.

De acordo com Fonseca, 2003, p. 22:

 

A pedagogia hospitalar em sua prática pedagógico-educacional diária visa dar continuidade aos estudos das crianças em convalescença, com o objetivo de sanar dificuldades de aprendizagens e/ou oportunizar a aquisição de novos conteúdos. Atuando também como um acompanhamento do aluno fora do ambiente escolar, esta se propõe a desenvolver suas necessidades psíquicas e cognitivas utilizando programas lúdicos voltados à infância, entretanto sua ênfase recai em programas sócio-interativos, vinculando-se os sistemas educacionais como modalidade de ensino – Educação Especial – ou de sistema de saúde como modalidade de atenção integral – atendimento pedagógico educacional hospitalar. (FONSECA, 2003).

 

A pedagogia hospitalar é vista como um novo caminho no processo educativo, que vem expandindo-se pelo Brasil e conquistando seus ideais, propondo novos desafios aos educadores e colaborando na construção de novos conhecimentos e novas atitudes, que busca oferecer assessoria e atendimento emocional tanto para o aluno/adolescente enfermo quanto para os pais.

Pimenta, 2001, ressalta que:

 

O pedagogo atue como gestor / pesquisador / coordenador de diversos projetos educativos, dentro e fora da escola: pressupondo sua atuação em atividades de lazer comunitária; em espaço pedagógico nos hospitais e presídios na formação de pessoas dentro das empresas; que saiba organizar atividades pedagógicas nos diversos meios de comunicação como TV, rádio, internet, quadrinhos, revistas editoriais, tornando mais pedagógico as campanhas sociais educativas sobre violência, drogas, AIDS, dengue; que estejam habilitados à criação e elaboração de brinquedos, materiais de auto-estudo, programas de educação à distância; que organiza, avalie e desenvolva pesquisas educacionais em diversos contextos sociais; que planeje projetos culturais e afins. (PIMENTA, 2001).

 

 

O pedagogo deve estar apto para desenvolver seu trabalho, a realização de projetos e pesquisas que possam favorecer desenvolvimento em seu conhecimento e na complementação pedagógica qualificando seu trabalho, pois o professor deve ser mais que um professor. Deve ser um cientista, psicólogo e médico. Portanto, o pedagogo hospitalar tende a oferecer a criança hospitalizada a valorização de seus direitos à educação e à saúde, possibilitando um espaço na sociedade e na formação de um futuro cidadão.

Nessa situação é importante usar metodologias que permitem à criança imaginar e fantasiar, como ler e transformar a realidade em um mundo encantado, sentindo-se parte da história, capaz de poder aguçar o sabor da leitura observando o poder que ela exerce em nossas mentes e em nossa formação, pois através da fantasia a criança constrói uma “ponte” no tempo voltando ao passado, experimenta o presente e projeta seu futuro.

O pedagogo hospitalar pode usar várias metodologias e brincadeiras ao trabalhar com os alunos, como:

                  Brincar com fantasias, com baús de roupas velhas, com sapatos, colares etc;

                 Confeccionar brinquedos com diversos materiais, sucatas, retalhos, madeiras, entre outros;

                 Criar ou inverter papéis, se aluno fosse professor e o professor o aluno, o papai, um super-herói, entre outros;

                 Representar atrás de uma caixa perfurada de papelão, como se estivesse dentro de uma TV;

                 Imaginar o cenário: bruxas e lobos bons, principais e porquinhos maus, etc.

  O pedagogo deve ir além da imaginação das crianças, pois, deve ser amigo, companheiro, atencioso e bem preparado para lidar com várias situações e saber improvisar alternativas para a realização de seu trabalho, alcançando os objetivos esperados.

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Neste trabalho refletiu-se sobre a Pedagogia Hospitalar mostrando por meio de uma perspectiva histórica e globalizada, as mudanças nesta modalidade de ensino nos últimos anos no qual o processo de ensino-aprendizagem não exige um espaço/tempo definido, ele pode acontecer em qualquer ambiente em que haja vontade de aprender. Ressalta-se que a Pedagogia Hospitalar vem abrindo um grande espaço nos hospitais de todo Brasil. Dessa forma, a inserção do ambiente escolar no período de internação é muito importante para a recuperação da criança, já que distrai, educa e reduz o medo e a sensação de inferioridade em relação aos colegas.

A pedagogia hospitalar é um tema de muita importância, pois percebemos que há um déficit na questão da aprendizagem dentro do hospital. Crianças que necessitam de muitos períodos de internação acabam sofrendo uma carência em relação à aprendizagem. Diante dessa realidade, os futuros profissionais da educação têm muito para fazer nesse "Novo Campo" da educação, pois, por meio do acompanhamento educacional dentro do ambiente hospitalar poderão resgatar vários sentimentos nessas crianças como aceitação, auto-estima, segurança, uma melhor qualidade de vida e a continuidade do desenvolvimento das potencialidades que elas apresentam,sendo assim, o pedagogo será mediador para recuperar sentimentos de amor próprio entre outros e assegurando a valorização da vida do paciente.

Levando em consideração as colocações do texto, para finalizar nossa reflexão, destacamos aqui os principais objetivos da Pedagogia Hospitalar:

                 Promover a integração entre a criança, a família, a escola e o hospital, amenizando os traumas da internação e contribuindo para a interação social;

                  Dar oportunidade ao atendimento às crianças e adolescentes hospitalizados em busca da qualidade de vida intelectiva e sócio-interativa;

                  Aproximar a vivencia da criança no hospital a sua rotina diária anterior ao internamento, utilizando o conhecimento como forma de emancipação e formação humana;

                  Fortalecer o vínculo com a criança hospitalizada, possibilitando o fazer pedagógico na prática educacional dos ambientes hospitalares;

                  Proporcionar à criança hospitalizada a possibilidade de, mesmo estando em ambiente hospitalar, ter acesso à educação.

Nesse sentido o trabalho do pedagogo no hospital configura-se em propiciar uma prática educativa voltada para a formação integral do aluno enfermo, numa proposta de amenizar a possível desmotivação e o estresse ocasionados pela internação. Portanto, podemos refletir sobre esse “Novo Campo Pedagógico” a partir das seguintes questões: quais os desafios encontrados? Há um bom rendimento educacional no contexto da pedagogia hospitalar? O profissional pedagogo está realmente preparado para administrar esse novo conhecimento intelectual? O profissional pedagogo é capaz de realizar trabalhos em grupos? Há uma interação entre o docente e os discentes internados? O SUS presta atendimento na realização deste trabalho? Há comunicação entre pais, alunos, professores e profissionais do ambiente hospitalar?

Diante de tantas indagações, a educação deve preocupar-se em contribuir para o enfrentamento do grande desafio histórico que dará condições para o indivíduo de se tornar um cidadão consciente, sujeito a direitos e deveres, sendo organizado e participativo do processo de construção política, social e cultural da sociedade.  O profissional pedagogo nessa situação é um dos principais responsáveis por articular instrumentos de formação da cidadania e deve ser entendido como aquela pessoa que permite ao individuo, em especial aqueles excluídos sociais, sua inserção na sociedade de modo que, possa projetar um futuro menos desigual, menos problemático e mais inclusivo através de sua prática pedagógica comprometida com a inclusão. Assim, reconhecemos que mesmo dentro de um ambiente hospitalar a criança precisa continuar a sua vida escolar, o seu desenvolvimento cognitivo não pode ficar estático ou simplesmente sobre os cuidados médicos, sem nenhuma expectativa no âmbito escolar. Dessa forma, podemos enfatizar que o ensino/aprendizagem está em constante transformação e o profissional da educação hospitalar deve caminhar lado a lado com essa transformação para suprir as necessidades dos alunos em prol de seu crescimento educacional, intelectual, cognitivo, emocional e social, formando cidadãos de bem dentro da sociedade.

 

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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